Faculdade de Medicina de Lisboa. Medicina Legal e Ciências Forenses



Documentos relacionados
PROTOCOLO GERENCIADO DE SEPSE PACIENTE COM CONDUTA PARA SEPSE (OPÇÃO 2 E 3 - COLETA DE EXAMES/ANTIBIÓTICO)

Caso Clínico. Emanuela Bezerra - S5 28/04/2014

Como interpretar a Gasometria de Sangue Arterial

Avaliação Semanal Correcção

Paciente de 89 anos, vem à consulta médica relatando nauseas e vômitos há 2 dias. Previamente à consulta encontravase bem, assintomática.

EXAME NACIONAL DE REVALIDAÇÃO D E D I P L O M A S M É D I C O S EXPEDIDOS POR INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO SUPERIOR ESTRANGEIRAS.

Métodos de Depuración en Intoxicaciones Agudas. Dr. Carlos Augusto Mello da Silva MD

DENGUE. Médico. Treinamento Rápido em Serviços de Saúde. Centro de Vigilância Epidemiológica Prof. Alexandre Vranjac

Confira se os dados contidos na parte inferior desta capa estão corretos e, em seguida, assine no espaço reservado para isso.

Clostridium difficile: quando valorizar?

Justificativa Depende dos exames escolhidos. Residência Médica Seleção 2014 Prova Clínica Médica Expectativa de Respostas. Caso Clínico 1 (2 pontos)

Defeito da MCAD. Caso Clínico. Caso Clínico. Caso Clínico. Antecedentes Pessoais. História da doença: Unidade de Doenças Metabólicas

[PARVOVIROSE CANINA]

Gestos que Salvam Vidas..

DROGAS DE ABUSO. Profa. Dra. Eline Matheus

Que tipos de Diabetes existem?

Trabalhadores designados pelas empresas (microempresas e PME S).

Leia estas instruções:

TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO E HIPERTENSÃO INTRACRANIANA

Actualizado em * Definição de caso, de contacto próximo e de grupos de risco para complicações

Manutenção do Potencial Doador. Dra. Viviane Cordeiro Veiga

COMA. Recuperação da Consciência. Morte Encefálica

Interpretação da Gasometria Arterial. Dra Isabel Cristina Machado Carvalho

ESTUDO DIRIGIDO - PNEUMONIA

21/6/2011.

Do nascimento até 28 dias de vida.

A pneumonia é uma doença inflamatória do pulmão que afecta os alvéolos pulmonares (sacos de ar) que são preenchidos por líquido resultante da

b) indique os exames necessários para confirmar o diagnóstico e avaliar o grau de comprometimento da doença. (8,0 pontos)

Vamos abordar. 1º- Situação do dengue nas Américas 2º- Desafios para a atenção médica 3º- Curso clínico de dengue

Insuficiência respiratória aguda. Prof. Claudia Witzel

Pós operatório em Transplantes

ALTERAÇÕES A INCLUIR NAS SECÇÕES RELEVANTES DO RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DOS MEDICAMENTOS QUE CONTENHAM NIMESULIDA (FORMULAÇÕES SISTÉMICAS)

Recebimento de pacientes na SRPA

CLASSIFICAÇÃO DAS CEFALEIAS (IHS 2004)

Coisas que deve saber sobre a pré-eclâmpsia

Índice EQUILIUBRIO HIDROELECTOLITICO E ÁCIDO BASE. Unidade I Princípios Básicos, 2. 1 Revisão do Equilíbrio Hidroelectrolítico, 3

Cetoacidose Diabética. Prof. Gilberto Perez Cardoso Titular de Medicina Interna UFF

Abordagem Diagnóstica e Terapêutica da Diabete Melito Não Complicada em Cães

O QUE SABE SOBRE A DIABETES?

