CUE1 - PRÁTICAS DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO APLICADAS PELAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS: UMA ANÁLISE A PARTIR DA TEORIA DOS JOGOS

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Transcrição:

CUE1 - PRÁTICAS DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO APLICADAS PELAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS: UMA ANÁLISE A PARTIR DA TEORIA DOS JOGOS Autoria ROGIENE BATISTA DOS SANTOS UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ( RIBEIRÃO PRETO ) Resumo RESUMO Propósito - O objetivo do presente projeto de pesquisa é investigar se as práticas de planejamento tributário aplicadas pelas instituições financeiras podem ser modeladas a partir do enfoque da teoria dos jogos. Desenho de pesquisa / metodologia / abordagem - O Brasil possui diversas características em seu contexto tributário que impulsionam as práticas de planejamento tributário por parte das empresas. Porém, em muitas dessas pesquisas, as instituições financeiras são excluídas. Desta forma, há escassez de evidências empíricas do planejamento tributário das instituições financeiras. O ponto chave nesse projeto de pesquisa é a utilização da teoria dos jogos, uma teoria econômica, para modelar o comportamento das instituições financeiras no que tange à elisão fiscal. Serão calculadas as principais métricas de planejamento tributário. Para a coleta de dados será utilizada a base Thomson Reuters e as notas explicativas de forma a obter informações das variáveis indicadas pela literatura internacional e nacional para o período de 2008 a 2016. Resultados esperados -Espera-se com esse projeto: a) verificar se a teoria dos jogos modela o planejamento tributário; b) Identificar as práticas de planejamento tributário realizadas pelas instituições financeiras; c) Constatar as similaridades e diferenças entre as práticas de planejamento tributário das instituições financeiras brasileiras e americanas; e d) Identificar as características das instituições financeiras que fazem planejamento tributário.

Área: Contabilidade para Usuários Externos PRÁTICAS DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO APLICADAS PELAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS: UMA ANÁLISE A PARTIR DA TEORIA DOS JOGOS Doutoranda: Rogiene Batista dos Santos Orientador: Prof. Dr. Amaury José Rezende RESUMO Propósito - O objetivo do presente projeto de pesquisa é investigar se as práticas de planejamento tributário aplicadas pelas instituições financeiras podem ser modeladas a partir do enfoque da teoria dos jogos. Desenho de pesquisa / metodologia / abordagem - O Brasil possui diversas características em seu contexto tributário que impulsionam as práticas de planejamento tributário por parte das empresas. Porém, em muitas dessas pesquisas, as instituições financeiras são excluídas. Desta forma, há escassez de evidências empíricas do planejamento tributário das instituições financeiras. O ponto chave nesse projeto de pesquisa é a utilização da teoria dos jogos, uma teoria econômica, para modelar o comportamento das instituições financeiras no que tange à elisão fiscal. Serão calculadas as principais métricas de planejamento tributário. Para a coleta de dados será utilizada a base Thomson Reuters e as notas explicativas de forma a obter informações das variáveis indicadas pela literatura internacional e nacional para o período de 2008 a 2016. Resultados esperados -Espera-se com esse projeto: a) verificar se a teoria dos jogos modela o planejamento tributário; b) Identificar as práticas de planejamento tributário realizadas pelas instituições financeiras; c) Constatar as similaridades e diferenças entre as práticas de planejamento tributário das instituições financeiras brasileiras e americanas; e d) Identificar as características das instituições financeiras que fazem planejamento tributário. Implicações -Os resultados desse projeto de pesquisa contribuirão para o avanço da fronteira do conhecimento em planejamento tributário e instituições financeiras e também poderão: a) contribuir para maior compliance das instituições financeiras; b) Melhorar da política de arrecadação tributária; e c) Promover maior justiça fiscal. Originalidade / Valor -Uma das contribuições deste estudo é modelar, por meio de uma teoria econômica, as práticas de planejamento tributário das instituições financeiras. 1 INTRODUÇÃO 1.1 Situação-problema O Brasil possui diversas características peculiares, mormente com relação ao seu contexto tributário. Para Silva (2016), há três motivos principais que diferenciam o ambiente tributário brasileiro dos demais: a) carga tributária alta em relação aos demais países do mundo; b) alta complexidade na legislação e com frequentes alterações; e c) guerra fiscal entre os estados. 1

