Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

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Página 1 de 15 Acórdãos STA Processo: 0877/14 Data do Acordão: 19-11-2014 Tribunal: 2 SECÇÃO Relator: ARAGÃO SEIA Descritores: Sumário: Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo IMPUGNAÇÃO JUDICIAL VERBA TABELA DO IMPOSTO DE SELO REGIME TRANSITÓRIO Nº Convencional: JSTA000P18234 Nº do Documento: SA2201411190877 Data de Entrada: 11-07-2014 Recorrente: FAZENDA PÚBLICA Recorrido 1: A..., SA Votação: UNANIMIDADE Aditamento: Texto Integral I - Estando em causa liquidação de Imposto de Selo prevista na verba 28 da TGIS relativa ao ano de 2012 haverá que observar as regras transitórias do nº 1 do artigo 6. da Lei 55-A/2012 e não as do n. 2, ainda que a Autoridade Tributária e Aduaneira efectue a liquidação já no ano de 2013. II - Decorre das al. a) e c) do referido artº 6º (regime transitório para 2012) que o facto tributário se deve ter como verificado em 31 de Outubro de 2012, e que o valor patrimonial tributário a utilizar na liquidação do imposto corresponde ao que resulta das regras previstas no Código do Imposto Municipal sobre Imóveis por referência ao ano de 2011. Texto Integral: Acordam os juízes da secção do Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo: A Fazenda Pública, inconformada, recorreu da sentença do Tribunal Administrativo e Fiscal de Loulé (TAF de Loulé) datada de 15 de Maio de 2014, que julgou procedente a impugnação interposta por A, SA, contra as liquidações de Imposto de Selo referentes ao ano de 2012, relativas a 16 unidades independentes que compõem o prédio urbano inscrito na matriz predial da freguesia e Concelho de Albufeira sob o artigo 8893, no valor global de 3.394,28. Alegou, tendo concluído como se segue: A) Com o aditamento à Tabela Geral do Imposto do Selo, introduzido pelo artigo 4 da Lei n 55-A/2012, de 29/10, o IS passou a incidir também sobre a propriedade, usufruto ou direito de superfície de prédios urbanos cujo VPT

Página 2 de 15 constante da matriz, nos termos do CIMI, seja igual ou superior a 1 000 000,00 (vide verba n. 28 da TGIS); B) As liquidações em causa foram efectuadas pela AT em 21.03.2013 e reportam-se ao ano de 2012; C) Nas liquidações foi aplicada a taxa de 1% ao valor patrimonial tributário (VPT) que, no global, ascendia e 1.018.300,56, à data de 31.12.2012. D) Este VPT resultou da avaliação trienal; E) Entendeu a Mma Juíza do Tribunal ad quo que, referindo-se a liquidação ao ano de 2012, foi a mesma efectuada ao abrigo do art 6, n 1 alínea a) daquele diploma legal. F) Esta norma determina que o facto tributário ocorre no dia 31.10.2012, G) E que a base tributária corresponde ao VPT que resulta das regras previstas no Código do IMI, por referência ao ano de 2011 (alínea c) do mesmo normativo legal); H) Assim, perante a redação desta norma, e incidindo este imposto sobre a propriedade de prédios urbanos cujo VPT seja igual ou superior a 1.000.000,00, concluiu a Mma Juíza que o prédio urbano em causa cai fora da norma de incidência. I) Pois, à data do facto tributário, o VPT do prédio urbano era de apenas 981.494,52. J) Entendemos que a douta sentença incorreu em erro na determinação da norma aplicável, o que inquinou o sentido da decisão. K) Na verdade, as liquidações foram efectuadas ao abrigo da disposição transitória contida no artigo 6, nº 2 daquele diploma legal, segundo a qual: Em 2013, a liquidação do imposto do selo previsto na verba n 28 da respetiva Tabela Geral deve incidir sobre o mesmo valor patrimonial tributário utilizado para efeitos de liquidação de imposto municipal sobre imóveis a efetuar nesse ano. L) Este normativo trata das liquidações do imposto do selo a efectuar no ano de 2013, as quais devem incidir sobre o valor patrimonial tributário utilizado para efeitos de liquidação de IMI, ou seja, o valor patrimonial tributário reportado a 31.12.2012 (art 113, n 1 in fine do Código do IMI); M) Como ficou provado, o VPT do imóvel em causa, em 31.12.2012, era superior a 1000.000,00 (ascendia a 1.018.300,56). N) Logo, a AT efectuou as liquidações colocadas em crise, na estrita aplicação deste dispositivo legal, não padecendo as mesmas das ilegalidades que lhe são imputadas na douta sentença.