OBESIDADE" MANUELBAPTISTAFOISUBMETIDOAOPERAÇÃO PARA COLOCAR BANDA GÁSTRICAQUECORREU MAL. Autarca. fica com. sequelas

Cursos de Primeiros Socorros Inscrições Particulares

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA E EDEMA AGUDO DE PULMÃO. Prof. Dr. José Carlos Jucá Pompeu Filho Cardiologista- Ecocardiografista

Componente Curricular: Enfermagem Médica Profª Mônica I. Wingert Módulo III Turma 301E Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP)

TRIAGEM PEDIÁTRICA O QUE APRENDEMOS?

Estado- Titular da autorização de Nome do medicamento introdução no mercado. Postfach Ludwigshafen DE Germany.

fundação portuguesa de cardiologia Nº. 12 Dr. João Albuquerque e Castro REVISÃO CIENTÍFICA: [CIRURGIA VASCULAR DO CENTRO HOSPITALAR LISBOA CENTRAL]

CETOACIDOSE DIABÉTICA (CAD)

PROGRAMA DE FORMAÇÃO COMPLEMENTAR NO ENSINO DE GRADUAÇÃO FUNDAMENTOS DE TOXICOLOGIA PARA A PRÁTICA CLÍNICA

Hipertensão arterial. Casos clínicos. A. Galvão-Teles 22º CURSO NEDO PÓS-GRADUADO DE ENDOCRINOLOGIA ENDOCRINOLOGIA EM CASOS CLÍNICOS

Notas de Enfermagem. Elaborado por: Ana Santos

Dúvidas do dia-a-dia em casos do mundo real. Arritmia. Raquel Landeiro Dra. Teresa Vale USF Vale do Sorraia- Coruche

Hipert r en e são ã A rteri r a i l

azul NOVEMBRO azul Saúde também é coisa de homem. Doenças Cardiovasculares (DCV)

HIPÓTESES: PERITONITE BACTERIANA ESPONTÂNEA EM CIRRÓTICO DESCOMPENSADO ENTEROINFECÇÃO (GASTROENTEROCOLITE)

Otite média aguda em crianças Resumo de diretriz NHG M09 (segunda revisão, fevereiro 2013)

Actualizado em * Doentes com Diabetes mellitus 1

Dimensão Segurança do Doente. Check-list Procedimentos de Segurança

Diabetes Tipo 1 e Cirurgia em Idade Pediátrica

PROGRAMA DE PREVENÇÃO NA EMPRESA: DA IMPLANTAÇÃO À TESTAGEM TOXICOLÓGICA

PROTOCOLO DE REGULAÇÃO DE UTI

Check-list Procedimentos de Segurança

QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO INICIAL - HOMEM VIH POSITIVO

Prof. Dr. José O Medina Pestana. Hospital do Rim e Hipertensão Disciplina de Nefrologia, Universidade Federal de São Paulo

Resposta: Dilatação dos brônquios na tomografia (bronquiectasia) e nível hidro-aéreo na radiografia do tórax (abscesso).

TERAPÊUTICA ANTIBIÓTICA EMPÍRICA DA FEBRE NEUTROPÉNICA

ANEXO 2: Exemplos de questões e percentual de erro dos participantes

Clínica Médica de Pequenos Animais

Sistema tampão. Um sistema tampão é constituído por um ácido fraco e sua base conjugada HA A - + H +

VERIFICAÇÃO DE SINAIS VITAIS

Aspectos Clínicos da Hemobartolenose Felina

DENGUE NA GRAVIDEZ OBSTETRÍCIA

PARADA CARDIO-RESPIRATÓRIA EM RECÉM-NASCIDO

DIABETES MELLITUS. Prof. Claudia Witzel

Cefaleia crónica diária

PROTOCOLO DE ABORDAGEM E TRATAMENTO DA SEPSE GRAVE E CHOQUE SÉPTICO DAS UNIDADES DE PRONTO ATENDIMENTO (UPA)/ ISGH

6/1/2014 DEFINIÇÃO CHOQUE CARDIOGÊNICO. Perfusão sanguínea

Guia para o tratamento com Lucentis (ranibizumab) Para a perda de visão devida a Edema Macular Diabético (EMD) Informação importante para o doente

TREINAMENTO CLÍNICO EM MANEJO DA DENGUE Vigilância Epidemiológica Secretaria Municipal de Saúde Volta Redonda

