fls. 1 TERMO DE CONCLUSÃO Aos 02 de julho de 2012, eu, conclusos ao MM. Juiz de Direito Dr. Kenichi Koyama., escrevente técnico, faço estes autos SENTENÇA Processo nº: 0002225-14.2012.8.26.0053 Classe - Assunto Mandado de Segurança - Organização Político-administrativa / Administração Pública Impetrante: Sindicato da Indústria da Energia do Estado de São Paulo- SINDI ENERGIA Impetrado: Coordenador da Administração Tributária da Secretaria da FAzenda do Estado de São Paulo Juiz(a) de Direito: Dr(a). Kenichi Koyama VISTOS. Cuida-se de mandado de segurança coletivo, com pedido de liminar, impetrado por SINDICATO DA INDÚSTRIA DA ENERGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO- SINDI ENERGIA, parte qualificada na inicial em face de suposto ato coator do COORDENADOR DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA DA SECRETARIA DA FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO, sustentando ser abusiva e ilegal, Portaria da Fazenda do Estado, que determina que o pagamento do ICMS, reestabelecido após cessação dos efeitos de decisões judiciais de ações propostas por consumidores, bem como os juros e a multa de mora apurados durante o período de vigência das decisões, fosse de responsabilidade das distribuidoras de energia elétrica. Aduz que as concessionárias seriam pessoas estranhas às contendas judiciais geradas e por esse motivo, não deram razão aos inadimplementos e mora quanto ao recolhimento de ICMS. Em face disso se pede que a autoridade coatora se abstenha de exigir das associadas da impetrante o pagamento do ICMS e dos seus respectivos encargos moratórios decorrentes do não recolhimento por cumprimento das citadas decisões judiciais. Foi indeferida a liminar. Contra esta decisão foi interposto agravo de instrumento, o qual, em antecipação de tutela recursal, deferiu o pedido. Notificada, a impetrada apresentou informações. Alegou, preliminarmente, a Processo 0002225-14.2012.8.26.0053 - lauda 1
fls. 2 impossibilidade jurídica do pedido e inadequação da via eleita e sustentou a inviabilidade da concessão de segurança normativa. No mérito, aduziu que a portaria citada pelo impetrante apenas determina como deve ser discriminada a cobrança de ICMS, cabendo às concessionárias repassar o encargo econômico aos consumidores que propuseram as ações judiciais acerca do valor do imposto ou da operação de energia elétrica. Requereu ao final fosse denegada a segurança. O MINISTÉRIO PÚBLICO optou por não se manifestar sobre o feito. Relatados. FUNDAMENTO e DECIDO. Inicialmente situo o tema. Vale lembrar que o mandado de segurança é criação do direito nacional, sem paralelo no direito comparado, ainda que se assemelhe ao juicio de amparo do direito mexicano aos writs do direito anglo-americano. Entre nós,'mandado de segurança é o meio constitucional posto à disposição de toda pessoa física ou jurídica, órgão com capacidade processual, ou universalidade reconhecida por lei, para a proteção de direito individual ou coletivo, líquido e certo, não amparado por hábeas corpus ou hábeas data, lesão ou ameaçado de lesão,poratodeautoridade,sejadequecategoriaforesejamquaisforemasfunçõesqueexerça (CF, art. 5º, LXIX e LXX; Lei n. 1.533/61, art. 1º) 1. GREGÓRIO ALMEIDA classifica o mandado de segurança como tutela jurisdicional diferenciada em procedimento sumaríssimo especial de tutela de urgência com técnica de cognição judicial verticalmente exauriente secundum eventum probationis 2. Em que pese a inegável abrangência, notadamente porque se cuida de writ constitucional residual, não se permite interpretação tão ampla que destoe das finalidades precípuas gestadas sob a concepção do mandado de segurança. Cuida-se de mandado de segurança que discute o pagamento de ICMS. O ICMS é um imposto que incide sobre operações de energia elétrica, em razão disso, gerou diversas discussões entre os consumidores em face do Estado quanto à sua incidência. A portaria CAT nº 187 que passou a produzir efeitos a partir de 1º de janeiro de 2012, visou disciplinar tal situação, assim, estabeleceu que as distribuidoras de energia seriam 1 MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de Segurança, Ação Popular, Ação Civil Pública, Mandado de Injunção, Hábeas Data, Ação direta de inconstitucionalidade, Ação declaratória de constitucionalidade e Argüição de descumprimento de preceito fundamental. Editora Malheiros. 25ª ed. atual. e compl. Por Arnoldo Wald e Gilmar Ferreira Mendes com colaboração de Rodrigo Garcia da Fonseca. 2003. f. 21/22. 2 ALMEIDA, Gregório Assagra de. Manual de Ações Constitucionais. Editora Del Rey. Belo Horizonte. 2007. f. 431. Processo 0002225-14.2012.8.26.0053 - lauda 2