Página 3 de 15 Pelo exposto, deve ser dado provimento ao presente recurso e consequentemente revogada a douta sentença recorrida, mantendo-se as liquidações impugnadas, assim se fazendo JUSTIÇA. Contra-alegou a recorrida tendo concluído: a) Determina a alínea a) do número 1 do artigo 6. da Lei 55A/2012 de 29 de Outubro que o facto tributário verificase no dia 31 de Outubro de 2012, no caso que se trata, ou seja de imposto relativo ao ano 2012. b) Bem andou a Meritíssima Juiz do Tribunal a quo ao aplicar a regra do artigo 6. n. 1 da Lei n. 55-A/2012, de 29/10, porquanto as notas de liquidação, juntas como doc. 2 aos autos, são inequívocas: o ano de imposto a que se refere é 2012. c) No dia 31 de Outubro de 2012, data em que objetivamente, nos termos do artigo 6. da Lei 55A/2012 se verificaria o facto tributável, o prédio em apreço de que a impugnante é proprietária não era destinado a habitação, com valor patrimonial tributário, igual, ou superior, ao referido um milhão de euros pelo que estaria fora do âmbito de aplicação do normativo. d) Da conjugação do disposto no artigo 6. e da verba 28 da TGIS, ambos do mesmo diploma legal: a Lei 55-A/2012 de 29 Outubro, resulta que, em relação ao ano 2012, o proprietário de prédio destinado a habitação, com VPT igual ou superior a 1000.000,00, à data de 31 de Outubro de 2012, veria tal imposto liquidado até 20 de Novembro do mesmo ano, devendo proceder ao seu pagamento até 20 de Dezembro de 2012 e no ano de 2013 a liquidação do imposto deve incidir sobre o valor patrimonial tributário utilizado para efeitos de liquidação de imposto municipal sobre imóveis a efetuar nesse ano. e) O prédio em apreço nos presentes autos encontra-se em propriedade total, correspondendo a 16 unidades autónomas, destinadas a apartamentos turísticos, suscetíveis de utilização independente, e como tal avaliadas. f) Está provado que, desde 2009 e até à avaliação trienal, ao prédio foi atribuído o VPT total de 981.494,52 (ponto B) da factualidade provada na Douta sentença do Tribunal a quo ). g) Estando também provado que as liquidações impugnadas foram efetuadas com referência ao ano de 2012, ponto E) da factualidade provada. h) Resulta da lei que, com referência ao ano de 2012, para efeitos de cobrança de imposto de selo, o facto tributário

Página 4 de 15 verificar-se-ia à data de 31/10/2012. i) Em relação ao prédio em apreço, tal imposto não é devido porquanto à data da verificação do facto tributário (31 de Outubro de 2012) o prédio tinha um VPT total inferior a 1.000.000,00 (um milhão de euros), ou seja, inexistia qualquer facto tributário, nos termos da legislação aplicável. j) Nos termos da Lei 60A/2011, de 30 de Novembro, que alterou o D.L. 287/2003 de 12 de Novembro, mais concretamente no artigo 15 -E, está definido o regime de notificação do valor patrimonial tributário apurado na avaliação geral, sendo que no caso dos presentes autos foi por meio de notificação eletrónica. k) O sujeito passivo, após a notificação do resultado da avaliação geral poderá, em 30 dias, caso não concorde com o valor atribuído, promover uma segunda avaliação, nos termos do número 1 do artigo 15. -F do mesmo diploma. l) O VPT resultante da avaliação geral apenas se torna definitivo, procedendo os Serviços à atualização da matriz decorridos que se mostrem 30 dias sobre a notificação do valor atribuído, caso não haja sido requerida segunda avaliação, de harmonia com o previsto no artigo 15. -H do diploma supra referido. m) Resulta do supra exposto, e da factualidade dada como provada na Douta Sentença do Tribunal a quo, que as avaliações gerais datam de 20 de Marco 2013, foram efetuadas por via eletrónica e presumem-se recebidas, nos termos do número 2 do artigo 15. E do mesmo diploma no 3. dia posterior ao do registo ou no 1.º dia útil seguinte, quando aquele dia não seja útil, daqui resultando que a notificação se presume recebida em 23 de Março de 2013. n) Significa isto que, o VPT resultante da avaliação geral apenas entrou em vigor em 22 de Abril de 2013, pelo que, à data de 31 de Outubro de 2012, a ora Recorrida era proprietária de um prédio urbano, composto por 16 unidades suscetíveis de utilização independente, cujo VPT, nessa mesma data era de 981.494,52, conforme consta da factualidade provada na Douta sentença. o) Foi determinado pelo Decreto-Lei n. 287/2003 de 12 de Novembro, que aprovou o CIMI, que fosse efetuada uma atualização do valor patrimonial tributário dos imóveis até que fossem submetidos a uma avaliação geral, artigo 15. e 16. do regime transitório publicado no referido diploma, e bem assim no artigo 138. do CIMI, que refere que a atualização é trienal, contudo a fundamentação do acto de

