Intervenção Precoce. Implementando Serviços de Crianças e Famílias para Grupos de Crianças de Risco. ou Deficiente.



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Transcrição:

Intervenção Precoce Implementando Serviços de Crianças e Famílias para Grupos de Crianças de Risco ESTRATÉGIAS DE TRABALHO COM FAMÍLIAS Uma das competências básicas de um técnico de intervenção precoce é a capacidade de comunicar com famílias e de respeitá-las. As relações entre pais e profissionais podem desenvolver-se e ser produtivas se houver um técnico que seja capaz de coordenar de uma forma eficiente com os membros da família no planejamento e implementação da intervenção. Esta seção apresenta princípios gerais a ser considerado no trabalho com as famílias. Mais adiante algumas sugestões de estratégias específicas para comunicação e coordenação com pais. PRINCÍPIOS GERAIS Os técnicos de intervenção precoce devem possuir competências técnicas na sua área de especialização. No entanto, a sua eficiência no uso destas competências depende muito da sua capacidade de comunicar com as famílias. As considerações que se seguem fornecem linhas de orientação básicas para o trabalho com famílias em programas de intervenção precoce. 1 - Olhe para os pais como pais e não apenas como pais de uma criança com problemas Muito embora as crianças em risco ou com deficiências coloquem aos pais desafios especiais, estes pais têm as mesmas preocupações e necessidades que quaisquer outros pais. Como quaisquer outros, os pais que participam em programas de intervenção precoce tem preocupações sobre a saúde, crescimento e desenvolvimento dos filhos e partilham das mesmas dificuldades das outras famílias, tais como dificuldades de conciliar os horários, dificuldades financeiras e preocupações em atender às necessidades de todos os membros da família. 2 - Seja sensível e respeite os diferentes estilos, antecedentes culturais, necessidades e preocupações levantadas pela família.

Observe e preste atenção àquilo que os membros da família têm para dizer. Todos os técnicos devem respeitar os valores e atitudes da família, bem como os seus objetivos e estratégias para a intervenção. As crenças e as práticas de raiz culturais devem ser tidas em conta e toleradas, não devendo ser rotuladas por técnicos com crenças diferentes de acordo com noções preconceituosas (com super proteção ou rejeição). Além do mais, são os pais e os outros membros da família que melhor conhecem a criança, e as suas observações, opiniões e preocupações devem ser respeitadas. Finalmente, durante as discussões, deve omitir-se todo o "palavreado técnico", de forma a permitir aos pais estarem ativamente incluídos e não omitidos na conversa. 3 - Proporcionem às famílias condições para que se envolvam em todos os aspectos do programa de intervenção Os membros da família devem fazer parte do processo de definição de objetivos, planejamento, implementação e avaliação do programa. É um direito dos pais, além de ser uma prática educacional adequada. Embora alguns membros da família possam variar o seu nível de envolvimento com base em circunstâncias da sua própria vida, deve ser mantido o máximo de encorajamento e de oportunidades de participação. 4 - Tenha sempre presente que a família é um sistema em interação Os programas de intervenção precoce respondem melhor às necessidades da criança sempre que a família estiver incluída em todo o planejamento e implementação do programa. Todas as intervenções têm um efeito de arrasto e, ao influenciar um membro da família, de algum modo influenciam-se os outros. Há ocasiões em que o melhor para a criança não é o melhor para a família. Os técnicos de intervenção precoce devem aceitar a validade das escolhas das famílias ainda que, em alguns casos, estas coloquem o bem da família acima do bem de algum membro individualmente. 5 - Seja flexível de modo ajustar-se a necessidades diversas e variáveis das famílias Como é evidente através do modelo transacional, as transações entre membros da mesma família e entre membros da família e outros produzem mudanças constantes de situação. Portanto, as preocupações e necessidades numa determinada altura

podem provavelmente ser diferentes em outras ocasiões. Os planos de serviços a serem fornecidos às famílias devem ser individualizados. Cada família deve ter a mesma atenção que cada criança, de modo a incluir métodos e estratégias diversificados que possam ser continuamente adaptados em função das necessidades. 6 - Ao apresentar as suas expectativas relativamente a um programa, respeite e esteja atento às necessidades da família. O tipo e grau de participação da família podem variar ao longo do tempo do mesmo modo que variam as necessidades e objetivos da família. Algumas famílias podem decidir não participar, ao passo que outras poderão participar ativamente através de uma variedade de papéis. Winton e Turnbull (1981) fizeram notar "a legítima necessidade que alguns pais têm de por vezes não serem formalmente envolvidos" (pg.18). Há também documentação que demonstra que alguns dos requisitos e regimes de educação precoce intensiva podem aumentar as situações de esgotamento nos pais.(bristol e Schopler,1983) 7 - Auxilie os pais a sentirem-se competentes no seu papel de pais Discuta as coisas que os pais sabem fazer bem, e não apenas as potenciais áreas de necessidade. Encoraje as interações pais/filho; assegure-se de que os pais têm mais oportunidades de observar sucessos e sorrisos do filho do que aspectos negativos apontados pelo técnico de intervenção precoce. Auxilie os pais a participarem nos IFSP (plano de serviços individualizados à família). Os pais podem por vezes sentir-se examinados ou criticados ao participarem num programa. Todos os pais têm dias bons e dias maus. Cabe aos técnicos auxiliá-los para que se sintam confortáveis e competentes ao realizarem as suas rotinas e responsabilidades diárias. 8 - Proporcionem oportunidades de comunicação Os pais necessitam de ter oportunidades de discutir formal e informalmente com os técnicos. A comunicação pode desenvolver-se se os pais sentirem que os técnicos estão disponíveis e interessados neles. Os profissionais podem desenvolver relações calorosas e amigáveis com os pais sem que para isso ultrapassem os limites da suas funções como profissionais. Em resumo, as verdadeiras relações pais/profissionais desenvolvem-se a partir da

