Categorias Comportamentais de Onça-parda (Puma concolor, Linnaeus, 1771), no Zoológico Parque do Sabiá, Uberlândia, MG



Documentos relacionados
ANÁLISE COMPORTAMENTAL DE UM INDIVÍDUO DE PANTHERA TIGRIS ALTAICA DA FUNDAÇÃO ZOOLÓGICO RIOZOO, RIO DE JANEIRO- RJ

ANÁLISE COMPORTAMENTAL DE INDIVÍDUOS DE ONÇA PARDA (Puma concolor) DA FUNDAÇÃO ZOOLÓGICO DO RIO DE JANEIRO-RJ

Utilização de enriquecimento ambiental para jaguatiricas (Leopardus pardalis, Linnaeus, 1758) cativas

de monitoramento dos casos de predação envolvendo onças e outros animais silvestres na

Subsídios para a implementação de um projeto de enriquecimento ambiental no Parque Ecológico Municipal Dr. Antonio T. Vianna São Carlos/SP

Diante dos diversos furtos de equipamentos ocorridos, não foi possível monitorar a zoopassagem 1.

PROJETO DE ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL, TREINAMENTO E BEM- ESTAR ANIMAL (PEATREBA), REALIZADO COM ARARAJUBAS

ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL COM FELINOS EM CATIVEIRO DO PARQUE DO INGÁ

Monitoramento do comportamento territorialista e reprodutivo de capivaras: evitando eventos de superpopulações

Sistema COC de Educação Unidade Portugal

Gato-do-mato-pequeno. Filhote de menor felino do Brasil nasce na Fundação. Congresso ALPZA recebe mais de 400 participantes

PADRÕES DE ATIVIDADES DE UM GRUPO DE BUGIOS (Alouatta clamitans) NO PARQUE ESTADUAL MATA SÃO FRANCISCO, NORTE DO PARANÁ

Sustentabilidade x Desperdício

VULNERABILIDADE À EXTINÇÃO. Algumas espécies são mais vulneráveis à extinção e se enquadram em uma ou mais das seguintes categorias:

Tema: Planos de manejo para as epécies ameaçadas no Rio Grande do Sul e no Brasil. Dinâmica: Questões dirigidas aos grupos

COLÉGIO MARQUES RODRIGUES

Relação Animal x Cativeiro

5ª SÉRIE/6º ANO - ENSINO FUNDAMENTAL UM MUNDO MELHOR PARA TODOS

Em quais LINHAS ESTRATÉGICAS atuar para a conservação da biodiversidade? Como garantir a EFETIVIDADE DOS RECURSOS aplicados em conservação?


INFLUÊNCIA DO ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL NO COMPORTAMENTO DE Ara ararauna e Ara chloropterus NO ZOOLÓGICO VALE DOS BICHOS

PLANEJAMENTO URBANO E DE TRANSPORTES BASEADO EM CENÁRIO DE MOBILIDADE SUSTENTÁVEL O CASO DE UBERLÂNDIA, MG, BRASIL

BIOLOGIA - 2 o ANO MÓDULO 20 ECOLOGIA

Gelson Genaro Associação Mata Ciliar e Departamento de Fisiologia, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo

Na Amazônia, câmeras na floresta 'flagram' 95 animais de 16 espécies

MARIA INÊZ DA SILVA, MARIA DA CONCEIÇÃO TAVARES, CRISTIANE CIDÁLIA CORDEIRO E SUELLEN ARAÚJO. Introdução

O que você deve saber antes de visitar um ZOOLÓGICO

22o. Prêmio Expressão de Ecologia

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.

Levantamento e caracterização das populações de Macacos Guariba (Alouatta sp.) ocorrentes no município de Bambuí-MG

MANEJO E MANUTENÇÃO DE NOVA ESPÉCIE DE DENDROBATIDAE (AMPHIBIA: ANURA) NO ZOOPARQUE ITATIBA: UM MODELO PARA CONSERVAÇÃO EX- SITU

GLOSSÁRIO: - MEIO URBANO; - UNIDADES DE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL; - RISCOS AMBIENTAIS; - IMPACTO SIGNIFICATIVO.

