REALITER, Barcelona 2004



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Transcrição:

Ieda Maria Alves Isabel Desmet Universidade de São Paulo Universidade de Paris 8 1. O Observatório do francês e do português europeu e do português brasileiro : um projecto de cooperação O presente projecto de cooperação integra-se num programa de intercâmbios pedagógicos e científicos bastante vasto, entre as nossas universidades, no âmbito de um convénio entre a Universidade de Paris 8 e a Universidade de São Paulo. Na Universidade de Paris 8, ele faz parte de um programa mais alargado, o Projecto América Latina 2004-2008, lançado pelo Conselho Científico e pelas Relações internacionais, ao longo de 2003 e, na Universidade de São Paulo, de um Projeto Integrado de Pesquisa financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Na Universidade de Paris 8, desde 1990, temos vindo a constituir progressivamente corpora de referência no âmbito das nossas pesquisas em linguística textual e lexical de especialidade, numa perspectiva comparativa português-francês. No quadro da formação universitária e da investigação, visamos sobretudo três grandes aplicações da terminologia teórica : ensino / aprendizagem de uma ou várias línguas de especialidade; a tradução geral e especializada ; a lexicografia e terminografia electrónica bilingue e plurilingue, ao 1

serviço do ensino e da tradução geral e de especialidade. Os trabalhos de investigação em terminologia e terminografia realizados no curso de Línguas Estrangeiras Aplicadas Português e outras línguas (sob a nossa responsabilidade pedagógica e científica) alimentam em parte as nossas bases textuais e terminológicas no domínio das ciências sociais e humanas, políticas, económicas e jurídicas (mais recentemente, também no domínio das novas tecnologias). Estas bases, que constituem hoje em dia corpora praticamente diacrónicos, podem ser consideradas como verdadeiros observatórios do francês e do português contemporâneo nos domínios anteriormente referidos. Associadas à tradução geral e de especialidade praticada na formação em tradução, estas bases comportam textos de graus de especialização variáveis, de textos altamente especializados a textos da imprensa geral. Quanto aos critérios de constituição dos corpora, nas duas línguas, estes são normalmente comparáveis e, quando possível, paralelos. Frequentemente, em função das actividades de tradução do francês para o português, as investigações e a alimentação das bases partem do francês de França. Tal facto permite-nos observar de maneira sistemática não só as diferentes etapas do nascimento, instalação e difusão dos neologismos em cada uma das línguas, como também os processos de circulação dos novos termos entre elas, incluindo obviamente todas as fases de instabilidade na instalação ou recusa de um novo termo (cf. Desmet 2001, 2002 e 2003b). A perspectiva comparativa, uma metodologia baseada simultaneamente na linguística textual e na diversidade discursiva, assim como uma pesquisa documental apoiada pelas novas 2

tecnologias, permitem-nos identificar certas particularidades da neologia, por vezes invisíveis na pesquisa unilingue e unicorpus. Actualmente, o trabalho que desenvolvemos desde 1990 constitui oficialmente o Observatório do Francês e do Português Europeu (contemporâneos) do Centro de Recursos e de Investigação em Tecnologias de Aprendizagem das Línguas (CERTAL) da UFR 5, centro de investigação sob a nossa responsabilidade científica e administrativa. Na Universidade de São Paulo, o Observatório de Neologismos Científicos e Técnicos do Português Contemporâneo do Brasil, criado em 1988, tem realizado pesquisas sobre a neologia em duas perspectivas: por um lado, procura observar, analisar e difundir aspectos da criatividade lexical, tanto de unidades lexicais da língua geral como de unidades lexicais especializadas; por outro lado, procura atender às necessidades do desenvolvimento tecnológico e científico, no português brasileiro, por meio da elaboração de trabalhos terminológicos em algumas áreas. Vinculado ao Programa de Pós- Graduação em Filologia e Língua Portuguesa da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, o observatório é integrado por alunos do curso de Graduação em Letras, que recebem bolsas de Iniciação Científica de agências de fomento à pesquisa e por pós-graduandos de Mestrado de Doutorado. A Economia tem sido abordada de maneira especial desde o início da criação desse observatório. Os altos índices de inflação, as diferentes moedas e os vários planos de estabilização econômica por que tem passado o Brasil são responsáveis, dentre outros fatores, pelo emprego de uma terminologia bastante variada, muitas vezes efêmera, que 3

