INDÚSTRIA NAVAL Ano não foi ruim Desempenho industrial retrai, mas segmento de propulsores vê demanda crescente e atravessa 2011 sem sobressaltos Solange Bagdadi 8 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2012
INDÚSTRIA NAVAL também um mercado tradicional da empresa. Por isso, está investindo na capacitação da equipe técnica por meio de treinamentos na matriz na Alemanha e desenvolvendo serviços voltados para manutenção preditiva e que aumentem significativamente o up time dos propulsores Schottel. Além disso, estamos com grande estoque nacional de peças para pronta entrega, pois o mercado exige cada vez mais agilidade na reposição, diz Rodrigo Miranda, gerente de projetos da empresa. A Schottel tem um escritório no Rio de Janeiro e outro em Santa Catarina. Sua fábrica na Alemanha desenvolve, projeta, produz propulsão azimutal e sistemas de manobra, bem como sistemas de propulsão completos para potências de até 30 MW, para embarcações de todos os tipos e tamanhos. Para Miranda, o ano de 2011 confirmou que a empresa está no rumo certo. Fechamos um contrato de mais seis rebocadores com um cliente que já possuía 21 rebocadores com proais, que envolvem hélice, eixos, mancais e tubo kort e, ainda faz reparos de hélices danificadas. Empresa que vem apresentando ótimo desempenho é a NavalSul Equipamentos Navais do Sul, que superou as previsões feitas no ano passado, quando avaliou que a ampliação de suas vendas não alcançaria 10% em 2011. Mas as vendas foram aproximadamente 20% maiores que as de 2010, com recuperação forte no segundo semestre. Estamos com maior número de clientes estrangeiros, com destaque para os armadores operadores da hidrovia Paraguai, na qual estamos realizando um trabalho extenso de melhorias de rendimento dos propulsores juntos aos principais empresários. Temos uma fábrica naquele país para serviços de reparo de propulsores, destaca o diretor financeiro Francisco Strahus Neto. A NavalSul, que produz propulsores com potência de 300 a 3.000 HP, tem um projeto de ampliação de capacidade pronto, aguardando as decisões que envolvem as compras dos propulsores dos navios sondas que serão construídos no Brasil para a Petrobras. Só estamos esperando que as encomendas sejam definidas, informa Strauhs Neto. Por acreditar no mercado nacional, a Schottel do Brasil Propulsões Marítimas quer crescer em 2012 nos mercados nos quais já atua e está bem posicionada, com rebocadores e offshore, além de aproveitar sua experiência para fornecer propulsores para a navegação interior, 10 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2012 Guto Nunes Custo inicial do propulsor pode ser um detalhe frente aos riscos operacionais Guto Nunes MIRANDA Mercado exige cada vez mais agilidade na reposição Reymondon Perspectivas para 2012 não poderiam ser melhores pulsores Schottel. Também na área offshore, conseguimos novos clientes que ainda não podem ser revelados, mas são importantes referências e, em breve, estarão operando no mercado, comemorou. Outra companhia muito bem colocada no mercado mundial e que tem escritório no Rio de Janeiro desde janeiro de 2010 é a Berg Propulsion, uma das líderes mundiais em projeto e produção de propulsão de passo controlável. Fornece hélices principais, propulsores azimutais, propulsores transversais e sistemas de manobras. Hoje, opera em instalações de produ-
INDÚSTRIA NAVAL Resultado promissor IPT e Strauhs desenvolvem e testam novo hélice O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) concluiu, em parceria com a Strauhs, pesquisa na qual testou um hélice desenhado especialmente para equipar embarcações fluviais e portuárias. A pesquisa foi feita com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e custou R$ 375 mil. O diretor do Centro de Engenharia Naval e Oceânica do IPT, Carlos Padovezi, explica as vantagens do equipamento. Portos e Navios Os resultados dos testes foram satisfatórios? Padovezi Sim, foram de acordo com o esperado. Dentro das condições operacionais de uma embarcação fluvial de transporte de carga, em que há muito peso para serem deslocados com muita potência e com restrição de espaço para Padovezi Para os armadores brasileiros, é importante que haja fornecimento eficiente no país os propulsores, os novos propulsores tiveram desempenho semelhante aos dos hélices convencionais, o que era uma das principais metas. PN Quais foram as conclusões tiradas? Padovezi O fato dos novos hélices terem espessuras maiores que os hélices convencionais faz com que eles tenham uma vida útil maior, porque serão menos avariados em casos de colisões com troncos ou com o fundo do rio. Esta vantagem de aumentar a eficiência operacional é a maior do novo projeto de hélices, ou seja, o novo conceito de propulsor de embarcações fluviais, baseado em projetos de propulsores de embarcações quebra-gelo, apresenta eficiência relativamente alta e bom desempenho em relação à cavitação, com a vantagem de mostrar um grande ganho também em relação à resistência e à avaria nas pás, provocadas por colisões ou choques PN O propulsor já está sendo comercializado? Padovezi Ainda não está sendo comercializado, mas pode, com certeza, entrar no mercado se armadores e projetistas tiverem interesse nas suas boas qualidades técnicas. de navio, bem como no de navegação interior, que está em constante evolução, declara ele, que pretende vender na ordem de R$ 1 milhão em equipamentos. Em 2011, o faturamento, entre peças, serviços e equipamentos novos, foi de R$ 300 mil, mas na América do Sul chegou a R$ 10 milhões. Parar de reclamar e inovar: esse é o lema dos empresários que, para dar conta das demandas e da velocidade das mudanças do setor, investiram também em tecnologia em 2011. A NavalSul, por exemplo, desenvolveu tecnologia para os novos modelos de hélices CLT, Shell Shape e outros projetos de alta performance. Os produtos devem chegar ao mercado no meio do ano de 2012. Estamos investindo na modernização da planta produtiva, visando aumentar a capacidade de fabricação e adequação ao processo automatizado de usinagem, destaca Francisco Strahus Neto, diretor da empresa. Já a Schottel está desenvolvendo uma nova geração de azimutais que deve incrementar ainda mais a linha de produtos da empresa. Recentemente, lançamos a série do SRP 4000 que suporta até 2500 kw para rebocadores e aplicações offshore. Este novo tamanho é mais leve e compacto, é mais eficiente e consegue produzir um empuxo ainda maior do que o da geração anterior, explica Rodrigo Miranda, gerente de projetos da Schottel. A Finep bancou o projeto, que teve o custo de R$ 375 mil 12 PORTOS E NAVIOS JANEIRO 2012 PN Quais benefícios para as embarcações em particular e para o mercado, de modo geral? Padovezi As embarcações terão eficiência operacional maior porque haverá menores tempos de paradas para troca de hélices avariados. A Strauhs, com 70 anos, aposta na ampliação dos negócios