LOCAIS DE CONTAMINAÇÃO POR COLIFORMES FECAIS E TOTAIS EM SISTEMAS DE ORDENHA DE BOVINOS LEITEIROS Edison Antonio Pin 1*, Jean Carlo Possenti 2, Jaime Augusto de Oliveira 2, Laercio Sartor 2, Ana Paula Nepomuceno Santiago 3 1 Aluno da Pós-Graduação em Agronomia, UTFPR, Câmpus Pato Branco, Paraná. edisonpin@bol.com.br 2 Professores do curso de Zootecnia, UTFPR, Câmpus D.V. jpossenti@utfpr.edu.br.; jaimeaoliveira@hotmail 3 Acadêmica do curso de Zootecnia, UTFPR, Câmpus Dois Vizinhos, Paraná. anasantiago_@hotmail.com *Autor para correspondência Resumo: O estudo identificou microorganismos totais e fecais em pontos contaminantes do manejo da ordenha em relação ao sistema de retirada de leite de vacas leiteiras. Doze propriedades leiteiras foram selecionadas para a coleta de amostras sendo quatro no método canalizado, quatro baldes ao pé e quatro manual. Os locais pesquisados foram à água, as mãos, os tetos, as teteiras e coletores após o pré-dipping e antes de iniciar a ordenha. A maior contagem bacteriana foi observada nos sistemas de ordenha balde ao pé e manual, demonstrando a insuficiência de limpeza nas máquinas, ambiente, animais e no ordenhador. Palavras-chave: coliformes totais e fecais, sistemas de ordenha, vacas leiteiras Introdução A qualidade e a quantidade de leite são temas que norteiam as ações do empreendedor de leite. Esta atividade tem se tornado cada vez mais importante do ponto de vista econômico as propriedades rurais para viabilizar a propriedade rural. As normas sobre microorganismos contaminantes no leite e que alteram o valor nutritivo do produto constam na Instrução Normativa Número 51 (DURR, 29). Os coliformes fecais (termotolerantes) possuem cepas de origem não fecal Enterobacter e Klebsiella e cepas fecais como a E. coli que habitam o trato gastrintestinal indicando contaminação. Os coliformes totais entéricos compreendem Enterobacteraceae e bastonetes e os não entéricos Serratia e Aeromonas e se desenvolvem a temperaturas de 37 e 35 C respectivamente (BRASIL, 23). Os sistemas mecânicos de extração de leite de vacas leiteiras são compostos pela linha de vácuo, de pulsação, de leite, de lavagem e de informação, estes locais precisam ser aferidos e operados por mão de obra especializada. No método automatizado e manual de retirada do leite existem pré-requisitos de higienização na sala de ordenha para manter a originalidade do produto. Entretanto, existem pontos de contaminação do leite no processo da ordenha que precisam ser identificados e quantificados, servindo de subsídio para avaliação deeficiência técnica como foi à pretensão desta pesquisa. Material e Métodos O ensaio foi realizado em propriedades leiteiras no município de Dois Vizinhos no ano de 21. Região localizada no terceiro planalto paranaense com altitude de 52 m, latitude de 25 44 Sul e longitude de 53 4 Oeste, de clima do tipo subtropical úmido mesotérmico (Cfa e Cfb), segundo Köppen. Foram classificadas doze unidades produtoras de leite sendo quatro com sistema de ordenha canalizada, quatro com balde ao pé e quatro com ordenha manual, distribuídas aleatoriamente nas comunidades da área rural. Coletando amostras após o pré-dipping e antes do início da ordenha com o swab da mão do ordenhador, teto da vaca, teteira, coletor da ordenhadeira e água da torneira na sala de ordenha. O grupo dos coliformes fecais e totais foi pesquisado no laboratório do curso de Farmácia da UNISEP (União de Ensino Superior do Sudoeste do Paraná). 15 e 16 de Outubro de 212 173
O método para análise laboratorial foi o analítico, oficial para análise microbiológica de produtos de origem animal e água (BRASIL/MAPA, 23). Os resultados da contagem bacteriana dos pontos de coleta foram tabelados no Microsoft Excel. Os dados foram submetidos à Análise de Variância e ao Teste Tukey para realizar comparações entre as médias com 95% de confiabilidade (p=,5) (SAS, 22). Resultados e Discussão A quantidade de coliformes fecais na água (2, x 1 2 NMP ml -1 ) das propriedades com ordenha manual não coincidiu com os sistemas canalizados e balde ao pé que tiveram baixas contagens fecais (Figura 1A). A água potável precisa estar isenta de coliformes fecais para ser considerada potável e os dejetos dos animais, águas, solo ou vegetal contem microorganismos que podem ser carreados para o ambiente da ordenha. De acordo com Brito (21), um índice de 5, x 1 NMP ml -1 indica que a água está contaminada para o manejo na ordenha. As mãos dos ordenhadores dos sistemas de ordenha balde ao pé e manual tiveram a maior contagem bacteriana ultrapassando 1, x 1 2, enquanto a ordenha canalizada estava isenta de coliformes fecais (Figura 1B). A presença de coliformes fecais nos tetos das vacas no sistema balde ao pé chegou a 3, x 1 2 UFC cm -2 