PROJETO PEDAGÓGICO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO 2008



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Transcrição:

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO PROJETO PEDAGÓGICO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO 2008 VOLUME I São Paulo SP Junho de 2008 1

Escola de Administração de Empresas de São Paulo. Projeto pedagógico : curso de graduação em administração - 2008 / Fundação Getulio Vargas, Escola de Administração de Empresas de São Paulo ; [organização Marta Ferreira Santos Farah]. São Paulo : FGV- EAESP, 2008. 2v. 1. Escola de Administração de Empresas de São Paulo. 2. Administração Estudo e ensino. 3. Administração de empresas Estudo e ensino. 4. Administração pública Estudo e ensino. I. Farah, Marta Ferreira Santos. II. Título. CDU 378.4(816.11) 2

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...5 2. A INTRODUÇÃO DO ENSINO DE ADMINISTRAÇÃO NO PAÍS E A FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS...6 3. A EVOLUÇÃO DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO E DO PROJETO PEDAGÓGICO NA EAESP.13 3.1 O PRIMEIRO CURRÍCULO DO CURSO DE GRADUAÇÃO LINHA DE FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS - E SUA EVOLUÇÃO...13 3.2 O PRIMEIRO CURRÍCULO DO CURSO DE GRADUAÇÃO LINHA DE FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E SUA EVOLUÇÃO...17 4. TRANSFORMAÇÕES DA SOCIEDADE BRASILEIRA, DO MERCADO E DO ENSINO SUPERIOR EM ADMINISTRAÇÃO...21 5. O PERFIL DO EGRESSO DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO...24 6. OBJETIVOS DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO...29 7. MATRIZ CURRICULAR DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO...32 7.1 INTRODUÇÃO...32 7.2 O MODELO DE ENSINO E APRENDIZAGEM...34 7.2.1 Ciclos de aprendizagem...34 7.2.2 Dimensões da formação...35 7.3 A INTERDISCIPLINARIDADE...36 7.4 A INTEGRAÇÃO TEORIA E PRÁTICA...37 7.5 AS ATIVIDADES COMPLEMENTARES...37 7.6 INTEGRAÇÃO ENTRE GRADUAÇÃO E MESTRADO E DUPLO DIPLOMA DE MESTRADO...38 7.7 INTEGRAÇÃO COM OUTROS CURSOS DE GRADUAÇÃO DA FGV...39 7.8 ÁREAS DE CONCENTRAÇÃO E ÁREAS DE FORMAÇÃO COMPLEMENTAR (MAJORS E MINORS)...39 7.9 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (TCC)...41 7.10 REFORÇO QUANTITATIVO...41 7.11 NIVELAMENTO...42 7.12 DIMENSÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA...42 7.13 MATRIZ CURRICULAR DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO NAS LINHAS DE FORMAÇÃO ESPECÍFICAS DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS (AE) E DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (AP), - VERSÃO D.O.U...45 7.14 VERSÃO COM DISTRIBUIÇÃO POR SEMESTRES...48 8. EMENTAS E BIBLIOGRAFIAS DE DISCIPLINAS OBRIGATÓRIAS DO CURSO DE GRADUAÇÃO LINHA DE FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS...53 8.1 ADMINISTRAÇÃO GERAL E RECURSOS HUMANOS - ADM...53 8.2 CONTABILIDADE, FINANÇAS E CONTROLE - CFC...57 8.3 FUNDAMENTOS SOCIAIS E JURÍDICOS - FSJ...60 8.4 INFORMÁTICA E MÉTODOS QUANTITATIVOS APLICADOS À ADMINISTRAÇÃO - IMQ...67 8.5 MERCADOLOGIA - MCD...71 8.6 PLANEJAMENTO E ANÁLISE ECONÔMICA APLICADOS À ADMINISTRAÇÃO - PAE...75 8.7 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO, OPERAÇÕES E LOGÍSTICA - POI...77 8.8 INTERDEPARTAMENTAIS...79 9. EMENTAS E BIBLIOGRAFIAS DE DISCIPLINAS OBRIGATÓRIAS DO CURSO DE GRADUAÇÃO LINHA DE FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...83 9.1 ADMINISTRAÇÃO GERAL E RECURSOS HUMANOS - ADM...83 9.2 CONTABILIDADE, FINANÇAS E CONTROLE - CFC...86 3

9.3 FUNDAMENTOS SOCIAIS E JURÍDICOS - FSJ...88 9.4 INFORMÁTICA E MÉTODOS QUANTITATIVOS APLICADOS À ADMINISTRAÇÃO - IMQ...95 9.5 MERCADOLOGIA - MCD...99 9.6 PLANEJAMENTO E ANÁLISE ECONÔMICA APLICADOS À ADMINISTRAÇÃO - PAE...100 9.7 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO, OPERAÇÕES E LOGÍSTICA - POI...103 9.8 INTERDEPARTAMENTAIS...105 10.ESTRUTURA DE AVALIAÇÃO...112 11. ESTÁGIO: ESTÁGIO CURRICULAR (OBRIGATÓRIO) E ESTÁGIOS OPCIONAIS...115 12. INCENTIVO À PESQUISA...118 13. PROCEDIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS...125 14. APOIO AOS ALUNOS...128 15. INTERCÂMBIO...132 17. ENTIDADES ESTUDANTIS...135 17. BIBLIOGRAFIA...138 VOLUME II (ANEXOS) 4

1. INTRODUÇÃO Apresenta-se neste documento o projeto pedagógico do Curso de Graduação em Administração da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas, considerando-se suas duas linhas de formação específicas - Administração de Empresas e Administração Pública 1. O projeto incorpora reforma do currículo do Curso de Graduação implantada no segundo semestre de 2007, a qual teve por base, de um lado, as Diretrizes Curriculares dos Cursos de Graduação em Administração, de 2005 2 e, de outro, amplo processo de discussão conduzido na própria EAESP. O processo de discussão interno à escola teve por objetivo a adequação do curso a mudanças ocorridas nos últimos anos no cenário em que atuam as organizações e a alterações no campo da educação. A exposição do projeto pedagógico e da estrutura atual do curso é precedida por uma breve reconstituição da contribuição da Fundação Getulio Vargas ao ensino da administração no país e da participação da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV-EAESP) nesse processo. Apresenta-se, também, uma síntese da evolução do curso de Administração na FGV-EAESP e das transformações de seu projeto pedagógico, desde a criação da Escola, em 1954. 1 Este Projeto constitui uma atualização do Projeto Pedagógico do Curso de Graduação em Administração da EAESP, cuja primeira versão foi publicada em 2004 (ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO DA FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS, Projeto Pedagógico 2004), uma segunda versão data de 2006 (ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO DA FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS, Projeto Pedagógico 2006). 2 Resolução n. 4 de 13 de julho de 2005, da Câmara de Educação Superior, do Conselho Nacional da Educação, que instituiu as Diretrizes Nacionais do Curso de Graduação em Administração. 5

