LEIS TRABALHISTAS: TEORIA X PRÁTICA 1. A PESQUISA DE OPINIÃO TRANSFORMANDO A EDUCAÇÃO



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Transcrição:

LEIS TRABALHISTAS: TEORIA X PRÁTICA Pricila Rocha dos Santos¹ Resumo Este texto tem por objetivo descrever as vivências em torno do projeto de pesquisa Leis trabalhistas: teoria e prática desenvolvido na Escola Municipal de Ensino Fundamental Estado de Santa Catarina, organizado pelas professoras Jacira Machado eangelita Rocha, docentes da escola. O Imbé é um município localizado no litoral Norte do Rio Grande do Sul, região que apresenta uma particularidade em relação às demais: dispõem de curta temporada de veraneio nos meses de janeiro e fevereiro, contrastando com uma longa e rigorosa temporada de inverno, denominada baixa-temporada. Esta situação cria um grave problema para a classe trabalhadora do município, pois além da taxa de desemprego que é altíssima, os trabalhadores que possuem um emprego encontram-se no ramo informal de trabalho e, portanto, sem os direitos trabalhistas.diante desta realidade, em discussões e debates em sala de aula nasceu a dúvida dentre os alunos da 7ª série do EJA da Escola Estado de Santa Catarina: os trabalhadores de Imbé conhecem seus direitos? E as leis trabalhistas são respeitadas no município? A turma conta com alunos na faixa etária entre 15 e 50 anos, portanto, fazem parte da classe trabalhadora que enfrenta este problema e que busca cotidianamente condições melhores de vida. A pesquisa buscou conhecer a realidade dos trabalhadores de Imbé, levantando dados sobre as suas condições de trabalho bem como sua opinião sobre a importância que as leis trabalhistas exercem na vida de cada um. Diante de diferentes informações e estudos sobre o tema, elaboramos o questionário, aplicamos e tabulamos, chegando a resultados bastante reveladores. O tema acabou provocando os alunos para outros temas de extrema importância como a desvalorização feminina no mercado de trabalho. É o NEPSO mais uma vez proporcionando que os alunos modifiquem a própria realidade através de temas pertinentes e construindo dia-a-dia um futuro e, neste caso, um presente diferente para eles próprios. Palavras-chave: Pesquisa de opinião - Alunos Trabalhadores - Leis trabalhistas 1. A PESQUISA DE OPINIÃO TRANSFORMANDO A EDUCAÇÃO No decorrer da História da Educação em todo o mundo, é desafio primordial para os educadores encontrar alternativas diferenciadas que prendam a atenção de seus alunos, valorize suas competências e, acima de tudo contribua para formar um adulto cidadão comprometido com sua realidade social. Porém, isso não é tarefa fácil e pouco se evoluiu para que isso ocorresse. Ainda hoje nos deparamos com aulas totalmente expositivas, ministradas por professores desmotivados e alunos entediados com a mesmice que precisam enfrentar todos os dias. Além disso, o professor ainda precisa conviver, senão competir com todo um aparato tecnológico que vem conquistando com cada vez mais força todas as crianças que a eles tem acesso. ¹ Graduada em História pela Faculdade Cenecista de Osório