reflete as mudanças econômicas que a sociedade brasileira vem sofrendo. Como primeiro resultado dessa observação da neologia da Economia, foi publicado, em 1988, o Glossário de Termos Neológicos da Economia, que reflete a neologia da terminologia da Economia brasileira na década de 1990, coletada em cadernos de Economia de jornais e em revistas de divulgação. Por ter sido coletado em um corpus de divulgação, dirigido a leitores não-especialistas, porém usuários das atividades econômicas, o Glossário destina-se a esse público. Pretende, assim, elucidar os termos da Economia que são mais freqüentes nos veículos analisados e que mais afetam a vida do brasileiro no que concerne às aplicações financeiras, ao mercado de trabalho, às relações econômicas estabelecidas internamente e, ainda, pelo Brasil com outros países. Paralelamente à observação da terminologia da Economia em materiais de divulgação, e em parceria com docentes da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo, está se procedendo à constituição de uma base textual constituída por um corpus especializado (dissertações, teses, atas de congressos, manuais, apostilas de cursos...) de Economia em diferentes subáreas. Os termos extraídos dessa base estão constituindo uma base de dados, que, além da observação da terminologia da Economia em um corpus especializado, visa ainda à elaboração de um dicionário destinado aos alunos do curso de Economia da universidade. Deste modo, por desenvolvermos trabalhos bastante similares no que concerne à terminologia da Economia, no âmbito do programa de intercâmbios entre a Universidade de Paris 8 e a Universidade de São Paulo, estamos desenvolvendo um projecto que visa oficializar os nossos trabalhos comuns, assim como formar estudantes e jovens 4

pesquisadores que connosco trabalham nas nossas investigações em linguística de especialidade. No nosso projecto de investigação em neologia terminológica, a variação geolectal encontra-se no centro dos nossos objectivos de reflexão, descrição, consignação e divulgação dos dados. De início, já nos deparámos com as seguintes questões: Que critérios para a selecção dos corpora textuais? Quais os critérios para a identificação dos neologismos terminológicos? Quais os tipos de variação intra- e interlinguística? Como tratar, descrever, consignar e divulgar os dados obtidos? 2. Critérios de selecção dos corpora textuais A partir das nossas bases electrónicas de dados textuais no domínio da economia (textos científicos e de divulgação) estamos a constituir um Observatório do francês e do português europeu (sob a responsabilidade científica de Isabel Desmet) e do português brasileiro (sob a responsabilidade científica de Ieda Maria Alves), tendo como objectivo o estudo da neologia em francês e nas duas variedades do português, neste ramo do saber. Tomaremos como ponto de partida o subdomínio da micro-economia para estudar a variação intralinguística e interlinguística entre o francês, o português de Portugal e o português do Brasil, no que concerne a neologia, no período compreendido entre 2000 e 2005. Assim, num primeiro tempo, o corpus textual especializado é composto por manuais de micro-economia em francês de França, português de Portugal e português do Brasil. 5

O corpus textual de divulgação é composto por textos da imprensa francesa, portuguesa e brasileira : para o francês, Le Monde e o Nouvel Observateur ; para o português de Portugal, o Expresso e o Público ; para o português do Brasil, Folha de S. Paulo e O Globo. 3. Critérios de identificação dos neologismos terminológicos No que respeita a neologia propriamente dita, analisaremos os três grandes tipos de neologia : neologia formal; neologia semântica; neologia por empréstimo. Os empréstimos do inglês em francês, português de Portugal e português do Brasil merecerão um estudo particular. Quanto aos critérios de identificação dos neologismos terminológicos, utilizaremos os parâmetros normalmente seguidos nas pesquisas em neologia : a diacronia : uma unidade é neológica se aparece num período recente a lexicografia : uma unidade é neológica se não surge nos dicionários, gerais, especializados ou terminológicos ; a novidade : uma unidade é neológica se é sentida como nova pelos locutores ; a instabilidade : um novo conceito é denominado alternativamente por duas ou mais formas neológicas diferentes, 6

o que conduz à variação denominativa (para o carácter relativo destes critérios, assim como para uma tipologia de instabilidades, cf. Desmet 2001, 2002 e 2003b). O corpus de exclusão, também designado por anti-dicionário, é constituído por dicionários da língua geral - para o francês, o TLF e o Robert ; para o português de Portugal, o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora e o Dicionário da Língua Portuguesa da Academia ; para o português do Brasil, o Novo Aurélio Século XXI: o dicionário dalíngua portuguesa de Aurélio Buarque de H. Ferreira e o Dicionário Houaiss da língua portuguesa de Antonio Houaiss e por dicionários de especialidade. 4. Tipos de variação intra- e interlinguística Em nossos respectivos corpora, temos observado uma variação em âmbitos específicos do português europeu (ex.: curva de procura / curva da procura; pirâmide de necessidades / pirâmide das necessidades / pirâmide de Maslow ; desfasamento cambial / desfasamento dos câmbios ); do português brasileiro (ex.: mercado de câmbio / mercado cambial; curva de demanda / curva da demanda); e do português europeu / francês (ex.: comércio interno / commerce intérieur ; comércio externo / commerce extérieur). Com base em nossa observação, nossa análise pretende enfocar a variação nas perspectivas da variação ortográfica, fonológica com influência gráfica, morfológica, morfossintáctica, semântica e pragmática. 7

Exemplificamos alguns tipos de variação como exemplos do português europeu e do português brasileiro: variação ortográfica : factura / fatura; acto jurídico / ato jurídico; variação morfológica: balança de pagamentos / balanço de pagamentos; valor aduaneiro / valoração aduaneira; franchising industrial / franquia industrial ; variação morfossintáctica: sistema tributário, sistema de tributação (neste caso a variação é interna e corresponde nas duas variedades da língua portuguesa) ; direitos aduaneiros, direitos alfandegários / direitos aduaneiros, direitos de alfândega; licença de exploração de marca / licença do direito de uso da marca ; lei da oferta e da procura / lei da oferta e da demanda ; variação semântica : subida de custos / aumento de custos ; direitos proteccionistas / barreiras protecionistas. Por fim, consideramos também a possibilidade da variação pragmática, directamente relacionada com os diferentes graus ou estratos de língua, isto é, casos em que um neologismo possa pertencer a um discurso generalista numa dada variedade de língua e a um discurso especializado na outra variedade do português. 5. Tratamento, consignação e divulgação dos dados Com este estudo, pretendemos realizar um dicionário neológico no domínio da economia científica e de divulgação, em suporte de papel e electrónico, que poderá ser publicado pelas editoras das nossas universidades. Este projecto pretende ainda ser o início de um projecto mais vasto de constituição de um Observatório do francês e do 8

português, nas variedades europeia e brasileira, visando as trocas internacionais. Este Observatório será também um lugar de intercâmbios teóricos e metodológicos no domínio dos estudos linguísticos, nomeadamente lexicais e lexicográficos. ravés deste projecto, temos a intenção de fomentar intercâmbios não só entre docentes, mas também entre os jovens investigadores das nossas universidades que nele participam. Finalmente, na Universidade de Paris 8, este projecto articula-se com o Master de ciências da linguagem, especialidade estudos linguísticos de especialidade e com o Master de tradução especializada, a entrarem em vigor em 2005. Ele pode ainda ser enriquecido com outras línguas, docentes e jovens investigadores, no âmbito das investigações levadas a cabo no CERTAL (projecto Observatórios de línguas : francês e línguas estrangeiras, linhas de acção 1 e 2, eixo da investigação). Bibliografia Alves, I. M. (1990). Neologismo. Criação lexical. São Paulo: Ática. Alves, I. M. (1996). Definição terminológica: da teoria à prática, Tradterm, São Paulo, 3. 125-136. Alves, I. M. (coord.) (1998). Glossário de Termos Neológicos da Economia. São Paulo: Humanitas. Alves, I. M. (1998). Uma experiência terminológica: a elaboração do Glossário de Termos Neológicos da Economia, Alfa - Revista de Lingüística, São Paulo, 42. 205-211. 9

Alves, I. M. (2000a). Polissemia e homonímia em uma perspectiva terminológica, Alfa - Revista de Lingüística, São Paulo, 44. 261-72. Alves, I. M. (2000b). Étude contrastive du processus créatif en portugais et en français dans le vocabulaire de l Intelligence Artificielle, La Banque Des Mots, Paris, 60. 89 102. Alves, I. M. (2001a). Terminologia e neologia, Tradterm, São Paulo, 27. 53-70. Alves, I.M. (2001b). Em torno de um jargão técnico: o economês, Dino Preti e seus temas: oralidade, literatura, mídia e ensino.1 ed. São Paulo : Cortez.173-180. Alves, I. M., Dias, J. G., Maroneze, B. O., Anjos, E. D., Araújo, M., Melo, S. L. (2002). A pesquisa em terminologia: aspectos da variação nas línguas de especialidade, Estudos Linguísticos, São Paulo, 31. Alves, I. M. (2002). Neologia técnico-científica e análise de corpora, Actas do VI Simpósio Ibero-Americano de Terminologia. Lisboa: Colibri. 139-150. Alves, I. M., Silva, M. M. A., Araújo, M. (2003). O léxico nas línguas especializadas, Linguagem, conhecimento e aplicações: estudos de língua e linguagem. Rio de Janeiro : Europa. 32-39. Alves, I. M. (2003). Neologia na língua falada, Léxico na língua oral e escrita. São Paulo : Humanitas, 1. 261-277. Alves, I. M. (2004). A unidade lexical neológica: do histórico-social ao morfológico, As ciências do léxico : lexicologia, lexicografia, 10

terminologia. Campo Grande : Editora UFMS, v.2. 77-88. Desmet, I. (1990). A propósito da neologia terminológica do português. O caso do empréstimo, Actes du colloque de lexicologie et de lexicographie, Université Nouvelle de Lisbonne.182-187. Desmet, I. (1990). Princípios teóricos da terminologia. Especificidades da neonímia. (Principes théoriques de la terminologie. Spécificités de la néonymie), Terminologias n 1, Lisboa, TERMIP. 14-26. Desmet, I. (1996). Pour une approche terminologique des sciences sociales et humaines. Les sciences sociales et humaines du travail en portugais et en français, thèse de doctorat en sciences du langage, Université Paris XIII, 3 tomes, 786 p. Desmet, I. (1998). "Caractéristiques sémantiques, syntaxiques et discursives des vocabulaires spécialisés. Quelques données théoriques et pratiques pour la lexicographie spécialisée", Actes du 2ème Colloque de Linguistique Appliquée, Les linguistiques appliquées et les sciences du langage. Strasbourg : COFDELA Publications. 292-305. Desmet, I. (1999). "Enjeux lexicaux et phraséologiques du discours journalistique : bilans économiques dans les quotidiens portugais, français et espagnols", Travaux et Documents n 4, Université Paris 8 Presses Universitaires de Vincennes Saint-Denis. 165-186. Desmet, I. (2001). "Le portugais et le français en dialogue dans la presse écrite : analyse de certains mécanismes de variation linguistique. Variation lexicale intra- et interlangues dans le domaine de la politique internationale", Travaux et Documents n 11, Presses Universitaires de Vincennes Saint-Denis. 73-106. 11

Desmet, I.(2002). "Néologie du portugais contemporain : une zone d instabilité linguistique", Actes de la journée "Instabilités linguistiques dans les langues romanes", Université Paris 8, Travaux et Documents n 16, Presses de l université de Vincennes Saint-Denis. 77-99. Desmet, I. (2003a). "Equivalence et bidirectionnalité dans les dictionnaires terminologiques portugais-français", comunicação apresentada nas IVème Journées d étude sur la lexicographie bilingue, Institut Hongrois de Paris, sob a direcção de Thomas Szende (INALCO), 22, 23 e 24 de Maio de 2003 (no prelo, Editions Honoré Champion). Desmet, I. (2003b). "Évolutions théoriques et méthodologiques dans la recherche en néologie scientifique et technique" Actas do Colóquio Internacional "La néologie scientifique et technique : bilan et perspectives", Realiter, Roma, 28 de Novembro de 2003. Desmet, I. (2004a). "Terminographie d apprentissage et apprentissage de la terminographie : le dictionnaire électronique bilingue des contrats du commerce international (portugais-français et français-portugais)", no prelo para o próximo número da revista Études de linguistique appliquée. Desmet, I. (2004b). "Modalités de coopération et de formation en terminologie : coopération locale, nationale et internationale", AET, 2a Cimeira Mundial de Terminologia, 26 e 27 de Novembro de 2004, Barcelona. Desmet, I. (2004c). "Terminologia e terminografia : cooperação entre meios universitários e meios profissionais, Riterm 2004, de 29 de Novembro a 2 de Dezembro, Barcelona. 12