2. A INTRODUÇÃO DO ENSINO DE ADMINISTRAÇÃO NO PAÍS E A FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS O ensino de administração iniciou-se no Brasil como parte de um processo mais abrangente de adequação do Estado Brasileiro às novas funções a ele atribuídas, no âmbito da consolidação no país de um projeto nacional-desenvolvimentista, a partir dos anos 30. Num processo marcado por uma forte centralização no governo federal, foi preciso capacitar o Estado a novas funções dentre as quais se destacavam a implantação da infra-estrutura necessária a um desenvolvimento Econômico de base urbano-industrial e a constituição de uma estrutura de integração do trabalho e do capital a esse novo projeto, tendo como eixos a Previdência Social, a Legislação Trabalhista e a Estrutura Sindical. A criação do Departamento Administrativo do Serviço Público o DASP, em 1938, desempenhou um papel central nesse processo, visando estabelecer um padrão de eficiência e racionalidade na administração pública federal e instituir mecanismos impessoais de recrutamento e promoção do funcionalismo, com base em concursos públicos e no sistema de mérito. A criação da Fundação Getulio Vargas, em 1944, constituiu um desdobramento das metas de racionalização e profissionalização da administração pública, associadas à criação do DASP, onde foi idealizada a nova instituição. Essa nova instituição tinha, no entanto, objetivos específicos e inovadores: o ensino e a pesquisa na área de Ciências Sociais Aplicadas, com ênfase em Economia e em Administração. A pesquisa era vista como um subsídio necessário à implantação de uma nova e moderna administração pública no país e o ensino, como um elemento indispensável à preparação de quadros para um serviço público moderno e eficiente. Em 1952, foi criada a EBAP, Escola Brasileira de Administração Pública, a primeira escola de graduação em administração pública do país, com o objetivo de preparar administradores públicos para os três níveis de governo: 6

Os objetivos expressos da EBAP foram delineados por Luiz Simões Lopes em sua fala inaugural: descobrir e lapidar o talento administrativo, onde quer que ele se manifestasse no país, formar equipes de administradores modernos de que careciam os governos federal, estaduais e municipais; forjar os especialistas em planejamento, em organização e em coordenação, de que o serviço público tão vitalmente necessitava; conferir títulos que não tivessem apenas valor acadêmico, mas, sobretudo, um conteúdo pragmático, valendo como garantia da prática diária, de aplicações concretas aos problemas da vida administrativa (COSTA, 1988, p.52). O propósito de preparar bons administradores para o desenvolvimento do país que se iniciara com a formação de administradores públicos - só se completaria, no entanto, com a instalação de um curso de administração de empresas. Assim, ainda em 1952, iniciou-se um processo de debate e sensibilização da comunidade para a criação de uma nova faculdade, dirigida à área de empresas. Em painel realizado pela Fundação Getulio Vargas, no Rio de Janeiro, em maio de 1952, reunindo lideranças governamentais e empresariais para discutir a criação de uma nova escola com esse enfoque, foi lida a seguinte mensagem do presidente Getulio Vargas: A Escola Superior de Administração de Empresa, que a Fundação Getulio Vargas deseja estabelecer em São Paulo, será a outra metade do esforço para a instituição do ensino de Administração de que o Brasil carece. Por esse meio, as Empresas brasileiras, pequenas e grandes, industriais e comerciais, bancárias e agrícolas terão a seu serviço um centro de formação sistemática de especialistas nas técnicas modernas que, na vida das Empresas, desempenham papel talvez mais importante do que o capital, as matérias-primas e até mesmo a mão-de-obra. (COSTA, 1988, p.57) Dois anos depois, em 1954, foi efetivamente criada pela Fundação Getulio Vargas, em São Paulo, a primeira escola de graduação em administração de Empresas do país, a Escola de Administração de Empresas de São Paulo. Procurava-se atender, assim, ao segundo grande desafio de um projeto de desenvolvimento nacional, no campo da administração: preparar profissionais capazes de assumir a administração das 7

empresas nacionais que se pretendia fortalecer e consolidar. A escolha da cidade de São Paulo para a instalação da nova escola de administração de Empresas decorreu do fato de nesse local se encontrar então o pólo mais dinâmico da Economia nacional e seu braço mais moderno. A escola contou, desde o início, com o apoio da comunidade empresarial, do governo brasileiro e do governo do Estado de São Paulo. A EAESP inspirou-se no modelo norte-americano de ensino de business, tendo-se estabelecido um convênio com o governo dos EUA (via apoio da USAID United States Agency for International Development), por meio do qual aquele governo se comprometeu a manter uma missão universitária de especialistas em Administração de Empresas, ligados à Michigan State University, na etapa de constituição e consolidação do curso no Brasil. De forma complementar, os primeiros professores da nova instituição fariam seus mestrados naquela universidade e, em seguida, passariam um período na Universidade de Harvard, em um programa internacional de formação de professores (ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO, s/d; ANDRADE e AMBONI, 2002). A Escola iniciou suas atividades em 1954, com um Curso Intensivo para Administradores e, em 1955, teve início o Curso de Graduação, então intitulado Curso Universitário de Formação. A primeira turma do curso formou 17 alunos. Em 1969, foi criado o Curso de Graduação em Administração Pública, no âmbito de convênio estabelecido com o governo do Estado de São Paulo, tendo como objetivo a formação de profissionais para a administração pública paulista 3. A primeira turma teve 31 alunos. Tratava-se de um momento de grandes alterações na administração pública brasileira, após a mudança de regime, em1964, alterações estas orientadas para a busca da eficiência no setor público e acompanhadas pela criação de um aparato estatal dotado de maior agilidade, como as fundações e as Empresas estatais e mistas. Como parte desse mesmo processo, também o governo paulista procurava imprimir mudanças à máquina administrativa do Estado. 3 Inicialmente como uma modalidade, posteriormente como uma das habilitações, ao lado da de Empresas, e hoje como linha de formação específica, conforme Res. CNE/CES nº 4, de 13/07/2005. 8

