O POTENCIAL DE CONTRIBUIÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA ASSESSORIA AOS MOVIMENTOS SOCIAIS NA LUTA PELA SAÚDE



Documentos relacionados
11 de maio de Análise do uso dos Resultados _ Proposta Técnica

TUTORIA DE ESTÁGIO: CONTRIBUIÇÕES À FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES/AS

Sugestões e críticas podem ser encaminhadas para o nape@ufv.br CONSIDERAÇÕES INICIAIS:

EDUCAÇÃO E CIDADANIA: OFICINAS DE DIREITOS HUMANOS COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES NA ESCOLA

SERVIÇO SOCIAL MANUAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO. 2º Semestre de 2012

ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO

NÚCLEO DE APOIO DIDÁTICO E METODOLÓGICO (NADIME)

DIREITOS HUMANOS, JUVENTUDE E SEGURANÇA HUMANA

O PAPEL DO SERVIÇO SOCIAL EM UMA EQUIPE INTERDISCIPLINAR Edmarcia Fidelis ROCHA 1 Simone Tavares GIMENEZ 2

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO FACULDADE DE EDUCAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR

universidade de Santa Cruz do Sul Faculdade de Serviço Social Pesquisa em Serviço Social I

SUGESTÕES PARA ARTICULAÇÃO ENTRE O MESTRADO EM DIREITO E A GRADUAÇÃO

Trabalho em Equipe e Educação Permanente para o SUS: A Experiência do CDG-SUS-MT. Fátima Ticianel CDG-SUS/UFMT/ISC-NDS

Política Nacional de Participação Social

SERVIÇO SOCIAL E TRABALHO INTERDISCIPLINAR

CHAMADA DE ARTIGOS do SUPLEMENTO TEMÁTICO A EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

Rompendo os muros escolares: ética, cidadania e comunidade 1

PROGRAMA DE INOVAÇÃO NA CRIAÇÃO DE VALOR (ICV)

COMO FAZER A TRANSIÇÃO

PASSO A PASSO PARA FAZER A CONFERÊNCIA NA ESCOLA*

É projeto porque reúne propostas de ação concreta a executar durante determinado período de tempo. É político por considerar a escola como um espaço

CURSO: LICENCIATURA DA MATEMÁTICA DISCIPLINA: PRÁTICA DE ENSINO 4

PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO: processo, participação e desafios. Seminário dos/as Trabalhadores/as da Educação Sindsep 24/09/2015

EDITAL DE SELEÇÃO - REDES DA MARÉ Nº 01/2012

Pesquisa com Professores de Escolas e com Alunos da Graduação em Matemática

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Orientações para a elaboração do projeto escolar

SUPERVISÃO ACADÊMICA: UMA PROPOSTA POLÍTICA DE DESAFIOS E QUALIDADE NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

TERMO DE REFERÊNCIA SE-001/2011

ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL - ASPECTOS DE ONTEM, NECESSIDADES DE HOJE. Orientadora Educacional: MS Marise Miranda Gomes

GUIA DE SUGESTÕES DE AÇÕES PARA IMPLEMENTAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DO PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

RELATÓRIO DAS ATIVIDADES 2004

CURSO DE ATUALIZAÇÃO. Gestão das Condições de Trabalho e Saúde. dos Trabalhadores da Saúde

FORMAÇÃO PEDAGÓGICA EM SAÚDE MANUAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO PÓS-GRADUAÇÃO

A ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA ALA DE PEDIATRIA EM UM HOSPITAL PÚBLICO DO ESPÍRITO SANTO.