Outras medidas que pontuaram para a obtenção da Certificação LIFE foram:

HISTÓRICO DA RÁDIO-TELEMETRIA NO ESTUDO DE FELINOS NO BRASIL

ORÉADES NÚCLEO DE GEOPROCESSAMENTO RELATÓRIO DE ATIVIDADES

Rota de Aprendizagem 2015/16 5.º Ano

PERFIL PROFISSIONAL TRATADOR(A) DE ANIMAIS EM CATIVEIRO

AÇÃO DE SENSIBILIZAÇÃO AMBIENTAL REALIZADA NA PONTE DO RIO SÃO JORGE/PARQUE NACIONAL DOS CAMPOS GERAIS

Insígnia Mundial do Meio Ambiente IMMA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UM ENFOQUE PARA A CONSCIENTIZAÇÃO, PRESERVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE DO BIOMA CAATINGA

Espécies nativas 25/06/2012. Convenção Internacional sobre Diversidade Biológica. Convenção Internacional sobre Diversidade Biológica

A árvore das árvores

EXTINÇÃO DA FAUNA BRASILEIRA. Djenicer Alves Guilherme 1, Douglas Luiz 2

Código de Conduta Voluntários sobre Animais Exóticos Invasores

A SUINOCULTURA DO FUTURO: SUSTENTABILIDADE E BEM-ESTAR ANIMAL. Irenilza de Alencar Nääs

BOTO-CINZA: SOTALIAGUIANENSIS (VAN BÉNÉDEN, 1864)

PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS Grupo Parlamentar

CADERNO DE ATIVIDADES

Mineração e Biodiversidade: lições aprendidas por uma mineradora global

SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Banco de dados virtual para enriquecimento do levantamento de fauna no Município de São Paulo. Número de Inscrição: PMP71327G02

Trabalho realizado por: João Rabaça. 11º Ano do Curso Técnico de gestão de Equipamentos Informáticos

O PROBLEMA DOS SAGUIS INTRODUZIDOS NO RIO DE JANEIRO VÍTIMAS E VI 44 CIÊNCIAHOJE VOL

Bloco de Recuperação Paralela DISCIPLINA: Ciências

INTERAÇÃO HOMEM x ANIMAL SOB A PERSPECTIVA DO PRODUTOR RURAL ESTUDO PRELIMINAR. ¹ Discente de Medicina Veterinária UNICENTRO

Bioindicadores Ambientais (BAM36AM) Respostas da fauna às mudanças climáticas IUCN e espécies ameaçadas

III CONCURSO FOTOGRÁFICO DO IV SIMPÓSIO SOBRE A BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA: INMA Desafios e perspectivas para a Conservação da Mata Atlântica

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE REDAÇÃO SUBSTITUTIVO DO RELATOR AO PROJETO DE LEI Nº 4.490, DE 1.994

Convenção sobre Diversidade Biológica: O Plano de Ação de São Paulo 2011/2020. São Paulo, 06 de março de GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

FLORESTAS PLANTADAS E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE NO BRASIL

Mateus. Título aqui 1 COMPORTAMENTO, MANEJO E BEM- ESTAR DE OVINOS E CAPRINOS MÁQUINAS ANIMAIS TIRAR O MÁXIMO DE CADA ANIMAL

Estação Ecológica do Caiuá

A Biodiversidade é uma das propriedades fundamentais da natureza, responsável pelo equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas, e fonte de imenso

Ações de Conservação da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção

City Biodiversity Index. Curitiba - Paraná

Estão entre os primatas mais ameaçados de extinção do planeta.