e no sistema de ordenha manual alcançou 6, x 1 2 com diferença significativa entre si (Figura 1C). Segundo Amaral et al. (24) os coliformes fecais nos tetos das vacas antes da desinfecção foi de 2, x 1 1 e após a imersão com hipoclorídrico de sódio reduziu-se em 89,5%. Nas teteiras da ordenha mecânica balde ao pé a quantidade de coliformes fecais chegou a 2,3 x 1 2 UFC cm -2 não coincidindo com o método canalizado que apresentou ausência de bactérias (Figura 1D). A quantidade de coliformes fecais nas teteiras alcançou 1,2 x 1 3 nos estudos de Amaral et al. (24) em sistemas de ordenha mecânica. Nos coletores de leite das ordenhadeiras balde ao pé o número de coliformes fecais alcançou 5,5 x 1 2 distinguindo-se das contagens bacterianas dos equipamentos canalizados que não tiveram micróbios nos coletores (Figura 1E). Isto se deve possivelmente a lavagem com água quente e detergente de forma automática que limpa com eficácia os locais de passagem de leite. Ao passo que, na maioria das ordenhadeiras do tipo balde ao pé não se utiliza lavador e água aquecida, deste modo acumulando resíduos nas tubulações. Na água do sistema de ordenha manual a soma de coliformes totais foi de 2,5 x 1 2 NMP ml -1 obteve significativa superioridade ao sistema balde ao pé com 5, x 1 NMP ml -1 não coincidindo com a baixa quantidade de coliformes totais do método canalizado (Figura 2A). A recomendação do BRASIL (23) preconiza um número de coliformes totais na água de 1, x 1 2 NMP ml -1. Nas mãos dos ordenhadores que utilizam ordenha balde ao pé e manual observou-se maior número de coliformes totais, 1,5 x 1 2 e 1, x 1 2 UFC cm -2 não diferindo estatisticamente, ao contrário dos ordenhadores nos sistemas canalizados que estavam com as mãos descontaminadas durante a ordenha (Figura 2B). Nos tetos das vacas ordenhadas manualmente, verificouse um elevado número de coliformes totais (5,5 x 1 2 ), distinguindo-se da ordenha mecânica com 2, x 1 2 (Figura 2C). As teteiras das ordenhadeiras balde ao pé apresentaram uma contagem de 2, x 1 2 e nas ordenhadeiras canalizadas não chegaram a 5, x 1 2 (Figrua 2D). Nos coletores de equipamentos balde ao pé foram computados 5,5 x 1 2 distinguindo-se das canalizadas que tiveram menos de 1, x 1 2 (Figura 2E). Os coliformes totais incluem espécies provenientes das fezes dos 15 e 16 de Outubro de 212 174
animais e do ambiente, assim a presença de 1, x 1 3 indica um ambiente contaminado e falhas no processo de higiêne durante a ordenha (BRITO, 21). Conclusão A maior contagem bacteriana foi observada nos sistemas de ordenha balde ao pé e manual, demonstrando a insuficiência de limpeza nas máquinas, nos animais, no ambiente e no ordenhador. Agradecimentos Os autores e colaboradores do trabalho agradecem a Prefeitura de Dois Vizinhos, Departamento de Agroindústrias que viabilizou a presente pesquisa. Referências AMARAL, Luis, A.; ISA, Hinig; DIAS, Laila,T. et al. Avaliação da eficiência da desinfecção de teteiras e dos tetos no processo de ordenha mecânica de vacas. Pesq. Vet. Bras. 24(4):173-177, out./dez. 24. BRITO, Maria Aparecida Vasconcelos Paiva. Identificando fontes e causas de alta contagem bacteriana total do leite do tanque. Informativo eletrônico, Panorama do Leite, 21, Centro de Inteligência do Leite CILeite, Embrapa Gado de Leite e a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais Seapa. DURR, João Walter. Como produzir leite de qualidade. 3. Ed. Brasília : SENAR, 29. 46 p. il. : (Coleção SENAR, ISSN 1676-367x, 113). BRASIL Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Análises microbiológicas para controle de produção de origem animal e água: Instrução normativa n 62. Brasília: 23. 25p. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº518, de 25 de mar. 24, Norma de qualidade para água de consumo humano. Diário Oficial da União, Brasília, n.59, 24. 15 e 16 de Outubro de 212 175
FECAIS 3 25 25 Água 2 Mãos NMP ml -1 2 15 1 15 1 5 5 8 6 Tetos 35 3 25 Teteira 4 2 15 2 1 5 7 6 Coletor 5 4 3 2 1 Figura 1. Quantidade de coliforme fecais encontradas na água (A), mãos (B), tetos (C), teteiras (D) e coletor (E) em três sistemas de ordenha (canalizada, balde ao pé e ordenha manual). Barras não coincidentes diferem pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Dois Vizinhos, 212. 15 e 16 de Outubro de 212 176
TOTAIS 3 16 NMP ml -1 25 2 15 1 5 Água 14 12 1 8 6 4 2 Mãos 7 6 Tetos 3 25 Teteira 5 4 3 2 2 15 1 1 5 7 6 Coletor 5 4 3 2 1 Figura 2. Quantidade de coliforme totais encontradas na água (A), mãos (B), tetos (C), teteiras (D) e coletor (E) em três sistemas de ordenha (canalizada, balde ao pé e ordenha manual). Barras não coincidentes diferem pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Dois Vizinhos, 212. 15 e 16 de Outubro de 212 177