5ª Jornada Científica e Tecnológica e 2º Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS 06 a 09 de novembro de 2013, Inconfidentes/MG

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Transcrição:

5ª Jornada Científica e Tecnológica e 2º Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS 06 a 09 de novembro de 2013, Inconfidentes/MG RELATO DE EXPERIÊNCIA DA CONSTRUÇÃO COLETIVA DE UMA CARTILHA EDUCATIVA DE PRÁTICAS AGROECOLÓGICAS COM CRIANÇAS E JOVENS DO MST Patrick C. VILELA 1 ; Maria Aparecida R. CANGUSSU 2 ; Udo Luiz C. OROZIMBO 3 ; Willian Luz ALVARENGA 4 RESUMO O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS Câmpus Machado) através do NEAPO (Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica) e o Movimento dos trabalhadores sem Terra no Sul de Minas Gerais, realizaram um projeto de extensão coletivo que gerou uma cartilha com conhecimentos científicos e experiências vividas pelo MST com conceitos e práticas agroecológicas que está sendo impressa e será distribuída nos assentamentos e acampamentos. INTRODUÇÃO Produzir de forma sustentável é um assunto que muito tem sido comentado e discutido atualmente. Sistemas de produção manejados de acordo com os princípios da ciência da Agroecologia é uma realidade podendo ser constatados altas produtividades por área, estabilidade ambiental, conservação da biodiversidade, conservação do solo e água, além de promover uma maior valorização da agricultura familiar, garantindo trabalho e renda (MONTEIRO, 2012). Em áreas de assentamentos e acampamentos rurais esta técnica tem sido estimulada justamente por atender aos anseios dos pequenos produtores e se adequar à realidade dos mesmos. No entanto, capacitar e orientar os assentados e acampados sobre as diferentes técnicas agroecológicas é uma necessidade. Porém, 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Câmpus Machado. Machado/MG, email: patricktecagro@hotmail.com; 2 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Câmpus Machado. Machado/MG, email: mariamarc2006@yahoo.com.br 3 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Câmpus Machado. Machado/MG, email: mariamarc2006@yahoo.com.br. 4 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Câmpus Machado. Machado/MG, email: mariamarc2006@yahoo.com.br.

a introdução de novos conceitos pode ser dificultada em função das experiências que muitos já desenvolveram e ao mesmo tempo muitos destes saberes acumulados precisam ser valorizados. Os movimentos sociais no campo lutam pela dignidade e humanização das crianças, jovens, mulheres, homens do campo, pela humanização do trabalho, das estruturas e relações sociais. Neste sentido, acredita-se que iniciar a construção de conhecimentos sobre a valorização da natureza e o seu uso de forma correta e sustentável a partir de crianças e jovens poderá ter um maior efeito no cotidiano dos assentamentos e acampamentos rurais. O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS Campus Machado), vem construindo algumas atividades em Agroecologia e Educação com o Movimento dos trabalhadores sem Terra (MST) no sul de Minas Gerais. A partir destas experiências, tem-se como objetivo a construção de uma cartilha para crianças e jovens, a partir da participação efetiva dos mesmos, onde serão abordados conceitos e técnicas agroecológicas. É de fundamental importância que crianças e jovens que vivem nos assentamentos e acampamentos rurais se sintam sujeitos essenciais no processo de construção desta cartilha, uma vez que a mesma tratará de suas realidades, além de que estas crianças e jovens trazem consigo toda a base necessária para fundamentar esta construção a qual será elaborada de forma participativa, enfocando a realidade campesina e abordando o cotidiano vivenciado nessas localidades METODOLOGIA Descrição da área de estudo No sul do estado de Minas Gerais, os Projetos de Assentamento Primeiro do Sul e Santo Dias são as únicas áreas disponibilizadas, até o momento, para reforma agrária. Estes assentamentos estão localizados nos município de Campo de Meio e Guapé, respectivamente. Nos dois grupos vivem aproximadamente 139 crianças e jovens na faixa etária de 4 a 14 anos. Poucos deles nasceram no assentamento e no movimento do MST. Outra característica é que (falar da produção convencional e orgânica aqui) onde a predominância de agricultura convencional com uso de agrotóxicos o que tem sido uma preocupação do MST que pretende fazer a transição para práticas orgânicas e agroecológicas. Na construção da cartilha houve a participação efetiva de 139 crianças e jovens, líderes do MST,

professores e alunos do Câmpus Machado além do ilustrador aluno da UFLA. Para a coleta de dados foram realizados grupos focais, observação participante, fotografias, depoimentos e pesquisa bibliográfica. Desenvolvimento Segundo as diretrizes do Plano Nacional de Extensão, um projeto pode ser expresso em quatro eixos: impacto e transformação; interação dialogada; interdisciplinaridade; e indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão. O presente projeto contemplou a indissociabilidade ensino- pesquisa-extensão e propôs uma relação dialogada entre a academia e a sociedade, o que possibilitou a sistematização da interação entre os saberes populares e acadêmicos. Essa relação se constitui na superação da hegemonia da academia e na construção de uma via de mão dupla que cimenta uma aliança com os movimentos sociais, buscando soluções compartilhadas e a superação das desigualdades. Assim, esse projeto de extensão visou articular de forma dialogada os conhecimentos científicos adquiridos no Campus Machado com os conhecimentos adquiridos pelos assentados e acampados do MST ao longo da história da luta pela terra no Brasil, buscando assim, consistência teórica e operacional entre o Campus e o MST. Para articular o ensino-pesquisa - extensão a metodologia utilizada foi a pesquisa participante e a pesquisa ação que teve como produto do projeto a construção de uma cartilha sobre o tema agroecologia que está sendo impressa e será utilizada pelas crianças e jovens do MST no Sul de Minas Gerais e em escolas da região. No desenvolvimento do projeto foram seguida as seguintes etapas: 1ª etapa Nesta etapa, os integrantes do projeto foram capacitados com a metodologia de educação popular descritas por Freire (2002;1997;1993;1993a;1988), Brandão (1988) e Gramsci (2000). Receberam também informações dos Coordenadores Regionais do MST sobre a visão de homem e de mundo do Movimento dos Sem Terra. O objetivo desta etapa foi prepará-los para o envolvimento com os assentados e acampados do MST da realidade vivenciada por eles 2ª etapa Para a construção da cartilha foi trabalhada a concepção interacionista de linguagem. A perspectiva Interacionista da linguagem, de modo diferente,