Santana (2014) se propôs a verificar se a prática de planejamento tributário agrega valor à firma, constatando que há uma relação negativa entre o planejamento tributário e o valor da firma. Em geral, as pesquisas acadêmicas desconsideram as instituições financeiras; porém, esse setor é criticamente importante para as economias nacionais e globais. Lobo (2017) assinala a importância dos bancos para o funcionamento da economia doméstica de um país, em seu papel como instituições de depósito e credores, tanto para corporações como para indivíduos. Parte-se do pressuposto que os agentes são racionais. Assim, eles buscarão maximizar a sua utilidade. As instituições financeiras também buscarão fazer isso. Porém, há um trade-off, pois existe o risco delas serem fiscalizadas e autuadas. Fiani (2006) apresenta duas principais vantagens de utilizar-se a teoria dos jogos. Primeiro, a teoria dos jogos auxilia na compreensão teórica do processo de decisão de agentes que interagem entre si, tomando como ponto de partida a lógica da situação na qual os agentes estão envolvidos. Segundo, a teoria dos jogos no desenvolvimento da capacidade de racionar estrategicamente, explorando as possibilidades de interação entre os agentes, possibilidades estas que nem sempre correspondem à intuição. A próxima subseção apresentará a questão de pesquisa deste trabalho. 1.2 Questão de pesquisa A questão central desta investigação científica é assim colocada: A teoria dos jogos modela as práticas de planejamento tributário realizadas pelas instituições financeiras? A resposta a essa questão torna-se relevante diante dos objetivos deste trabalho, apresentados a seguir. 1.3 Objetivo geral O objetivo geral desta pesquisa é modelar as práticas de planejamento tributário aplicadas pelas instituições financeiras a partir do enfoque da teoria dos jogos. 1.4 Objetivos específicos Nesta pesquisa, foram definidos os seguintes objetivos específicos: a) Identificar as práticas de planejamento tributário das instituições financeiras; b) Aplicar as métricas tradicionais de mensuração de planejamento tributário; c) Examinar as estratégias adotadas pela autoridade fiscal e como estas afetam as estratégias das instituições financeiras; d) Verificar as similaridades e diferenças entre as práticas de planejamento tributário das instituições brasileiras e das instituições financeiras americanas; e) Explorar a mensuração do nível de agressividade fiscal no planejamento tributário das instituições financeiras, por meio do volume de passivos contingentes divulgados nas notas explicativas; f) Identificar as características das instituições financeiras que fazem planejamento tributário; g) Compreender como os derivativos promovem elisão fiscal das instituições financeiras; h) Propor um modelo teórico de planejamento tributário baseado na teoria dos jogos; e i) Modelar o fenômeno do planejamento tributário por meio da teoria dos jogos 1.5 Hipóteses Sendo assim, as hipóteses desta pesquisa são: 2