---- ibeu ---- ÍNDICE DE BEM-ESTAR URBANO

Atividade de Aprendizagem 1 Aquífero Guarani Eixo(s) temático(s) Tema Conteúdos Usos / objetivos Voltadas para procedimentos e atitudes Competências

PROGRAMA PETROBRAS SOCIOAMBIENTAL: Desenvolvimento Sustentável e Promoção de Direitos

QUALIFICAÇÃO E PARTICIPAÇÃO DE PROFESSORES DAS UNIDADES DE ENSINO NA ELABORAÇÃO DE PROGRAMAS FORMAIS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

IPeC INSTITUTO DE PESQUISAS CANANÉIA

PRÊMIO AMAVI DE EDUCAÇÃO 2011: QUALIDADE EM GESTÃO E QUALIDADE NA PRÁTICA DA DOCÊNCIA. PROFESSORA: GILMARA NUSS

Daniela Campioto Cyrilo Lima*, Emanuela Matos Granja*, Fabio Giordano **

Prova bimestral. história. 4 o Bimestre 3 o ano. 1. Leia o texto e responda.

- ENSINO. Texto 1. selva. Esse. Tempo. 1) feroz bravo.

Biodiversidade Retratos do Reino Animal

Programa de Estágio em Educação Ambiental Jardim Zoobotânico de Toledo Parque das Aves

Biomas Brasileiros. 1. Bioma Floresta Amazônica. 2. Bioma Caatinga. 3. Bioma Cerrado. 4. Bioma Mata Atlântica. 5. Bioma Pantanal Mato- Grossense

3º BIMESTRE 2ª Avaliação Área de Ciências Humanas Aula 148 Revisão e avaliação de Humanas

Plano da Intervenção

NOSSA SAÚDE. Ministério da Educação e Cultura. Com o apoio do povo do Japão

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

muito gás carbônico, gás de enxofre e monóxido de carbono. extremamente perigoso, pois ocupa o lugar do oxigênio no corpo. Conforme a concentração

3ºano. 4º período 1.3 CIÊNCIAS. 5 de dezembro de Leia o texto abaixo. Em seguida, faça o que lhe é solicitado. Que bicho é esse?

GRUPO X 3 o BIMESTRE PROVA A

Prof. Dra. Luciana Batalha de Miranda Araújo

Ação 14- Indicação de Áreas Protegidas para Criação de Unidades de Conservação (incluindo nascentes e trechos de cursos de água com Classe Especial)

B I O G E O G R A F I A

POR QUE NA PEGADA DO PARQUE?

APRESENTAÇÃO: A EDUCAÇÃO EM SAÚDE: PRÁTICAS SAUDÁVEIS

PORTARIA n 0175/ GAB

MELIPONICULTURA: OPORTUNIDADE DE RENDA COMPLEMENTAR PARA OS QUILOMBOLAS DO MUNICÍPIO DE DIAMANTE PB

Criação e Comércio de ANIMAIS Silvestres e Exóticos no Brasil.. Processo de Licenciamento. Gerenciamento. Mercado

Fotografias PauloHSilva//siaram. Saber Mais... Ambiente Açores

PLANO DE AÇÃO NACIONAL DO PATO MERGULHÃO

Bloco de Recuperação Paralela DISCIPLINA: Ciências

[ORIENTAÇÕES SOBRE O FILHOTE]

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO - IFMG

Base legal: Constitucional: Art. 24, VI; 23,VII e Art. 225, VII

Transcrição:

Categorias Comportamentais de Onça-parda (Puma concolor, Linnaeus, 1771), no Zoológico Parque do Sabiá, Uberlândia, MG Patricia Avelar dos Prazeres,Patrícia Graziella Medeiros da Costa, Jonas Byk Universidade Estadual de Goiás, 75650-000, Brasil e-mails:paty.avelar@hotmail.com, patriciagmdacosta@hotmail.com, jonasbiologia@hotmail.com Palavras-Chave: Puma concolor, cativeiro, zoológico 1 INTRODUÇÃO A fragmentação dos espaços naturais acontece naturalmente (ABREU, 2004), mas ocorre em escala muito maior pela ação antrópica, contribuindo para o declínio de varias espécies principalmente os mamíferos carnívoros que precisam de grandes quantidades de alimento e de território, com a redução de seus habitats são obrigados a invadir criações domésticas o que causa grandes conflitos com proprietários rurais (ABREU, 2004; GRAIPEL et al., 2004; PALMEIRA & BARRELLA, 2007), para tentar diminuir os danos causados por esses predadores os proprietários optam por aniquilar o espécime causando um declínio populacional ou a eliminação da espécie (SILVEIRA, 1999). A população de felinos são os que mais sofrem com essa degradação e estão seriamente ameaçados de extinção é o caso da onça parda (Puma concolor; Linnaeus,1771), onça pintada (Panthera onça, Linnaeus,1758), jaguatirica (Leopardus pardalis, Linnaeus,1758) entre outros (MARQUES et al., 2002), sendo a primeira o objeto de estudo do trabalho. Estudos de animais cativos podem contribuir para a manutenção dessas espécies (HASHIMOTO, 2008), visto que hoje o zoológico não é somente lugar de lazer, mas também importantes centros de conservação da biodiversidade, ajuadando na manutenção das espécies com pesquisa de reproduação e educação ambiental (MOREIRA, 2001). 1

Anteriormente os zoológicos tinham função de exibir animais exóticos, os recintos eram construídos para facilitar a limpeza, e não havia preocupação com o bem-estar dos animais. Atualmente essas instituições estão se adaptando para chegar mais próximo possível com o habitat do animal (FURTADO e BRANCO, 2003), caso contrário esses ambientes podem comprometer o bem-estar dos animais por serem diferentes dos seus habitats, provocando comportamentos anormais e prejudicando seu desenvolvimento (CAMPOS et al., 2005). A onça parda (Puma concolor) também conhecida como suçuarana, puma, cougar, é um felino ágil de hábitos terrestres (LUDWING et al. 2007), ótimo saltador, vive solitário, formando pares na época da reprodução e quando estão com seus filhotes, é um animal crepuscular e noturno, mais seu padrão de atividades depende dos hábitos de suas presas, variando em diurno e noturno, ocorre do sudoeste do Canadá ate o Estreito de Magalhães, no extremo sul da Argentina e Chile, portanto é o felino com maior distribuição geográfica das Américas (EMMONS & FEER, 1997 apud SOUZA, 2009). Este trabalho tem como objetivo quantificar, qualificar e montar um etograma com o comportamento de três onças pardas cativas. 2 MATERIAL E METODOS O estudo foi realizado no Zoológico do Parque do Sabiá, em Uberlândia, MG. O Parque possui uma área de 185 ha, sendo que 35 ha é de remanescentes de mata nativa. Segundo a admistração do zoológico, ele possui 40 recintos e 56 espécies sendo: 31 aves, 18 mamíferos e 7 répteis. Que necessitam de cuidados essenciais como acompanhamento veterinário, água fresca e alimento de boa qualidade (RESENDE & SILVA, 2005). O trabalho foi feito com os três indivíduos de Puma concolor (onça parda) mantidos no Zoológico, eles ocupam o mesmo recinto sendo que um dos machos fica solto em horário diferentes do casal para evitar brigas entre os machos. As observações foram realizadas em junho e julho de 2010, os animais foram observados para obtenção de seus repertórios comportamentais, utilizando 40 horas de observações, segundo o método animal focal (ALTMANN, 1974; DEL- 2

