PRODUTIVIDADE E COMPONENTES DO RENDIMENTO DE MILHO SAFRINHA SOLTEIRO E COM BRAQUIARIA, 2011, EM DOURADOS, MS Lígia Maria Maraschi da Silva Piletti (1), Mirianny Elena de Freitas (2), Mateus Luiz Secretti (3), Luiz Carlos Ferreira de Souza (4), Natanael Borges Soares (5) Introdução No Estado de Mato Grosso do Sul o clima é caracterizado por um inverno seco, com encurtamento do fotoperíodo, o que dificulta o estabelecimento de plantas nesta época do ano, com a adoção do plantio direto, a boa formação de cobertura vegetal na superfície do solo torna-se indispensável (ALVARENGA et al., 2001). A formação de cobertura do solo no período da 2ª Safra é um dos desafios para os agricultores na região do Cerrado (ALVARENGA et al., 2001). O sistema produtivo difundido em todo o Estado consiste em cultivo da soja no verão ou 1ª Safra, com posterior cultivo do milho, denominado também de milho safrinha. Além da ausência da rotação de culturas que é um dos princípios do plantio direto (EMBRAPA, 2006), este modelo de cultivo não repõe ao solo a quantidade de palha necessária para um sistema sustentável. Na tentativa de aumentar o aporte de palha no solo, sem que a produtividade do milho seja afetada, o uso de espécies forrageiras em consórcio com milho, principalmente, do gênero Brachiaria, tem sido muito estudado e utilizado por agricultores e pesquisadores (BERNARDES, 2003; TORRES, 2003; ANDRIOLI, 2004; TIMOSSI, 2007). Apesar dos benefícios já conhecidos com o uso de consórcio milho + Brachiaria, como aumento no teor de matéria orgânica e a melhora da estruturação do solo, ainda há muitos questionamentos a respeito da interferência negativa da gramínea forrageira na 1 Engenheira-Agrônoma, M.Sc., Aluno Pós-Graduação da UFGD, Rodovia Dourados/Itahum, km 12 - Dourados, MS. ligiamaraschi@hotmail.com 2 Engenheira-Agrônoma, M.Sc., Aluno Pós-Graduação UFGD, Rodovia Dourados/Itahum, km 12 - Dourados, MS. miriannyelena@yahoo.com.br 3 Engenheiro-Agrônomo, M.Sc., Aluno Pós-Graduação UFGD, Rodovia Dourados/Itahum, km 12 - Dourados, MS.mateussecretti@hotmail.com 4 Engenheiro-Agrônomo, Professor da Faculdade de Agronomia, UFGD, Rodovia Dourados/Itahum, km 12 - Dourados, MS. luizsouza@ufgd.edu.br 5 Aluno Graduação Agronomia da UFGD, Rodovia Dourados/Itahum, km 12 - Dourados, MS. natanaelborgessoares@hotmail.com [1]
produtividade de grãos de milho, podendo dificultar o uso da tecnologia por parte dos agricultores. Para tanto, o conhecimento do comportamento das espécies na competição por fatores de produção torna-se de grande importância para o êxito da produtividade satisfatória da cultura de grãos e da formação da pastagem, evitando que a competição existente entre as espécies inviabilize o cultivo consorciado (KLUTHCOUSKI & YOKOYAMA, 2003). Deste modo, este trabalho objetivou comparar a produtividade de grãos e componentes do rendimento de milho solteiro e milho consorciado com Brachiaria ruziziensis na safrinha de 2011. Material e Métodos A presente pesquisa foi realizada na safrinha de 2011 na Fazenda Experimental de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Grande Dourados UFGD, localizada no Município de Dourados-MS, nas coordenadas geográficas latitude 22º 14 S, longitude de 54º 49 W e altitude de 458 metros. O clima, de acordo com a classificação de Koppen, é Cfa (Clima Mesotérmico Úmido sem estiagem), em que a temperatura do mês mais quente é superior a 24ºC. A precipitação pluviométrica anual da região é de 1.200 à 1.400 mm e a evapotranspiração real anual é de 1100 à 1200 mm. A temperatura média anual é de 22 ºC. O solo predominante na área cultivada é o Latossolo Vermelho Distroférrico. O milho foi semeado mecanicamente no