Página 5 de 15 fixação do VPT, quer resulte de avaliação quer resulte de atualização, deve ser comunicada ao sujeito passivo do IMI a liquidar com base nessa matéria tributável, conforme foi decido no Douto Acórdão Supremo Tribunal Administrativo, de 19.09.2012, disponível em www.dgsi.pt. p) Ou seja, ainda que com base na atualização trienal efetuada a 31.12.2012 o prédio em apreço tivesse passado a ter um valor patrimonial superior a 1.000.000,00, ainda assim tal avaliação só produziria efeitos, para cobrança de imposto de selo, após a sua notificação ao sujeito passivo, pelo que, não pode a A.T. vir alegar que a liquidação efetuada o foi dentro da estrita legalidade porque à data de 31.12.2012 o valor patrimonial tributário do imóvel era superior a 1.000.000,00. q)em suma, com referência ao ano de 2012, para efeitos de cobrança de imposto de selo, à data da verificação do facto tributário (31 de Outubro de 2012) o prédio tinha um VPT inferior a 1.000.000,00 (um milhão de euros), ou seja, inexistia qualquer facto tributário, nos termos da legislação aplicável, resultando por isso na ilegalidade das liquidações efetuadas à Recorrida! r) Por outro lado, em relação ao ano 2013, o imposto de selo ainda não podia ser liquidado àquela data de 21.03.2013, porquanto no diploma que criou o imposto o legislador estabeleceu duas realidades distintas, com o objetivo único de antecipar a cobrança deste novo imposto e assim se conseguir cumprir com as metas orçamentais impostas pela Troika com a arrecadação de uma receita extraordinária para o ano de 2012. s) Isto porque, se, se aplicassem as regras do CIMI (regime geral) ao imposto criado, o mesmo seria devido pelo titular inscrito em 31 de Dezembro de 2012, e seria liquidado apenas em 2013, tornando, assim, manifestamente inútil, do ponto de vista dos objetivos orçamentais que lograva cumprir, a sua criação no ano de 2012. t) É óbvio que o legislador não criou dois impostos iguais para o ano 2012, um que incidia sobre o proprietário em 31 de Outubro de 2012 e sobre o valor que o prédio tinha a tal altura, e um outro que incidia sobre o proprietário em 31 de Dezembro de 2012, devendo ser liquidado nos termos do CIMI em 2013, pois se assim fosse estaríamos a falar de uma o que significaria uma duplicação da colecta, o que não seria legal. u) O imposto criado foi apenas um, e pretendeu-se, tão só, antecipar receitas que, nos termos normais, seriam recebidas em 2013, para 2012, daqui resultando que, nem

