BIBLIOTECA DIGITAL DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL SILVIO CARVALHO TRIDA



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Transcrição:

BIBLIOTECA DIGITAL DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL SILVIO CARVALHO TRIDA

2 Painel 36/110 Disseminação do conhecimento e participação social no serviço público BIBLIOTECA DIGITAL DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL Silvio Carvalho Trida RESUMO O referido artigo trata da descrição do processo de elaboração e implantação da Biblioteca Digital de Participação Social até o período de março de 2015, com especial ênfase à descrição da Política Nacional de Participação Social, suas instâncias e mecanismos, tendo em vista ser aquele um instrumento para aprimorar a transparência dos processos participativos. A Biblioteca Digital de Participação Social, disponível para acesso em biblioteca.participa.br, é um repositório digital para recepção de documentação produzida pelas instâncias e mecanismos de participação social, pelos órgãos de Governo, institutos e centros de pesquisa, universidades, movimentos sociais e entidades da sociedade civil, sobre as temáticas relativas à Participação Social e conteúdos oriundos dos processos de diálogos nos espaços participativos. A ferramenta amplia o acesso a dados e informações de qualidade sobre Participação Social, como um hub de conhecimento, ao reunir publicações relevantes em uma única plataforma, a ser construída coletivamente pelo campo social, sendo de responsabilidade da Secretaria-Geral a curadoria para garantir a qualidade e coerência do conjunto de publicações. Trata-se de iniciativa que contribui para organizar, disponibilizar e preservar para a Administração Pública e para a sociedade em geral, documentos, publicações e conteúdos diversos produzidos pelas instâncias e mecanismos referentes à Participação Social, com promoção de maior transparência e acesso à informação. Além disso, a plataforma oferece espaço para os movimentos sociais e entidades que desejarem disponibilizar seus conteúdos o possam fazer, contribuindo para uma visão mais sistêmica acerca do conhecimento produzido a partir da Participação Social. É composta por mais de 100 subcomunidades que representam os temas e subtemas mais relativos à Participação Social. Espera-se que o instrumento, ora implementado, seja uma ferramenta de apoio para a ampliação e consolidação das ações de participação social no país, e que sirva de exemplo e motivação para que outras instituições e órgãos organizem e disseminem informações em suas áreas temáticas de atuação. A tecnologia utilizada para construção da ferramenta foi o software DSpace. O sistema DSpace, um projeto colaborativo da Massachussets Institute of Technology Libraries e da Hewlett-Packard Company foi desenvolvido para possibilitar a criação de repositórios digitais com funções de captura, distribuição e preservação da produção intelectual, permitindo sua adoção por outras instituições em forma consorciada federada. É um software livre que, ao ser adotado pelas organizações, transfere a estas a responsabilidade e os custos com as atividades de arquivamento e publicação da sua produção institucional. A utilização do sistema DSpace provou ser apropriada, devido a sua grande flexibilidade, o que possibilita a expansão da estrutura e da tipologia documental da Biblioteca Digital, a formação de uma ampla rede de instituições para submissão de documentos, a garantia da atualização continuada do sistema por uma rede colaborativa internacional de desenvolvedores, que inclui Portugal e Brasil. Todas as etapas de sua construção foram colaborativas e o desenvolvimento e otimizações do sistema foram registradas na ferramenta de compartilhamento de códigos, o Gitlab, com acesso aberto.

3 INTRODUÇÃO A participação social no Brasil representa princípio jurídico-institucional presente na Constituição Federal de 1988, que a definiu como forma de afirmação da democracia e da consolidação da cidadania. Ao incorporar esse princípio como referência para a gestão pública, o Governo Federal aprimora os processos de interação do Estado com a sociedade e cria as condições institucionais para a prática da democracia participativa. Com isso, verifica-se que, além da crescente participação social nas decisões governamentais, as po líticas públicas ganham maior legitimidade, uma vez que expressam as atuais condições socioeconômicas e culturais da população brasileira em suas diferentes realidades regionais. A Secretaria-Geral da Presidência da República (SG/PR) foi criada pela Lei n 8.028, de 12 de abril de 1990, como órgão essencial da Presidência da República, com a finalidade de assistir direta e imediatamente o Presidente da República no desempenho de suas atribuições, coordenar a ação administrativa da Presidência, acompanhar programas e políticas governamentais, coordenar o relacionamento com outros entes federativos e atuar na supervisão técnica das Secretarias da Presidência. A Secretaria Nacional de Articulação Social (SNAS) é um órgão específico singular da estrutura organizacional da Secretaria-Geral da Presidência da República, conforme Decreto n o 7.688, de 02/03/2012 e Portaria n o 340 de 28/12/2012 e, como tal, integra o modelo de gestão desta Secretaria, mediante a coordenação de prioridades estratégicas definidas no âmbito do Planejamento Estratégico da SG/PR e, adicionalmente, coordenação Plano Setorial da SNAS/SG/PR, que contém a especificação de ações e metas específicas definidas para seu Gabinete e Departamentos, quais sejam: Departamento de Diálogos Sociais; Departamento de Participação Social; Departamento de Educação Popular e Mobilização Cidadã. Sua atuação tem como objetivo garantir maior articulação e sinergia nas relações políticas do Governo com a sociedade civil organizada, por meio de um conjunto de mecanismos e iniciativas setoriais de participação social na formulação, acompanhamento e controle de políticas públicas.