Emergência e urgência nos atendimentos (aula 2)

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO EM URGÊNCIAS SANTA CATARINA

2009/2010 CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM DE ANESTESIA

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

Cadeira de Pediatria II 18 de Dezembro de 2009

INTEGRANDO CONCEITOS À PRÁTICA DIÁRIA NA CONDUTA AO PACIENTE COM DENGUE

03/07/2012 PNEUMONIA POR INFLUENZA: PREVENÇÃO, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO, ONDE ESTAMOS? Encontro Nacional de Infecções Respiratórias e Tuberculose

Indicações e Cuidados Transfusionais com o Paciente Idoso

Serviço de Endocrinologia Serviço de Urgência. Tratamento da Hiperglicemia no Serviço de Urgência

GESTOS QUE SALVAM Departamento de Formação em Emergência Médica janeiro de 2014

CRANEOENCEFÁLICO TRAUMA TISMO MONOGRAFIAS ESCALA DE COMA DE GLASGOW 1 ABERTURA DOS OLHOS 2 RESPOSTA VERBAL 3 RESPOSTA MOTORA

MINISTÉRIOS DA JUSTIÇA E DA SAÚDE

Circular Normativa. Assunto: A Dor como 5º sinal vital. Registo sistemático da intensidade da Dor

VACINE-SE A PARTIR DE 1 DE OUTUBRO CONSULTE O SEU MÉDICO

hidratação ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DAS BEBIDAS REFRESCANTES NÃO ALCOÓLICAS

Sistema de Hemovigilância no Hospital São Vicente de Paulo 1

Transcrição:

Faculdade de Medicina de Lisboa Medicina Legal e Ciências Forenses PREENCHIMENTO DO BOLETIM DE INFORMAÇÃO CLÍNICA E/OU CIRCUNSTANCIAL A R T. 5 1 º D O D L 11 / 9 8 - E M Ó B I T O S V E R I F I C A D O S E M M E I O H O S P I TA L A R A n a B a p t i s t a, A n a C a r d o s o, F i l i p a M a r t i n s

Art.51º do Decreto-Lei. 11/98 Instituições públicas ou privadas com internamento Director Autoridade judiciária competente Morte violenta ou de causa ignorada Comunicar o facto. Remeter toda a informação clínica Averiguação da causa e das circunstâncias da morte.

Morte violenta Homicídio Agentes mecânicos Agentes físicos Agentes químicos Agentes tóxicos Suicídio Ignorar Acidentes

Morte de causa desconhecida/ignorada X Causa de morte natural? Morte violenta?

Óbitos em meio hospitalar lei nº 45/2004 Ministério Público Director da instituição de saúde Preservar vestígios que importa examinar Preencher o boletim de informação clínica e/ou circunstancial Comunicar à autoridade judiciária Ordenação ou dispensa da autópsia Assegurar a permanência do corpo em local apropriado

Dispensada... Autópsia médico-legal Elementos e informações clínicas permitem concluir, com segurança, pela inexistência de suspeita de crime Quando a sua realização pressupõe o contacto com factores de risco susceptíveis de comprometer condições de salubridade ou afectar a saúde pública Médico certifica o óbito

Caso Clínico 1 A.S.G., 13 anos, sexo feminino, estudante Encontrava-se num carro, estacionado, em local público quando foi atingida, por engenho pirotécnico (fogo-de-artifício), na região temporal Transportada para o hospital Na admissão: Inconsciente Foi realizada entubação endotraqueal Transferida para hospital central Glasgow 4 Pupilas isocóricas e reactivas Sinais vitais normais TC-CE

Caso Clínico 1 TC-CE 2 horas depois Corpo estranho (13 x 2.7 x 2.5 cm): região antero-superior da mastóide direita, lobo temporal direito e gânglios da base, osso parietal esquerdo Hemorragia cerebral Craniotomia (remoção do corpo estranho) No pós-operatório desenvolve: febre elevada, poliúria, hipernatrémia grave Diabetes Insípidus Morte Cerebral Sem melhoria do quadro clínico Reposição hidro-electrolítica Desmopressina Antibióticos Anti-convulsivantes

Caso Clínico 1 I Identificação do Indivíduo Hospital de Santa Maria CHLN Andreia Santos Gouveia 29 10 97 F Solteira Barreiro Estudante

Caso Clínico 1 II Informação Circunstancial Doente transferida para o Hospital de Santa Maria, vinda do Hospital do Barreiro, onde tinha dado entrada por acidente com engenho pirotécnico em local público, no qual a vítima se encontrava, dentro de um carro, quando foi atingida na região temporal direita pelo engenho.