2 Hoje nossos alunos chegam nas salas de aula com inúmeras, informações, questionamentos e teorias que vem formando diante aos meios extra-escolar que lhes são fornecidos querendo utilizar seu conhecimento e buscar mais e mais esclarecer as dúvidas que lhes afligem. Diante disso, o professor deixou de ser o dono do saber, o mestre da informação que precisa repassar seus conteúdos a um grupo de alunos moldados para ouvir e atender ordens. O professor precisa, acima de tudo adaptar-se a essa nova realidade que a escola necessita. Realidade essa, que está sendo gritada pelas crianças e que muitas vezes são ignoradas pelo corpo docente. Essa mudança não só é possível como urgente. É necessário em nossas escolas alternativas pedagógicas capazes de suprir os problemas que afligem a educação atual para assim realizarmos o verdadeiro processo educativo que o mundo atual exige. O compositor Gabriel, o Pensador em sua composição Estudo Errado trata o assunto de maneira cômica porém não irreal... Sei que o estudo é uma coisa boa, o problema é que sem motivação a gente enjoa. O sistema coloca um monte de abobrinhas no programa...mas para aprender a ser um ignorante... Por mim eu nem saía da minha cama! Precisamos, portanto, criar esses meios para que a escola torne-se um local atrativo e interessante. E é com esse objetivo que o Instituo Paulo Montenegro, vinculado a Ação Educativo, ambos com sede em São Paulo, propôs a implementação da pesquisa de opinião nas escolas como recurso metodológico trazendo um novo olhar crítico e questionador para a sala de aula afim de atender as escolas de todo o Brasil: a implantação do projeto NEPSO - Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião surge como alternativa pedagógica na luta pela escola que nós e nossos alunos estamos procurando. A pesquisa de opinião não se limita a uma série de perguntas, faz parte de todo um processo que conta com a participação primordial do corpo discente. São os alunos quem participam da elaboração do questionário, escolhem o tema a ser abordado, colocam o trabalho em prática e colhem seus resultados. É um processo longo, mas que proporciona ao aluno a liberdade para seguir o caminho que acha mais conveniente contribuindo no seu processo ensino-aprendizagem sem tornar-se maçante. Como PERRENOUD (2000, p.18) expõe Não é necessário que o trabalho pareça uma via crucis; pode-se aprender rindo, brincando, tendo prazer. A parte inicial e de suma importância para o desenvolvimento do projeto em questão trata do assunto a ser abordado. A questão inovadora neste tipo de trabalho é dar liberdade a criança para que exponha suas dúvidas, suas curiosidades e anseios afim de que possa escolher um tema de acordo com a sua realidade e que, acima de tudo venha de

3 encontro com seu próprio interesse. É fundamental para qualquer tipo de proposta pedagógica trabalhada pelo professor que o tema abordado seja de curiosidade dos alunos para que o resultado final seja alcançado, pois sem interesse não existe pesquisa. Segundo FREIRE (2002, p.45) não haveria criatividade sem a curiosidade que nos move e que nos põe pacientemente impacientes diante do mundo que não fizemos, acrescentando a ele algo que fazemos. Nesse caso o papel do professor entra como motivador. Cabe ao professor trazer para a aula materiais que envolvam o aluno no tema escolhido. O maior número de informações possíveis são trazida pelo professor e pelos próprios alunos para as aulas e repassadas aos demais colegas. É dessa forma que a criança passa a fazer parte do tema trabalhado para que assim, em parceria, professor e aluno possam problematizar o tema para transformá-lo em pesquisa de opinião. A elaboração do questionário também é realizada pelos alunos que tem a possibilidade de colocar em prática todo o conhecimento que buscou durante o período de motivação. É nessa etapa que aluno expõe sua aprendizagem e a sua sensibilidade diante dos problemas condizentes com a sua realidade. O questionário torna-se extremamente rico por ser dotado de dúvidas adquiridas pelos alunos e que serão compartilhadas com um número maior de pessoas. Torna-se ainda mais importante o tema que vem sendo abordado ao perceber posteriormente se a opinião da população condiz com a opinião dos alunos. Por fim é chegada a hora de tabular a pesquisa e analisar seus resultados. É nesse momento que o aluno percebe a importância que seu trabalho teve e ainda pode ter para a comunidade em geral. Como todas as pessoas as crianças também sentem a necessidade de participar, de contribuir, de dar sentido para aquilo que realiza. E é o objetivo principal deste processo, mostrar aos nossos alunos o quanto seu trabalho é válido e importante e o alcance que ele pode ter. Enfim, os alunos participam de todo o processo de elaboração do trabalho em questão, desde a escolha do tema, passando pela elaboração do projeto e questionário, aplicação do mesmo, tabulação dos resultados e culminância através da apresentação destes resultados para a comunidade em geral. É sem, dúvida, uma maneira criativa, divertida e comprometida de envolver os alunos em temas de seu interesse e estimula-los a buscar alternativas para mudar a realidade em que vivem.