4 Compete à SNAS coordenar e articular as relações políticas do Governo com os diferentes segmentos da sociedade civil; propor e apoiar novos instrumentos de participação social; definir e desenvolver metodologia para coleta de dados, com a finalidade de subsidiar o acompanhamento das ações do Governo em seu relacionamento com a sociedade. A SNAS deve, ainda, cooperar com os movimentos sociais na articulação das agendas e ações que fomentem o diálogo, a participação social e a educação popular; e articular, fomentar e apoiar processos educativo-formativos, em conjunto com os movimentos sociais, no âmbito das políticas públicas do Governo Federal. Em maio de 2014, o Decreto n o 8.243 foi assinado pela Presidenta Dilma Rousseff, instituindo a Política Nacional de Participação Social (PNPS). Construída a partir de um longo processo de diálogos e consultas, a PNPS representa um conjunto de diretrizes relativas às instâncias e mecanismos de diálogo e participação social, e tem como objetivo organizar e articular tais mecanismos e as instâncias democráticas de diálogo e a atuação conjunta entre a administração pública federal e a sociedade civil. As diretrizes da PNPS orientam o funcionamento das instâncias e mecanismos de participação social, existentes hoje no Governo Federal, a saber, Conselhos, Comissões de políticas públicas e Fórum Interconselhos, Conferências, Ouvidorias, Mesas de Diálogos, Audiências Públicas, Consultas Públicas e ambientes virtuais de participação, que passam, então, a se articular em um Sistema Nacional de Participação Social. A construção de uma Política Nacional de Participação Social surgiu da necessidade de reconhecer a participação social como direito já previsto na Constituição Federal e organizar os mecanismos de participação, fortalecendo a atuação conjunta entre Estado e Sociedade para o aprimoramento da gestão pública. A PNPS é resultado de um diálogo amplo entre gestores e servidores públicos de diversos órgãos federais, realizado, inicialmente, por meio da Sala de Situação do Fórum de Direitos e Cidadania e, posteriormente, do Fórum Governamental de Participação Social (FOGOPS), assim como em reuniões bilaterais com os órgãos do governo federal e com as organizações da sociedade

5 civil, entre 2011 e 2013. Esse diálogo deu origem a uma minuta de Decreto que foi submetida a um processo de consulta pública na internet, em meados de 2013, cujas contribuições foram sistematizadas e incorporadas ao texto. A Política Nacional de Participação Social se configura como uma referência aos órgãos e entidades da administração pública federal para melhor estruturação dos mecanismos e instâncias de participação social existentes, permitindo um maior grau de aderência social ao ciclo de gestão de políticas públicas, e contribuindo para o aumento da transparência administrativa e da eficácia da gestão pública. Um avanço da PNPS que se destaca, ainda, é o seu caráter multiplicador em todo território nacional, já que os entes federados são estimulados a aderir ao Compromisso Nacional pela Participação Social. O COMPROMISSO NACIONAL PELA PARTICIPAÇÃO SOCIAL O texto do Compromisso foi discutido na II Reunião com Secretários Estaduais de Participação, realizada em 2013. Durante os debates, foi definida a criação de um Grupo de Trabalho (GT) para a elaboração de uma proposta. O Grupo de Trabalho apresentou a minuta do Compromisso Nacional pela Participação Social para avaliação dos demais entes da Federação, depois de um processo de consulta pública. A minuta do Compromisso, disponibilizada para consulta pública virtual, recebeu cerca de 300 contribuições em, aproximadamente, 200 visitas por dia ao Portal da Participação Social, o Participa.br. Foi um processo muito rico que demonstrou, na maioria das sugestões recebidas, o apoio à iniciativa de instituição de um pacto federativo pela participação social. Avaliadas as propostas pelo GT, o Pleno de Secretários Estaduais, com a presença de Secretários Municipais, aprovou o conjunto de contribuições que resultou na minuta do Compromisso Nacional pela Participação Social, encaminhada para avaliação e posterior adesão de governos estaduais e municipais.