Caso Clínico 1 III Informação Clínica Hospital do Barreiro 14 02 10 14 02 10 23h x 17 02 10 7h Doente com lesão perfurante na região temporal direita, ventilada, Glasgow 4, Pupilas isocóricas e reactivas, Pressão arterial=110/71mmhg, Pulso=68ppm, apirética Unidade de Cuidados Intensivos Depois de submetida a craniotomia desenvolveu quadro de diabetes insípidus. Apesar da terapêutica instituída não houve melhoria do quadro clínico, tendo a situação culminado em morte cerebral. Na + =156 meq/l ; Tomografia computorizada crânio-encefálica mostrava corpo estranho (13x2.7x2.5cm) desde a região antero-superior da mastóide direita, até ao osso parietal esquerdo com hemorragia cerebral no seu trajecto. Lesão cranio-encefálica perfurante com engenho pirotécnico com necessidade de craniotomia complicada com Diabetes insípidus e morte cerebral. Entubação endotraqueal, craniotomia com remoção de corpo estranho, desmopressina, antibióticos e anti-convulsivantes.

Caso Clínico 1 IV Outros elementos Sangue Engenho pirotécnico com 13 x 2.7 x 2.5 cm retirado por craniotomia.

Caso Clínico 2 J.C., sexo masculino, 18 meses de idade. Recorre ao SU por astenia e anorexia com 24h de evolução e história de infecção respiratória alta com febre na semana anterior. Apirético há 48h.

Caso Clínico 2 À entrada e durante as primeiras horas após a admissão EO - prostrado - bem nutrido e hidratado - boa perfusão periférica - pulso rítmico - sem sopros - FC normal

Caso Clínico 2 Durante a observação vomitou. Fluidoterapia EV + Análises sanguíneas + Gasimetria - acidose metabólica (ph = 7,16) - bicarbonato 16,7 mmol/l - excesso de bases: -12 - leucocitose (24.000 céls/mm 3-50% linfócitos, 8% monócitos) - PCR 32 mg/l - Ionograma N - Hiperglicémia (224 mg/dl) - Creatinina 1,1 mg/dl

Caso Clínico 2 Suspeita de Diabetes

Caso Clínico 2 Minutos depois - Taquipneia (FR 46 cpm) - PA 52/34 mmhg (PAM 40mmHg) - FC 147 bpm - SatO 2-97% (O 2 ambiental) - Cianose peroral - Hipertonia generalizada - Revulsão ocular Paragem cardiorespiratória súbita, sem resposta a manobras de RCP!!! Deterioração gradual do estado geral

Caso Clínico 2 Após a morte. - Cetonúria X - Tóxicos na urina - Lactato (11,4mmol/l) - AST (339U/l) - ALT N - Amónia N X Diabetes Autópsia Medico-legal Causa da morte?

Caso Clínico 2 I Identificação do Indivíduo Hospital de Santa Maria CHLN Afonso Gomes Lopes 12 11 2007 Masculino Solteiro Setúbal

Caso Clínico 2 II Informação Circunstancial Doente trazido pelos pais ao Serviço de Urgência por astenia e anorexia com 24h de duração e história de infecção respiratória com febre elevada na semana anterior, estando apirético há 48h.