dia 27 de fevereiro de 2011, utilizando o híbrido DKB 390 YG, com espaçamento entre linhas de 0,9 m e densidade de cinco sementes por metro. O milho consorciado com a Brachiaria ruziziensis foi semeado da mesma maneira que o milho solteiro, mas foi incluída uma linha de Brachiaria ruziziensis semeada nas entrelinhas do milho, para tanto as sementes de B. ruziziensis foram colocadas na caixa da semeadora, intercalada com as sementes de milho. Foram utilizados 4 kg ha -1 de sementes com valor cultural (VC) de 70% numa densidade de 15 plantas m -1. Foi realizada adubação de semeadura do formulado 07-20-20, na dose de 300 kg ha -1. Foi realizado controle de plantas daninhas com o herbicida glifosato no estádio fenológico V3, não foram realizados controle de pragas e doenças. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados, com dois tratamentos e quatro repetições. Cada unidade experimental mediu 15 m de largura e 35 m de [2]
comprimento, perfazendo uma área de 525 m 2. Os tratamentos foram: milho safrinha solteiro e milho safrinha em consórcio com B. ruziziensis. A colheita foi realizada no dia 02 de agosto de 2011, efetuando-se colheita manual de uma área útil de 9 m 2, escolhida ao acaso no centro de cada parcela. A partir das espigas colhidas o material foi trilhado, pesado e separadas amostras de mil grãos para a determinação da massa de mil grãos. As variáveis analisadas foram: altura de planta, inserção de espiga, diâmetro e comprimento de espigas, número de grãos por espiga, massa de mil grãos e produtividade de grãos, sendo a umidade corrigida para 13%. Os dados de todas as características avaliadas foram submetidos à análise de variância ao nível de 5% de probabilidade. Resultados e Discussão A partir da Tabela 1 pode-se afirmar que não houve diferença significativa para a produtividade, massa de mil grãos, grãos por espiga. Pagliarini e Ceccon (2009) observaram que pode haver diferenças significativas na resposta ao consórcio entre diferentes híbridos. Os dados obtidos por Ceccon (2008) que avaliou lavouras comerciais observou que não houve redução de produtividade em sistemas que envolviam o consórcio milho+brachiaria, confirmando os dados obtidos neste experimento. Tabela 1. Produtividade, massa de mil grãos e grãos/espiga de milho solteiro e milho+brachiaria, Dourados, MS, 2013. Tratamento Massa de Mil Produtividade (kg ha -1 ) Grãos Grãos/Espiga Milho Solteiro 2.998,88 ns 220,20 ns 476 ns Milho + Brachiaria 2.685,27 213,77 473 CV (%) 24,00 5,42 12,49 ns Não diferem significativamente (p<0,05). Além de não haver prejuízos no rendimento, quando se consorcia milho+brachiaria insere-se no sistema maior quantidade de palha. Machado et al. (2007) estimam que possa ser adicionado ao solo com o uso do milho consorciado entre 10 a 20 Mg ha -1 de matéria seca na superfície, resíduos estes que ajudam a aumentar os teores de matéria orgânica do [3]
solo (SALTON, 2005), além de favorecer o controle de plantas daninhas, por ser uma barreira física para a germinação das mesmas. Na Tabela 2 encontram-se os dados referentes à altura de plantas, inserção de espiga, diâmetro e comprimento de espiga. Tabela 2. Altura, Inserção de espiga, diâmetro e comprimento de espiga de milho solteiro e milho+brachiaria, Dourados, MS, 2013. Tratamento Altura (m) Inserção de Espiga (m) Diâmetro de espiga (mm) Comprimento de Espiga (cm) Milho Safrinha 2,00 ns 1,00 ns 46,23 ns 15,00 ns Milho + Brachiaria 2,05 1,04 44,92 15,75 CV (%) 3,14 4,21 4,11 10,49 Não houve diferenças significativas para nenhuma das variáveis analisadas e dispostas na Tabela 2 (altura de plantas, inserção de espiga, diâmetro de espiga e comprimento de