6 Com o Compromisso Nacional pela Participação Social pretende-se articular e construir sinergias do governo federal com estados e municípios, em ações que dinamizem as relações entre os governos e a sociedade civil, fortalecendo a participação social nos processos de aperfeiçoamento dos serviços oferecidos pelo Estado. Para isso, os entes signatários comprometeram-se a publicar, em até 120 dias após a adesão ao Compromisso, planos de ação para o cumprimento dos objetivos específicos, devendo conter as metas de ampliação da participação social para o período de 5 anos. Coube à Secretaria-Geral da Presidência da República, por meio da Secretaria Nacional de Articulação Social, disponibilizar, aos entes da Federação, o Guia Técnico Orientador para a construção dos Planos de Ação de implantação do Compromisso, considerando a padronização de vocabulários e indicadores para facilitar o acompanhamento por parte da sociedade. Até agosto de 2014, 11 Estados e 37 municípios haviam assinado o Compromisso Nacional pela participação Social. Este prévio resultado, já dá a dimensão dos avanços em termos de ampliação da participação social na gestão pública. Assim, a PNPS estimula os órgãos e entidades da administração pública federal, estadual e municipal a considerarem as instâncias e os mecanismos de participação social já existentes no ciclo de gestão de políticas públicas, além de ampliar as possibilidades de participação a toda a sociedade por meio de mecanismos digitais de participação via internet, nas quais todo cidadão pode se manifestar sobre o conteúdo de atos normativas e políticas públicas. Dessa forma, coloca o Brasil à frente na agenda internacional de participação social, conferindo protagonismo aos novos movimentos sociais em rede, ao mesmo tempo em que reconhece e valoriza as formas tradicionais de participação e os movimentos sociais históricos. A instituição do Compromisso Nacional pela Participação Social contribui para o aumento da transparência administrativa e a qualificação das instâncias e mecanismos que permitirão ao cidadão participar dos espaços democráticos da sua cidade, estado e do país. O resultado da participação e do diálogo social como método de governo é a ampliação dos espaços institucionais e o aperfeiçoamento da democracia participativa no país.

7 OS CONSELHOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS A construção de uma nova relação entre Estado e sociedade foi um dos principais compromissos assumidos desde 2003 e reiterado na Gestão 2011-2014. Políticas estruturais e decisões fundamentais, que anteriormente eram tomadas exclusivamente por técnicos e dirigentes dos ministérios para o país, passaram a ser concebidas e implementadas a partir de um amplo diálogo com as entidades da sociedade civil. Para dar conta desta tarefa, foram criados, ampliados e/ou fortalecidos diversos canais de diálogo Conferências Nacionais, Conselhos, Ouvidorias, Fóruns e Mesas de Diálogo. Aos Conselhos Nacionais, espaços institucionais de interlocução do Estado com a sociedade, foi conferido um caráter relevante e estratégico. Participam ativamente dos Conselhos representantes governamentais e da sociedade civil que durante suas reuniões opinam sobre as políticas públicas. Muitas propostas dos Conselhos transformam-se em projetos de leis já aprovados ou em tramitação no Congresso Nacional. Outras são acolhidas pelo Executi vo, por meio de Decretos ou Portarias. Os Conselhos têm se constituído como espaços próprios para incorporar pautas e interesses dos setores sociais que buscam melhoria da qualidade a universalização da prestação de serviços, destacando-se como instâncias de construção de direitos ainda não reconhecidos pelo Estado. Entre 2003 e 2013 foram criados dezenove Conselhos e outros dezesseis foram reformulados. Assegurar uma maior articulação entre os diferentes Conselhos Nacionais foi uma das estratégias adotadas pela Secretaria-Geral da Presidência da República, na Gestão 2011-2014, para ampliar e aperfeiçoar os mecanismos de interação entre o governo e a sociedade civil. Esse esforço deu origem à criação de Fóruns Interconselhos, que agregam representantes da sociedade civil de diversos Conselhos Nacionais, assim como outras organizações, redes e movimentos sociais para compartilhar experiências e formular recomendações para aprimorar a ação intersetorial e transversal entre os mecanismos e instâncias de participação social.