Processos Gestão do Projeto Político-Pedagógico

Pibid 2013 Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência

CURSO DE GESTÃO EM COOPERATIVISMO: Aproximando educação popular e tecnologias

Mestrado em Educação Superior Menção Docência Universitária

WALDILÉIA DO SOCORRO CARDOSO PEREIRA

Proposta de Plano de Trabalho

Estratégias para a implantação do T&V

Sistema de Educação a Distância Publica no Brasil UAB- Universidade Aberta do Brasil. Fernando Jose Spanhol, Dr

RELATÓRIO DE TRABALHO DOCENTE SETEMBRO DE 2012 EREM LUIZ DELGADO

QUESTIONÁRIO DE SONDAGEM DA PRÁTICA PEDAGÓGICA DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

CURSINHO POPULAR OPORTUNIDADES E DESAFIOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA DOCENTE

VICE-DIREÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO REGIMENTO INTERNO DA COORDENAÇÃO DE EXTENSÃO

Telejornalismo e Educação para a Cidadania: uma experiência de Educomunicação

ANÁLISE DOS ASPECTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS DO CURSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA DE CONSELHEIROS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO

SEMINÁRIOS DE FORMAÇÃO DOS CONSELHEIROS PARTICIPATIVOS MUNICIPAIS FASE I AULAS MAGNAS. Escola de Governo de São Paulo

Estado da Arte: Diálogos entre a Educação Física e a Psicologia

Assessoria, consultoria, auditoria e supervisão técnica

Bacharelado em Serviço Social

SAÚDE E EDUCAÇÃO INFANTIL Uma análise sobre as práticas pedagógicas nas escolas.

SAÚDE COMO UM DIREITO DE CIDADANIA

COORDENADORA: Profa. Herica Maria Castro dos Santos Paixão. Mestre em Letras (Literatura, Artes e Cultura Regional)

Regulamento para a participação do Seminário Nordestino de Educação Popular e Economia Solidária

INSTITUTO SINGULARIDADES CURSO PEDAGOGIA MATRIZ CURRICULAR POR ANO E SEMESTRE DE CURSO

PÚBLICO-ALVO Assistentes sociais que trabalham na área da educação e estudantes do curso de Serviço Social.

Plataforma dos Centros Urbanos

FUNDAÇÃO CARMELITANA MÁRIO PALMÉRIO FACIHUS FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS Educação de qualidade ao seu alcance SUBPROJETO: PEDAGOGIA

Projeto Pedagógico Institucional PPI FESPSP FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO PROJETO PEDAGÓGICO INSTITUCIONAL PPI

Minuta do Capítulo 10 do PDI: Relações Externas

TÍTULO: ALUNOS DE MEDICINA CAPACITAM AGENTES COMUNITÁRIOS NO OBAS CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE

"Movimentos Sociais e Políticas Públicas na Interface com o Campo de Conhecimento. Maria da Glória Gohn UNICAMP/CNPq

TERMO DE REFERÊNCIA CONSULTOR NACIONAL OPAS/OMS

Projeto Político-Pedagógico Estudo técnico de seus pressupostos, paradigma e propostas

Serviço Social e o Trabalho Social em Habitação de Interesse Social. Tânia Maria Ramos de Godoi Diniz Novembro de 2015

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO FACULDADE DE PSICOLOGIA

Fórum Nacional de Diretores de Faculdades/Centros/Departamentos de Educação das Universidades Públicas Brasileiras (FORUMDIR)

PRÓ-MATATEMÁTICA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Escola de Políticas Públicas

PORTARIA SMS Nº 001/2013. A Secretária de Saúde do município de Salgueiro, no uso de suas atribuições legais:

REGULAMENTO NÚCLEO DE APOIO PEDAGÓGICO/PSICOPEDAGÓGICO NAP/NAPP. Do Núcleo de Apoio Pedagógico/Psicopedagógico

ESCOLA, LEITURA E A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL- PIBID: LETRAS - PORTUGUÊS

Escola Superior de Ciências Sociais ESCS

ASSISTÊNCIA SOCIAL: UM RECORTE HORIZONTAL NO ATENDIMENTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS

PRÁTICA PROFISSIONAL INTEGRADA: Uma estratégia de integração curricular

A1. Número da Entrevista: A2. Iniciais do Entrevistador: A3. Data: / /2007 A4. Nome da Entidade [POR EXTENSO E A SIGLA]:

O DESAFIO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM PATOS, PARAÍBA: A PROFICIÊNCIA DOS ALUNOS DE ESCOLAS PÚBLICAS DE PATOS

Termo de Referência para contratação de consultor na modalidade Produto

CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA CENTRO DE REFERÊNCIAS TÉCNICAS EM PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS CONVERSANDO SOBRE A PSICOLOGIA E O SUAS

GUIA PARA LEVANTAMENTO DE DADOS PELAS SEDUCS VISANDO A ELABORAÇÃO DO PLANO DE AÇÃO DE EDUCAÇÃO EM E PARA OS DIREITOS HUMANOS

RELATÓRIOS DAS OFICINAS: CUIDANDO DO CUIDADOR: CPPT CUNIÃ. Facilitadoras: Liliane Lott Pires e Maria Inês Castanha de Queiroz

1.3. Planejamento: concepções

INTRODUÇÃO. Sobre o Sou da Paz: Sobre os Festivais Esportivos:

A GESTÃO DOS PROCESSOS TRABALHO NO CREAS

DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS SÓCIO-ECONÔMICAS E HUMANAS DE ANÁPOLIS

RELATÓRIO DAS ATIVIDADES 2003

SAÚDE MENTAL NA RODA :A SENSIBILIZAÇÃO DOS TRABALHADORES DA REDE DE ATENÇÃO BÁSICA

Programa: Programa Interagencial para a Promoção da Igualdade de Gênero e Raça

CURSO DE EDUCAÇÃO FISICA ATIVIDADES EXTRA CURRICULARES

DOCÊNCIA ASSISTIDA NO ENSINO SUPERIOR: EXPERIÊNCIA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO CURSO DE MÚSICA LICENCIATURA DA UFRN

UNIVERSIDADE DO PLANALTO CATARINENSE UNIPLAC PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, EXTENSÃO E PÓS-GRADUAÇÃO COORDENAÇÃO DE EXTENSÃO E APOIO COMUNITÁRIO

o pensar e fazer educação em saúde 12

FACULDADES INTEGRADAS TERESA D ÁVILA NÚCLEO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA. Formulário para Registro de Projetos de Extensão Universitária

Programa de Capacitação

UM RETRATO DAS MUITAS DIFICULDADES DO COTIDIANO DOS EDUCADORES

Instituto Educacional Santa Catarina. Faculdade Jangada. Atenas Cursos

RELATÓRIO DE TRABALHO DOCENTE OUTUBRO DE 2012 EREM JOAQUIM NABUCO

Transcrição:

O POTENCIAL DE CONTRIBUIÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA ASSESSORIA AOS MOVIMENTOS SOCIAIS NA LUTA PELA SAÚDE Maria Inês Souza Bravo * Maurílio Castro de Matos ** Introdução O presente trabalho é fruto de reflexões sobre a experiência de assessoria a movimentos sociais na luta pela política pública de saúde. Busca por meio de reflexões contribuir para o debate sobre a importância da universidade e dos seus trabalhadores na democratização do Estado e da sociedade brasileiros. Pretende, especialmente, refletir sobre o potencial de contribuição do Serviço Social para esse processo e, assim, visa colocar a relevância deste tema no debate profissional. Objetivos - Buscar estratégias para o fortalecimento do Movimento da Reforma Sanitária Brasileira; - Desenvolver ações para a contribuição do Serviço Social na luta pela democratização da sociedade e do Estado brasileiros, através da potencialização dos movimentos sociais na luta pelos seus direitos; - Contribuir para o debate do Serviço Social sobre a temática assessoria, pouco estudada na trajetória profissional, mas em voga no momento. * Doutora em Serviço Social (PUC/SP). Assistente Social. Professor Adjunta da Faculdade de Serviço Social da UERJ. Coordenadora do Projeto Políticas Públicas de Saúde: O Potencial dos Conselhos do Estado do Rio de Janeiro. ** Mestre em Serviço Social (UFRJ) e Doutorando em Serviço Social (PUC/SP). Assistente Social da Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias/RJ e Professor Assistente da Faculdade de Serviço Social da UERJ. Integrante do Projeto Políticas Públicas de Saúde: O Potencial dos Conselhos do Estado do Rio de Janeiro. Endereço: Rua Paraguaçu, 404/504, Perdizes, São Paulo, SP,CEP: 05.006-011. Telefone: (11) 3872-6239.E-mail: mauriliomatos@ig.com.br.