compreensão e respeito mútuo. O profissional de intervenção precoce pode auxiliar estas interações através de uma verdadeira procura e reconhecimento da participação dos pais e através do estabelecimento de linhas de comunicação abertas e claras. Esta comunicação conduzirá a serviços mais individualizados, mais flexíveis e mais apropriados para as famílias. COMUNICAÇÃO COM PAIS CONSTRUÇÃO DE RELAÇÕES DE COOPERAÇÃO As técnicas específicas de comunicação com pais e de construção de relações de cooperação entre pais e profissionais serão discutidas mais à frente. As estratégias de intervenção para o trabalho com as famílias foram delineadas em vários projetos de intervenção precoce (Bromwich,19981; Hanson & Krentz,1986). Embora o primeiro objetivo desses programas de intervenção seja facilitar a interação criança/pais, as estratégias delineadas podem ser utilizadas na comunicação e coordenação com os pais em torno de uma grande variedade de objetivos e matérias de intervenção. Bromwich (1981) e colegas no Programa de Intervenção da Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), Projeto de Estudos Infantis, delinearam oito passos ou estratégias que foram implementados no programa de intervenção na interação pais/criança, com mães e bebês de alto risco desde o nascimento até aos três anos. Os oito modos de intervenção para técnicos de intervenção precoce incluíam: (a) ouvir de forma empática; (b) observar; (c) fazer comentários positivos; (d) discutir; (e) perguntar; (f) dar modelos; (g) experimentar,e (h) encorajar. A abordagem inicial de um novo assunto envolvia uma atenção cuidadosa ao que os pais diziam e uma aceitação dos sentimentos deles. Os técnicos estabeleciam uma comunicação empática com os pais tendo o cuidado de não os pressionar para que discutissem assuntos que eles não quisessem discutir e de não se envolverem em assuntos pessoais não relacionados com o assunto que

estavam discutindo. A seguir a esta abordagem os pais foram auxiliados no sentido de se tornarem observadores astutos da criança. Os profissionais partilharam as suas observações com os pais e tentaram compreender o entendimento que eles tinham sobre o comportamento da criança. A terceira estratégia implicava auxiliar os pais a ganharem autoconfiança no comentar de interações em que pais e criança estavam sincronizados ou sintonizados um com o outro. Os técnicos também comentavam positivamente o comportamento da criança de forma a que os pais fossem capazes de identificar áreas de progresso. A quarta estratégia, discussão, foi muito utilizada. As discussões ocorriam em conversas informais entre pais e técnicos e serviam para dar informações, sugerir alternativas, responder a questões, e/ou introduzir novas áreas de interesse para os pais. A quinta estratégia, perguntar, foi utilizada para obter dos pais informação sobre as suas preocupações e observações sobre a criança. Dar modelos foi usado para demonstrar em particular um comportamento da criança ou uma forma de interagir com ela na esperança de que os pais imitassem o comportamento. A sétima estratégia, experimentar, envolvia trabalhar com a criança tentando vários métodos para conseguir que ela respondesse ou interagisse. Finalmente, os profissionais usaram o encorajamento para auxiliar os pais a responder de uma forma particular ao comportamento da criança, e a tomar iniciativas, e a ter em atenção as suas próprias necessidades nos casos de demasiado envolvimento com os bebês. Hanson e Krentz (1986) delinearam um processo de intervenção em anel que considerava quatro passos: alerta, encaminhamento, prática e avaliação. De uma forma breve, tanto o pai como o profissional podem chamar a atenção do outro para uma área de necessidade (alerta). Segue-se um planejamento de estratégias para responder à necessidade detectada (encaminhamento). Em seguida os pais experimentam essas estratégias nas suas interações com a criança (prática) e depois analisam com os técnicos a eficiência das mesmas (avaliação). Estes quatro passos foram utilizados para estabelecer objetivos e pontos de partida comuns para a comunicação entre pais e profissionais. Utilizando este sistema, a intervenção é vista como um processo de mudança, no qual cada interação ou comunicação tem um efeito subseqüente nas outras. Além disso, cada um dos parceiros - o técnico ou o pai - pode iniciar uma atividade ou um determinado passo em qualquer altura. O processo pode evoluir a velocidades diferentes em diferentes tempos e por vezes mover-se até muito devagar numa determinada fase (ex: encaminhamento).