8 O Fórum Interconselhos do PPA, por exemplo, representa a síntese das ações de participação social no planejamento público do governo federal. Realizado em 2011 (duas vezes), em 2012 e em 2013, o Fórum, inicialmente um espaço de proposição durante a elaboração do PPA, veio a se tornar uma instância de monitoramento participativo da execução do planejamento federal. PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO CICLO DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO Desde 2011, o governo federal reforçou as estratégias de participação social no planejamento e no orçamento público, por meio de uma atuação conjunta da Secretaria-Geral da Presidência da República e do Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão. Em relação ao planejamento, o PPA 2012-2015 foi construído com um processo de consulta aos conselhos nacionais e entidades da sociedade civil. Também houve consulta aos estados e entidades municipalistas. No 1 o Fórum Interconselhos, realizado em maio de 2011, os participantes apresentaram mais de 600 propostas, que foram avaliadas de forma específica e em sua maior parte (77%) contempladas no Projeto de Lei do PPA que foi enviado ao Congresso Nacional. Após a aprovação e sanção do PPA 2012-2015, o Fórum Interconselhos continuou sendo chamado, anualmente, como instância de monitoramento da execução do plano. Em relação ao orçamento público, em 2012 foi iniciada a construção, pioneira e sempre dialogando com a sociedade, de uma estratégia de participação social na elaboração da LDO e LOA. Implementada a partir de 2013, a estratégia envolve um processo de consulta pública sobre a LDO, com a apresentação, pela sociedade, de propostas de emenda ao texto legal. Cada proposta é analisada e respondida individualmente. Em 2013 uma emenda popular foi agregada ao texto do Projeto de Lei, número que aumentou para três emendas incorporadas em 2014. Em relação à LOA, o governo federal promoveu em 2013 e 2014 audiências públicas, abertas a qualquer interessado, para apresentar os dados sobre o Projeto de Lei Orçamentária e colher propostas da sociedade civil sobre ações orçamentárias que deveriam ser priorizadas. Cada proposta foi analisada e respondida pelos Ministérios responsáveis.

9 A iniciativa de participação social no planejamento público, representada pelo Fórum Interconselhos, conquistou em 2014 o United Nations Public Service Award, mais prestigiado prêmio do mundo na área de gestão pública, concedido pelas Nações Unidas. O Fórum Interconselhos concorreu na categoria Fostering Participation in Public Policy-Making Decisions through Innovative Mechanisms, Região América Latina e Caribe, e alcançou o primeiro lugar. O prêmio comprova a qualidade da gestão pública brasileira, por meio de práticas internacionalmente consideradas como excelência. AS CONFERÊNCIAS De 2011 a 2014 foram realizadas 26 Conferências Nacionais, abrangendo 22 áreas setoriais e precedidas de conferências preparatórias nos níveis municipal, regional e estadual. Esses eventos mobilizaram cerca de quatro milhões de pessoas com o objetivo de debater propostas para as políticas públicas. Essas conferências de políticas públicas são, em uma democracia participativa, uma das mais importantes instâncias de legitimação, porque nelas os segmentos envolvidos, direta ou indiretamente com o tema em questão, têm a chance de decidir sobre políticas que atingem toda a sociedade. Dentre as 26 Conferências, cinco foram realizadas pela primeira vez, quais sejam, Conferência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural; Conferência Nacional sobre Transparência e Controle Social (co-coordenada pela Secretaria-Geral); Conferência Nacional sobre Emprego e Trabalho Decente; Conferência Nacional sobre Migrações e Refúgios e Conferência Nacional de Desenvolvimento Regional. Além de acompanhar e participar das Conferências propriamente ditas, a Secretaria-Geral também organizou espaços de discussões entre representantes de governo e da sociedade civil, tendo em vista o aperfeiçoamento dos processos conferenciais. O eixo condutor dessas discussões foi a valorização da Conferência como um processo e não como um evento em si mesmo.