4 1.2 MINHA VIDA ENTRA NA ESCOLA Nossos alunos, ao entrarem em uma sala de aula, deparam-se com uma série de conteúdos a serem aprendidos que geralmente não condizem em momento nenhum com a realidade que encontram na sua vida extra-escolar. Tal motivo é, por vezes o responsável pela repetência e pela evasão escolar. É de extrema importância que a realidade de nossos alunos e do meio em que vivem sejam valorizadas nesse meio onde estão sendo inseridos afim de que se crie um momento de identificação entre escola e alunos. Com esse objetivo primordial o NEPSO vem abrindo espaço para que os problemas da comunidade sejam discutidos e trabalhados no espaço escolar. Diante deste contexto, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Estado de Santa Catarina abriu suas portas para buscar na comunidade às respostas que procurava para desenvolver uma educação de qualidade com o envolvimento pleno de seus alunos no processo de construção do seu conhecimento. A escola encontra-se no município de Imbé, uma pequena cidade localizada no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Por ser uma região de praia, possui uma população fixa consideravelmente inferior a encontrada na temporada de veraneio (janeiro e fevereiro), fator que causa uma grande mudança na vida da população de uma temporada para outra, ou seja, um verão movimentado, com uma grande demanda de emprego, e um inverno rigoroso onde os recursos financeiros se tornam escassos. Com isso, a taxa de desemprego é alta e a competição para o mercado de trabalho é muito acirrada. Esta realidade está muito presente na vida dos alunos da Escola Santa Catarina. Os alunos da 7ª série da Educação de Jovens e Adultos convivem com essa realidade diariamente, pois são eles, trabalhadores do município de Imbé, ou desempregados em busca de um emprego. Diante de tal realidade, os alunos sentiram a necessidade de pesquisar sobre um tema tão presente no seu dia-a-dia e de extrema importância a comunidade em geral. Será que as leis trabalhistas são respeitadas no município de Imbé? Com isso, viram, aos poucos seus problemas e anseios serem discutidos e compartilhados dentre os colegas e professores. Viram, portanto que era possível, através da escola modificar a realidade em que viviam e

5 buscar uma vida mais justa e mais digna no local onde moram. Segundo Diogo pela primeira vez minha vida fez parte da escola. Percebi que os medos que eu tinha eram os mesmos de todos os colegas ² Porém os trabalhos estavam apenas começando. A vida já estava dentro da escola de uma maneira surpreendente, mas precisávamos de mais. Agora era necessário que a escola entrasse na vida de nossos alunos, e o NEPSO veio sanar essa dificuldade. 1.3 A ESCOLA ENTRA NA MINHA VIDA Com o tema e mãos, chegava o momento de adquirir os conhecimentos necessários para desenvolver o assunto com eficiência. Com a ajuda de todos os professores, as leis trabalhistas passaram a fazer parte do cotidiano de nossos alunos, diversos estudos sobre as mesmas foram elaborados, contando com material fornecido pela escola Internet e pesquisas realizadas extra-classe pelos próprios alunos. Os próprios alunos ficaram surpreendidos em conhecer o quanto possuíam direitos que não eram respeitados pelos empregadores. Alunos portanto, com idade entre 15 e 40 anos, trabalhadores, desconheciam os direitos que os protegiam e nós professores, até então, tão preocupada em vencer os chamados conteúdos mínimos, não havíamos percebidos as reais necessidades de nossos alunos. Com um bom domínio do assunto que vinha sendo desenvolvido, a elaboração do questionário representou uma parte importantíssima no processo de construção do projeto. Os alunos utilizaram-se em todos os momentos das dúvidas que haviam sanado na parte de estudo do tema para descobrir dos moradores de Imbé se estes conheciam estes direitos ou também eram explorados por desconhecer as leis que os protegiam. O questionário serviria portanto, não somente para pesquisar a opinião da população, mas também para coletar dados identificando a realidade trabalhista do município. Após a devida aplicação e tabulação dos resultados, chegou o momento tão aguardado pelos alunos: a análise dos resultados levantados com a aplicação do questionário. Diante de tantas perguntas e descobertas estava a dúvida sobre as questões trabalhistas levantadas e a realidade dos trabalhadores do município. ² Aluno da 7ª série do EJA na Escola Municipal de Ensino Fundamental Estado de Santa Catarina