Documento da época, elaborado pela EAESP, explicita os objetivos da criação de curso com foco na área pública: A máquina administrativa governamental vem passando por uma completa transformação, no sentido de tornar-se mais eficiente Sem exagero, pode-se afirmar que uma administração pública eficiente é uma das condições básicas para o desenvolvimento de uma nação. Para satisfazer tal condição é necessário aperfeiçoar o pessoal de nível alto e médio dos órgãos e serviços públicos. Além disso, é preciso preparar aqueles que deverão, no futuro, ocupar cargos de níveis alto e médio na administração pública. Para tanto, é condição indispensável uma formação técnica da melhor qualidade, bem como uma formação humanística, que permita o entendimento da extensão que deverá ter o seu papel de agente do desenvolvimento. Como conseqüência do Termo do Ajuste, de 12 de setembro de 1968, entre o Governo do Estado de São Paulo e a Fundação Getulio Vargas, no qual foi entregue a esta a concepção, a organização e o oferecimento de Cursos de Administração Pública para ser executada pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo, foram criados três tipos de cursos: Cursos Intensivos Cursos de Aperfeiçoamento da Administração Superior Curso de Graduação. (EAESP, s/d, p. 1-2. Grifo nosso) Além de explicitar os motivos que presidiram a criação do curso de administração pública, destaca-se, no documento acima, a concepção pedagógica do novo curso, que, mantida a orientação generalista presente no curso de Administração de Empresas, ressalta a necessária articulação entre a formação humanista e a técnica. É importante destacar que esta articulação constituiu e constitui ainda hoje uma das marcas do Curso de Administração na EAESP em suas duas linhas de formação específicas, sendo parte integrante da identidade do curso e um dos valores com que docentes, alunos, ex-alunos e funcionários da escola se identificam. 9

Desde o início do Curso de Graduação, a EAESP formou 9.627 alunos em administração de Empresas e 2.742 alunos em administração pública (até março de 2008). No anexo 1, apresenta-se um quadro de titulados da escola desde 1955. Além do Curso de Graduação, desde a criação da Escola, diversos outros cursos foram implantados, no nível de pós-graduação lato sensu e stricto sensu. Os cursos lato sensu iniciaram-se, ainda em 1954, com o já mencionado Curso Intensivo para Administradores. Ao longo do tempo, em sintonia com necessidades identificadas no ambiente empresarial, mas também na área pública e em organizações do Terceiro Setor, outros cursos passaram a ser oferecidos. Atualmente, a EAESP oferece um leque bastante abrangente de cursos de pós-graduação lato sensu, dentre os quais se incluem o CEAG - Curso de Especialização em Administração para Graduados, em São Paulo, Campinas (em convênio com a UNICAMP) e São José dos Campos (em convênio com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA) e o curso de Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde (CEAHS) - fruto de parceria com a Faculdade de Medicina da USP. A escola oferece ainda um MBA internacional para altos executivos, o OneMBA. Desenvolvido em parceria com quatro renomadas escolas, situadas nos Estados Unidos, Holanda, México e China, o programa incorpora as melhores práticas internacionais de negócios, possibilitando visão do ambiente global, além de aguçar a percepção local dos participantes. A exemplo das tradicionais Escolas de Administração e Negócios no mundo, são oferecidos também dois Programas de Educação Executiva, o GV Pec e o GV In Company. Com focos diversificados, os Cursos do GV Pec são abertos e oferecidos semestralmente, enquanto os Cursos do GV In Company são customizados para empresas, governo e entidades do Terceiro Setor. A pós-graduação stricto sensu, por sua vez, tem raízes em 1961, no antigo CPG Curso de Pós-Graduação, que, em 1966, passou a conferir o título de Mestre, reconhecido pelo MEC, para os alunos de pós-graduação que apresentassem uma dissertação (ESCOLA, p.16). Este curso sofreu transformações para se adaptar às também cambiantes diretrizes federais para a área e se consolidou como Curso de Mestrado em Administração de Empresas, nos moldes atuais, em 1974, num momento marcado pela estruturação de um sistema de pós-graduação no país. 10

Em 1976, nascia o Curso de Mestrado em Administração Pública, como uma área de especialização do Mestrado em Empresas a área de Planejamento Urbano. Também aqui se evidencia a sintonia com as necessidades da sociedade brasileira: naquele momento, havia uma grande preocupação no país com graves problemas dos centros urbanos, acompanhada pela identificação da necessidade de formação de planejadores urbanos capazes de contribuir para o enfrentamento desses problemas. O Curso de Mestrado em Administração Pública tornou-se independente do Curso de Mestrado em Administração de Empresas, na década de 80, com a constituição de uma nova área de estudos, a de Finanças Públicas, também resultante de questões apresentadas pela realidade brasileira naquela ocasião (assistia-se, então, aos primeiros sinais visíveis da crise do Nacional-Desenvolvimentismo e da crise fiscal). Em 1976, foi criado o Curso de Doutorado em Administração de Empresas, consolidando a pós-graduação stricto sensu na Escola. Na década de 1980, foram criados os cursos de mestrado e doutorado em Economia, propiciando a formação de alto nível em outra área de conhecimento fundamental, para sustentar as mudanças que a democratização e a crise do projeto Nacional-Desenvolvimentismo traziam consigo. Atualmente, esses cursos foram transferidos para a Escola de Economia de São Paulo, uma nova unidade paulista da FGV. Mais recentemente (1993), teve início o MBA, curso de mestrado profissional stricto sensu, hoje chamado MPA Mestrado Profissional em Administração. Trata-se de um curso pioneiro, inovador, que veio reforçar uma das características mais marcantes da Escola - o estreito relacionamento com a comunidade empresarial. A Escola contribui ainda para o Curso de Mestrado Profissional em Finanças e Economia Empresarial MPFE, oferecido pela Escola de Economia (FGV-EESP) e para o qual também colabora a Escola de Pós-Graduação em Economia (FGV-EPGE). Em 2000, teve início programa de educação a distância - GVnet, que hoje oferece cursos de especialização e de aperfeiçoamento composto por quatro opções: GVnext, pós-graduação em gestão de negócios; GVmed, pós-graduação para médicos; GVpme, pós-graduação para a pequenos e médios empresários e a modalidade in company, desenhada sob medida, conforme as necessidades específicas de cada 11