10 Neste sentido, procurou-se estimular uma maior e melhor participação dos representantes do governo nas diversas etapas das conferências; promover a intersetorialidade nos processos conferenciais; estimular novas formas de participação da sociedade civil; elaborar metodologias mais adequadas e criativas; aperfeiçoar os processos de confecção de relatórios e os processos de sistematização das propostas, de acompanhamento e monitoramento pelos Conselhos respectivos das resoluções aprovadas. Dentre os pontos positivos desses processos conferencias, destacam-se as propostas que contribuíram como subsídios à elaboração da Politica Nacional de Participação Social (PNPS), instituída no Decreto 8.243/2014, que visa fortalecer e aperfeiçoar a participação social como método de governo. O Decreto, aliás, enumera as diretrizes mínimas que deverão ser observadas pelas Conferências, tais como: divulgação ampla e prévia da diversidade dois sujeitos participantes; estabelecimento de critérios e procedimentos para a designação dos delegados governamentais e para a escolha dos delegados da sociedade civil; garantia da diversidade dos sujeitos participantes; estabelecimento de critérios e procedimentos para a designação dos delegados governamentais e para a escolha dos delegados da sociedade civil; integração entre etapas municipais, estaduais, regionais, distrital e nacional, quando houver; disponibilização prévia dos documentos de referência e materiais a serem apreciados na etapa nacional; definição dos procedimentos metodológicos e pedagógicos a serem adotados nas diferentes etapas; publicidade de seus resultados; determinação do modelo de acompanhamento de suas resoluções e indicação da periodicidade de sua realização, considerando o calendário de outros processos conferenciais. A Biblioteca Digital de Participação Social foi construída para contribuir com a transparência e acesso a informação no âmbito da PNPS, suas instâncias e mecanismos. Encontra-se disponível para acesso em biblioteca.participa.br como um repositório digital para recepção de documentação produzida pelas instâncias e mecanismos de participação social, pelos órgãos de Governo, institutos e centros de pesquisa, universidades, movimentos sociais e entidades da sociedade civil, sobre as temáticas relativas à Participação Social e conteúdos oriundos dos processos de diálogos nos espaços participativos.

11 Adotando a estrutura hierárquica de organização da informação própria do DSpace, a Biblioteca Digital de Participação Social organiza-se por meio de comunidades e subcomunidades que correspondem aos segmentos que constituem os campos de domínio da Participação Social e coleções, temáticas ou por tipo de documentos. As Comunidades da Biblioteca de Participação Social são: Diálogos e Mobilização; Estudos e Pesquisas em Participação Social; Governo Aberto; Instâncias e Mecanismos de Participação Social; Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil; Organizações e Movimentos Sociais; Política, Gestão e Governança; Processos Educativos e Formativos. Cada Comunidade se subdivide em subcomunidades, que podem ainda se subdividir em subcomunidades de nível 2. As subcomunidades abrigam as coleções que podem ser temáticas ou por tipo de documento. Os documentos mapeados para armazenamento são: Acordo e Parceria; Anais de evento; Apresentações; Artigo de periódico; Atas de reunião; Atos (convocatórias, exposição de motivos, deliberações, moções, recomendações, resoluções e outras formas de manifestação); Atos normativos (Leis, Decretos, Portarias etc.); Boletim informativo; Capítulo de livro; Cartilha; Discurso; Entrevista; Folder; Folheto; Guias; Livros; Manual; Planos de Ação; Regimento; Regulamento; Relatório; Revista; Texto-base de conferência; Trabalho acadêmico: monografia, dissertações e tese; Trabalhos apresentados em eventos e vídeos. OBJETIVOS Aprimorar a transparência e o acesso à informação do processo de Participação Social no Brasil Propiciar as bases para a elaboração da WebSemântica da Participação Social Contribuir com a Gestão do Conhecimento na Administração Pública e Sociedade a partir do olhar do cidadão Contribuir com a gestão da informação das instâncias e mecanismos de Participação Social

