ESTUDO DO COMPORTAMENTO DO STANDARDIZED UPTAKE VALUE MÉDIO NAS LESÕES EM IMAGENS PET/CT



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Transcrição:

ESTUDO DO COMPORTAMENTO DO STANDARDIZED UPTAKE VALUE MÉDIO NAS LESÕES EM IMAGENS PET/CT M. Pastrana-Chalco*, A. F. C. Infantosi* e W.C.A. Pereira* * Programa de Engenharia Biomédica/COPPE-UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil email: mariopastranach@gmail.com Abstract: The image assessments from PET and PET/CT hybrid systems use the semi-quantitative parameter SUV, more specifically the SUV maximum value (SUV max ). On the other side the SUV mean value (SUV med ) has been neglected since there is no consensus about lesion area definition. The objective of the present study is to develop a method to segment lesions, estimate and evaluate the SUV med in PET/CT images. The segmentation is based on Mathematical Morphology and Region Growing methods. Eighteen lesions were processed and the results indicate that for most of the lesions (12) SUV max e SUV med values belong to the same image. On the other side, for 6 lesions they are in different images. This finding is original and deserves to be more explored to verify the SUV med potentiality for the diagnosis and follow up of such lesions. Keywords: Standardized Uptake Value, PET/CT, DICOM. Resumo: A avaliação das imagens PET e híbridos PET/CT e feita utilizando o parâmetro semiquantitativo SUV max. O SUV med não tem sido aceito como parâmetro de avaliação pela falta de um consenso da obtenção do dimensão da lesão. O objetivo deste estudo é desenvolver um método de segmentação, estimar e avaliar o SUV med em imagens PET/CT. O algoritmo de segmentação é baseado nos métodos de morfologia matemática e região crescente. Dezoito lesões foram processadas e em 12 delas os valores máximos do SUV max e SUV med ocorrem na mesma imagem. Por outro lado nas lesões restantes, estes valores foram encontrados em imagens diferentes. Tal achado sugere a necessidade de estudo mais detalhado para avaliar a potencialidade do SUV med no diagnóstico e acompanhamento das lesões. Introdução Investigar novos métodos de processamento de imagens médicas torna-se cada vez mais importante, não apenas para a melhoria da qualidade da imagem, mas principalmente para a extração de parâmetros que quantifiquem os achados [1]. O aumento de tratamentos clínicos para as lesões tumorais, a tendência de personalizar as terapias oncológicas e a importância do monitoramento das terapias têm motivado o desenvolvimento de novos sistemas de imagem [2][3]. Os novos sistemas, conhecidos como híbridos, vêm ganhando destaque pela sua capacidade de associar, em uma única imagem, a informação funcional com a anatômica, permitindo assim uma melhor localização e avaliação das lesões [4]. As imagens PET junto ao 2- deoxy-2-f 18 -fluoro-d-glucose ( 18 F-FDG) têm sido amplamente utilizadas na prática clínica para a avaliação de lesões tumorais por fornecer uma imagem associada ao metabolismo celular das lesões que permite assim avaliar o grau de malignidade dos tumores [5]. Visto que esta tecnologia tem pouco detalhamento anatômico, o equipamento híbrido PET/CT foi introduzido e gradualmente reconhecido como valido para avaliar as lesões tumorais desde o final dos anos 1990 [6][7][8]. O Standardized Uptake Value (SUV) é um parâmetro semiquantitivo utilizado para avaliar imagens oncológicas em PET e PET/CT [9]. Para a análise da evolução das lesões tumorais, o SUV máximo (SUV Max ) é o mais utilizado [2][10][11]. Este valor está associado à máxima atividade dentro da lesão, portanto, conhecê-lo permite avaliar a resposta aos tratamentos [2]. O SUV med (SUV médio), por sua vez, é associado à atividade média dentro da lesão. Este parâmetro não é utilizado na prática clínica, pois a imagem PET, por não ter detalhamento anatômico, impossibilita uma delimitação correta da lesão. Este trabalho estuda o comportamento dos parâmetros SUV max e SUV med nas lesões a fim de avaliar a sua possível utilização como método complementar de auxilio no diagnóstico por parte do profissional. Materiais e métodos Foi utilizado um banco de imagens de pacientes adquiridas com o equipamento PET/CT do laboratório de Radiologia do Instituto da Rede D or (IDOR). Foi solicitado ao radiologista que procurasse lesões que tivessem atividade metabólica na imagem PET, especificamente lesões com atividade pontual ou concentrada, e que na imagem CT correspondente apresentassem indícios de uma lesão morfologicamente distinguível (Figura 1). O programa de análise das imagens foi desenvolvido em plataforma Matlab (MathWorks, Natick, MA, EUA). Características das Imagens Imagens tomográficas PET/CT de 7 pacientes formam esse 1 2592

