EFEITO DA ADIÇÃO DE LIGNINA NAS PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DE POLIÉSTERES A BASE DE GLICEROL E ÁCIDOS FTÁLICO E ADÍPICO.

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21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais EFEITO DA ADIÇÃO DE LIGNINA NAS PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DE POLIÉSTERES A BASE DE GLICEROL E ÁCIDOS FTÁLICO E ADÍPICO. D. H. Guimarães *1 ; A. P. M. Viana 1 ; A. S. C. Lima 2 ; A. P. B. Gonçalves 1 ; C. S. Miranda 1 ; N. M. José 1 1 Escola Politécnica - Universidade Federal da Bahia (UFBA), Campus Federação. Rua Aristides Novis nº 2, Federação, Salvador Bahia Brasil. CEP: 40.210-630. 2 Faculdade de Farmácia - Universidade Federal da Bahia (UFBA). *dhanseng@yahoo.com.br RESUMO Neste trabalho foi proposto o estudo da adição de diferentes quantidades de lignina nas propriedades físico-químicas de poliésteres feitos a partir do glicerol e os ácidos ftálico e adípico. As seguintes caracterizações foram feitas: DRX, FTIR,TGA, DSC e MEV. A variação dos percentuais dos ácidos adípico e ftálico teve efeito direto nas propriedades térmicas e morfológicas. As análises térmicas demonstraram que houve miscibilidade entre o poliéster produzido e a lignina, através de deslocamentos de temperatura referentes a eventos de degradação térmica. Nas análises de FTIR foi possível observar, deslocamentos de bandas características de ligação de hidrogênio e de carbonilas específicas de grupos ésteres. Esses deslocamentos foram mais acentuados à medida que se teve maiores quantidades de ácido ftálico como monômero e, maiores quantidades de lignina nas composições. Palavras - chave: Poliéster, Ftálico, Adípco, glicerol, Lignina. INTRODUÇÃO Atualmente, a preocupação da humanidade com o meio-ambiente tem exigido do setor industrial o desenvolvimento de materiais biodegradáveis, o uso de fontes renováveis de energia e a reutilização dos resíduos. Logo, a utilização do glicerol residual da produção de biodiesel e da lignina, subproduto da indústria de polpação para produção de polímeros, são uma alternativa ecologicamente sustentável [1,2]. Levando em consideração o incentivo do governo brasileiro à produção de biodiesel, por este ser um combustível renovável, os resíduos deste processo devem ser devidamente manejados para que não desequilibrem o meio-ambiente. Uma 4982

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais alternativa ecologicamente amigável e financeiramente positiva é a utilização do glicerol (30% do resíduo da produção de biodiesel) em outros processos já que a demanda por produtos constituídos por glicerol está em alta devido aos seus variados usos. Ao mesmo tempo, prevê-se que o futuro das indústrias de etanol proveniente de fontes lignocelulósicas irá gerar grandes quantidades de lignina. Esta lignina provavelmente será diferente da que é produzida a partir de fábricas de celulose convencionais [3]. Portanto, desenvolver novos materiais a base de glicero lassociado ao uso da lignina, tornará a síntese de biodiesel mais interessante para os produtores, e o país, mais ecologicamente sustentável [3,4]. Neste trabalho foi proposto o estudo do efeito da adição de lignina, extraída da borra de fibras de piaçava, nas propriedades físico químicas de poliésteres sintetizados a partir da policondensação do glicerol com diferentes proporções dos ácidos dicarboxílicosftálico e adípico. METERIAIS E MÉTODOS Materiais Glicerol e os ácidos ftálico e adípico utilizados na síntese dos poliésteres são da marca VETEC, dibutildilaurato de estanho da marca Sigma-aldrich. A lignina foi obtida através do processo de mercerização da borra de piaçava, proveniente da cidade de Ilhéus, no estado da Bahia. Metodologia Obtenção da lignina (mercerização) Uma quantidade de piaçava foi lavada em água corrente e seca em estufa a vácuo com uma temperatura de 60 º C, durante 24 horas e em seguida foi triturada. A etapa seguinte consistiu da imersão da piaçava em solução de hidróxido de sódio 5%, com agitação constante durante duas horas. A mistura, fibra e solução, foram submetidas a uma filtração com filtro de pano e, ao liquido remanescente, foi adicionada a quantidade de 40 ml de ácido sulfúrico concentrado a 98%. Após a decantação a lignina foi misturada com o ácido sulfúrico e deixada em descanso durante 24h. A lignina foi obtida com a filtragem à vácuo do material decantado seguida de sucessivas lavagens com água destilada até a obtenção do PH 7,0. Obtenção dos poliésteres puros e dos poliésteres modificados com lignina Glicerol, ácido ftálico e ácido adípico foram adicionados, em proporções estequiométricas (Fig.1) a um balão tribulado, totalizando cinco bateladas. Cada 4983