CLARO,2010) em que consiste em anotar a cada um minuto o comportamento de cada um dos indivíduos. 3 RESULTADOS E DICISSÃO Com base nas observações foi elaborado um etograma para qualificar e quantificar os comportamento exibidos pelos três individuos,macho apresentou 19 atos comportamentais a fêmea 15 atos e o macho solteiro 22 atos comportamentais, aos quais foram agrupados em um etograma (Tabela 1), com oito categorias: Parado inativo, Locomoção, Observação, Manutenção, Exploração, Alimentação, Vocalização e Parado ativo, sendo que somente o macho solteiro apresentou as duas últimas categorias. Tabela 1: Repertório comportamental das três onças-pardas. Categorias Indivíduos Macho Fêmea Macho solteiro Total % Total % Total % Parado inativo 645 56,97 13 17,81 281 25,29 Deitado 319 28,18 0 0 273 24,57 Dormindo 317 28 0 0 0 0 Em pé 6 0,53 9 12,33 1 0,09 Sentado 3 0,26 4 5,48 7 0,63 Locomoção 372 32,85 21 28,77 629 56,61 Pacing 249 21,99 0 0 606 54,54 Caminhando 123 10,86 19 26,03 23 2,07 Correndo 0 0 2 2,74 0 0 Observação 14 1,24 24 32,87 93 8,37 Face voltada para área de cambeamanto 0 0 0 0 3 0,27 Face voltada para fêmea 0 0 0 0 1 0,09 Face voltada para o lado de fora 12 1,06 20 27,39 68 6,12 Face voltada para o tratador 1 0,09 2 2,74 5 0,45 Face voltada para os visitantes 0 0 1 1,37 2 0,18 Face voltada para macho solteiro 0 0 1 1,37 0 0 3

face voltada para o recinto 0 0 0 0 7 0,63 Escutando barulho de carros 1 0,09 0 0 7 0,63 Manutenção 39 3,45 2 2,74 31 2,79 Auto-limpeza 13 1,15 0 0 8 0,72 Afiar as garras 0 0 1 1,37 0 0 Beber água 10 0,88 0 0 13 1,17 Coçar pescoço 1 0,09 0 0 0 0 Defecar 1 0,09 0 0 2 0,18 Urinar 14 1,24 1 1,37 8 0,72 Exploração 19 1,68 5 6,85 15 1,35 Cavando 7 0,62 0 0 0 0 Cheirando o chão 11 0,97 4 5,48 12 1,08 Cheirando a grade da área de cambeamento 0 0 1 1,37 2 0,18 Cheirando a planta 1 0,09 0 0 0 0 Cheirando o tronco 0 0 0 0 1 0,09 Alimentação 32 2,82 8 10,96 32 2,88 Carregando o alimento 0 0 2 2,74 0 0 Comendo 28 2,47 4 5,48 32 2,88 Cheirando o alimento 4 0,35 2 2,74 0 0 Vocalização 0 0 0 0 29 2,61 Miando 0 0 0 0 29 2,61 Parado Ativo 0 0 0 0 1 0,09 Alongando 0 0 0 0 1 0,09 Total 1.132 100 73 100 1.111 100 Descrição dos atos comportamentais apresentados na tabela 1: Parado inativo: Deitado: animal com o corpo estendido, deitado sobre o chão do recinto. Dormindo: animal com o corpo estendido, deitado com os olhos fechados. Sentado: animal parado com os membros posteriores paralelos e flexionado e os membros anteriores eretos sobre o chão. Em pé: animal com os membros inferiores e anteriores esticados. Locomoção: Pacing: animal caminhando de um lado para o outro repetidamente. Caminhando: animal caminhando por todo o recinto. Correndo: animal se movimentando rapidamente pelo recinto. 4

Observação: Face voltada para lado de fora: animal parado com os olhos fixos para o lado de fora (às vezes em direção de onde chegam os visitantes outras para a casa onde fica a cozinha). Face voltada para tratador: animal parado com os olhos fixos na direção do tratador. Face voltada para visitantes: animal parado com os olhos fixos para os visitanters. Face voltada para a fêmea: animal (solteiro) parado com os olhos fixos para a fêmea. Face voltada para o macho solteiro: animal parado (fêmea) com os olhos fixos para o macho solteiro. Face voltada para área de cambeamento: animal parado com os olhos fixos para área de cambeamento. Escutando o barulho dos carros: animal com as orelhas em pé, parado escutando o barulho dos carros que passam na rodovia. Manutenção: Auto-limpeza: animal lambendo algumas partes do seu corpo. Bebendo água: animal com o corpo estendido sobre o tanque ingerindo água. Urinar: animal expelindo urina no chão ou na pedra. Defecar: animal expelindo as fezes no chão. Coçar pescoço: animal esfregando seu pescoço no tronco ou no ferro de recinto. Afiando as garras: animal atritando suas garras no tronco do recinto. Exploração: Cheirando o chão: animal fungando no chão em algumas partes do recinto. Cheirando a grade da área de cambeamento: animal fungando em algumas partes da grade da área de cambeamento. Cheirando o tronco: animal fungando em algumas partes do tronco. Cheirando a planta: animal fungando sobre a planta pequena no recinto. Cavando: animal tentando furar buraco no chão. 5