Página 6 de 15 por esta via, seria devido o imposto de selo pela ora Recorrida, ou seja, nem alegando Recorrente que se tratava de imposto a liquidar durante o ano 2012, pois como se provou à data de 31/10/2012 o prédio em apreço nos presentes autos tinha uma valor patrimonial inferior a 1.000.000,00; v) Nos termos do Código do Imposto Municipal sobre Imóveis, designadamente no seu artigo 8., n. 1, o imposto é devido pelo proprietário do prédio à data de 31 de Dezembro do ano a que o mesmo respeitar e nos termos do artigo 113, n. 1 do mesmo código, o imposto é liquidado anualmente, em relação a cada município, pelos serviços centrais da Direcção-Geral dos Impostos, com base nos valores patrimoniais tributários dos prédios e em relação aos sujeitos passivos que constem das matrizes em 31 de Dezembro do ano a que o mesmo respeita. w) Ou seja, com referência ao ano 2013, apenas em 31/12/2013 se gera o facto tributário, nos termos dos supra referidos artigos do Código do Imposto Municipal sobre Imóveis, significando isto que, apenas após a verificação do facto tributário, ou seja, apenas em 2014 a Autoridade Tributária poderá emitir notas de liquidação deste imposto, referentes a 2013, tendo como sujeito passivo o titular inscrito em tal data e o valor patrimonial que constar na matriz. x) Se assim não fosse, verificar-se-ia, em relação ao ano de 2012, sem sombra de dúvida, uma duplicação do imposto cobrado o que não é admissível, nem legalmente possível. y) Assim, uma vez que o prédio que ora se discute à data da liquidação do imposto devido pelo ano 2012 (31 de Outubro de 2012) não tinha um VPT igual ou superior a 1.000.000,00 (um milhão de euros), não poderá incidir, sobre o mesmo o imposto de selo constante do ponto 28 da Tabela. z) Mesmo que assim não se entenda, o que se diz sem conceder e apenas por mera cautela de patrocínio, nos termos do artigo 149º, nº 3 do Código de Processo Administrativo, aplicável ex vi artigo 2. alínea c) do CPPT, deverão V. Exas. proceder à apreciação do pedido relacionado com a questão da afetação do prédio, questão esta cujo conhecimento ficou prejudicado pela solução dada ao litígio. aa) A verba 28, que foi aditada à Tabela Geral do Imposto de Selo, é específica, e para o que nos interessa, aplica-se a prédios urbanos com afetação habitacional cujo valor patrimonial tributário constante da matriz nos termos do

Página 7 de 15 CIMI seja igual ou superior a 1.000.000,00; bb) Resulta da caderneta predial junta à impugnação judicial apresentada como doc. 3 (e igualmente documento 1, referente à atual descrição do prédio) que o referido artigo urbano 8891 é de um prédio urbano de 4 pisos, destinado a indústria, em regime de propriedade total, constituída por 16 fogos, que são suscetíveis de utilização independente, cada um de per si tem o seu valor patrimonial tributário, e para cada uma das 16 zonas de utilização independente foi emitida uma nota de liquidação (fls 36 e seguintes dos autos). cc)o prédio - Lote. (anterior Bloco..) encontra-se classificado para efeitos turísticos, e faz parte do Empreendimento denominado B.., sito na.., em, Albufeira. dd) Para o empreendimento Turístico supra, de que faz parte o prédio que ora se analisa, foram emitidas, pela Câmara Municipal de Albufeira, as licenças de utilização números 76 a 81, em 11 de Março de 1988, que destinavam os prédios a habitação. ee) A Câmara Municipal de Albufeira emitiu a licença normal, para habitação, e, paralelamente, desenvolveu-se o processo de classificação no Turismo, pois a legislação da altura não impunha a emissão de uma licença de utilização turística, como hoje. ff) Por ofício datado de 20 de Setembro de 1988 a Direcção Geral de Turismo autorizou a abertura do empreendimento como Apartamentos Turísticos de 2.ª Categoria of. DGT/DSEAT/ATRS/ATC-22058 (conforme doc. 21 junto à impugnação judicial). gg) Em 17 de Setembro de 1997, por aplicação do Decreto Regulamentar 34/97, o empreendimento foi classificado, independentemente de quaisquer formalidades, como Apartamentos Turísticos 3***, e em 28 de Dezembro de 2010, foi deferida a reconversão do empreendimento para Apartamentos Turísticos 3***, - SI- RJET n 986-22058 (tudo conforme doc. 22 junto à Impugnação Judicial). hh) Em 21 de Novembro de 2011, foi efetuada a última classificação, que se encontra válida até 21 de Novembro de 2015, tendo atribuído ao empreendimento, onde se localiza o prédio, o registo número 1172 (conforme doc. 23 constante da Impugnação). ii)desde a sua edificação (1988) até aos dias de hoje, o prédio, inserido no Empreendimento Turístico em causa, nunca esteve afecto a habitação, estando apenas, e só, afecto à indústria hoteleira.