H1: As métricas tradicionais de planejamento tributário mensuram as práticas de planejamento tributário das instituições financeiras. H2: As instituições financeiras brasileiras realizam práticas de planejamento tributário diferentes das instituições financeiras americanas. H3: É possível mensurar o volume de passivos contingentes divulgados nas notas explicativas. H4: As instituições financeiras utilizam os derivativos como instrumento para elidir impostos. H5: O modelo teórico, a ser proposto, modela o fenômeno planejamento tributário. 1.6 Justificativa e contribuições da pesquisa Esse projeto contribui tanto para a literatura sobre planejamento tributário das empresas quanto para a literatura emergente sobre instituições financeiras. Ele também contribui para a compreensão das razões que levam os derivativos a promoverem elisão fiscal das instituições financeiras, bem como os modos dessa ocorrência, pois, de acordo com a literatura, há indícios de que esses instrumentos financeiros são ferramentas lucrativas no planejamento tributário. Até onde pesquisamos, essa é a primeira pesquisa a tentar modelar as estratégias de elisão fiscal das instituições financeiras. Neste projeto de pesquisa, além de se buscar evidências empíricas acerca da elisão fiscal, é almejado modelar, por meio da teoria dos jogos, as estratégias de elisão fiscal. Na próxima seção, serão apresentadas as principais pesquisas acerca de planejamento tributário. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Planejamento tributário As empresas podem fazer planejamento tributário por diversos motivos, tais como: evitar, retardar ou reduzir os encargos tributários (REZENDE, 2015). Hanlon e Heitzman (2010) definem a elisão fiscal como a redução de impostos explícitos. Uma definição de agressividade tributária é encontrada em Slemrod (2004) e Slemrod e Yitzhaki (2002), a agressividade tributária abrange uma ampla gama de transações cuja principal intenção é reduzir o passivo tributário sem envolver uma resposta real da empresa e um subconjunto de atividades de elisão fiscal em geral. No Brasil, Santos et al. (2013) investigaram se a tributação efetiva sobre os lucros das firmas de capital aberto brasileiras pode ser explicada por características particulares. A seguir será apresentado como a teoria dos jogos pode explicar o planejamento tributário. 2.2 Planejamento tributário x Teoria dos jogos A utilização da teoria dos jogos se justifica porque ela modela as decisões dos agentes. No âmbito do planejamento tributário há dois principais agentes: o contribuinte e a autoridade fiscal. O contribuinte tem duas possíveis escolhas: elidir ou não elidir. Da mesma forma, a autoridade fiscal tem duas possíveis escolhas: fiscalizar ou não fiscalizar. Portanto, essa é uma situação de interação estratégica. A utilidade esperada de pagar impostos versus elidir impostos depende de três partes principais. Primeiro, há a quantidade de impostos que os contribuintes devem pagar. A decisão de pagar os impostos tem o custo direto do contribuinte não poder utilizar esse valor monetário com alguma outra escolha de consumo; esse valor monetário será chamado de quantidade. Pagar os impostos também tem um benefício indireto por 3

meio do acesso a bens públicos extras oriundos da coleta dos impostos; isso será chamado de função de gastos públicos do pagamento de impostos. Segundo, a utilidade depende da probabilidade de o contribuinte que elidiu impostos ser auditado. Por fim, outro fator importante é a punição que o contribuinte enfrentará, se for constatada a elisão de impostos. Posto isso, é possível montar um modelo simples, no qual o contribuinte irá elidir os impostos, dependendo do resultado desta equação: 1. retenção do dinheiro que deveria ser usado para pagar os impostos; 2. subtração da probabilidade de ser auditado; 3. multiplicação pela punição. Caso o resultado seja maior do que a sua utilidade em pagar os impostos, a evasão ocorrerá. U(t q. c) U(P(t)) Assim, os contribuintes podem assumir algumas estratégias. Eles podem optar por declarar uma renda honesta e pagar os impostos apropriados. Isso, porém, não elimina completamente a probabilidade de uma auditoria, mas a torna muito menos provável. Os contribuintes podem decidir não declarar receita recebida. Portanto, podem declarar menos rendimentos do que, de fato, receberam. Ao elidir impostos, existem alguns custos associados, tais como custo com contador, advogados, entre outros. Por outro lado, as autoridades fiscais também assumem algumas estratégias. Tanto o IRS (EUA) quanto a RFB (Brasil) normalmente focam em grandes contribuintes. Ou seja, os grandes contribuintes têm maior probabilidade de serem auditados. Portanto, os custos políticos para eles são maiores. Zimmermann (1983) afirma que empresas maiores têm maior visibilidade. Desta forma, estão sujeitas a maior regulamentação governamental. A próxima subseção apresentará as principais pesquisas que consideraram as instituições financeiras. 2.3 Instituições financeiras De acordo com Lobo (2017), há três principais vantagens nessa pesquisa: primeiro, o setor bancário é um bom cenário para se investigar o gerenciamento de resultados; segundo, a complexidade das operações bancárias e o alto nível de assimetria de informação aumentam a necessidade de comunicação de informações privadas e, portanto, também ampliam as oportunidades de gerenciamento de resultados; terceiro, o choque exógeno ao sistema causado pela crise financeira de 2008-2009 criou um interesse considerável na realização de pesquisas sobre o setor bancário. A próxima subseção apresentará alguns aspectos da utilização de derivativos no planejamento tributário dos bancos. 2.4 O uso de derivativos no planejamento tributário das instituições financeiras Os derivativos financeiros desempenham um papel cada vez mais comum na evasão fiscal das empresas. Donohoe (2015) afirma que os derivativos são parte integrante da economia global, estimando-se que as operações de balcão são superiores a US $ 710 trilhões e que quase dois terços das empresas não financeiras dos EUA utilizam derivativos. Raskolnikov (2011) destaca que o mecanismo de facilitação dos derivativos em relação à evasão fiscal corporativa é "amplamente oculto a públicos e reguladores ", porque as empresas raramente revelam tais detalhes, por serem relatórios financeiros. Com a adoção das IFRS, as empresas foram instadas a divulgar mais informações acerca da utilização de derivativos; porém, essa divulgação não permite maior compreensão de como esses instrumentos financeiros são utilizados para a elisão fiscal. O próximo capítulo apresentará a metodologia que será empregada no presente trabalho, visando atingir os objetivos desta pesquisa. 4