12 METODOLOGIA A primeira etapa do projeto consistiu na delimitação do seu escopo temático para orientar, entre outros aspectos, o desenvolvimento da coleção e a definição da estrutura. Neste aspecto, a orientação oferecida pelo pressuposto de que a Biblioteca Digital de Participação Social deve alinhar-se ao esforço governamental para a implantação da Política Nacional de Participação Social (PNPS), traz subsídios relevantes para o mapeamento do vasto, diversificado e transversal domínio da Participação Social como método de governo. Pelo menos três campos de domínio podem ser identificados: a macroestrutura de funcionamento, os processos educativos e formativos, e o campo teórico-metodológico. Pela PNPS, o campo denominado neste Artigo de Macroestrutura da Participação Social é constituído pela Sociedade civil, pelas Instâncias e os Mecanismos de Participação Social e pela Governança da Participação Social. A Sociedade Civil compreende o cidadão, coletivos, movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações. Já as Instâncias de Participação social compreendem: os Conselhos de Políticas Públicas; as Comissões de Políticas Públicas; as conferências nacionais; as ouvidorias; a Mesa de Monitoramento das Demandas Sociais. Os mecanismos de Participação Social compreendem: as Mesas de Diálogo; o Fórum Interconselhos; as Audiências Públicas; as Consultas Públicas; os Ambientes Virtuais de Participação Social. O campo dos Processos Educativos e Formativos compreende as iniciativas e práticas de Educação Popular e de capacitação formal da Sociedade Civil e da Administração Pública, destinadas a qualificar o exercicio da participação para a cidadania e para a representação em colegiados. O campo teórico-metodológico é constituído pelos temas dos estudos e pesquisas que contribuem para o entendimento do fenômeno da Participação Social na perspectiva das Políticas Públicas no Brasil. Além das Instâncias e Mecanismos de Participação Social como objetos de estudo, o campo inclui outros temas estudados sob a perspectiva da participação, entre eles:

13 Cidadania Combate à corrupção Controle social Democracia Democracia Direta Democracia Participativa Desigualdade Economia popuiar solidária Fórum popular Garantia de direitos Gestão democrática Gestão participativa Governo Eletrônico Inclusão política Instituições participativas Interfaces socioestatais Metodologias de diálogo Metodologias de participação Movimentos sociais Orçamento participativo Participação local Participação política Participação popular Políticas públicas Processos formativos Representação e participação Representação política Responsabilidade social Sociedade civil

Hagedorm (2000) ao definir que a "arte e a ciência da organização da informação tem por objetivo ajudar as pessoas a resolverem suas necessidades de informação" (CUNHA; CAVALCANTI,2008), foi inspiração para a construção de uma estrutura detalhada, porém de fácil entendimento e navegação. Adotando a estrutura hierárquica de organização da informação própria do DSpace, a Biblioteca Digital de Participação Social organiza-se por meio de COMUNIDADES e SUBCOMUNIDADES que correspondem aos segmentos que constituem os três campos de domínio da Participação Social e COLECÕES,constituídas pelos produtos de informação ou temas mais relevantes a cada COMUNIDADE/SUBCOMUNIDADE de Participação Social. A tecnologia utilizada para construção da ferramenta foi o software DSpace, um projeto colaborativo da Massachussets Institute of Technology Libraries e da Hewlett-Packard Company. Utilizam a mesma tecnologia as seguintes soluções: Repositório da Escola Nacional de Administração Pública (ENAP); Repositório da Universidade de Brasília; Repositório de Conhecimentos do IPEA; Biblioteca Digital da Corrupção (CGU); Repositorium (Universidade do Minho); Banco de Dados Educacionais (BIOE), entre diversos outros. Todas as etapas de sua construção foram colaborativas e o desenvolvimento e otimizações do sistema foram registradas na ferramenta de compartilhamento de códigos, o Gitlab, com acesso aberto - http://gitlab.com/. O projeto consistiu nas seguintes etapas: a) definição da arquitetura informacional; b) definição da tipologia documental; c) definição da política de direitos autorais; c) desenvolvimento da ferramenta; d) capacitação da equipe; e) testes,melhorias e otimizações; f) depósito documental. 14

15 CONCLUSÕES A Biblioteca Digital de Participação Social auxilia a Secretaria-Geral no cumprimento de suas competências regimentais ao organizar, disponibilizar e preservar para a Administração Pública e para a sociedade em geral, documentos e publicações produzidas por órgãos por instituições e órgãos públicos e privados, instâncias e mecanismos de participação social, universidades, instituições de pesquisa, organizações e movimentos sociais. Assegurando os direitos de autoria, a Biblioteca Digital visa contribuir para dar visibilidade à publicação oficial brasileira e democratizar o acesso à informação pública. Para além da organização e disponibilização em sentido amplo, a Biblioteca Digital de Participação Social auxilia as instituições quanto à organização da sua produção interna e participem do esforço coletivo e colaborativo de manter e fazer crescer o acervo da Biblioteca Digital. Deve-se ressaltar o caráter inovador da iniciativa, uma vez que a Biblioteca Digital de Participação Social é única no país, não tendo sido identificado nenhum outro serviço de informação com abrangência temática, estrutura e conteúdos semelhantes. A criação de um repositório digital institucional é um projeto complexo por natureza, devido às inúmeras questões políticas, técnicas, tecnológicas, organizacionais e sociais a serem planejadas e encaminhadas. Particularmente, a implantação da Biblioteca Digital de Participação Social, além dos aspectos acima mencionados, agrega algumas outras questões que elevam o seu grau de complexidade. Dentre estas questões vale mencionar que grande parte da documentação identificada para depósito é produzida por mecanismos e instâncias de participação social, que podem não dispor, ainda, de condições institucionais/organizacionais para contribuir efetivamente com o depósito de seus documentos e publicações. No entanto, mais do que uma fragilidade, esta cooperação deve ser entendida e oportunizada como espaço virtuoso de participação e crescimento coletivo, que também confere à Biblioteca Digital de Participação Social legitimidade e sustentabilidade.