Metodologia O trabalho aqui apresentado se pauta em uma pesquisa bibliográfica sobre o Serviço Social, os movimentos sociais e, em especial, sobre assessoria. A análise bibliográfica é efetivada tendo como referência concreta os dados empíricos coletados no Projeto de pesquisa e extensão Política Pública de Saúde: O Potencial dos Conselhos da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Este projeto busca articular a pesquisa e a extensão, através da investigação sobre o potencial político dos conselhos de saúde e da assessoria aos segmentos comprometidos com o controle social nesta política pública. Apenas de maneira didática, quase que esquemática, apresentaremos panoramicamente o trabalho desenvolvido em cada parte do tripé ensino-pesquisaestensão. O ensino se dá através da disciplina estágio supervisionado, espaço onde se aprofundam as seguintes temáticas: política de saúde, controle social na saúde e o trabalho do assistente social na saúde. A disciplina é ministrada em forma de oficinas, com convidados externos nos debates promovidos e com a participação de outro sujeitos (professores, assistentes sociais, alunos não estagiários) envolvidos no projeto de pesquisa e de extensão. A pesquisa tem se pautado em investigações sobre o potencial político dos conselhos de saúde e a potencial contribuição dos movimentos sociais e dos trabalhadores de saúde na construção do SUS. A extensão consiste na assessoria aos diversos sujeitos sociais que se comprometem com a construção da política pública de saúde. Nesta frente, o campo de estágio tem experiências de assessoria na elaboração de planos municipais de saúde, a realização de cursos de capacitação para conselheiros e a assessoria ou o acompanhamento aos conselhos de saúde, bem como aos fóruns de articulação dos trabalhadores da saúde e dos movimentos sociais. É este último componente do tripé que privilegiamos neste trabalho.

Resultados Podemos começar com uma pergunta: como se dá o processo de negociação da assessoria neste campo de estágio? Afinal, o processo de assessoria é uma relação pautada no poder do saber e não no poder de mando e se cabe a quem recebe a assessoria acatar ou não as eventuais sugestões, como se dá o processo de negociação da assessoria? Ficamos no caso o projeto de pesquisa e extensão aguardando que solicitem a nossa assessoria? Ou vamos atrás e apresentamos a nossa proposta? E mais do que isso será que só com a apresentação da nossa proposta os movimentos sociais e trabalhadores de saúde aceitam? Ou necessitam conhecer, inclusive politicamente, a equipe de trabalho proponente de assessoria? Enfim, as perguntas acima esboçadas já possuem respostas na prática do projeto. Mas, não foram sistematizadas, pelo menos na forma que aqui pretendemos: pensar estratégias generalizantes para outras iniciativas similares. Ou seja, não apenas relatar a experiência de assessoria, mas refletir sobre este processo. Conforme já sinalizado, a assessoria se dá via extensão universitária e articulada intrinsecamente com a pesquisa e a extensão. Assim, quando se vai a campo não se objetiva apenas assessorar um movimento social, por exemplo, mas também buscar elementos na realidade para a pesquisa e contribuir para a formação profissional dos profissionais e dos alunos de Serviço Social. A escolha pelo tema dos conselhos de saúde e do potencial de contribuição dos movimentos sociais não é aleatória. Ao contrário, expressa uma escolha estratégica. Aqui já encontra a primeira questão, o campo de estágio (sujeito prestador da assessoria) tem uma direção clara (teórica, metodológica, de objeto) sobre qual objeto deve priorizar. Assim, vai automaticamente se propor a assessorar questões que derivam deste objeto de análise. A assessoria, neste campo de estágio, se dá tanto pela procura como pela apresentação de propostas por parte da equipe. A primeira é mais simples, pois apenas