Os primeiros passos indicados neste processo de intervenção podem ser divididos em várias técnicas específicas (ver figura 8.2). Alertar dá origem a um foco de interesse comum aos pais e ao técnico de intervenção precoce. Alertar pode ser realizado através de processos diferentes. Uma das hipóteses é comentar ou partilhar observações. Tanto o pai como o profissional pode apontar uma área de necessidade (ex: "A Mariana se estende muito quando eu a pego"). Um outro método de alerta é falar pela criança ou servir de intérprete à criança. Por exemplo: "Oh! João, isto é barulho e excitação demais para você. O que você quer é mesmo sair daqui, não é?". O processo de alerta fornece ao outro membro desta relação - o pai ou o técnico - informação sobre as observações e percepções do outro. Encaminhar envolve técnicas específicas de modificação de um comportamento que foi identificado durante a fase de alerta como uma área de necessidade. Mais uma vez, discute-se várias formas de encaminhamento. Alertar Comentar ou partilhar observações Servir de interprete do bebê Encaminhar Informar Reformular Comentar Modelar Experimentar Fazer sobressair Praticar Avaliar Uma das estratégias implica informar. Os pais pedem freqüentemente informações específicas sobre a deficiência ou sobre métodos de tratamento (ex: o desenvolvimento cognitivo e as possibilidades educacionais de crianças pequenas com síndrome de Down). Do mesmo modo os pais podem informar os técnicos acerca de determinado comportamento da criança (ex: a Marta prefere objetos luminosos e

brilhantes do gênero dos piões ou moinhos luminosos. Acho que ela consegue detectar alguma luz e movimento). Outra estratégia é reformular um comportamento (tanto da criança como dos pais) de uma forma mais positiva. Por exemplo, em resposta à agitação da criança: O Luís conhece realmente a mãe. Começa a mexer-se sempre que você se chega perto. Acho que ele não está a ver se lhe dá pontapés. Está é excitado porque você lhe vai pegar ao colo". Outro exemplo: "A Laura faz resistência sempre que tentamos ajudá-la a usar a colher. Acho que está a querer dizer-nos que está a ficar mais crescida e mais independente". A terceira estratégia é comentar, as qualidades especiais do pai ou da criança (ex: "a Catarina usa as mãos e os dedos para comunicar porque não consegue ver" ou "o António faz sempre este som quando está com fome"). A quarta estratégia descrita é modelar. Ao modelar, tanto o profissional como o pai demonstra um método particular de trabalho com a criança. Por exemplo, a fisioterapeuta mostra aos pais uma forma de levantar uma criança com espasticidade de forma a que possa obter-se e manter-se um tônus mais aceitável. Ou então a educadora especial demonstra a forma como espera até que a criança faça um som para lhe dar de comer ou para lhe dar um brinquedo preferido. Os pais podem mostrar aos técnicos como segurar a criança ou acalmá-la. A quinta estratégia é experimentar. Esta estratégia implica que os pais e os técnicos de intervenção precoce trabalhem juntos de modo a experimentarem técnicas diferentes. Cada um pode contribuir com sugestões e observações. A sexta estratégia é fazer sobressair. Através deste processo tanto o pai como o técnico pode fazer comentários positivos sobre determinados aspectos do comportamento da criança ou do outro. Por exemplo, "Daniel, acho que foi uma ótima idéia pôr a criança na cadeira dela enquanto você janta. Assim ela pode ver o que se passa e você está perto para acalmá-la se for preciso." Estas estratégias podem ser utilizadas ao estabelecer novos comportamentos ou ao reforçar mudanças que estão a ser feitas. Mais uma vez, o seu uso pressupõe que, no que respeita a objetivos, tenha sido possível alcançar um foco de interesse ou um ponto de partida comum entre pais e profissionais. O terceiro e quarto passos desta abordagem de intervenção são prática e avaliação. Tal como em qualquer outra intervenção, um plano deve ser experimentado e avaliado. Relativamente aos planos desenvolvidos para bebês isto significa, regra geral, que os pais devem praticar atividades nas rotinas diárias habituais. Uma medida da validade dos planos de intervenção é saber até que ponto é que os pais estão capazes de integrar uma atividade no modo de viver normal da família. Os

procedimentos que podem ser rapidamente incorporados nas rotinas existentes são provavelmente mais úteis e mais exeqüíveis. O passo que se refere à avaliação possibilita ajustamentos e discussões sobre os efeitos e repercussões da intervenção. Podem notar-se efeitos positivos e negativos e podem fazer-se alterações se necessário. Em resumo, estes dois modelos de intervenção sugerem técnicas para comunicar com as famílias e formas de encarar a relação de cooperação entre pais e profissionais. A comunicação é um processo que se desenvolve em dois sentidos. Os profissionais devem estar sensíveis para ouvir primeiro às necessidades e preocupações dos pais e depois, em conjunto com eles, elaborar um plano para responder a estas necessidades.