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais ensaio foi executado usando-se razões diferentes dos ácidos dicarboxílicos. Destes procedimentos, resultou-se a série POLFA como é mostrado na Tab1. Figura 1. Reação de poli condensação do glicerol com os ácidos adípico e ftálico. De acordo com a Tab. 1, temos seguida da denominação POLFA, a numeração equivalente às quantidades dos ácidos usados nas reações de esterificação. Já as denominações POLA e POLF, correspondem aos polímeros sintetizados apenas com o acido adípico e a apenas com o ácido ftálico, respectivamente. Tabela 1. Composições dos poliésteres. Amostra Molar (glicerol/ác. ftálico/ác.adípico) POLA 2: 0: 3 POLFA19 2: 0,3 : 2,7 POLFA37 2 : 0,9 : 2,1 POLFA55 2 : 1,5: 1,5 POLFA73 2 : 2,1 : 0,9 POLFA91 2: 2,7 : 0,3 POLF 2: 3: 0 O procedimento para obtenção dos poliésteres modificados com lignina é descrito no fluxograma da Fig. 2. A composição da série POLFAL é mostrada na Tabela 2. A numeração após a letra L faz referência às quantidades de lignina adicionadas, que foram de 2,5 e 5,0 g, para cada composição. Figura 2. Fluxograma do processo de obtenção dos poliésteres da série POLFAL. 4984

Intensidade (u.a.) Intensidade (u.a.) 21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais Tabela 2. Composições dos poliésteres modificados com lignina. Amostra Molar (glicerol/ác.ftálico/ác. adípico) / (massa lignina) POLFA55L25 2,0 : 1,5 : 1,5 : 2,5 2,0 : 1,5 : 1,5 : 5,0 2,0 : 2,7 : 0,3 : 2,5 2,0 : 2,7 : 0,3 : 5,0 RESULTADOS E DISCUSSÃO Difratometria de Raios-X (DRX) Os difratogramas de raios-x ilustrados na Fig.3 evidenciaram um comportamento típico de materiais amorfos e não cristalinos com um halo em 2 = 20 º para a série POLFA. Picos largos e distintos aparecem nos polímeros com maior percentual de ácido ftálico, sugerindo uma menor ordem estrutural quando está presente maior quantidade deste ácido. pola polfa 19 POLFA55L25 polfa 37 polfa 55 polfa 73 polfa 91 polf 10 20 30 40 50 60 70 2 (Graus) Figura 3.Difratogramas de raios-x dos 10 20 30 40 50 60 70 80 2 (Graus) Figura 4.Difratogramas de raios-x da série POLFAL. poliésteres da série POLFA. Os materiais preparados a partir dos ácidos dicarboxílicos alifáticos apresentam picos mais finos e definidos, comparados com os materiais preparados a partir de ácidos dicarboxílicos aromáticos, isso porque as cadeias mais longas e flexíveis permitem a formação de redes com maior ordem estrutural. Este fato foi observado para os materiais com maior quantidade de ácido adípico. Não há alteração no que se diz respeito à cristalinidade dos materiais após a adição da lignina (Fig. 4). Espectroscopia de infravermelho com transformada de fourier (FTIR) 4985