banco. Cada um dos subgrupos de imagens que corresponde a cada paciente apresenta características próprias que são utilizadas para o processamento das mesmas. A Tabela 1 exemplifica essas características para as imagens de um subgrupo. Figura 1: imagem CT com lesão distinguível (círculo azul), imagem PET correspondente com atividade metabólica. O banco de dados possui 18 lesões entre os 7 pacientes analisados com características próximas às solicitadas. Estas 18 lesões foram utilizadas nesse trabalho. Pré-processamento das imagens PET com as imagens CT As imagens PET e CT apresentam diferentes resoluções espaciais; esta característica é inerente à diferença entre as tecnologias. Assim, foi feito um redimensionamento da imagem PET, para que ambas as imagens tenham a mesma resolução. O fator multiplicador de redimensionamento foi obtido a partir da relação entre a resolução da imagem PET e CT, tanto para as linhas quanto para as colunas. A Figura 2 mostra, de forma comparativa, a imagem original e o resultado após o redimensionamento realizado sobre uma imagem PET. A imagem PET redimensionada tem maior quantidade de pixels (aproximadamente 699x699) que a imagem CT (512x512), por esse motivo precisa-se extrair daquela uma imagem que contenha a mesma quantidade de pixels que a imagem CT. Além da diferença de resoluções, ambas as imagens têm uma diferença na posição espacial, pois as coordenadas do primeiro pixel são diferentes. Para solucionar este assim como o de ter uma imagem PET maior, após o redimensionamento, foi realizado um reajuste de posição. Para esse processo, utilizaram-se as seguintes relações: # çã çã çã... (1) # çã çã çã... (2) Obtenção da Máscara de Atividade Metabólica - Para a obtenção dessa máscara foi delimitado, de forma manual, um retângulo na imagem PET que incluiu a lesão já localizada pelo radiologista (Figura 3-a), extraindo-se assim uma sub-imagem totalmente independente da imagem original (Figura 3-b). Tabela 1: Características das Imagens do Paciente 4 Características Imagem Imagem CT PET Quantidade de Cortes 586 215 Dimensão 512x512 168x168 Resolução Espacial 0,9766 mm 4,0627 mm Coordenadas Verticais do primeiro -249,5117-341,3796 pixel Coordenadas Horizontais do -383,5117-474,3271 primeiro pixel Figura 2: Imagem PET original com resolução 4,688mm, Imagem PET após ser redimensionada e com a correção da posição espacial; nova resolução de 0,977mm. Figura 3: Delimitação da lesão a ser avaliada, sub-imagem extraída que contém a lesão a ser avaliada. Após ter-se uma imagem menor que inclui a lesão a ser avaliada, esta foi binarizada, aplicando-se o método de Otsu (Figura 4). Para evitar possíveis lacunas, suavizar o contorno da imagem binarizada e aumentar o tamanho sem perder a forma, utilizou-se o operador morfológico fechamento com elemento estruturante disco de raio 4 seguido do operador morfológico fill, que preenche as lacunas que se encontram dentro de uma região fechada. 2 2593

descrito. A distância escolhida foi obtida de forma empírica após realizar análises com as diferentes imagens a serem utilizadas nesse trabalho e foi mantida constante no processo de avaliação de cada uma das imagens. A Figura 7 mostra a imagem exemplo do resultado da aplicação do método sobre uma lesão. Figura 4: Sub-imagem PET contém a lesão original, Sub-imagem PET após binarização. A imagem resultante tem dimensões diferentes às da imagem PET original, por isso, criou-se uma nova imagem com as dimensões da imagem original, fazendo com que os pixels que não pertencem à subimagem, delimitada pelo retângulo, tenham valor zero (Figura 5). Após realizar-se esse processo, a máscara de atividade metabólica encontra-se pronta para ser utilizada. Figura 6: imagem CT original, imagem resultante de aplicação da máscara de atividade metabólica sobre a mesma imagem CT. Figura 7: imagem após aplicar a máscara de atividade metabólica, resultado do region growing, a área branca contem os pixels que satisfizeram a condição. Figura 5: Máscara de atividade metabólica resultante com dimensão de 512x512 pixels. Obtenção dos Limites Morfológicos da Lesão (ROI) Uma vez obtida a máscara de atividade metabólica pronta, está é aplicada sobre a imagem CT. O