Ações ao nível politico são importantes para a criação de vínculos e compromissos externos para com a Biblioteca Digital, em especial, junto às instituições de governo com bibliotecas digitais e repositórios institucionais consolidados como o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (lpea), a Escola Nacional de Administração Pública, a Controladoria Geral da República e a Secretaria Nacional de Juventude. É particularmente importante que as universidades e instituições de pesquisa produtoras de informação sobre participação social, praticantes do acesso aberto à informação científica participem da rede de colaboração, disponibilizem seus metadados e/ou arquivos para coleta automática. A Biblioteca Digital de Participação Social já nasce integrada ao Participa.br e neste aspecto irá contribuir para a introdução de inovações e destacarse entre os repositórios institucionais e bibliotecas digitais no Brasil. A oportunidade de atuar no ambiente de uma rede social trará visibilidade dentro dos mais variados segmentos da sociedade, sendo ela própria um exemplo vivo da participação social. Como consolidação de uma série de entrevistas realizadas no âmbito do Projeto Memórias da Participação Social, extraímos análise específica sobre a Biblioteca Digital de Participação Social. Segundo os entrevistados, iniciativas como a Biblioteca Digital de Participação Social qualificam o acesso à informação, pois há muita informação disponível no Brasil, sendo necessário qualificar os mecanismos de disseminação e geração de conhecimento a partir destas informações, dispersas. No que tange à Administração Pública, entende-se a organização e disponibilização da informação como uma tarefa e obrigação do agente público. A ferramenta, segundo os entrevistados, nasce da percepção de que existe uma carência de informação acerca dos mecanismos, começando pelos mecanismos formais de participação social, como resoluções de conferências, além de todo material gerado pelos conselhos, ouvidorias, ambientes virtuais de participação, audiências públicas, Mesas de Diálogo e Negociação e outros. O principal objetivo da ferramenta é facilitar a vida do cidadão. 16

17 Explicita-se, pelas entrevistas, a necessidade de se envolver os órgãos de governo e a sociedade na manutenção colaborativa do depósito documental descentralizado da ferramenta, bem como as entidades de sociedade civil que militam no campo da transparência, combate à corrupção, gestão do conhecimento e dados abertos. Além disso, destacou-se a necessidade de se estabelecer parcerias futuras com outros órgãos, como o Instituto Brasileiro de Informação, Ciência e Tecnologia, o IBICT, como forma de dar sustentabilidade ao projeto. Adicionalmente, fala-se na necessidade de estabelecimento de parâmetros e diretrizes informacionais que possibilitem registro e resgate aprimorado de informações. Nesse sentido, a Biblioteca Digital é entendida como uma etapa que poderá evoluir para uma Semântica da Web Participação, que possibilitará, por meio do Portal Participa.br, uma melhor interação e resgate informacional.