espiga). Resultados semelhantes foram obtidos por Tsumanuma (2004) quando avaliou o desempenho de milho consorciado e concluiu que não houve influência da braquiária na altura de plantas. Brambilla et al. (2009), não encontraram diferenças significativas entre milho solteiro e consorciado sobre a variável diâmetro de colmo. Aukar (2011) também não observou influência da braquiária sobre a altura de plantas de milho. No mesmo trabalho, entretanto, Aukar (2011) encontrou diferenças significativas para inserção de espiga em milho solteiro e consorciado. A altura de inserção de espigas é uma variável muito importante pois está diretamente relacionada ao acamamento das plantas, de acordo com Siqueira (2009), quanto mais altas as plantas, mais suscetíveis ao acamamento. Estes dados corroboram com os resultados encontrados por Richart et al. (2010) que também não encontraram diferenças significativas para os componentes do rendimento de milho. Estes mesmos autores consideram que há viabilidade técnica do consórcio quando as duas espécies são implantadas simultaneamente. Aukar (2011) observaram que a interferência na produtividade de milho pelo consórcio com braquiária depende da densidade de semeadura da braquiária. [4]
Conclusões Não há diferença na produtividade e componentes de rendimento entre o cultivo de milho solteiro e milho consorciado com braquiária. Referências ALVARENGA, R.C.; CABEZAS, W.A.L.; CRUZ, J.C.; SANTANA, D.P. Plantas de cobertura de solo para sistema de plantio direto. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 22, n. 208, p. 25-36, 2001. ANDRIOLI, I. Plantas de cobertura em pré-safra à cultura do milho em plantio direto, na região de Jaboticabal-SP. 2004. 78f. Tese (Livre-Docente) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal. 2004. AUKAR, M.C.M. Produção de palha e grãos do consórcio milho-braquiária: Efeito da população de plantas de Brachiaria ruziziensis. Dissertação (Mestrado em Agronomia) Universidade do Oeste Paulista, Presidente Prudente, SP, 2011. BRAMBILLA, J.A. Produtividade de milho safrinha no sistema de integração lavourapecuária, na região de Sorriso, Mato Grosso. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, v. 8, p. 263-274, 2009. BERNARDES, L.F. Semeadura de capim-braquiária em pós emergência da cultura do milho para obtenção de cobertura morta em sistema de plantio direto. 2003. 42f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - UNESP, 2003. CECCON, G. Milho safrinha com braquiária em consórcio. Dourados, MS: Embrapa Agropecuária Oeste, 2008. 7p. (Comunicado Técnico, 140). EMBRAPA, Recomendações técnicas para o cultivo do milho, 1ª ed, Brasília: EMBRAPA-SPI, 2006, 204p MACHADO, L. A. M.; FABRÍCIO, A. C.; ASSIS, P. G. G. de; MARASCHIN, G. E. Estrutura do dossel em pastagens de capim-marandu. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, v. 42, n. 10, p. 1495-1501, 2007. PAGLIARINI, M.K.; CECCON, G. Desempenho de híbridos de milho safrinha solteiro e em consórcio com Brachiaria ruziziensis, em Dourados, MS. In: X Seminário Nacional de Milho Safrinha. Anais... p.335-341, 2009. PEREIRA, F.A.R. Cultivo de espécies visando a obtenção de cobertura vegetal do solo na entressafra da soja (Glycine max L. Merril) no cerrado. 1990. 83f. Dissertação (Mestrado [5]
em Agricultura) - Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2002. RICHART, A.; PASLAUSKI, T.; NOZAKIL, M.H; RODRIGUES, C.M.; FEY, R. Desempenho do milho safrinha e da Brachiaria ruziziensis cv. Comum em Consórcio. Revista Brasileira Ciências Agrárias, Recife, v.5, p.497-502, 2010. SALTON, J. C. Matéria orgânica e agregação do solo na rotação lavoura pastagem em ambiente tropical. 2005. 158 f. