Um framework para simulação de microbacias como serious game 12

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Transcrição:

1 Introdução Este trabalho visa adicionar um framework ao simulador físico de Microbacias (atualmente em desenvolvimento no VisionLab/PUC-Rio, em parceria com a Secretaria de Estado de Agricultura e Pecuária - SEAPEC, antiga SE- APPA), de maneira a facilitar a configuração de um serious game capaz de fazer não só uma simulação física das atividades da microbacia, mas que também seja capaz de simular as interações entre os habitantes dessa microbacia e as interações de tais habitantes com o ambiente. Esse serious game tem o intuito de educar e mostrar como as ações do homem podem interferir significativamente na sustentabilidade econômica e na preservação do meio ambiente. É importante salientar que o objetivo principal do trabalho é apenas produzir o framework que servirá de base para a futura implementação do jogo. A rigor, à luz de engenharia de software, a denominação de framework é questionável. Entretanto, decidimos manter esta denominação devido à semelhança do que estamos propondo com o que ocorre nos motores de jogos. O que chamamos de framework é uma estrutura que facilita adicionar comportamentos e dados sobre produtos de modo a produzir um jogo diferente a cada configuração. Esta é uma área ainda recente e pouco explorada. São poucas as empresas e instituições que usam serious games para treinamento e educação, mas esta área mostra ter grande potencial para um futuro próximo. É muito atrativo um produto que seja capaz de ensinar e entreter ao mesmo tempo. E, justamente por ser uma área recente, existem poucos projetos relacionados a questões ambientais e uso do solo. Portanto um trabalho que envolva serious games para simulação de microbacias traz aspectos inovadores. É interessante a ideia de unir um game ao Simulador de Microbacias, pois esta funcionalidade vem para agregar mais valor ao programa e expandir seu público alvo. Pela atratividade de um game, o simulador agora pode ser apresentado em escolas e ambientes, onde os filhos dos agricultores possam aprender e levar este conhecimento para casa, sem deixar de lado o aspecto sério que já apresentava o simulador.

Um framework para simulação de microbacias como serious game 12 Na seção seguinte é apresentado o simulador Microbacias ao leitor. Os capítulos que seguem tratam dos trabalhos relacionados ao trabalho aqui realizado, são mostradas a seguir questões de modelagem e arquitetura do sistema, então são apresentados alguns resultados em termos de funcionalidades desenvolvidas, e por fim, são apresentadas conclusões e trabalhos futuros. 1.1 O simulador Microbacias Segundo um documento publicado pela ONU, desenvolvimento sustentável é o atendimento das necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades, (21). Cecilio (3) diz que microbacia é uma área geográfica natural de até 200 quilômetros quadrados drenada por um rio ou córrego e separada pelos seus divisores de águas (espigões). Da mesma forma que uma bacia, só que em proporções menores. O nosso simulador serve para dar suporte ao manejo e planejamento dos habitantes destas microbacias, provendo análises importantes para a tomada de decisão com foco no desenvolvimento sustentável da região. Um simulador de microbacias é um simulador capaz de ler dados de altimetria, tipo de solo, uso de solo e hidrografia, e fazer cálculos de erosão e degradação de solo, exibindo os resultados em duas ou três dimensões, (5). A figura 1.1 ilustra a interface principal do Simulador de Microbacias VisionLab/PUC-Rio/SEAPEC, que também é referido ao longo da presente dissertação como simplesmente Microbacias. O Simulador de Microbacias lê uma base de dados pré-criada e possibilita a criação de perfis na qual o usuário pode demarcar, via interface do programa, as delimitações de um terreno e, dentro de cada terreno, delimitar as microregiões nas quais são associadas culturas e métodos de cultura. Baseado nos dados da base pré-criada e nos dados inseridos pelo usuário o programa faz os cálculos de erosão e degradação do solo, alterando também a produção ao longo do tempo. Além disso, o Microbacias possui interface inteligente na qual podemos visualizar os dados do perfil do usuário em duas e três dimensões, podemos editar suas demarcações, habilitar e desabilitar diversas camadas de informações como tipo de solo, altimetria, estradas e rios. O Simulador ainda possui ferramentas de seleção e zoom, um mapa de riscos para a versão de duas dimensões que mostra o risco de acordo com os cálculos preprocessados da base de dados.

Um framework para simulac a o de microbacias como serious game 13 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112646/CA Figura 1.1: Interface do Microbacias em 2D (Duas dimenso es) Mais duas funcionalidades esta o disponı veis na versa o atual do Microbacias: um gerenciador de perfis que e capaz de carregar e salvar as principais configurac o es de perfis usadas pelo usua rio; e um novo sistema de ca meras onde o usua rio pode visualizar ao vivo por meio de ca meras online a regia o especı fica, caso esse servic o esteja habilitado. As figuras 1.2, 1.3 e 1.4 mostram o mapa de risco, o modo 3D e um exemplo de uso de camadas na visualizac a o 2D, respectivamente. Figura 1.2: Mapa de risco de uma microbacia

Um framework para simulac a o de microbacias como serious game 14 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1112646/CA Figura 1.3: Visualisac a o em tre s dimenso es do Microbacias Figura 1.4: Exemplo de uso das camadas do Microbacias O mapa de risco exibe uma versa o alternativa do mapa, com ca lculos feitos internamente no microbacias que mostram quais pontos sa o mais propı cios a degradac a o (as a reas em vermelho indicadas pelas setas na Fig. 1.2 sa o exemplos de regio es com alto risco de degradac a o). A visualizac a o em 3D (Fig. 1.3) permite que usua rio se familiarize melhor com o terreno numa forma de interac a o mais rica que a usual. E o sistema de camadas permite, na visualizac a o

Um framework para simulação de microbacias como serious game 15 2D, facilidades para visualizar os vários componentes da região, tais como rios, estradas, altimetria, uso e tipos de solo (Fig. 1.4).