organização. Em 2002, finalmente, teve início o Curso de Doutorado em Administração Pública e Governo. Em junho de 2008, foi aprovado pela CAPES o Curso de Mestrado Profissional em Administração Pública, reforçando a atuação da EAESP na área pública. O curso deverá ter início em 2009. 12

3. A EVOLUÇÃO DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO E DO PROJETO PEDAGÓGICO NA EAESP 3.1 O primeiro currículo do Curso de Graduação linha de formação específica em Administração de Empresas - e sua evolução A criação do curso de graduação em Administração na EAESP, em 1955, representou a constituição do primeiro currículo de administração de Empresas no país. Com a criação da EAESP, surgiu o primeiro currículo especializado em administração, que influenciou, de alguma forma, o movimento posterior nas instituições de ensino superior no país (ANDRADE e AMBONI, 2002, p. 5) Esse pioneirismo significou uma atuação que se antecipava à própria regulamentação governamental. Na verdade, o curso começou a desenvolver-se, passando a formar alunos antes mesmo de seu reconhecimento pelo MEC, o que ocorreu, pela primeira vez, em 1963. O próprio campo passava, então, por um período de constituição no país. O MEC, no caso de cursos pioneiros, designava algumas faculdades como unidades-piloto de educação naquela área, com liberdade de experimentação e construção dos novos cursos (CURADO, 1994). Por outro lado, na própria EAESP, havia divergências quanto à posição do curso em relação à regulamentação governamental. De um lado, os professores dos EUA, vindos de uma tradição de regulação pelo mercado, eram avessos à entrada do curso e da escola no sistema legal brasileiro. De outro, os professores brasileiros achavam que não era possível mais adiar a integração ao novo sistema regulatório nacional (CURADO, 1994, P. 16). Na verdade, diferentemente dos EUA, o Estado tinha naquele momento, no Brasil, um importante papel estruturador de várias atividades necessárias ao desenvolvimento, o que incluía o ensino superior. A constituição do campo, no entanto, ia além desse nascimento da formação em administração em nível superior. Incluía a regulamentação da própria profissão, o que só ocorreu em 1968, após um período marcado por ações, movidas por economistas, contra ex-alunos da Escola (CURADO, 1994, p. 16). 13

O primeiro currículo do curso, importante por seu valor histórico, incluía as seguintes disciplinas: Administração Administração do pessoal Comunicações Contabilidade Contabilidade de custos Diretrizes administrativas Economia Finanças Legislação comercial Legislação trabalhista Matemática Mercadologia Moeda, banco e crédito Pesquisa de mercado Planejamento e controle da produção Política Produção Propaganda Sociologia Tecnologia A grade curricular, um dos elementos de um projeto pedagógico implícito, então estabelecido, mostrava, já na época, alguns dos ingredientes fundamentais da concepção do curso de administração na EAESP. De um lado, a opção por uma formação generalista, e, de outro, a perspectiva multidisciplinar. As mudanças na grade ou matriz curricular que ocorreram desde esse período não alteraram a concepção central do curso. A criação da modalidade Administração Pública, em 1969 (a partir das Diretrizes Curriculares - Resolução nº 4/2005 -, transformada em linha de formação específica), não interferiu nesses princípios: em 14

ambas as linhas de formação específicas, ainda hoje, preserva-se a formação generalista e a multidisciplinaridade. Desde 1955, quando o curso de Administração foi criado, houve alteração na matriz curricular em cinco ocasiões, todas posteriores a 1963, época em que o curso passou a integrar o sistema de educação regulamentado pelo governo federal (anexo 2). As alterações feitas no currículo decorreram de um processo de permanente monitoramento da adequação do curso a mudanças no ambiente empresarial e das necessidades de formação que este manifesta, bem como das modificações no campo da administração, associadas à diversificação e à complexidade crescente de conteúdos a serem transmitidos aos alunos, observadas por meio da permanente inserção dos docentes no ambiente internacional de ensino em administração. As alterações refletem também exigências do MEC, como no caso da estrutura atual do curso, que reflete a extinção das habilitações e sua incorporação ao curso sob a forma de linhas de formação específicas Dentre as mudanças introduzidas no currículo, observa-se um eixo que merece destaque. Trata-se do peso de disciplinas eletivas no currículo do curso. Assim, enquanto em 1955, de um total de 27 disciplinas, apenas duas (2) eram eletivas (proporção que se manteve inalterada até 1963), no currículo estabelecido em 1963 sob influência de legislação do MEC, que exigiu uma ampliação considerável no número de disciplinas, de um número total de 42 disciplinas, nove (9) eram eletivas. A proporção de disciplinas eletivas se manteve em torno de 32% na reforma feita em 1995, ocasião em que tal proporção passou a ser determinação do MEC (legislação de 1993). Em 2006, teve lugar uma alteração curricular (implantada no primeiro semestre de 2007) com o objetivo de adequar o Curso de Graduação às Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Administração. Tal adequação incluiu: a) a explicitação da aderência do currículo aos conteúdos previstos nas Diretrizes, incluindo a classificação das disciplinas segundo tais conteúdos; b) a extinção das habilitações e sua substituição por linhas de formação específicas em Administração de Empresas e em Administração Pública; e c) a formalização de Atividades Complementares como parte integrante do Currículo Pleno. 15