Alimentação: Cheirando o alimento: animal fungando sobre a carne. Comendo: animal ingerindo a carne oferecida. Carregando o alimento: animal carregando a carne para a área de cambeamento. Vocalização: Miando: animal emitindo som. Parado ativo: Alongando: animal parado esticando todo o corpo espreguiçando. O comportamento que mais se expressou para o macho foi o Parado inativo com 56,97% do orçamento do seu tempo seguido do comportamento de Locomoção 32,85% e o ato que mais evidente dentro dessa categoria foi o paging um comportamento estereotipado com 21,99%. Já a fêmea gastou grande parte do seu tempo Observando com 32,87% e o macho solteiro expressou durante a maior parte do seu tempo comportamento dentro da categoria Locomoção 56,61% e o ato que mais se sobressaiu foi pacing com 54,61%do orçamento do seu tempo. O orçamento do tempo destes indivíduos esta comparado na Figura 1. As categorias comportamentais ilustradas são: Parado inativo (PA), Locomoção (LO), Observação (OB), Manutenção (MA), Exploração (EX), Alimentação (AL), Vocalização (VO) e Parado ativo (PA). 6

Frequência dos comportamentos Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação 700 600 500 400 300 200 100 0 PI LO OB MA AL EX VO PA Categorias comportamentais Figura 1: Frequência dos comportamentos exibidos pelas três onças pardas, sendo barra branca macho, barra enegrecida fêmea e barra listrada macho solteiro. Os três indivíduos passaram maior parte do tempo não visível aos visitantes, visto que onças pardas são animais crepusculares e noturnos e utilizam o dia para dormir, estes resultados corroboram com estudos feito por com onças pintadas cativas CAMPOS et al., 2005 contatou que estes animais usam o período da tarde para descansar e dormir. Comportamento esteriotipados com pacing, apresentado pelos dois machos são indicativos de pobre bem estar, visto que ambientes cativos são pobre em estimulos, causando prejuízos comportamentais (YOUNG, 2003). Técnicas de enriquecimento ambiental são uma ótima solução para a melhora do bem estar animal, consistem em oferecer estimulos sensorias, fisicos, alimentares, sociais e cognitivos (JOBIM et al. 2010),estudos realizados com sagüide-tufos-pretos (Callithrix penicillata, E. Geoffroy,1812) indicam que o enriquecimento ambiental promoveu melhoria no bem estar desses animais, houve um aumento nos comportamentos de forrageio, social, territorial e exploração e diminuição do comportamento estereotipado(borges et al., 2009). 4 CONCLUSÃO Devido a inatividade e o comportamento estereotipado apresentados pelos dois machos podem ser indícios de pobre bem-estar animal. Sugere-se para o 7

