Microagulhamento associado ao ácido hialurônico: uma alternativa para o tratamento de cicatrizes atróficas causadas por acne.

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Transcrição:

1 Microagulhamento associado ao ácido hialurônico: uma alternativa para o tratamento de cicatrizes atróficas causadas por acne. Jocileide Felício Queiroz 1 jocileidequeiroz@hotmail.com Dayana Priscila Mejia Maia 2 Pós-graduação em Procedimentos Estéticos e Pré e Pós Operatório - Faculdade de Tecnologia do Ipê FAIPE / Bio Cursos Manaus Resumo O presente trabalho é um artigo de revisão de literatura de caráter exploratório descritivo, que aborda o tema microagulhamento associado ao ácido hialurônico como uma alternativa para o tratamento de cicatrizes atróficas causadas por acne. O mesmo abrange os tipos de cicatrizes causadas pela acne, esclarece a cerca do microagulhamento e a técnica adequada, bem como explana sobre o ácido hialurônico e seus efeitos quando utilizado em tratamentos estéticos. O artigo teve como objetivo conhecer os possíveis efeitos do microagulhamento quando associado ao uso do ácido hialurônico durante a realização do procedimento para o tratamento de cicatrizes atróficas causadas por acne. Através do mesmo, concluiu-se que apesar de ser uma técnica nova no mercado da estética, o microagulhamento quando associado ao uso do ácido hialurônico pode potencializar ainda mais os resultados esperados no tratamento de cicatrizes atróficas causadas por acne. Porém o profissional deve estar preparado para a realização da mesma para que o resultado obtido seja satisfatório ao cliente. Palavras-chave: Microagulhamento; Ácido Hialurônico; Acne. 1. Introdução O presente trabalho abordará a temática: Microagulhamento associado ao ácido hialurônico como alternativa para o tratamento de cicatrizes atróficas causadas por acne. A problemática que levou a realização deste estudo foi o questionamento: Qual a efetividade da aplicação do microagulhamento associado ao ácido hialurônico no remodelamento de cicatrizes atróficas causadas por acne? Diante de tal problema, o objetivo geral da pesquisa é conhecer os possíveis efeitos do microagulhamento quando associado ao uso do ácido hialurônico aplicado durante a realização do procedimento 1 Pós Graduando Em Procedimentos Estéticos e Pré e Pós Operatório. 2 Fisio. Esp. Metodologia do Ensino Superior; Mestre em Bioética e Doutorando em Saúde Pública.

2 em cicatrizes atróficas causadas por acne. Os objetivos específicos são: conhecer a técnica de microagulhamento, identificar os benefícios do microagulhamento para a indução de colágeno e compreender a ação do ácido hialurônico na pele. O microagulhamento também conhecido por microneedling vem sendo utilizado frequentemente no tratamento de cicatrizes de acnes, estrias, alopécias e para o rejuvenescimento facial. É uma terapia de indução de colágeno, realizada utilizando um instrumento conhecido como roller que possui microagulhas que produzem canais na pele e estes podem ser utilizados para penetração de produtos com princípio ativos na derme e epiderme 1. Desde 1980 as várias propriedades e funções do AH vêm sendo demonstradas em contínuos estudos e atualmente este biopolímero é reconhecido como um composto de elevado valor, no que tange às numerosas aplicações nas áreas biomédica e tecnológica 2. O ácido hialurônico é um polissacarídeo glicosaminoglicano que representa uma alternativa no tratamento do envelhecimento facial e tem sido utilizado há mais de uma década no preenchimento de partes moles para corrigir depressões, rugas e sulcos 3. Este polímero está diretamente envolvido em processos biológicos, dentre estes o processo cicatricial. No processo inflamatório, está demonstrado que fragmentos oligossacarídicos derivados do ácido hialurônico desempenham um papel importante na estimulação da secreção de citocinas e na proliferação de células endoteliais 2. 2. Revisão de literatura 2.1 Acne Vulgar A acne vulgar é um distúrbio folicular comum que afeta os folículos pilosos suscetíveis, geralmente encontrados na face, pescoço e parte superior do tronco. Apresenta-se em forma de comedões (lesões primárias da acne), tanto fechados quanto abertos, pápulas, pústulas, nódulos e cistos 4,5. Isso ocorre através da obstrução do orifício de saída da unidade pilossebácea, com acúmulo de secreções, restos celulares e algumas vezes por um microrganismo 6. A acne é uma afecção cutânea frequente em dermatologia e comum entre os adolescentes e adultos jovens, entre 12 e 35 anos de idade, que afeta por igual tanto os homens quanto as mulheres, e apresenta-se mais acentuada na puberdade e durante a adolescência. A acne parece estar relacionada a fatores genéticos, hormonais e bacterianos, e na maioria dos casos, existe uma história familiar. É uma afecção que