Caso Clínico 2 III Informação Clínica 13 07 09 19h 13 07 09 23h Doente prostrado, sem outras alterações ao exame objectivo. x Serviço de Urgência do Hospital de Santa Maria. Deterioração gradual do estado geral, que culminou em paragem cardiorespiratória irreversível com as manobras de Ressuscitação Cardio-Pulmonar avançada. Análises laboratoriais (leucocitose, proteína C reactiva 32 mg/l, glicémia 224 mg/dl, creatininémia 1,1 mg/dl, bicarbonato 16,7 mmol/l, acidose metabólica (ph=7,16), lactato, AST). Desconhecido Manobras de Ressuscitação Cardio-Pulmonar avançada.

Caso Clínico 2 IV Outros elementos Sangue, Urina Sem vestígios recolhidos.

Caso Clínico 3 J.M.S., 29 anos, sexo masculino, contabilista Início súbito de vómitos, diarreia e dor abdominal Pais encontraram embalagem de metformina vazia Antecedentes de psicose e depressão com tentativa de suicídio anterior por ingestão de fármacos Não realizava qualquer medicação no momento Hábitos alcoólicos Sem outros hábitos toxifílicos

Caso Clínico 3 À admissão: vómitos, diarreia e dor abdominal consciente, confuso e agitado Glasgow 14 pupilas isocóricas e reactivas a 4mm mucosas secas pressão arterial=129/59mmhg, Pulso=113ppm temperatura rectal=35,2c frequência respiratória 28cpm glicémia capilar 110mg/dL, Hidratação EV

Caso Clínico 3 Análises laboratoriais - entrada Acidose láctica Alcoolémia 214mg/dL Análise urina negativa para opiáceos, cocaína, fenciclidina, anfetaminas, propoxifeno, benzodiazepinas, barbitúricos e MDMA. Bicarbonato de sódio Análises laboratoriais - seriadas Agravamento acidose láctica

Caso Clínico 3 Episódios de taquicárdia ventricular paroxística Pressão arterial 72/44mmHg Dopamina Estabilização da PA

Caso clínico 3 CID 4 unidades de plasma fresco congelado Início de hemodiálise 12 horas Análises laboratoriais - 14 horas Persistência acidose láctica Paragem cardio-repiratória -19 horas Suporte avançado de vida Morte

Caso Clínico 3 I Identificação do Indivíduo Hospital de Santa Maria CHLN João Mendes Silva 25 03 80 M Solteiro Lisboa Contabilista

Caso Clínico 3 II Informação Circunstancial Admitido no Serviço de Urgência, trazido pelo INEM, por provável intoxicação por metformina, tendo sido encontrada, pelos pais, no domicílio, uma caixa de 100 comprimidos de850mg vazia.

Caso Clínico 3 III Informação Clínica 29 04 09 6:30h 30 04 09 1:ooh Doente com vómitos, diarreia e dor abdominal, consciente, confuso e agitado, Glasgow 14, pupilas isocóricas e reactivas a 4mm, mucosas secas; Pressão arterial=129/59mmhg, Pulso=113ppm, Temperatura rectal=35,2c, Frequência respiratória 28cpm. Unidade de Cuidados Intensivos Doente em acidose láctica que não reverteu apesar de instituição terapêutica, com desenvolvimento de coagulação intravascular disseminada, depressão da função miocárdica, episódios de taquicardia ventricular paroxística, com paragem cardio-respiratória 19 horas depois da admissão que não respondeu às manobras de reanimação. À admissão: glicémia 110mg/dL, bicarbonato 9 meq/l, lactato 11,1 mmol/l, ph7.10, etanol: 214mg/dL. Exame toxicológico urina: negativo para opioides, cocaína, fenciclidina, anfetaminas, propoxifeno, benzodiazepinas, barbitúricos e metilenodioximetanfetamina (MDMA). História de psicose e depressão, com uma tentativa de suicídio anterior por ingestão de fármacos. Não realizava qualquer medicação no momento. Hábitos alcoólicos diários. Sem história de diabetes. Acidose láctica por intoxicação por metformina. x Bicarbonato de sódio, dopamina, transfusão de 4 unidades de plasma fresco congelado, hemodiálise e manobras de suporte avançado de vida.

Caso Clínico 3 IV Outros elementos Sangue, urina, vómito. Embalagem de comprimidos de metformina vazia (caixa de 100 comprimidos de 850mg).