Na adequação do currículo às Diretrizes Curriculares, em 2007, a proporção de eletivas caiu, passando a 19,6% do conteúdo curricular. No segundo semestre de 2007, foi implantada reforma mais abrangente do currículo, decorrente de amplo e longo processo de discussão interna, resultando na Matriz Curricular atual do Curso de Graduação em Administração da EAESP, apresentada a seguir neste documento. Nesta reforma, a proporção de eletivas caiu para 8,3%. Embora esta seja uma queda significativa, pretende-se que a flexibilidade seja preservada pela introdução no currículo de disciplinas obrigatórias que supõem o desenvolvimento de atividades que envolvem opções pelos alunos, tais como tipos de organizações a serem observadas e analisadas e tipos de projetos a serem desenvolvidos. Dentre as disciplinas com este caráter, destacam-se as que põem o aluno em contato com o empreendedorismo (Experiência Empreendora I e II) e aquelas em que o aluno desenvolve projetos (Projeto de Organização Local e Projeto de Rede Nacional). A flexibilidade se manifesta também na abertura do leque de opções para o Trabalho de Conclusão de Curso que, no currículo anterior, era necessariamente baseado na experiência de estágio do aluno. No Curso Reformulado, o aluno poderá optar, quando do desenvolvimento do Trabalho de Conclusão, por tomar por base a atividade de pesquisa, o estágio, o desenvolvimento de atividades complementares, ou ainda outras atividades que tenha desenvolvido durante o curso que revelem empreendedorismo ou desenvolvimento de projeto próprio. A abertura de espaço para opções pelos alunos, seja na forma de disciplinas eletivas seja na forma de flexibilidade no âmbito das próprias disciplinas obrigatórias, seja ainda na escolha do foco do Trabalho de Conclusão, permite conciliar uma base generalista, definida quando da criação do curso com conteúdos variáveis, que viabilizem a especialização do aluno em campo de seu interesse. Corresponde, assim, a um movimento no sentido da flexibilização de parte do conteúdo do curso. A seleção desses campos de interesse pelos alunos é influenciada pelos conteúdos das disciplinas obrigatórias, mas também, e sobretudo, por oportunidades de inserção no mercado. Assim, passado um período em que oportunidades de inserção na indústria de produção de bens de consumo durável e na área de marketing se destacavam como oportunidades de inserção no mercado de trabalho afetando as opções dos alunos, recentemente 16

cresceu a procura por eletivas de finanças, dada a abertura de oportunidades no setor financeiro. A esta opção veio se somar o interesse pelo empreendedorismo. A preservação de um conteúdo generalista obrigatório garante que a formação seja mais abrangente e se adapte a tendências conjunturais do mercado. 3.2 O primeiro currículo do Curso de Graduação linha de formação específica em Administração Pública e sua evolução A formação com ênfase em Administração Pública iniciou-se, na FGV-EAESP, em 1969, como uma das modalidades do Curso de Graduação em Administração - atualmente Linha de Formação Específica, nos termos da Resolução CNE nº 4, de 13 de julho de 2005. A grade curricular, em 1969, era constituída das seguintes disciplinas: Administração de Pessoal Administração de Materiais Administração de Transportes. Administração Municipal Administração Tributária Análise e Política Financeira Ciência Política I e II Comunicações Contabilidade Contabilidade de Custos Contabilidade Pública e Auditoria Direito Administrativo Direito Econômico Diretrizes da Administração Públicas Economia Brasileira Economia Internacional Engenharia Econômica Estatística I, II e III Estrutura Administrativa dos Poderes do Estado Finanças Públicas Geografia Econômica História Administrativa do Brasil Instituições de Direito Privado Instituições de Direito Público Introdução à Administração Pública Legislação Social e Previdência Legislação Tributária 17

Matemática I, II e III Mercadologia I e II Metodologia Científica Orçamento I e II Organização e Métodos Organização Política Pesquisa Operacional Planejamento Processamento de Dados Projetos Psicologia I e II Recursos Humanos Sociologia I e II Sociologia para o Desenvolvimento Tecnologia de Empresas Teoria das Decisões Teoria Econômica I e II Teoria Geral da Administração Cinco (5) disciplinas optativas Esta grade curricular chama a atenção por algumas de suas características. Em primeiro lugar, o claro foco na área de Administração Pública, decorrente de ter sido sua concepção o resultado de uma interação forte com o Governo do Estado de São Paulo e, portanto, de necessidades de formação identificadas pelo próprio setor público. Em segundo lugar, o grande número de disciplinas (63). Alguns anos depois, foi feita uma reforma no curso, na modalidade Administração Pública, que incluiu, dentre seus focos, a redução do número de disciplinas e de créditos. É oportuno resgatar as considerações então feitas a esse respeito pelo grupo de estudo encarregado de estudar e propor a reforma do currículo de Administração Pública: [ ] o Grupo pôde verificar que existira de maneira clara um aspecto no currículo que se caracterizava como um grave problema e que inclusive, pelas suas dimensões, eclipsava todos os demais possivelmente existentes. Esse aspecto se referia ao número excessivo de créditos constantes no currículo, os quais [ ] conduziam a uma situação que, de acordo com qualquer critério pedagógico Era totalmente 18

inadequado: os alunos eram obrigados a cursar oito, nove, e até dez disciplinas por semestre. (EAESP, 1972 grifo nosso). É interessante ponderar que, nessa ocasião, diferentemente do que ocorreria com o currículo do Curso de Administração da EAESP em suas duas linhas de formação específicas, a partir de 1995, o grande número de disciplinas resultara de decisões da própria EAESP e de sua interação com o governo do Estado: o número de créditos era superior ao exigido pelo MEC, por meio do estabelecimento de um currículo básico para cursos de administração. Outro aspecto que merece destaque na reforma do currículo em Administração Pública diz respeito à dimensão flexibilização, já destacada a respeito de Administração de Empresas. Considerou-se, então, que o currículo era inadequado do ponto de vista da oferta de disciplinas eletivas ou optativas, sendo a ampliação desse tipo de conteúdo curricular uma das propostas centrais do grupo de estudos mencionado: [ ] foi constatado também como um problema [ ] uma certa inflexibilidade do currículo, na medida em que era pequeno o número de matérias optativas (somente seis). [ ] se aprovaram dois princípios, que deveriam nortear uma possível alteração do currículo, ou seja, o princípio da compactação de disciplinas e o princípio da flexibilidade que se realizaria através de um aumento nas disciplinas optativas. (EAESP, 1972 grifo nosso) Desde a criação da ênfase em Administração Pública (em suas distintas denominações), em 1969, até 2008, a matriz curricular sofreu cinco (5) alterações, sob influência de análises internas e de exigências do MEC (anexo 3). No primeiro semestre de 2007, houve adequação às Diretrizes Curriculares dos Cursos de Graduação em Administração (Resolução nº 4, de 13/07/2005), como já mencionado na reconstituição da evolução do Currículo de Administração de Empresas. Com a extinção de habilitações, a formação com ênfase em Administração Pública passou a ser garantida como uma Linha de Formação Específica do Curso de Graduação em Administração. No segundo semestre de 2007, a reforma do Currículo do Curso de Graduação resultante de discussão interna à EAESP afetou também a formação nesta Linha de 19