compreende que a linguagem funciona não somente como instrumento de comunicação, mas também como instrumento de interação social (BAKHTIN, 2000). Nesse enfoque, a linguagem ganha um valor excepcional, passa a ser entendida como um veículo que possibilita outras práticas sociais. Assim foi realizado nesta segunda etapa um diagnóstico das visões das crianças e jovens do MST sobre os conceitos que fundamentam a agroecologia (GLIESSMAN, 2000; CAPORAL, 2009; PRIMAVESI, 2002). Foram desenvolvidas oficinas de atividades lúdicas de expressão oral, escrita e corporal com o objetivo de coletar os conceitos prévios que as crianças e jovens têm sobre o assunto a ser desenvolvido. Para a coleta de dados além da oficina e da observação, foi utilizada também uma entrevista coletiva com pequenos grupos com faixas etárias semelhantes. Todo o processo de construção da cartilha teve como fundamento as concepções de aprendizagem de Brandão (1988), Bakhtin (2000), Vigotski (2011), Gramsci (2000) e Freire (2002;1997;1993;1993a;1988). Partem da ideia de que as crianças e jovens quando chegam à escola, já são portadores de uma linguagem e de conhecimentos adquiridos no meio em que vivem. Entretanto, essa linguagem precisa ser ampliada a outros contextos e outras situações de uso. 3ª etapa Leitura e interpretação do material recolhido na oficina. Parte do material produzido pelas crianças e jovens foi utilizado na ilustração da cartilha. 4ª etapa Realizou-se uma ampla pesquisa bibliográfica para fundamentar o desenvolvimento de atividades que visaram a construção dos conceitos básicos de agroecologia. Recursos como filmes, leituras, teatros, músicas e outros também foram utilizados com o mesmo objetivo. 5ª etapa Construção coletiva da cartilha, escrita, revisão, ilustração e impressão da cartilha 6ª etapa Avaliou-se o projeto e elaborou-se relato de experiência para publicação em eventos científicos que tratem sobre o tema

RESULTADOS E DISCUSSÃO Este trabalho despertou nas crianças e jovens do MST, através da construção coletiva desta cartilha, o interesse e a compreensão para a importância do respeito à natureza, da preservação do meio ambiente e da produção sustentável nos assentamentos e acampamentos, incentivando a participação destes na busca de soluções para a melhoria da qualidade de vida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARROYO, M. G.; FERNANDES, B. M. Por uma educação básica no campo. Brasília-DF: Articulação Nacional por uma Educação Básica do Campo, 1999. 45p. BAKHTIN, M. M. Estética da criação verbal. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. 414 p. BRANDÃO, C. R. O Que é Educação. 21ª Ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1988. 117p. CALDART, R. S. Educação em Movimento: formação de educadores e educadoras no MST. Petrópolis: Vozes, 1999. 180p. CAPORAL, F. R.; COSTABEBER, J. A. Agroecologia: alguns conceitos e princípios. Brasília: MDA/SAF/DATER-IICA, 2004. 24p. CENSO AGROPECUÁRIO DE 2006. Disponível em: < www.ibge.gov.br/.../agropecuaria/censoagro/2006/agropecuario.pdf >, Acesso em: 23 out. 2012. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2002. 165p.. A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam. 22 ed. São Paulo: Cortez, 1988. 80p.. Educação como prática da liberdade. 23. ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1993. 149p.. Pedagogia da esperança. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1993a. 245p.. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1997. 253p. GLIESSMAN, S. R. Agroecologia: processos ecológicos em agricultura sustentável. Porto Alegre: UFRGS, 2000. 658p. GRAMSCI, A. Cadernos do cárcere: os intelectuais, o princípio educativo, jornalismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, v.2, 2000. 334p. MONTEIRO, D. Agriculturas sem venenos: a Agroecologia aponta o caminho. In: Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida: Caderno de Formação n.2, Curitiba: p. 80-86. 2012.

NASCIMENTO, C. G. Educação, Cidadania e Políticas Sociais: a luta pela Educação Básica do Campo em Goiás. Universidade Estadual de Goiás. Disponível em <HTTP://www.geocities.ws/claugnas/educacaocidadania.pdf > Acesso em: 12 de jul. 2012. NETTO, T.A.; HILLIG, C.; GUEDES, A.C.; SILVA, M. M. da; AZEVEDO, L. F. de; SCARTON, L.P. Uma perspectiva de transformação social: educação do campo aliada a agroecologia. In: Congresso Brasileiro de Agroecologia, n.7., 2011, Fortaleza. v.6, n.2, 2011. PORTUGAL, A.D. O desafio da agricultura familiar. Agroanalysis, Rio de Janeiro, v.22, n.3, p. 23-24, mar.2002. PRIMAVESI, A. Manejo Ecológico do Solo. 3 ed. São Paulo: Nobel, 2002. 549p. STEVE & BENNETT, R. 365 atividades infantis sem TV. São Paulo: Madras, 2006. 365p. VIGOSTKI, L.S. Construção do Pensamento e da Linguagem. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011. 520p