Página 8 de 15 jj) A Recorrente ao aplicar ao prédio para indústria hoteleira, propriedade da ora Recorrida, o previsto no artigo 6. da Lei n. 55A/2012, de 29 de Outubro fê-lo erroneamente porquanto o referido prédio urbano não está abrangido pelo âmbito de aplicação objetiva do imposto, pois não se encontra, nem nunca se encontrou, afecto a habitação. kk) Há que atender ao conceito de prédio com afetação habitacional, utilizado pela Lei n. 55A/2012, de 29 de Outubro, na sua redação inicial, e interpretá-lo, sendo que o ponto de partida para tal interpretação terá de ter em consideração não só a letra da lei, mas também a sua integração sistemática com as normas do CIMI, porquanto é este o diploma indicado como de aplicação subsidiária na Lei n. 55-A/2012 de 29/10, e bem assim o espírito do legislador. ll) No ordenamento jurídico tributário, designadamente no artigo 6. do CIMI, são identificadas as seguintes espécies de prédios urbanos: habitacionais; comerciais, industriais ou para serviços; terrenos para construção; e outros, como categoria residual; e o n. 2 do mesmo preceito, que ora se transcreve, diz: Habitacionais, comerciais, industriais ou para serviços são os edifícios ou construções para tal licenciados ou, na falta de licença, que tenham como destino normal cada um destes fins. (sublinhado nosso) mm) Para a interpretação desse conceito temos que conjugar o artigo 6., n. 2 CIMI., com o artigo 41. CIMI que determina que a afetação depende unicamente do tipo de utilização dos prédios edificados. nn) A expressão com afectação habitacional inculca uma ideia de funcionalidade real e presente, ou seja, um prédio cujo seu destino atualmente seja habitação, ou seja, um prédio com afectação habitacional, não poderá ser um prédio apenas licenciado para habitação ou destinado a esse fim, isto é não basta que seja um prédio habitacional, mas sim um prédio que tenha já efetiva afetação a esse fim. oo) O prédio em apreço sempre se destinou (e destina) à indústria hoteleira, como se demonstrou pela descrição de todo o processo competente junto das entidades administrativas competentes e bem assim pela atual classificação atribuída ao empreendimento turístico. pp) Terá que se interpretar o espírito do legislador, e a teleologia da norma, o intuito foi o de aplicar aos sujeitos passivos proprietários de prédios ditos de luxo (com valores patrimoniais tributários iguais ou superiores ao

Página 9 de 15 referido um milhão de euros), um imposto especial, destinado, efetivamente, a taxar o luxo e a refletir, em prol da comunidade, o benefício da existência de uma acrescida capacidade contributiva do titular do imóvel, tendo tido o cuidado, por exemplo, de isentar os prédios destinados a outros fins, por exemplo, comércio, indústria ou serviços, em que o seu valor patrimonial nada espelha a nível da capacidade contributiva, mas, eventualmente, apenas nível de aptidão produtiva, fazendo incidir o imposto somente sobre prédios destinados a habitação (com VPT acima de determinado valor e todos os prédios detidos por sociedades sedeadas nos chamados paraísos fiscais. qq) A ora Recorrida não era proprietária de qualquer prédio destinado a habitação, com valor patrimonial tributário, igual, ou superior, ao referido um milhão de euros pelo que estaria fora do âmbito de aplicação do normativo. rr)assim, por falta de preenchimento dos elementos objetivos do imposto deverá ser mantida a decisão recorrida e determinada a anulação das notas de liquidação impugnadas. Nestes termos, a argumentação da Recorrente não deverá proceder, devendo manter-se a sentença recorrida sendo julgada procedente a impugnação judicial apresentada pela Recorrida e em consequência: a) Serem anulados os atos de liquidação de imposto de selo objeto da presente impugnação, relativos ao ano de 2012, no valor total de 3.394,28; e b) Determinar-se a restituição à impugnante do valor pago, acrescido de juros indemnizatórios desde a data em que foi efetuado o pagamento até integral reembolso. ASSIM SE FAZENDO JUSTIÇA!! O Ministério Público, notificado pronunciou-se pela improcedência do recurso e confirmação do decidido. Basicamente o Ministério Público entendeu que sendo o imposto em causa liquidado em 2013, mas relativo a 2012, e nesse ano entendeu o MP que o valor do imóvel em causa não excedeu 1000.000,00, logo não se podia aplicar a taxa de 1%. Colhidos os vistos legais, cumpre decidir. Na sentença recorrida deu-se como assente a seguinte factualidade concreta:

Página 10 de 15 A) A Impugnante é proprietária do prédio em propriedade total, sito em..,.., da freguesia e concelho de Albufeira, identificado como Bloco., actual Lote, inscrito na matriz sob o artigo 8893 (cfr. fls. 24 a 33 dos autos); B) Desde 2009, até à avaliação trienal, realizada em 31/12/2012, ao prédio identificado na alínea anterior, foram atribuídos os seguintes VPT s parciais, correspondente ao VPT total de 981.494,52; 080101 - U 8893 1 59.043,03 080101 - U 8893 2 59.043,03 080101 - U 8893 3 60.576,62 080101 - U 8893 4 60.576,62 080101 - U 8893 5 62.110,19 080101 - U 8893 6 62.110,19 080101 - U 8893 7 63.643,79 080101 - U 8893 8 63.643,79 080101 - U 8893 9 59.043,03 080101 - U 8893 10 59.043,03 080101 - U 8893 11 60.576,62 080101 - U 8893 12 60.576,62 080101 - U 8893 13 62.110,19 080101 - U 8893 14 62.110,19 080101 - U 8893 15 63.643,79 080101 - U 8893-16 63.643,79 (cfr. fls. 53 a 59 dos autos); 981.494,52 C) Em 31/12/2012 foi feita actualização trienal e o prédio passou a ter o seguinte VPT: 080101 - U 8893 1 61.257,14 080101 - U 8893 2 61.257,14 080101 - U 8893 3 62.848,24 080101 - U 8893 4 62.848,24 080101 - U 8893 5 64.439,32 080101 - U 8893 6 64.439,32 080101 - U 8893 7 66.030,43 080101 - U 8893 8 66.030,43 080101 - U 8893 9 61.257,14 080101 - U 8893 10 61.257,14 080101 - U 8893 11 62.848,24 080101 - U 8893 12 62.848,24 080101 - U 8893 13 64.439,32 080101 - U 8893 14 64.439,32

Página 11 de 15 080101 - U 8893 15 66.030,43 080101 - U 8893-16 66.030,43 1.018.300,56 D) Em 20/03/2013 foi feita avaliação geral, o que originou o VPT: 080101 - U 8893 1 63.050,00 080101 - U 8893 2 64.800,00 080101 - U 8893 3 63.050,00 080101 - U 8893 4 64.800,00 080101 - U 8893 5 63.000,00 080101 - U 8893 6 64.800,00 080101 - U 8893 7 63.050,00 080101 - U 8893 8 64.800,00 080101 - U 8893 9 63.050,00 080101 - U 8893 10 64.800,00 080101 - U 8893 11 63.050,00 080101 - U 8893 12 64.800,00 080101 - U 8893 13 63.050,00 080101 - U 8893 14 64.800,00 080101 - U 8893 15 63.050,00 080101 - U 8893-16 64.800,00 1.022.750,00 (cfr. fls. 60 e segs. dos autos); E) Com referência ao ano de 2012 foram efectuadas, em 21/03/2013, as seguintes liquidações de Imposto de Selo relativas às zonas susceptíveis de utilização independente do prédio identificado em A), com data limite de pagamento em Julho de 2013: i. 2013 000286782, no montante de 204,19 (duzentos e quatro euros e dezanove cêntimos) - artigo urbano da freguesia e concelho de Albufeira 8893-1; ii. 2013 000286806, no montante de 204,19 (duzentos e quatro euros e dezanove cêntimos) - artigo urbano da freguesia e concelho de Albufeira 8893-2; iii. 2013 000286809, no montante de 209,49 (duzentos e nove euros e quarenta e nove cêntimos) - artigo urbano da freguesia e concelho de Albufeira 8893-3; iv. 2013 000286812, no montante de 209,49 (duzentos e nove euros e quarenta e nove cêntimos) - artigo urbano da freguesia e concelho de Albufeira 8893-4; v. 2013 000286815, no montante de 214,79 (duzentos e catorze euros e setenta e nove cêntimos) - artigo urbano