resultado do processo descrito anteriormente permitirá ter, de forma isolada, a área correspondente na imagem CT da região com atividade metabólica. A Figura 6 apresenta a imagem CT antes e depois de aplicação da máscara de atividade. Observa-se que na Figura 6-b tem-se a região de interesse na imagem CT de forma isolada. Esta imagem CT resultante é a que será utilizada para obter os limites da lesão. Para tal, foi utilizado o método de segmentação region growing. O pixel inicial (seed) foi tomado como o centróide da região e a distância ou diferença máxima para considerar um pixel como vizinho próximo foi de 0,04, sendo 1 o nível de cinza de maior valor dentro da imagem e zero o de menor valor, em outras palavras, a imagem foi normalizada antes da aplicação do método Quando o método proposto não acha uma região dentro da área delimitada pela máscara de atividade, assume a área da máscara para a avaliação posterior. Depois de aplicar esse processo, tem-se uma região que é limitada pelas bordas da lesão. Para fins de observação, obtêm-se os contornos dessa lesão utilizando o método de delimitação de Sobel e sobrepõem-se as imagens CT e PET originais, como visto na Figura 8. Figura 8: imagem PET segmentada, correspondente imagem CT segmentada. 3 2594

Valores de Concentração de Atividade Máxima e Média dentro da (ROI) A região obtida no procedimento anterior foi utilizada para avaliar dois parâmetros da lesão, a concentração de atividade máxima (SUV max) e a concentração de atividade média (SUV med). Ambos os valores estão diretamente associados aos níveis de cinza da imagem. Essa relação está estipulada no próprio protocolo DICOM e é descrita pela seguinte equação: U m S b (3) Onde o parâmetro b é o valor obtido no campo RescaleIntercept, Sv é o valor armazenado (intensidade do pixel), m é o valor do campo Rescaleslope, que é diferente para cada um dos cortes, e U é o valor após a conversão com unidades descritas no campo Unit. Os valores desses parâmetros encontram-se no espaço dedicado a metadados do protocolo DICOM. Os valores de U obtidos, junto aos do peso do paciente e a dose injetada, definem o SUV Max e SUV Med. Como os valores do peso e dose injetada são constantes no próprio paciente, optou-se por utilizar unicamente os valores das concentrações para avaliar assim o comportamento destas ao longo da lesão. De forma paralela, foram obtidos os valores de concentração de atividade máxima utilizando um software especializado com o intuído de validar os dados. Para tal, foi utilizado o software Osirix, Pixmeo, Geneeva, Switzerland e foi reproduzido o procedimento seguido pela radiologista para avaliar as imagens em cada uma dos cortes das lesões. Com os dados obtidos foram realizados gráficos para avaliar o comportamento de ambas as concentrações ao longo da lesão. Resultados Os dados foram divididos em dois tipos, o primeiro onde as concentrações de atividade máxima e média encontram-se no mesmo corte, e o segundo onde ambas encontram-se em cortes diferentes. A Tabela 2 apresenta os resultados da avaliação das 18 lesões com referência à localização do SUV max e SUV med. As Figuras 9 e 10 são um exemplo de cada um dos casos descritos na Tabela 2. Tabela 2: Quantidade de lesões com SUV max e SUV med no mesmo e em diferentes cortes SUVmax e SUVmed Quantidade de Lesões No mesmo corte 12 Em distintos cortes 6 Do total de lesões em 50% delas foi possível delimitar bordas na imagem CT com o método proposto. Em outras palavras, do primeiro grupo, em 6 lesões foi utilizada a borda obtida na imagem CT para avaliar ambos os SUVs e no segundo, em 3 lesões. 0,1 0,08 0,06 0,04 0,02 0 Figura 9: Gráfico comparativo do comportamento da Concentração de Atividade Máxima (max) e a Concentração de Atividade Média (mean), dentro da ROI, para uma das lesões do Paciente 1. Junto a eles o gráfico da Concentração de Atividade Máxima obtida com o software Osirix. No eixo vertical as concentrações em MBql/ml e no eixo horizontal os cortes envolvidos. 