3 FONTE DE DADOS E METODOLOGIA O presente capítulo tem como finalidade apresentar o planejamento desta pesquisa e os passos a serem dados para o alcance dos objetivos estabelecidos. O software escolhido para a análise dos dados foi o Stata 14. A amostra desta investigação científica contempla todas as instituições financeiras brasileiras e americanas de capital aberto, no período de 2008 a 2016. No que se refere à base de dados, será utilizada a empresa Thomson Reuters para a coleta dos dados. Algumas informações referentes ao planejamento tributário das instituições financeiras não são disponibilizadas nessa base de dados. Dessa forma, elas serão extraídas das notas explicativas. Parte dos dados acerca do setor bancário mundial pode ser acessada por meio da base de dados Thomson Reuters. Essa base, disponibiliza dados de 12.249 instituições financeiras. O setor bancário mundial pode ser dividido em cinco grandes áreas: Américas, Ásia, Europa, África e Oceania. Perfazendo assim, 12.249 instituições financeiras que a Thomson Reuters disponibiliza dados. Esse projeto de pesquisa se propõe a analisar instituições financeiras brasileiras e americanas, perfazendo assim, um total de 2.881 instituições financeiras. Como o objetivo de explorar a mensuração do nível de agressividade fiscal no planejamento tributário das instituições financeiras também será levantado o volume de passivos contingentes nas notas explicativas. 3.1 Metodologia Cada tipo de problema de pesquisa exige determinada estratégia de pesquisa para o alcance dos objetivos da investigação científica. Assim, dado o presente problema de pesquisa, definiu-se que as estratégias de pesquisa adequadas aos propósitos desta pesquisa são: 1) Estatística descritiva; 2) Testes de hipótese paramétrico; e 3) Análise com regressão em painel. REFERÊNCIAS Donohoe, M. (2015). Financial derivatives in corporate tax avoidance: A conceptual perspective. Journal of the American Taxation Association, v. 37, p. 37-68. Fiani, R. (2015). Teoria dos jogos: Com aplicações em Economia, Administração e Ciências Sociais. 4ª edição. Campos. Hanlon, M.; Heitzman, S. (2010). A review of tax research. Journal of Accounting and Economics, v. 50, n. 2-3, p. 127-178. Lobo, G. (2017) Accounting research in banking: A review. China Journal of Accounting Research, v. 10, p. 01-07. Santos, M. A. C.; Cavalcante, P. R. N.; Rodrigues, R. N. (2013). Size firm and other determinants of the effective taxation on earnings in Brazil. Advances in Scientific and Applied Accounting, v. 6, n.2, p. 179-210. Silva, J. M. A influência do ciclo de vida organizacional sobre o nível de planejamento tributário. 2016. Tese (Doutorado em Contabilidade). Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto, São Paulo: 2016. Slemrod, J. (2004). The economics of corporate tax selfishness. National Tax Journal, v. 57, p. 877 899. Slemrod, J.; Yitzhaki, S. (2002). Tax avoidance, evasion, and administration. In: Auerbach, A., Feldstein, M. (Eds.), Handbook of Public Economics, vol. 3. Wooodridge, J. M. (2010). Econometric analysis of cross section and panel data. 2nd ed. Cambridge: Mit Press. 5