6 Inicialmente, percebemos que a grande maioria da população trabalhadora possui o Ensino Fundamental Incompleto, tal dado pôde ainda ser associado com o fato de 60% dos homens trabalharem como pedreiro e 52% das mulheres como empregada doméstica. Segundo opinião da aluna Vera³, o fato de as pessoas não preocuparem-se em ter um grau de escolaridade maior deve-se ao fato de o município possuir um mercado de trabalho limitado a emprego que não os exige. Outro ponto de extrema importância diz respeito ao tempo que a população permanece no emprego. 41% das trabalham mais de 8 horas diária e ainda 65% permanecem no emprego além da hora estipulada. Ou seja, as pessoas ainda estão sendo exploradas, permanecendo um tempo inadmissível em seus empregos. Masculino 20% 10% 70% Até um salário mínimo De um a três salários mínimos Mais de três salários mínimos Porém, o assunto que causou maior espanto e discussão na turma une dois assuntos tão polêmicos quanto importantes. A pesquisa serviu para interagir as leis trabalhistas com a discriminação feminina. Foi descoberto que enquanto 10% dos homens recebem até 1 salário mínimo, 47% das mulheres o recebem, porém a grande maioria das mulheres alega estar satisfeitas em seus empregos. Segundo a aluna Jéssica 4 minha mãe trabalha como empregada doméstica e comenta que o serviço que exerce é o mesmo que faz em casa, porém em casa ela não é remunerada. Fica evidente portanto o quanto o serviço desenvolvidos por empregadas domésticas é desvalorizados sem que estas lutem pelos seus direitos. Diante de tantas respostas, surpresas e indignações, os próprios alunos sentiram a Feminino 15% 47% 38% Até um salário mínimo De um a três salários mínimos Mais de três salários mínimos necessidade de expor aquilo que havia sido descoberto para que este conhecimento alcançasse o maior número de trabalhadores possíveis. E com isso a escola, aos poucos, foi arrancando as grades que o cercava e entrando na vida das pessoas da comunidade. ³ Aluna da 7ª série do EJA na Escola Municipal de Ensino Fundamental Estado de Santa Catarina 4 Aluna da 7ª série do EJA na Escola Municipal de Ensino Fundamental Estado de Santa Catarina

7 Hoje nossos alunos perceberam que a escola não serve apenas para aprender, mas sim para construir conhecimentos, modificar o que está errado estabelecer uma troca entre vida e escola, escola e vida, afinal ambas não são dissociadas, mas uma extensão uma da outra. 2. CONSIDERAÇÕES FINAIS O NEPSO, sem dúvida, hoje representa um material poderoso de aprendizado para os professores que nele se envolvem. Mostra o quanto os alunos são capazes, os quantos podem ensinar, criticar, construir, se indignar e lutar para transformar a sua realidade. O NEPSO não representa apenas passos de desenvolvimento de um projeto, mas sim base do que representa a educação, um misto de aprender, ensinar e construir juntos uma realidade diferente no mundo em que vivemos. A escola é parte integrante da vida de todos e estes não podem deixar do lado de fora dos muros seus medos, anseios conhecimentos. É preciso abrir espaços para que o dia-a-dia de nossos alunos entrem na escola e façam parte da aula para que assim a escola passe a fazer sentido e ocupar um espaço maior na vida de nossos alunos. REFERÊNCIAS FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 25 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002 Gabriel, O Pensador. Gabriel o Pensador as melhores. Estudo errado. São Paulo: Sony, 1999 HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora uma prática em construção da pré-escola à universidade. 20 ed. Porto Alegre: Editora Mediação, 2003 PERRENOUD, Philippe. Dez Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.