cabe ao projeto da universidade clarear junto aos solicitantes o que de fato querem/precisam e identificar se cabe nos princípios do projeto. A partir daí, se é construído um plano de trabalho conjunto. A segunda já exige do projeto universitário um tato mais delicado, pois precisa demonstrar o quanto a assessoria, potencialmente, pode vir a qualificar a intervenção dos movimentos sociais e dos trabalhadores. Por vezes, os estagiários, acompanhados pelos profissionais, ficam durante tempos acompanhando diversas reuniões (de conselhos, de articulação sindical, de conselhos regionais...) e entre uma reunião e outra, a partir de aparentemente um simples palpite dado na reunião por algum integrante do projeto da universidade, passam a ser credenciados pelos sujeitos como assessores. Para os sujeitos dos movimentos políticos organizados, mais importante do que de poder contar com uma equipe de assessoria é o fato de acreditar no potencial da equipe que se propõe à assessoria. Podemos afirmar, a partir da nossa experiência, que os movimentos sociais e os trabalhadores de saúde (em suas entidades ou nas reuniões de conselhos ou nas reuniões entre as entidades), só nos credenciam como assessores a partir de uma análise da nossa capacidade. Assim, quando entramos inicialmente em um campo estamos, querendo ou não, sendo avaliados por esses sujeitos. Antes de isso ser um problema, é por nós identificado como uma qualidade, pois expressa a preocupação desses sujeitos, e destas entidades, em garantir à direção política de suas idéias e uma preocupação com a cooptação. À gente cabe clarear os pressupostos políticos a busca de democratização dos Estado e da sociedade brasileiros e a concepção de que assessoria, que pressupõe autonomia de quem está sendo assessorado. Considerações finais Sinalizamos algumas questões que identificamos serem importantes para o aprofundamento da temática tratada: - Como buscar estratégias de politização dos movimentos sociais, visando a sua inserção em lutas mais gerais contra o capitalismo;

- como levar para dentro da participação institucionalizada (conselhos, conferências, etc.) reivindicações e posturas concatenadas com as lutas gerais acima citadas; - como construir, dentro da rotina de trabalho dos assistentes sociais que não atuam nas universidades e sim nos serviços, uma ação profissional que estimule entre os usuários a sua organização política. Portanto, identificamos a necessidade de politizar o debate junto aos movimentos sociais e de incluir o processo de assessoria aos movimentos sociais como parte constitutiva do trabalho dos assistentes sociais nos serviços de saúde. Sem deixar de considerar, na reflexão, quais são as condições objetivas que se têm para tais ações. Referências bibliográficas BRAVO, Maria Inês. Serviço Social e Reforma Sanitária: lutas sociais e práticas profissionais. São Paulo: Cortez, Rio de Janeiro: UFRJ, 1996. IAMAMOTO, Marilda e CARVALHO, Raul. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil. São Paulo: Cortez e Celats, 1992 (8ª edição). IAMAMOTO, Marilda. Pesquisa em Serviço Social (Aula inaugural do programa de pós-graduação em Serviço Social da PUC/SP). São Paulo, 2005 (Anotações de aula). KAMEYAMA, Nobuco. A trajetória da produção do conhecimento em Serviço Social: avanços e tendências (1975-1997). In: Cadernos ABESS (08). São Paulo: Cortez, 1998. NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social: uma análise do Serviço Social no Brasil pós-64. São Paulo: Cortez, 1996. SILVA, Maria Ozanira. Contribuições da revista para o Serviço Social brasileiro. Serviço Social e Sociedade (61). São Paulo: Cortez, 1999. VASCONCELOS, Ana Maria. Relação Teoria/Prática: o processo de assessoria/consultoria e o Serviço Social. Serviço Social e Sociedade (56). São Paulo: Cortez, 1998.

VIEIRA, Balbina Ottoni. Modelo assessoria em Serviço Social. In: Modelos de Supervisão em Serviço Social. Rio de Janeiro: Agir, 1981.