Formação Específica, com a introdução de novas disciplinas específicas de Administração Pública no currículo. Preservam-se alguns princípios estruturadores do curso de graduação na EAESP, desde a sua criação: a opção pelo perfil generalista e a garantia de flexibilização de uma parte do curso para adequação a diferentes possibilidades de inserção profissional e a articulação entre a vertente humanista e a técnica. 20

4. TRANSFORMAÇÕES DA SOCIEDADE BRASILEIRA, DO MERCADO E DO ENSINO SUPERIOR EM ADMINISTRAÇÃO Desde o momento da criação da EAESP e do Curso de Graduação, em 1955, até os dias atuais, o contexto institucional em que a Escola e o curso se inserem alterou-se de forma radical. De um lado, com as mudanças econômicas e sociais ocorridas no país nestas cinco décadas, alteraram-se profundamente o ambiente empresarial nacional e as características do parque Econômico do Estado de São Paulo e da região do município de São Paulo e da grande São Paulo, onde se situa a EAESP. Estas mudanças incluem redução da importância relativa do setor industrial, alteração no perfil do próprio parque industrial e maior participação do setor de serviços e do setor financeiro no conjunto da Economia. A diversificação e a complexidade crescentes das Empresas foram acompanhadas, mais recentemente, pela consolidação e expansão de um novo segmento de organizações o do Terceiro Setor, com novas e específicas demandas e necessidades em termos de administração. Por outro lado, também a área pública sofreu alterações significativas, que incluem ampliação e diversificação da máquina estatal e esforço mais recente de reforma, orientado para a qualidade, a eficiência e a responsabilização de agentes estatais. Na área pública, além disto, novas exigências emergiram, a partir de 1988, decorrentes do novo papel do município no quadro do federalismo brasileiro, os quais assumiram novas responsabilidades no plano das políticas públicas. Além dessas alterações, nestes mais de 50 anos desde a criação do Curso de Graduação houve outra modificações importantes no ambiente profissional. A própria perspectiva de emprego já não é certa e os empregos, além disto, não são mais estáveis e duradouros, quer no setor público, quer no privado. As organizações sofrem alterações constantes, com fusões, recomposições e desaparecimentos. Os desafios para a formação de administradores evidentemente se redefiniram diante dessas transformações no contexto mais abrangente, que incluem alterações no 21

mercado, mas não se limitam a elas. Os desafios tornaram-se mais complexos e mais diversificados. Por outro lado, diante da instabilidade do ambiente e do desaparecimento das carreiras tradicionais, já não se deve formar um administrador para a carreira em uma organização ou em um número relativamente pequeno de organizações. É preciso formar profissionais preparados para a mudança, capazes de construírem uma trajetória profissional consistente. Como decorrência, tem ganhado destaque a preparação para o empreendedorismo, seja entendido como desenvolvimento de negócios próprios, seja entendido como espírito empreendedor, capaz de promover e se adaptar à mudança, elemento essencial da sociedade contemporânea. Uma outra dimensão importante da mudança nas características da atuação profissional do administrador é a internacionalização dos mercados, o que requer, já na etapa de formação, um estímulo à vivência internacional e, além disto, uma preparação para ser capaz de pensar internacionalmente os desafios da organização. Ao lado das transformações nas organizações, com impacto no ensino da administração, ocorreu outra importante alteração no ambiente em que se insere a EAESP. Ao ser criada, em 1955, a EAESP era a primeira escola de graduação em administração de Empresas no país. Em 2006, havia no país 2836 cursos de graduação em administração (anexo 4), esse crescimento apresenta grandes desafios, não só para o governo federal, no sentido de garantir a qualidade dos cursos em atividade e a abertura de novos cursos, mas também para a própria comunidade responsável pelo ensino na área. Por outro lado, a EAESP não está mais sozinha ou apenas com a FEA-USP Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo, num ambiente carente de formação: há diversas outras faculdades muito boas, num meio que se torna bastante competitivo. Parte do mercado, em algumas áreas em que a EAESP foi pioneira, passou também a buscar respostas em faculdades de outras áreas, como engenharia ou propaganda e marketing. Assim, hoje, a continuidade da contribuição da EAESP para a formação de administradores e seu próprio lugar no ensino superior em Administração requer que a Escola mantenha sua atitude pioneira e de vanguarda, e que faça opções estratégicas bem fundamentadas. A preservação do perfil generalista que ainda preside a concepção de curso e seu projeto pedagógico deve, necessariamente, ser 22