Página 12 de 15 da freguesia e concelho de Albufeira 8893-5; vi. 2013 000286818, no montante de 214,79 (duzentos e catorze euros e setenta e nove cêntimos) - artigo urbano da freguesia e concelho de Albufeira 8893-6; vii. 2013 000286821, no montante de 220,10 (duzentos e vinte ouros e dez cêntimos) - artigo urbano da freguesia e concelho de Albufeira 8893-7; viii. 2013 000286824, no montante de 220,10 (duzentos e vinte euros e dez cêntimos) - artigo urbano da freguesia e concelho de Albufeira 8893-8; ix, 2013 000286827, no montante de 204,19 (duzentos e quatro euros e dezanove cêntimos) - artigo urbano da freguesia e concelho de Albufeira 8893-9; x. 2013 000286785, no montante de 204,19 (duzentos e quatro euros e dezanove cêntimos) - artigo urbano da freguesia e concelho de Albufeira 8893-10; xi. 2013 000286788, no montante de 209,49 (duzentos e nove euros e quarenta e nove cêntimos) - artigo urbano da freguesia e concelho de Albufeira 8893-11; xii. 2013 000286791, no montante de 209,49 (duzentos e nove euros e quarenta e nove cêntimos) - artigo urbano da freguesia e concelho de Albufeira 8893-12; xiii. 2013 000286794, no montante de 214,79 (duzentos e catorze euros e setenta e nove cêntimos) - artigo urbano da freguesia e concelho de Albufeira 8893-13; xiv. 2013 000286797, no montante de 214,79 (duzentos e catorze euros e setenta e nove cêntimos) - artigo urbano da freguesia e concelho de Albufeira 8893-14; xv. 2013 000286800, no montante de 220,10 (duzentos e vinte euros e dez cêntimos) - artigo urbano da freguesia e concelho de Albufeira 8893-15; xvi. 2013 000286803, no montante de 220,10 (duzentos e vinte euros e dez cêntimos) - artigo urbano da freguesia e concelho de Albufeira 8893-16; (cfr. fls. 36 e seguintes dos autos); F) Em 31/07/2013 a Impugnante procedeu ao pagamento das liquidações que antecedem (cfr. fls. 36 e seguintes dos autos); Nada mais se deu como provado. Há agora que apreciar este recurso que nos vem dirigido. A questão que aqui vem colocada pela Fazenda Pública já não é nova e já mereceu resposta negativa por parte deste Supremo Tribunal, precisamente num processo em que as partes eram as mesmas. No acórdão proferido nesse processo, recurso n.º 529/14, datado de 29/10/2014, e fazendo referência a outros dois

Página 13 de 15 acórdãos, escreveu-se: A questão a dirimir no presente recurso é a de saber se a sentença recorrida incorreu em erro de julgamento ao anular as liquidações sindicadas no entendimento de que a determinação do valor patrimonial tributário do prédio para efeitos de incidência do Imposto do Selo previsto na verba 28.1 da respectiva Tabela Geral e relativo a 2012 teria de ser determinado de acordo com o disposto no nº 1 do artigo 6. da Lei 55-A/2012 e não com o disposto no n. 2 do mesmo artigo, como alegado pela recorrente. Questão idêntica a esta foi decidida por este STA, em Acórdãos do passado dia 8 de Outubro (recursos n.º 805/14 e 806/14), que subscrevemos como adjunta e nos quais nos revemos. Aí se concluiu não enfermar de erro de julgamento a sentença recorrida ao anular as liquidações sindicadas, relativas ao ano de 2012, que tomaram como VPT de referência o vigente a 31 de Dezembro de 2012 (superior a 1 milhão de euros), ao invés daquele que resultaria da aplicação do disposto no n.º 1 do artigo 6.º da Lei n.º 55-A/2012, de 29 de Outubro (inferior a 1 milhão de euros), ainda que as liquidações tivessem sido efectuadas em 2013. No caso dos autos, também o VPT à data do facto tributário era inferior a 1 milhão de euros (cfr. a alínea B) do probatório fixado), só superando esse valor em virtude da actualização trienal verificada em 31.12.2012 (e a que se refere a alínea C) do probatório fixado), sendo, contudo, tal valor irrelevante para o caso dos autos mercê do regime transitório para o ano de 2012 constante do n.º 1 do artigo 6.º da Lei n.º 55-A/2012. E isto porque, como se consignou no Acórdão proferido no recurso n.º 805/14, que passamos a transcrever: ( ) como resulta do probatório e não merece contestação, está em causa a liquidação de Imposto de Selo relativa ao ano de 2012. De harmonia com o disposto no artº 4º da lei nº 55-A/2012 de 29 de Outubro foi aditada à Tabela Geral do Imposto do Selo, anexa ao Código do Imposto do Selo, aprovado pela Lei n.º 150/99, de 11 de Setembro, a verba n.º 28, com a seguinte redacção: 28 - Propriedade, usufruto ou direito de superfície de prédios urbanos cujo valor patrimonial tributário constante da matriz, nos termos do Código do Imposto Municipal sobre Imóveis (CIMI), seja igual ou superior a (euro) 1.000 000 - sobre o valor patrimonial tributário utilizado para efeito de IMI: 28.1 Por prédio com