18 REFERÊNCIAS ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO. In: CUNHA, M.; CAVALCANTCI,.R. de O. Dicionário de Biblioteconomia e Arquivología. Brasília: Briquet de Lemos Livros, 2008. p. 23. BARTON,Mary. Creating an Institutionai Repository: leadirsworkbook. Cambridge, MIT, 2004. 134p. BLATMANN, Úrsula; WEBER, Claudiane. DSpace como repositório digital na organização. Revista ACB:Biblioteconomia em santa Catarina, Florianópolis, v.13, n.2, p.467-485, jul./dez., 2008. Disponível em. Acesso em 15 de agosto 2014. BRASIL. Decreto n o 8.343, de 23 de maio de 2014. Institui a Política Nacional de Participação Social PNPS e o Sistema Nacional de Participação Social- SNPS, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br(ccivii03(ato2011-2014(2014(decreto(d8243.htm>. Acesso em: 22 jul. 2014. BRASIL. Lei n o 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br(ccivii03/1eis/l9610.htm>. Acesso em: 12 set. 2014. BRASIL. Lei n o 12.527, de 18 de Novembro de 2011. Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIIIdo art. 5", no inciso 11do ~ 3" do art. 37 e no 2" do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei n" 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei n"11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da lei n 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br(ccivil03 (at02011-2014(2011(lei(112527.htm>. Acesso em: 12 set. 2014. BRASIl. Presidência da República. Secretaria Geral. Política Nacional de Participação Social: o que é a Política Nacional de Participação Social (PNPS)? Brasília: Secretaria Geral, s.d. 14 p. CARVALHO, M.C.R. Relatório de análise e avaliação do acervo audiovisual e documental da Secretaria e dos sistemas informatizados utilizados internamente com a finalidade de registro e tramitação documental. Brasília, PNUD/SNAS.2014. 135 p. (Relatório de consultoria) CREATIVE COMMONS. Conheça as Licenças. Disponrvel em: http:/icreativecommons.org/licenses/bync/3.0/br/ Acesso em: 01 set. 2014. leite, F.C.L Como gerenciar e ampliar a visibilidade da informação científica brasileira: repositórios institucionais de acesso aberto. Brasília: IBICT, 2009,

19 Disponível em: <http:(/repositorio.bce. unb.br(bitstream/l0482/ 4841/1/LEITE_Como- AmpliareGerencia r.pdf>. Acesso em: 03 jun. 2014. LEiTE,F.C.L;AMARO,B.; BATISTA,T.; COSTA,M. Boas práticas para a construção de repositórios institucionais da produção científica. Brasília: IBICT, 2012. Disponível em: <http://livroaberto.ibict.br/bitstream {11703/1{Boas%20prOIoC3%A1ticas%20pa ra%20a%20constru%c3 %A7%C3%A30%20de%20reposit"/oC3%B3riOS%20 instituciona is%20da%20produ%c3 %A7%C3%A30%2 Ocient%C3%ADfica.pdf>. Acesso em: 5 ago. 2014. MURAKAMI,Tiago Rodrigo Marçal; FAUSTO,Sibele Silva de. Panorama atual dos Repositórios Institucionais das Instituições de Ensino Superior no Brasil. Conferência Luso~Brasileira sobre Acesso Aberto, 4. São Paulo: USP, 2013. Disponível em: <http:((www.acessoaberto.pt(c(index.php( confoa2013(2013(pa per(view (3S 2>. Acesso em: 5 ago. 2014. NISO.The Dublin Core Metadata Element Set. ANSi/NISO239.85-2013. Baltimore: NISO,2013. 13 p. Disponível em: <hltp:((www.niso.org(apps(group public(download.php(10256(z39_85 2012 dublin core.pdf. Acesso em: 01 set. 2014. ROAR.Reglstry 01 Open Access Repositories. Disponível em: <hltp://roar.eprints.org/>. Acesso em: 4 set. 2014. RODRIGUES,Eveline Batista; Santarém Segundo, José Eduardo. Padrão Dublin Core de Metadados e Microformatos Dublin Core como Tecnologias de Descrição de Informações na Web Semântica. Disponível em: <http:www.centroaulasouza.s.ov.br 05- raduacao worksho -de- osgraduacao-e-pesg uisa/ana is/2010/tra balhos/gestaoe-de5envolvimento-de_tecnologias_da_informacao-plicadas/trabalhos%20 completos/rodrigues,%20eveline%20batista.pdf. Acesso em: 3 set. 2014. SALGADO,Valéria Alpino Blgonha; ANTERO,Samuel A.Antero. Guia de orientação para gestão de Duvidarias públicas. Brasília: CGU, 2013. 59p. Disponível em: <http:www.cgu.gov.br/ouvidoria/arquivos(consu ~a/produto _5..,gestao_de_ ouvidorias.pdf Acesso em: 6 ago. 2014. SHINTAKU,Milton; MEIRELLES, Rodrigo. Manual do DSpace: administração de repositórios. Salvador: EdUFBA,2013. VIDOTIf, S. A. B. G; SANCHES,S. A. S. Arquitetura da informação em websites. Disponível em: <http:ulibdigi.unicamp.br/documentl?view=8302>. Acesso em 24 ago. 2014.

20 AUTORIA Silvio Carvalho Trida Secretaria Nacional de Articulação Social da Secretaria-Geral da Presidência da República Endereço eletrônico: silvio.trida@presidencia.gov.br