Transmitância (u.a.) Transmitânica (u.a.) 21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais A esterificação do glicerol é confirmada com a presença das bandas em 1717, 1716, 1719 e 1723 cm -1 (Figuras. 5 e 6) que podem ser atribuídas a deformação axial da ligação C=O de grupos ésteres. pola polfa 19 polfa 37 polfa 55 200 180 160 140 120 100 80 POLFA55L25 polfa 73 polfa 91 polf 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 Número de onda (cm -1 ) Figura 5. Espectros de infravermelho das amostras da série POLFA. 60 40 20 0 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 Número de Onda (cm -1 ) Figura 6.- Espectros de infravermelho das amostras da série POLFAL L. Podemos observar na Fig. 6, bandas largas características de ligação de hidrogênio de grupos hidroxílicos (-OH) em torno de 3348 cm -1. Essas bandas adquirem maior intensidade, à medida que o percentual de lignina aumenta. As mesmas bandas deslocaram-se para comprimentos de onda em 3356 e 3367 cm -1 nas composições e, respectivamente, fato este que pode ser atribuído à interação dos grupos hidroxila (-OH) da lignina com a ligação (C=O) da carbonila de ésteres da matriz POLFA, através de ligações de hidrogênio. Análise termogravimétrica (TGA) Nas figuras 7 e 8 podemos observar a maior estabilidade térmica do poliéster à base de ácido adípico (POLA) em relação ao poliéster com ácido fitálico (POLF). Esse comportamento se refletirá ao longo de toda série POLFA, com o incremento da estabilidade térmica à medida que o percentual de ácido edípico aumenta. 4986

Massa (%) dm/dt Massa (%) dm/dt 21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 100 POLFA 19 POLFA 37 POLFA 55 80 POLFA 73 POLFA 91 433ºC pola polfa 19 polfa 37 60 polfa 55 polfa 73 40 polfa 91 polf 20 0 200 400 600 800 1000 Figura 7.Curvas de TGA da série POLFA. 381ºC 0 200 400 600 800 1000 Figura 8. Derivadas de TGA da série POLFA. As curvas termogravimétricas da série POLFAL estão ilustradas nas figuras 9 e 10. Ao compararmos os poliésteres com a mesma composição referente aos ácidos dicarboxílicos usados como monômeros, podemos notar que a estabilidade térmica dos materiais seguiu a mesma tendência da série POLFA, ou seja, há um decréscimo desta à medida que se tem uma maior quantidade de ácido ftálico nas composições. Houve deslocamentos das temperaturas de máxima degradação térmica dos materiais com adição de lignina em relação às matrizes puras. 100 POLFA55L25 80 230 395 POLFA55L25 60 217 380 40 20 236 370 0 0 200 400 600 800 1000 Figura 9. Curvas de TGA da série POLFAL. 238 362 0 200 400 600 800 1000 Figura 10. Derivadas de TGA da série POLFAL Calorimetria exploratória diferencial (DSC) As curvas de DSC ilustradas na Fig.11 evidenciaram a presença de picos endotérmicos atribuídos à decomposição dos polímeros POLF e POLA, em 362,3 C e 423,5 C, respectivamente. Picos endotérmicos referentes à evaporação da água e de monômeros residuais para todos os polímeros são observados em temperaturas até 100 C. Os copolímeros da série POLFA apresentam um comportamento intermediário entre esses materiais, por efeito de composição. 4987

