Desenvolvimento de uma economia verde. A relevância dos sistemas de gestão de resíduos. Paulo Ribeiro

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Transcrição:

Desenvolvimento de uma economia verde A relevância dos sistemas de gestão de resíduos Paulo Ribeiro

Conteúdos A importância da gestão de resíduos numa economia sustentável Internalização de custos ambientais na gestão de resíduos: O conceito da responsabilidade alargada do produtor 2

Uma visão diferente da economia MINERAIS, COMBUSTIVEIS RESÍDUOS Input ÁGUA AR Economia / Sistema antropogénico EMISSOES AQUOSAS Output EMISSOES ATMOSFÉRICAS BIOMASSA PESTICIDAS FERTILIZANTES, SOBREEXPLORAÇÃO, MINERAÇÃO Bringezu, 2000 3

Importância de olhar a economia através de ponto de vista físico? Os fluxos de materiais estão relacionados com os impactes ambientais e.g. consumo de combustíveis fósseis > emissões de GEE > alterações climáticas Por esta razão os recursos naturais e os resíduos são uma das 4 áreas alvo do 6º programa de acção em matéria de ambiente da UE 4

Como conhecer os fluxos materiais na economia Portuguesa? Inputs Outputs Fluxos ocultos estrangeiros Ar Água Ar Água e.g. Metodologia AFM Importações Extracção doméstica DMI Stocks Economia Output doméstico Exportações Fluxos ocultos domésticos Ambiente DMI Direct Material Input (CDM Consumo directo de materiais) * Matthews et al. (2000) 5

DMI português: evolução Entrada na UE Inputs Revolução ~ 19 t/(pessoa.ano) Canas et al. 2003 6

1000 ton DMI português: evolução 200.000 Inputs 150.000 100.000 50.000 0 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 Year Domestic - Non-Renewable Domestic - Renewable Imports Infra-estruturas Quase toda a extracção não renovável é devido a rocha, argila e outros materiais para construção Importações: Principalmente combustíveis fosseis Canas et al., 2003 7

DMI (CDM) vs. PIB de vários países Inputs Fonte: EUROSTAT e ETC-WMF 8

Metabolismo Português (2000) Inputs Outputs Niza & Ferrão, 2006 9

Metabolismo Português (2000) Inputs Outputs 136 Mt Niza & Ferrão, 2006 10

Metabolismo Português (2000) Inputs Outputs 53 Mt Niza & Ferrão, 2006 11

Metabolismo Português (2000) Inputs Outputs 189 Mt Niza & Ferrão, 2006 12

Metabolismo Português (2000) Inputs Outputs 91 Mt (48%) Niza & Ferrão, 2006 13

Metabolismo Português (2000) Inputs Outputs Alteram a composição físico-química da atmosfera, solos, etc., originando impactes 82 Mt (43%) DMI Menos de 10% dos resíduos gerados foram devolvidos à economia 2,5 % das entradas de materiais Niza & Ferrão, 2006 14

A pressão das economias sobre a natureza Os resultados encontrados para Portugal são semelhantes a outros países Os padrões de fluxos materiais indicam que o homem têm usado a natureza como uma fonte inesgotável de recursos: Matérias-primas Energia Espaço de vida Receptor de poluição que é insustentável, geradora de grandes impactes que é contrário ao funcionamento de ecossistemas naturais (sustentáveis ) 15

Ecossistemas naturais Produtores Consumidores Sustentáveis Reservatório de nutrientes Decompositores Calor / Energia Nutrientes 16

Como reduzir a pressão sobre o ambiente? Produtores Consumidores Exemplo: Aproximar o comportamento do sistema económico aos sistemas naturais Metabolismo económico Reservatório de nutrientes Decompositores Calor / Energia Nutrientes/Materiais 17

CDM per capita (t) Como reduzir a pressão sobre o ambiente? 35... Desenvolvimento sustentável suportado pela inovação 30 25 Novas políticas 20 15 10 5 Economia suportada pela inovação, optimização de sistemas Economia suportada pelo cimento Novas práticas Novas ferramentas 0 0 5 10 15 20 25 PIB per capita (1000US$) e.g. sistemas de gestão de resíduos desenhados para fechar ciclos 18

Conteúdos A importância da gestão de resíduos numa economia sustentável Internalização de custos ambientais na gestão de resíduos: O conceito da responsabilidade alargada do produtor 19

Exemplo de práticas inovadoras: Responsabilidade Alargada do Produtor Responsabilidade Alargada do Produtor (RAP): a responsabilidade dos produtores sobre os seus produtos é estendida para a fase de pós-consumo do ciclo de vida do produto. Criação de mecanismos económicos que garantam um correcto fim de vida dos resíduos. Incentivar os produtores a adoptarem filosofias de eco-design que possibilitem a existência de tecnologias de tratamento eficientes sobre o ponto de vista ambiental e económico. Formalização do conceito em Portugal Criação de Entidades gestoras de resíduos, sem fins lucrativos, com objectivo de promover o fecho dos ciclos dos materiais (reutilização, reciclagem e valorização energética) 20

Exemplo de práticas inovadoras: Responsabilidade Alargada do Produtor Tratamento de Resíduos urbanos Tratamento de resíduos industriais perigosos Pilares da politica de resíduos em Portugal 1 Entidade gestora por fluxo (excep. REEE) RAP para alguns fluxos Derivam sobretudo de Directivas Europeias e.g. VFV, REEE Lei Portuguesa e.g. pneus usados 21

Entidades Gestoras em Portugal 1997 2000 2002 2004 2005 2006 Emb. genéricas Emb. medicamentos Pneus usados VFV Óleos usados REEE Pilhas e acumuladores portáteis Emb. prod. fitofarmacêuticos Entidade criada com apoio do IN+/IST (projectos cujos recursos da 3 Drivers participaram) Entidade criada com apoio da 3 Drivers 22

Diagrama genérico de um sistema de gestão Estado Licença Condições operacionais Outras políticas Recolha Tratamento Regulação RAP Licença RAP Outras políticas Reutilização Produtos Pontos de recolha regionais Produtos usados componentes Reciclagem Materiais recuperados Materiais Produtores Produtos Consumidores Produtos usados Pontos de recolha locais Produtos usados Valorização energética Energia Serviços Outras actividades Ecovalor Serviços Comunicação Eliminação Materiais para a natureza Ent. Gestora Compensação económica I&D Comunicação 23

Sistema da Valorpneu: pneus usados Rede de recolha da Valorpneu Financiamento pelos produtores: 1 /pneu ligeiro (2008) Resultados Resultados obtidos 24

Desafios e oportunidades: novas tecnologias INTRODUÇÃO Pneus usados Novas aplicações para o pó de pneu PNEUS USADOS VFV VFV Tecnologias de separação do ASR ÓLEOS LUBRIFICANTES Óleos lubrificantes Unidade de regeneração em Portugal REEE Pilhas portáteis RSU Embalagens fitofarmacêuticas Unidade de reciclagem em Portugal Aproveitamento material das embalagens 25

Desafios e oportunidades: outros aspectos Ligar os impactes ambientais e económicos da gestão em fim de vida com o ciclo de vida do produto, de modo a promover o eco-design Novas formas de incentivar a recolha selectiva em alguns fluxos (PAYT embalagens) Aumentar o efeito das campanhas de sensibilização vocacionadas para o consumidor final Aumentar a competitividade nos sistemas de gestão: operadores e destinos finais 26

Desenvolvimento de uma economia verde A relevância dos sistemas de gestão de resíduos Paulo Ribeiro Av. Duque D Ávila, nº 23, 1º Esq, Sala 1.18 1000-138 Lisboa Tel: +351 309 817 274 Fax: +351 309 817 274 Email: pribeiro@3drivers.pt Site: www.3drivers.pt