3 influencia na autoestima e comportamento dos adolescentes 4. Dentre os principais fatores etiopatogênicos da acne podemos citar a hipersecreção sebácea, hiperceratose folicular, proliferação da bactéria Propionibacterium acnes no conduto pilossebáceo e a liberação de mediadores inflamatórios 5. A acne classifica-se conforme as lesões predominantes, sendo graduada de I a V, conforme a gravidade. Acne grau I, não inflamatória, apresenta comedões predominantes. A acne de grau II há predomínio de lesões pápulo-pustulosas além de comedões. Já na acne de grau III podem ser observados nódulos e cistos. A de grau IV, também conhecida como acne conglobata, é uma forma severa com múltiplos nódulos inflamatórios, apresenta formação de abscessos e fistulas. Uma forma rara e grave acompanhada de febre, leucocitose e artralgia é a acne de grau V 6. Mesmo que não haja uma doença de base, o quadro de acne gera grande desconforto para o paciente, não somente pela aparência das lesões ativas, mas também pelo caráter crônico e pela ocorrência de cicatrizes. Desta forma, é de fundamental relevância que o tratamento seja realizado o mais precoce possível para evitar cicatrizes físicas e psicossociais 6. 2.2 Cicatriz causada por acne As cicatrizes de acne correspondem a uma das principais queixas no consultório dermatológico. Elas são resultado da acne inflamatória e estão associadas ao aumento ou a perda do colágeno. No passado, o manejo dessas cicatrizes era um desafio; atualmente, muitas são as opções de tratamento 7. As cicatrizes de acne podem ser classificadas em elevadas, distróficas e deprimidas, de acordo com as características que apresentam. As cicatrizes deprimidas podem ser subdivididas em distensíveis (em que se observa intensa melhora com seu quase desaparecimento quando se estica a pele) e não distensíveis (em que não se observa melhora ao se esticar a pele). Por sua vez, as cicatrizes distensíveis podem ser retráteis (quando distendidas, têm moderada fibrose) ou não retráteis (sem fibrose) 7. As cicatrizes dependem da intensidade, profundidade e duração do processo inflamatório, podendo chegar até a derme e, até mesmo, à hipoderme. Elas podem se apresentar com um aumento de colágeno (hipertróficas ou quelóides) ou, mais comumente, com a perda dele (em furador de gelo, onduladas ou em saca-bocado ) 5.