equilibrada pelo reforço à flexibilização, que permita ao aluno orientar seu curso segundo suas aptidões e de acordo com as oportunidades de inserção profissional. Retomando uma consideração feita anteriormente, entende-se, no entanto, que a flexibilização não deve significar especialização do curso como um todo, mantendo-se a abertura para reorientações decorrentes de mudanças cada vez mais freqüentes e rápidas no ambiente em que se insere a Escola. A articulação da vertente humanista à perspectiva técnica também continua a ser um elemento estruturador do curso, um dos pontos fortes da graduação na EAESP, que deve ser mantido. A preservação desta orientação permite preparar os alunos para uma atuação profissional competente, responsável e ética e, ao mesmo tempo, contribuir para sua formação como cidadãos, o que também é papel da formação superior, no nível de graduação. Um outro aspecto a se considerar é que hoje a graduação consitutui, mais do que quando os primeiros cursos de graduação foram criados, uma etapa inicial de uma trajetória profissional que tende a incluir a pós-graduação, seja esta stricto sensu, com a realização do mestrado e do doutorado acadêmico, seja esta lato sensu, em que o aluno completa sua formação com cursos mais orientado para a atividade profissional. Assim, a reforma de 2007 procurou integrar a perspectiva de continuidade dos estudos após a conclusão da graduação. oferecendo a alunos motivados e com bom desempenho a possibilidade de ingresso no mestrado com a possibilidade de obtenção de um duplo diploma, no Brasil e no exterior, ou ainda de obtenção de um diploma de pósgraduação especializado em áreas especializadas. A perspectiva da flexibilização se estende, portanto, para o período posterior à conclusão da graduação. Esta orientação reflete tendências internacionais na formação de administradores: exige-se hoje para que o profissional de administração seja considerado formado que ele complemente sua formação inicial na graduação com uma pós-graduação. 23

5. O PERFIL DO EGRESSO DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO O curso de graduação da FGV-EAESP foi estruturado tendo em vista formar profissionais com um perfil adequado ao momento de sua criação a constituição da própria profissão do administrador de Empresas no Brasil. As alterações de currículo efetuadas desde sua criação tiveram como um de seus principais objetivos adequar o curso a mudanças no perfil do profissional a ser formado, reflexo de mudanças no ambiente empresarial e na área pública. Assim, a inclusão de um componente flexível no currículo decorreu do reconhecimento da complexidade crescente do ambiente organizacional no Brasil. Mantida a opção por uma formação generalista, a formação procura permitir aos alunos a opção por diferentes ênfases e distintas inserções profissionais. A existência de duas linhas de formação específicas no curso de graduação associa-se, por sua vez, à complementação de competências e habilidades comuns por competências e habilidades específicas, que diferenciam a administração de Empresas da administração no setor público e são decorrentes de problemáticas distintas, características desses dois ambientes organizacionais. Isto não significa ignorar que, cada vez mais, as organizações públicas e privadas interagem (e devem interagir), sendo seu desempenho em boa parte decorrente dessas interações. Há, não obstante, questões específicas condicionantes, objetivos organizacionais, constrangimentos e incentivos institucionais, atores ou agentes atingidos pela ação organizacional (diferença entre cliente e cidadão, por exemplo) a serem contempladas na formação, ao lado da base comum à formação de todo administrador. O currículo atual reflete esta orientação para a formação de um generalista, complementado por conhecimentos oferecidos nas duas linhas de formação específicas (empresa e pública) e para a formação de sujeitos com base humanista e competência técnica. Em decorrência das alterações ocorridas no ambiente socioeconômico e político, tanto no país como no exterior, o perfil do administrador a ser formado tem-se redefinido rapidamente nas últimas décadas. Hoje, entende-se que a FGV-EAESP - por 24

meio de seu curso de graduação - deve formar administradores capazes de responder aos desafios de gestão de organizações complexas, em um contexto globalizado. Ao lado da valorização da capacidade de estabelecer vínculos internacionais, o curso deve formar administradores capazes de preservar e valorizar a especificidade nacional e as identidades regionais e locais. Tendo em vista o alcance nacional do egresso da FGV-EAESP 4, a formação, embora se concentre na realidade da região onde se situa a Escola São Paulo deve orientar-se para o suporte a organizações de ponta na Economia nacional, independentemente de onde se localizem, seja no Brasil, seja no exterior. Deve orientar-se, ainda, para a preparação de administradores comprometidos com o desenvolvimento sustentável - atentos para os desafios do desemprego e da desigualdade social - e com o processo de construção de instituições democráticas. Voltada a um permanente aperfeiçoamento do curso, a FGV-EAESP iniciou, no segundo semestre de 2003, um processo de discussão da graduação ( Repensar a Graduação ), que teve como um de seus pontos de partida a reflexão sobre a redefinição das demandas da sociedade em relação ao administrador e sobre as características do administrador. Como resultado deste processo, foram definidas em dezembro de 2003 demandas da sociedade e características do administrador que serviram de balizamento para a reforma curricular implantada no segundo semestre de 2007 5. Demandas da Sociedade As características da sociedade brasileira no início do século XXI requerem de um administrador e, portanto, do administrador formado pela FGV-EAESP, um profissional-cidadão capaz de: 4 Aproximadamente 27% dos principais executivos das 1.000 maiores Empresas brasileiras são ex-alunos da Escola. Do mesmo modo, ex-alunos da EAESP têm ocupado posições-chave na administração pública (federal, estadual e municipal) e, mais recentemente, em organizações do Terceiro Setor. 5 Tais definições resultaram de discussões, lideradas pelo então vice-diretor acadêmico, Prof. Marcos Vasconcellos, ocorridas ao longo do segundo semestre de 2003, tendo sido formalizadas no SAP 2003 Seminário Anual de Planejamento da FGV-EAESP, realizado em dezembro de 2003, a partir de proposta de grupo de trabalho que discutiu a reforma do curso de graduação. 25

Contribuir para a promoção do desenvolvimento do país em todos os aspectos: técnico, econômico, social, cultural, educacional etc. Gerir de forma eficaz, justa e responsável organizações ou redes de organizações complexas e diversificadas nos diferentes setores - público, privado e terceiro setor - incorporando as perspectivas social, ambiental e de respeito à diversidade. Liderar mudanças, sabendo reconhecer, no entanto, momentos em que o principal desafio é gerir continuidades. Posicionar-se proativamente frente ao mundo globalizado. Respeitar especificidades regionais e locais. Empreender - identificar oportunidades, inovar e agir - e promover o espírito empreendedor em seu entorno social. Características do Administrador No exercício da profissão de administrador e no papel de cidadão, espera-se que o administrador formado pela Escola seja capaz de: Aprender continuamente, a partir de uma base sólida de conhecimentos. Dominar os aspectos técnicos de sua área de atuação. Pensar de maneira autônoma, não se atendo à reprodução acrítica de conhecimentos acumulados. Diagnosticar problemas com rapidez e precisão. Contribuir para a solução de problemas de maneira criativa e socialmente responsável. Agir considerando continuamente a perspectiva estratégica. Ter como foco resultados, sem perder a visão do todo. Estabelecer e sustentar relacionamentos. 26