fls. 3 responsáveis pelo pagamento do ICMS e seus encargos moratórios, em razão da cessação dos efeitos de decisão judicial concedida em favor dos consumidores pois iniciou-se um questionamento sobre a imputação do pagamento do ICMS ou de sua base de cálculo. Verifica-se que a concessionária é responsável apenas pela retenção e recolhimento do tributo, não participando da relação de incidência do mesmo, sendo assim, não participa diretamente da relação entre os consumidores de energia e a Fazenda Estadual. Tendo em vista que a concessionária por ordem judicial viu-se restringida ao recolhimento do mesmo por seu consumidor final, pois constata-se que as demandas que discutiam a incidência eram integradas pelo Estado e o consumidor, já que a concessionária não era parte legítima para atuar na demanda. Sendo assim, não pode ser também imputado às distribuidoras de energia do Estado de São Paulo o pagamento do tributo durante o período em que esteve em vigor a ordem judicial, ou seja as concessionárias não podem ser responsabilizadas por algo que seja decorrente de uma relação processual da qual não participou. Dessa forma, no período em que esteve em vigor as decisões judiciais em favor dos consumidores nas ações que discutiam a incidência do ICMS sobre as operações de energia ou aspectos na base de cálculo do ICMS, não é responsável a impetrante pelo pagamento do ICMS pois não era integrante da relação processual que originou tais decisões. Isso posto, CONCEDO A SEGURANÇA para que se abstenha a Impetrada da exigência do pagamento do ICMS e dos seus respectivos encargos moratórios, além de possíveis obrigações acessórias, decorrentes da cessação dos efeitos das decisões judiciais em que se questiona a incidência do ICMS sobre as operações de energia ou aspectos na base de cálculo do ICMS nestas operações. Oficie-se-lhe. Custas e despesas na forma da Lei. Descabida a condenação em honorários advocatícios em face do art. 25 da Lei nº 12.016, de 07 de agosto de 2009. Haverá reexame necessário. Processo 0002225-14.2012.8.26.0053 - lauda 3
fls. 4 P.R.I.C. São Paulo, 02 de julho de 2012. Kenichi Koyama Juiz(a) de Direito DocumentoAssinadoDigitalmente 3 3 3 O presente é assinado digitalmente pelo MM. Juiz de Direito, Dr. Kenichi Koyama, nos termos do artigo 1º, 2º, inciso III, alínea "a", da Lei Federal nº 11.419, de 19 de dezembro de 2006. Processo 0002225-14.2012.8.26.0053 - lauda 4
fls. 5 OFÍCIO Processo n : Impetrante: Impetrado: 0002225-14.2012.8.26.0053 - PROC Sindicato da Indústria da Energia do Estado de São Paulo- SINDI ENERGIA Coordenador da Administração Tributária da Secretaria da FAzenda do Estado de São Paulo (FAVOR MENCIONAR ESTAS REFERÊNCIAS NA RESPOSTA) O(A) MM. Juiz(a) de Direito da 13ª Vara de Fazenda Pública do Foro Central - Fazenda Pública/Acidentes, Dr(a). Kenichi Koyama, pelo presente, transmite ao conhecimento de Vossa Senhoria, para as providências cabíveis, o teor da sentença proferida nos autos do Mandado de Segurança em epígrafe, conforme cópia que segue anexa. Atenciosamente, São Paulo, 02 de julho de 2012. Kenichi Koyama Juiz(a) de Direito Documento Assinado Digitalmente Ao(À) Ilmo(a). Sr(a). Coordenador da Administração Tributária da Secretaria da FAzenda do Estado de São Paulo Av. rangel Pestana, 300 Processo 0002225-14.2012.8.26.0053 - lauda 5
fls. 6 EXPEDIDOR: VIADUTO DONA PAULINA, 80, São Paulo SP - CEP 01501-020 REMETE: Ofício de comunicação de sentença prolatada no Mandado de Segurança de nº 0002225-14.2012.8.26.0053 (Art. 13 da Lei nº 12.016/09) DESTINATÁRIO: Coordenador da Administração Tributária da Secretaria da FAzenda do Estado de São Paulo Av. rangel Pestana, 300 RECEBIMENTO: / / ASSINATURA OU CARIMBO Processo 0002225-14.2012.8.26.0053 - lauda 6