4 O tratamento das cicatrizes de acne é um desafio, e sua classificação correta determina o sucesso do tratamento. Existe uma vasta gama de tratamentos disponíveis para as cicatrizes de acne, tendo em vista que o emprego de novas tecnologias ganhou espaço nos últimos anos na correção das cicatrizes. Sendo que cada técnica é mais bem indicada para certo tipo de cicatriz e diferentes tratamentos podem ser combinados. Cabe ao profissional qualificado decidir qual terapêutica é a melhor para cada paciente. Contudo, um tratamento bem empregado pode melhorar consideravelmente a qualidade de vida e auto-estima dos pacientes, porém é importante lembrar que embora as cicatrizes de acne possam ser significativamente aliviadas elas nunca poderão ser completamente eliminadas, tendo em vista a variada morfologia que estas apresentam 5,8. As cicatrizes distensíveis respondem com excelente resultado ao preenchimento com ácido hialurônico. A melhor opção terapêutica para cicatrizes distensíveis não retráteis é o preenchimento. As cicatrizes distensíveis retráteis são tratadas por processo denominado subcisão, em que traves fibrosas abaixo da cicatriz são rompidas com agulhas de extremidade cortante. Seu tratamento pode ser complementado pelo preenchimento com ácido hialurônico e/ou lasers fracionados 7. 2.3 Cicatriz Atrófica de acne As cicatrizes atróficas são depressões dérmicas provocadas por destruição do colágeno durante doenças cutâneas de caráter inflamatório, como acne nódulo-cístico ou varicela, ou após traumas, queimaduras e cirurgias. São cicatrizes de difícil tratamento, contudo, pouco invasivos têm sido utilizados com relativo sucesso 9. A atrofia pode afetar a epiderme, a derme e o tecido subcutâneo. As lesões inflamatórias da acne maturam através das fases da cicatrização, desde a inicial inflamação e formação de tecido de granulação até a subsequente fibroplasia, neovascularização, contratura da ferida e remodelação tecidual 9. As lesões de acne se iniciam bem abaixo da epiderme, o que leva a uma cicatrização que envolve estruturas mais profundas. Como as cicatrizes maturam, sua contração promove nas camadas superficiais uma aparência denteada. Além disso, a atividade enzimática e mediadores da inflamação também provocam a destruição dessas estruturas profundas, consequentemente haverá a perda de substância, contribuindo assim para a gravidade da atrofia cicatricial 9.

5 2.4 Microagulhamento Os primeiros relatos sobre o microagulhamento ou subincisão, técnica assim chamada pelos pesquisadores Orentreich e Orentreith, que a utilizaram para indução de colágeno no tratamento de cicatrizes deprimidas e rugas. Seus estudos foram confirmados por outros pesquisadores que se basearam no mesmo preceito de ruptura e remoção do colágeno subepidérmico danificado, seguidas da substituição por novas fibras de colágeno e elastina. Estudos mais recentes propõem a utilização de um sistema de microagulhas aplicado à pele visando gerar múltiplas micropunturas, longas o suficiente para atingir a derme e desencadear o estímulo inflamatório que resultaria na produção de colágeno. Contudo, Para que toda essa cascata inflamatória se instale, o trauma provocado pela agulha deve atingir profundidade na pele de um a três milímetros, com preservação da epiderme, que foi apenas perfurada e não removida 10. O roller apresenta microagulhas que podem variar de 0,5 a 3 mm de diâmetro. Durante a aplicação ele é passado sobre a pele em várias direções, criando assim, micro orifícios ou escoriações que cicatrizam em poucos dias. As drogas penetram através destes micro canais de maneira eficiente, podendo assim, aumentar em até 80% a absorção de moléculas maiores. Uma maior quantidade de sessões potencializa ainda mais os resultados do tratamento. Por ser um tratamento menos oneroso e não causar gerar lesões epidérmicas faz com que a técnica apresente vantagens quando comparada a outros métodos de indução de colágeno 1. Atualmente o microagulhamento é realizado com a finalidade de tratar cicatrizes de acnes, estrias, alopecias, bem como rejuvenescimento facial 1. Após a realização do procedimento, centenas de microlesões são criadas, resultando em colunas de coleção de sangue na derme, acompanhadas de edema da área tratada e hemostasia praticamente imediata. A intensidade dessas reações é proporcional ao comprimento da agulha utilizada no procedimento. Exemplificando, a profundidade de 1mm oferece hematoma quase microscópico, enquanto o resultante de uma de 3mm é visível e pode persistir durante horas. Porém é necessário compreender que a agulha não penetra totalmente o processo de rolamento, desta forma estima-se que apenas 50% a 70% do comprimento da microagulha penetre na pele durante o procedimento. Portanto, quando o comprimento da agulha é de 1mm o dano ficaria limitado à derme superficial, apresentando assim uma resposta inflamatória mais limitada do que a provocada por agulha de comprimento maior 10.