zoológico iniciar um programa de enriquecimento ambiental visando melhora no bem-estar dos animais. REFERÊNCIAS ABREU, K. C; KOPROSKI, L.P.; KUCZACH, A. M.; CAMARGO, P. C.; BOSCARATO, P. G. Grandes Felinos e o Fogo no Parque Nacional de Ilha Grande, Brasil. Floresta, Curitiba, Pr. n.2,v.34. 2004,p 163-167. ALTMANN, J. Observational Study of Behavior: Sampling Methods.Behaviour,v.49 p227-242-248.1974. BORGES, M. P.; BYK. J.; DEL-CLARO, K. Feeding Devices for Black-Pincelled Marmosets. The Shape of Enrichment. v.18, n. 4, p.5. 2009. CAMPOS, B.; QUEIROZ, V.S.; MORATO, R.G.; GENERATO, G. Padrão de Atividade de Onças Pintadas (Pantera onça, Linneus 1758) Mantidas em Cativeiro, Manejo e Comportamento. Revista de Etologia. v.7, n. 2, p 75-77.2005. COSTA, M. J. R. P.; PINTO, A. A.; Princípios se Etologia Aplicados ao Bem-etar Animal. In: As Distintas Faces do Comportamento Animal. 1 ed. São Paulo: Valinhos, 2009. p.343-357. DEL-CLARO, K. Introdução à Ecologia Comportamental: um manual para o estudo do comportamento animal. Technical Books Editora: Rio de Janeiro, 2010. 128p. FURTADO, M.E.B.C.; BRANCO, J. O. A Percepção dos Visitantes dos Zoológicos de Santa Catarina sobe a Temática Ambiental. 2003. GRAIPEL, M. E.; GHIZONI, I. R.; MAZZOLLI, M. Selvageria ou Carência Nutricional? Revista Ciência Hoje. v. 35, n. 209, p 62-65.2004. HASHIMOTO, C.Y. Comportamento em Cativeiro e Teste de Eficiência de Técnicas de Enriquecimento Ambiental (Físico e Alimentar) para Jaguatiricas (Leopardus pardalis). 154f. Dissertação (Mestrado em Psicologia)-Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2008. JOBIM, C.M.N.; CIPRESTE, C.F.; AZEDO, C.S.; CIPRESTE, E.F.; PREZOTO, F.; BYK. J.; 2010. El Enriquecimiento Ambiental para los Animales en Cautividad. El Comportamiento de los Animales. Editora Tundra. Sevilla, España, 2010. 350p. LUDWIG, G.; AGUIAR, L.M.; MIRANDA, J.M.D.; TEIXEIRA, G.M.; SVOBODA, W.K.; MALANSKI, L.S.; SHIOZAWA, M.M.; HILST, C.L.S.; NAVARRO, I.T.; PASSOS, F.C. Cougar Predation on Black-and-Gold Howlers on Mutum Island, Southern Brazil. International Journal of Primatology. v.28,n.1, p. 39-46.2006. 8

MARQUES, A. A. B.; FONTANA, C.S.; VÉLEZ, E.; BENCKE, G.A.; SCHNEIDER, M.; REIS, R.E. Lista de Referência da Fauna Ameaçada de Extinção no Rio Grande do Sul. Decreto no 41.672. Porto Alegre: FZB/MCT-PUCRS/PANGEA, (Publicações Avulsas FZB, 11). 36p. 2002. MOREIRA, N. Reprodução e Estresse em Fêmeas de Felídeos do Gênero Leopardus. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Paraná. 2001. 232f. Tese (Doutorado em Ciências)- setor de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Praná, Curitiba. 2002. PALMEIRA, F.B.L.; BARRELLA, W. Conflitos Causados pela Predação de Rebanhos Domésticos por Grandes Felinos em Comunidades Quilombolas na Mata Atlântica. Biota Neotropica. v. 7, n. 1.2007. RESENDE, F.F.B.& SILVA, N.R.. Aspectos Físico-Químicos e Indicadores de Contaminação Microbiológica da Água Utilizada pelos Animais no Zoológico do Parque Sabiá - Uberlândia - MG BRASIL. Horizonte Científico, v.5, n.2, p. 1-15. 2005. SILVEIRA, L. Ecologia e Conservação dos Mamíferos Carnívoros do Parque Nacional das Emas, Goiás. 1999. 125 f. Dissertação (Mestrado em Biologia)-Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de Goiás, 1999. SOUZA, T.D. Avaliação andrológica e Criopreservação de Sêmen de Pumas (Puma concolor Linnaeus, 1771). 96f. Dissertação (mestrado em Medicina Veterinária)- Universidade Federal de viçosa, Viçosa, 2009. YOUNG, R.J. Environmental Enrichment for Captive Animals. Blackwell Science: Oxford, 2003. 228p. 9