Fluxo de Calor (u.a.) Endo Fluxo de Calor (u.a.) Endo 21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais É possível observar os mesmo eventos citados nas análises de dm/dt da figura 10. Os picos endotérmicos que variam ao longo da série de 352 a 368 ºC são atribuídos à decomposição térmica do material. Os eventos endotérmicos que variam entre 195 e 231ºC são atribuídos à fusão e degradação do ácido ftálico não reagido. 423,5ºC pola POLFA55L25 polfa 19 polfa 37 195 353 polfa 55 polfa 73 polfa 91 polf 206 239 352 367,8 220ºC 362,2 ºC 0 100 200 300 400 500 600 Figura 11. Curvas de DSC da série POLFA. 231 328,3 0 100 200 300 400 500 600 Figura 12.Curvas de DSC da série POLFAL. Podemos mais uma vez visualizar os deslocamentos dos eventos referentes à degradação térmica dos poliésteres da série POLFAL (Fig. 12) em relação à matriz pura POLFA. Os deslocamentos, assim como nas análises de TGA, se mostraram mais acentuados nas composições em que se tem maior quantidade de ácido ftálico, juntamente com a maior quantidade de lignina adicionada. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) Na Fig. 13 temos micrografias das fraturas criogênicas de algumas amostras. Nas micrografias das composições POLFA55L25 (Fig. 13 B), observa-se uma evidente separação de fase em várias ampliações. A fase dispersa, ou seja, a lignina é identificada através de pequenos pontos escuros, em formato esférico, com excelente dispersão sobre a matriz. Figura 11. Micrografias da fratura criogênica dos poliésteres POLFA71 (A), POLFA55L25 (B) e (C). 4988

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais CONCLUSÕES A variação dos percentuais dos ácidos adípico e ftálico teve efeito direto nas propriedades térmicas e morfológicas dos copolímeros da série POLFA. Quanto maior o percentual de ácido adípico, maiores serão a resistência térmica do material e o grau de organização das cadeias. As análises demonstraram que houve miscibilidade entre o poliéster produzido e a lignina, dependendo da composição. Foi possível observar deslocamento de picos de fusão ou degradação, assim como deslocamentos de bandas características de ligação de hidrogênio e de carbonilas específicas de grupos ésteres. Nas micrografias foi possível observar traços de ácido ftálico não reagido. Observou-se também separação de fases entre lignina e matriz nas composições com maior percentual de ácido adípico. Nas composições com maior quantidade de ftálico, a ausência de separação de fases, sugere uma maior miscibilidade entre matriz e lignina e nessas composições. ABSTRACTC EFFECT OF ADDITION OF LIGNIN IN PHYSICAL-CHEMICAL PROPERTIES OF A POLYESTERS BASED ON GLYCEROL, PHTHALIC AND ADIPIC ACIDS. In this paper the study of different addition amounts of lignin in the physicochemical properties of polyesters made from glycerol and different amounts of phthalic and adipic acids have been proposed. The following characterizations were made: XRD, FTIR, TGA, DSC and SEM. The variation in the percentage of adipic and phthalic acids had a direct effect on thermal and morphological properties. The thermal analysis showed that there was miscibility between the polyester and lignin, by means of displacement related to the temperature of thermal degradation events. In FTIR analysis was noted displacements of characteristic bands of hydrogen bonds and specific carbonyl ester groups. These shifts were more pronounced as it has larger amounts of phthalic acid as monomer and larger amounts of lignin in the compositions. keywords:polyester, Phthalic, Adipic, glycerol, Lignin. REFERÊNCIAS 1 D.H. Guimarães; M.M. Brioude. Mater res-ibero-am j, 2007,10, 3, 257-260 2 M.M. Brioude; D.H. Guimarães. Mater res-ibero-am j, 2007, 10, 4, 335-339. 3 S. M. N. Kumar; A. K. Mohanty; L. Erickson; M. Misra. J Biobased Mater Bio, 2009, 3(1), 1-24 4 J. F. Stumbe; B. Bruchmann. Macromol.RapidCommun. 2004, 25, 921 924. 4989