6 2.4.1 Características da técnica O instrumento utilizado para o microagulhamento é constituído por um rolo de polietileno encravado por agulhas de aço inoxidável e estéreis, alinhadas simetricamente em fileiras perfazendo um total de 190 unidades, em média, variando de acordo com o fabricante. O comprimento das agulhas se mantém ao longo de toda a estrutura do rolo e varia de 0,25mm a 2,5mm de acordo com o modelo. Comumente a intervenção sob anestesia local é bem tolerada com agulha que não ultrapasse 1mm de comprimento. A partir desse tamanho recomenda-se bloqueio anestésico complementado por anestesia infiltrativa 10. O microagulhamento é procedimento técnico-dependente, por tanto, a familiarização com o aparelho usado e o domínio da técnica são fatores que influenciam diretamente o resultado final. A pressão vertical exercida não deve ultrapassar 6N, pois força superior poderá levar a danos em estruturas anatômicas mais profundas e mais dor que o esperado. Os movimentos de vai e vem devem guiar-se por padrão uniforme de petéquias em toda a área tratada. Para isso, entre dez e quinze passadas numa mesma direção e pelo menos quatro cruzamentos das áreas de rolagem parecem ser suficientes. Teoricamente 15 passadas permitem dano de 250-300 punturas/cm 2 10. O tempo de aparecimento do padrão de petéquias varia e acordo com a espessura da pele tratada e o comprimento da agulha escolhida. Desta forma, a pele mais fina e frouxa, comumente fotoenvelhecida, apresentará padrão uniforme de petéquias mais precocemente do que a pele espessa e fibrosada, observada em pacientes que apresentam cicatrizes de acne. Com isso, nota-se que a escolha do comprimento da agulha está depende do tipo de pele a ser tratada e do objetivo a ser alcançado 10. 2.5. Ácido Hialurônico Descoberto em 1934, após ser isolado a partir do humor vítreo bovino, por Meyer et al., o ácido hialurônico é um polissacarídeo natural da família das Glicosaminoglicanas, que compõe todos os tecidos conectivos. É constituído exclusivamente por unidades dissacarídicas repetidas contendo N-acetilglicosamina e ácido D-glicurônico, e possuem importantes aplicações nas áreas médica, farmacêutica e cosmética devido à sua excepcional capacidade hidratante. Por ser natural e gradualmente degradado, problemas associados à rejeição e a reações granulomatosas, são raros, podendo ser dissolvido facilmente com o uso de hialuronidase. Atualmente é obtido por biotecnologia, através da fermentação de cepas de Streptococcus

7 zooepidermicus em um substrato vegetal. O produto é estabilizado por uma série de ligações cruzadas, sendo biocompatível, fácil de armazenar e não-imunogênico 7,2. Desde 1980 que as várias propriedades e funções do AH vêm sendo demonstradas em contínuos estudos de forma que, atualmente, este biopolímero seja reconhecido como um composto de elevado valor, no que tange às numerosas aplicações, nomeadamente nas áreas biomédica e tecnológica. Com isso o número de produtos cosméticos que incluem o AH na sua formulação tem vindo a aumentar, devido à natureza viscoelástica única desta substância, bem como ao fato de ser extremamente bem tolerada, o que significa um risco muito reduzido ou quase inexistente de efeitos adversos. Além disso, o AH desempenha um papel fundamental na manutenção da integridade mecânica dos tecidos. Devido ao seu comportamento polianiônico 2. O AH tem sido, amplamente, utilizado na área da Dermocosmética, sendo incorporado em produtos cosméticos de aplicação tópica, essencialmente como agente hidratante e antienvelhecimento. O AH é uma das moléculas mais higroscópicas da natureza, pelo que, quando hidratado, pode conter cerca de 1000 vezes o seu tamanho em moléculas de água. Assim, este efeito é particularmente relevante ao nível da pele, pela sua capacidade hidratante, o que contribui para manter ou recuperar a sua elasticidade. Além disso, o AH exibe também efeito antioxidante, porque funciona como agente sequestrante de radicais livres, o que aumenta a proteção da pele em relação à radiação UV e contribui para aumentar a capacidade de reparação tecidual 2. Embora a utilização de AH se encontre predominantemente associada à injeção de agentes de preenchimento dérmico, também tem sido prática comum a sua aplicação tópica, mediante o uso de cremes e geles. As preparações semi-sólidas cutâneas são formuladas de modo a promoverem a libertação local ou transdérmica das substâncias ativas; são igualmente utilizadas devido à sua ação emoliente ou protetora 2. Atualmente, há um grande número de apresentações comerciais disponíveis. Contudo, quando aplicado sobre a pele, seja sob a forma de creme ou qualquer outra forma, o AH tende a formar uma película visco-elástica. Esta película tem a capacidade de se ligar à água, retendo-a à sua superfície, propriedade essa que cresce com o aumento do peso molecular do AH 2,3. O ácido hialurônico vem sendo a substância absorvível de maior experiência na prática clínica para preenchimento de rugas e sulcos. É crescente o número de procedimentos ambulatoriais, não invasivos ou minimamente invasivos e vem