Página 14 de 15 afectação habitacional - 1% Mas o artº 6. da mesma Lei n. 55- A/2012, estabelece disposições transitórias relativas à liquidação do imposto nos anos de 2012 e 2013, nos seguintes termos 1 - Em 2012 devem ser observadas as seguintes regras por referência à liquidação do imposto do selo previsto na verba n. 28 da respectiva Tabela Geral: a) O facto tributário verifica-se no dia 31 de Outubro de 2012: b) O sujeito passivo do imposto é o mencionado no n. 4 do artigo 2. do Código do Imposto do Selo na data referida na alínea anterior: c) O valor patrimonial tributário a utilizar na liquidação do imposto corresponde ao que resulta das regras previstas no Código do Imposto Municipal sobre Imóveis por referência ao ano de 2011; d) A liquidação do imposto pela Autoridade Tributária e Aduaneira deve ser efectuada até ao final do mês de Novembro de 2012; e) O imposto deverá ser pago, numa única prestação, pelos sujeitos passivos até ao dia 20 de Dezembro de 2012: f) As taxas aplicáveis são as seguintes: i) Prédios com afectação habitacional avaliados nos termos do Código do IMI: 015 % (.) 2 - Em 2013, a liquidação do imposto do selo previsto na verba n. 28 da respectiva Tabela Geral deve incidir sobre o mesmo valor patrimonial tributário utilizado para efeitos de liquidação de imposto municipal sobre imóveis a efectuar nesse ano.» É no confronto com o quadro normativo estabelecido por este regime transitório, que importa apurar se a liquidação impugnada se encontra ferida de ilegalidade. Ora, de acordo com o probatório fixado, o que se constata é que no caso subjudice a liquidação sindicada se reporta, sem qualquer dúvida, ao ano de 2012 pelo que haverá que observar as regras transitórias do n.º 1 do artigo 6. da Lei 55-A/2012 e não as do n. 2, como sustenta a recorrente. Na verdade, pese embora a Fazenda Pública alegue que o acto de liquidação do tributo foi efectuado em 21.03.2013, é indiscutível que aquele se reporta ao ano de 2012. Mais decorre das al. a) e d) do referido artº 6º (regime transitório para 2012) que o facto tributário se deve ter como verificado em 31 de Outubro de 2012, e que a liquidação do imposto pela Autoridade Tributária e Aduaneira havia de ter sido ser efectuada até ao final do

Página 15 de 15 mês de Novembro de 2012. Por outro lado resulta ainda do mesmo regime transitório ( artº 6º, al.c)) que o valor patrimonial tributário a utilizar na liquidação do imposto corresponde ao que resulta das regras previstas no Código do Imposto Municipal sobre Imóveis por referência ao ano de 2011. Sucede que a Fazenda Pública, como bem nota o Exmº Procurador-Geral Adjunto, confunde ano de referência do imposto (no caso concreto 2012) com ano em que foi praticado o acto de liquidação do imposto (no caso concreto 2013), extraindo a conclusão abusiva de que o imposto deveria incidir sobre o valor patrimonial tributário mais elevado vigente em 31 Dezembro 2012, em consequência do incumprimento pela administração tributária do prazo para liquidação do imposto (20 Novembro 2012). Neste contexto o valor patrimonial tributário à data do facto tributário era de 981 494,52, valor vigente desde 2010 até 18.12.2012 ( cf. probatório, pontos B e C) e não 1 054 800,00 valor vigente em 31 Dezembro 2012, pelo que, só por esse facto, a propriedade do imóvel em causa nunca estaria abrangida pela norma de incidência da verba 28 da TGIS. (fim de citação).. É este julgamento que aqui se reitera, convictos que estamos da bondade da solução encontrada para a questão colocada, razão pela qual haverá que negar provimento ao recurso e confirmar a sentença recorrida, que bem julgou. Termos em que, face ao exposto, acordam os juízes da Secção de Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo, em negar provimento ao recurso, confirmando a sentença recorrida. Custas pela recorrente. D.N. Lisboa, 19 de Novembro de 2014. - Aragão Seia (relator) - Casimiro Gonçalves - Francisco Rothes.