0,02 0,015 0,01 0,005 0 Figura 10: Gráfico comparativo da Concentração de Atividade Máxima (max) e a Concentração de Atividade Média (mean), dentro da ROI, para uma das lesões do Paciente 2. Junto a eles o gráfico da Concentração de Atividade Máxima dentro da ROI obtida com o software Osirix. No eixo vertical as concentrações em MBql/ml e no eixo horizontal os cortes envolvidos. Discussão 22 23 24 25 26 27 28 29 30 34 35 36 37 max mean Osirix max mean Osirix Uma avaliação dos diferentes meios de obtenção do SUV foi descrita em [12], na qual se concluiu que, a forma de cálculo do SUV pode gerar diagnósticos diferentes para um mesmo paciente. Portanto, para uma avaliação unívoca do SUV, na prática clínica utiliza-se principalmente o SUV Max [2]. Em cerca de 70% dos casos, encontrou-se que o corte como maior valor da concentração de atividade máxima dentro da ROI ao longo de toda a lesão é também a corte com maior valor de atividade média. Este fato, por si só, já é uma indicação de que o valor máximo usado no SUV tem potencial discriminatório. Nos outros casos, viu-se que os picos de concentração de atividade máxima e média encontravam-se em cortes diferentes. Este achado despertou algumas questões: qual corte representaria melhor o metabolismo da lesão, aquela onde o pico da concentração de atividade máxima é maior ou aquela onde a concentração de atividade media é maior? O metabolismo celular tem 4 2595

distribuição uniforme? Ao longo do tratamento, esse comportamento será igual? Em outras palavras, seria importante estudar a relação entre o valor máximo de concentração e o valor médio máximo nas imagens PET/CT, para ver se há informações complementares com potencial para diagnóstico. Conclusão Este trabalho estudou o comportamento do Standardized Uptake Value (SUV) médio e máximo ao longo da lesão. Observou-se que esse comportamento não é igual em todas as lesões avaliadas. Este achado levou a gerar algumas hipóteses para a continuação do estudo. Utilizar a imagem PET como máscara sobre a imagem CT permitiu centralizar o estudo na ROI. Procedimentos similares não foram achados na literatura. Não foi possível encontrar bordas em todas as imagens CT e por isso foi utilizada em seu lugar, a própria máscara obtida da imagem PET, como borda da lesão. Caberia um estudo complementar para saber se a borda obtida diretamente da imagem PET ao ser usada em substituição à borda do CT pode ter valor clínico. Agradecimentos Ao CNPq, FAPERJ e CAPES pelo apoio financeiro. Referências [1] Deserno TM, Biological and Medical Physics, Biomedical Engineering: Biomedical Image Processing, Alemanha, Springer, 2011. [2] Kumar R, Shandal V, Jana S, Shamim SA, Malhotra A, Role of Pet and PET/CR in Anticancer Drug Therapy Response Evaluation, The Open Conference Proceedings Journal, V. 1, p. 91-97, 2010. [3] Tian J, Fu L, Yin D, Zhang J, Chen Y, An N, Xu B, Does the Novel Integrated PET/MRI Offer the Same Diagnostic Performance as PET/CT for Oncological Indications?, Plos One, V. 9, p. 1-9, 2014. [4] Dominique D, Ora I, Hybrid PET/CT and SPECT/CT Imaging, Springer, 2010. [5] Kim CK, Gupta NC, Chandramouli B, Alavi A, Standardized Uptake Values of FDG: Body Surface Area Correction is Preferable to Body Weight Correction, The Journal of Nuclear Medicine, V. 35, n. 1, p. 164-167, 1994 [6] Beyer T, Townsend DW, Brun T, Kinahan PE, Charron M, Roddy R, Jerin J, Young J, Byars L, Nutt R, A Combined PET/CT Scanner for Clinical Oncology. Journal of Nuclear Medicine, V. 41, p. 1369 1379, 2000 [7] Hillner BE, Siegel BA, Liu D, Shields AF, Gareen IF, Hanna L, Stine S H, Coleman R E Impact of Positron Emission Tomography/Computed Tomography and Positron Emission Tomography (PET) Alone on Expected Management of Patients with Cancer: Initial Results from the National Oncologic PET Registry, Journal of Clinical Oncology, V. 26, p.2155 2161, 2008. [8] Hillner BE, Siegel BA, Shields AF, Liu D, Gareen IF, Hunt E, Coleman RE, Relationship between Cancer Type and Impact of PET and PET/CT on Intended Management: Findings of The National Oncologic PET Registry, Journal of Nuclear Medicine, V. 49, p. 1928 1935, 2008. [9] Hamill JJ, Sunderland JJ, Leblanc AK, Kokima CJ, Wall J, Martin EB, Evaluation of CT-based Lean- Body SUV, Medical Physics, V. 40, p. 1-9, 2013. [10] Hoshi M, Oebisu N, Takada J, Ieguchi M, Wakasa K, Kamura H, Role of FDG-PET/CT for Monitoring Soft Tissue Tumors, Oncology Letters, V. 7, p. 1243-1248,2014. [11] Rahbar K, Seifarth H, Schaafers M, Stegger L, Hoffmeier A, Spieker T, Tiemann K, Maintz D, Schield HH, Schober O, Weckesser M, Differentiation of Malignant and Benign Cardiac Tumors Using 18 F-FDG PET/CT, Journal of Nuclear Medicine, V. 53, p. 856-863, 2012. [12] Boellaard R, Krak NC, Hoekstra OS and Lammertsma AA, Effects of Noise, Image Resolution, and ROI Definition on the Accuracy of Standard Uptake Values: A Simulation Study, The Journal of Nuclear Medicine, v. 45, n. 9, p.1519-1527, 2004. 5 2596