8 colaborando para o tratamento e suavização dos diversos tipos de rítides faciais com este produto 3. 3. Metodologia No presente estudo optou-se pela pesquisa exploratória descritiva. O curso metodológico vale-se da coleta de dados por pesquisa bibliográfica, que teve como base, artigos científicos encontrados no Scielo, Lilacs e Bireme, o mais antigo foi publicado no ano de 2005 e o mais recente publicado no ano de 2013 nas áreas de Enfermagem e Fisioterapia. Para a pesquisa, foram utilizadas como palavras chave microagulhamento, acne e ácido hialurônico. 4. Resultados e Discussão A proposta de tratamentos ablativos visando ao estímulo e remodelamento do colágeno é preconizado há muito tempo na área de Dermatologia, pois é sabido que a remoção da epiderme favorece a liberação de citocinas e migração de células inflamatórias que resultam na substituição do tecido danificado por um tecido cicatricial. Os peelings químicos médios e profundos, como exemplo de tratamentos ablativos são bem difundidos entre os dermatologistas tendo em vista o estímulo na produção de colágeno. Todavia o processo de recuperação é longo e resulta em tecido sensível, sujeito à hiperpigmentação pós-inflamatória e fotossensiblidade, somado ao risco de complicações como formação de cicatrizes hipertróficas, eritema persistente e discromias. Com isso, atualmente são indicados os procedimentos menos invasivos isolados ou em associação, com objetivo de reduzir os riscos de complicações e retorno mais precoce às atividade laborais. Desta forma, o microagulhamento propõe um estímulo na produção de colágeno, sem provocar a desepitelização total observada nas técnicas ablativas 10. A maioria dos autores considera que a terapia de indução de colágeno induz uma cicatrização normal da ferida que se desenvolve em três fases: fase de inflamação, proliferação e remodelação. Ela apresenta menos riscos e efeitos colaterais, além de ser um método menos invasivo. Um benefício adicional é a fase curta de cicatrização após cada tratamento e, se o resultado não for satisfatório, o tratamento pode ser repetido. Há comprovações científicas de que o procedimento com agulhas também estimula a revascularização, as marcas estriadas e preenche as cicatrizes acneicas. Com base nestas