Articular-se politicamente. Transitar na diversidade, respeitando diferenças e desestimulando desigualdades. Sustentar suas posições de maneira firme e articulada, negociando de maneira objetiva, focada e respeitosa. Dar e receber feedback de maneira construtiva. Trabalhar em rede, mobilizando relacionamentos horizontais e verticais e mantendo o espírito de equipe. Lidar com a complexidade, ambigüidade e mudança contínua, características do ambiente organizacional contemporâneo. Articular uma visão sofisticada do mundo contemporâneo a uma compreensão profunda da realidade brasileira. Situar-se de maneira proativa num ambiente internacionalizado. Tomar decisões e implementá-las de maneira ética e socialmente responsável. Utilizar recursos de maneira responsável. Empreender e estimular o espírito empreendedor. As habilidades e competências expostas acima expressam diretrizes definidas internamente, com base em amplo processo de discussão envolvendo professores e alunos e participantes externos. Tal conjunto de habilidades e competências definidas internamente é convergente com as habilidades e competências estabelecidas pelas Diretrizes Curriculares estabelecidas pelo Conselho Nacional da Educação em julho de 2005, reproduzidas a seguir: 27

Art. 4º O Curso de Graduação em Administração deve possibilitar a formação profissional que revele, pelo menos, as seguintes competências e habilidades: I - reconhecer e definir problemas, equacionar soluções, pensar estrategicamente, introduzir modificações no processo produtivo, atuar preventivamente, transferir e generalizar conhecimentos e exercer, em diferentes graus de complexidade, o processo da tomada de decisão; II - desenvolver expressão e comunicação compatíveis com o exercício profissional, inclusive nos processos de negociação e nas comunicações interpessoais ou intergrupais; III - refletir e atuar criticamente sobre a esfera da produção, compreendendo sua posição e função na estrutura produtiva sob seu controle e gerenciamento; IV - desenvolver raciocínio lógico, crítico e analítico para operar com valores e formulações matemáticas presentes nas relações formais e causais entre fenômenos produtivos, administrativos e de controle, bem assim expressando-se de modo crítico e criativo diante dos diferentes contextos organizacionais e sociais; V - ter iniciativa, criatividade, determinação, vontade política e administrativa, vontade de aprender, abertura às mudanças e consciência da qualidade e das implicações éticas do seu exercício profissional; VI - desenvolver capacidade de transferir conhecimentos da vida e da experiência cotidianas para o ambiente de trabalho e do seu campo de atuação profissional, em diferentes modelos organizacionais, revelando-se profissional adaptável; VII - desenvolver capacidade para elaborar, implementar e consolidar projetos em organizações; e VIII - desenvolver capacidade para realizar consultoria em gestão e administração, pareceres e perícias administrativas, gerenciais, organizacionais, estratégicas e operacionais (BRASIL, 2005). 28

As habilidades e competências estabelecidas pelas Diretrizes Curriculares, não explicitamente mencionadas nas definições da FGV-EAESP aqui expostas, estão contempladas pelo curso de graduação da Escola, como ficará evidenciado na apresentação da inovações introduzidas no curso, em especial no que se refere à abordagem didático-pedagógica, assim como em sua matriz curricular. Ao lado das competências e habilidades comuns às duas linhas de formação específicas, espera-se do egresso do curso o domínio de habilidades específicas, derivadas de sua familiaridade com a problemática específica do setor privado e do setor público, e das organizações de cada um destes setores. Assim, a formação na linha de formação específica em Administração de Empresas deve considerar a diversidade de organizações do setor privado, incluindo empresas multinacionais e empresas nacionais; empresas de diversos setores econômicos, assim como de portes variados, desde a grande empresa até a pequena e média empresa. A linha de formação específica em Administração Pública, por sua vez, pretende formar profissionais preparados para atuar no setor público, nos três níveis de governo: federal, estadual e municipal, tendo em vista, neste último caso, as novas exigências postas aos governos locais, a partir da Constituição de 1988. Espera-se, finalmente, que os profissionais egressos do Curso de Graduação sejam capazes de atuar em organizações do Terceiro Setor. Embora não haja uma linha de formação específica com tal foco, o curso propicia o contato do aluno com a realidade dessas organizações e com seus desafios específicos, em disciplinas eletivas, tanto pelos exemplos dados em classe, envolvendo organizações do Terceiro Setor, como por meio do contato com essas organizações, propiciado pelos estágios. 6. OBJETIVOS DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO Segundo o regimento do Curso de Graduação (anexo 5), O Curso de Graduação em Administração (CGA), da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, destina-se à formação, em nível superior, de profissionais no campo da Administração. 29

Tal é o objetivo geral que preside o curso desde sua criação. Os objetivos específicos dizem respeito à natureza dessa formação, e remetem a aspectos que foram, em parte, já evidenciados na discussão sobre a evolução do curso e na apresentação do perfil do egresso. Dentre os objetivos específicos do Curso de Graduação em Administração, incluem-se: 1. Propiciar uma formação de base humanística, que possibilite ao aluno formado pela Escola uma atuação profissional orientada por princípios éticos, comprometida com o desenvolvimento sustentável do país e, que, ao mesmo tempo, contribua para a sua formação como cidadão; 2. Garantir uma formação profissional (teórica e prática) sólida, nas diversas áreas que compõem a administração, que possibilite o exercício competente da atividade de administração de organizações complexas; 3. Formar administradores capazes de participar de forma ativa e reflexiva de processos de tomada de decisões em organizações e de liderar tais processos. A estes objetivos agregam-se os específicos das linhas de formação específicas em Administração Empresa e em Administração Pública: Administração de Empresas Formar profissionais capazes de administrar os diversos tipos de organizações privadas, em seus distintos graus de complexidade, assim como participar da gestão de redes de organizações. Administração Pública Formar profissionais capazes de administrar organizações do setor público, nos diversos níveis de governo e de participar da administração de políticas e programas governamentais, envolvendo a gestão de redes de organizações públicas e privadas; 30