9 informações, conclui-se que a terapia de indução de colágeno é um procedimento adequado para diferentes patologias dermatológicas 11. Além disso, o ácido hialuronico desempenha um papel-chave em cada fase de cicatrização, pois estimula a migração, a diferenciação e a proliferação celulares e, por outro lado, regula a organização e o metabolismo da matriz extracelular 2. Com base nestas informações, percebe-se que o uso do ácido hialurônico associado ao microagulhamento pode potencializar ainda mais os resultados esperados no tratamento de cicatrizes atróficas causadas por acne. 5. Conclusão O desenvolvimento do presente estudo tornou-se relevante, pois fornece suporte e respaldo para o profissional da área de estética tendo em vista que o mesmo mostrouos diferentes tipos de cicatrizes causadas pela acne, aprofundou o conhecimento relacionado á técnica correta do microagulhamento, bem como suas indicações. Além disso, foi possível conhecer a ação do ácido hialurônico na pele e seus benefícios nos tratamentos estéticos e ainda verificou-se que o uso associado de ambos é capaz de potencializar ainda mais os resultados esperados para o tratamento em clientes que apresentam cicatrizes atróficas causadas por acne. Com do crescimento exponencial de pessoas na busca pelo corpo perfeito, bem como o avanço tecnológico, o segmento da estética tem crescido de maneira exorbitante. Diante deste mercado e da exigência da clientela, os profissionais em estética, sejam eles fisioterapeutas, enfermeiros ou tecnólogos em estética, devem estar na busca constante pelo conhecimento e aprimoramento a cerca das novas técnicas que surgem constantemente no mercado, além de conhecer suas bases científicas para que desta maneira possam oferecer um serviço de qualidade e com resultados satisfatórios para seus clientes. 6. Referências 1- GARCIA, Marcela Engracia. Microagulhamento com Drug Delivery: Um Tratamento para LDG. Faculdade de Medicina do ABC, Serviço de Dermatologia, Departamento de Cosmiatria. São Paulo, 2013. 2- OLIVEIRA, Ângela Zélia Moreira de. Desenvolvimento de formulações cosméticas com ácido hialurônico. Dissertação de Mestrado em Tecnologia Farmacêutica. Dezembro, 2009.

10 3- SALLES, Alessandra Grassi; REMIGIO, Adelina Fátima do Nascimento; ZACCHI,Valeria Berton Liguori; SAITO, Osmar Cássio Saito; FERREIRA, Marcus Castro. Avaliação clínica e da espessura cutânea um ano após preenchimento de ácido hialurônico. Rev. Bras. Cir. Plástica, 2011. 4- BARE & SMELTZER, Brunner/Sudarth. Tratado de Enfermagem Médico- Cirúrgica. 10 ed. V.1, Rio de Janeiro: Guanabara/ Koogan, 2005. 5- RAITANI, Felipe. Opções terapêuticas para correção de cicatrizes de acne em medicina estética. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pós- Graduação em Medicina Estética da Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, 2011. (Felipe Raitani. 6- (ZUCHETO, Gabrieli; BRANDÃO, Mariana; TASQUETTO, Ana; ALVES, Marta. Acne e seus tratamentos: uma revisão bibliográfica. Educação e Ciência na era Digital. SEPE XV Simpósio de ensino pesquisa e extensão. Outubro, 2011. 7- ANTONIO, Carlos Roberto; NICOLI, Marina Garcia. Técnica de correção de cicatrizes distensíveis de acne com ácido hialurônico, otimizada com iluminação de LED. Surg Cosmet Dermatol, 2013. 8- ROSAS, Fernanda Manfron Batista; BRENNER, Fabiane Mulinari; HELMER, Karin Adriane. Avaliacao comparativa do Laser de CO2 fracionado e da dermoabrasao no tratamento de cicatriz de acne. Surg Cosmet Dermatol 2012. 9- KELLER, Raquel. Estudo clínico e histopatológico das cicatrizes de acne em pacientes fototipo II-V após irradiação com o laser Nd:Yag1064nm. Dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2006. 10- LIMA, Emerson Vasconcelos de Andrade; LIMA, Mariana de Andrade; TAKANO, Daniela. Microagulhamento: estudo experimental e classificação da injúria provocada. Surg Cosmet Dermatol, 2013. 11- FABBROCINI, Gabriella; PADOVA, Maria Pia de; VITA, Valerio de; FARDELLA, Nunzio; PASTORE, Francesco; TOSTI, Antonella. Tratamento de rugas periorbitais por terapia de indução de colágeno. Surgical & Cosmetic Dermatology, 2009.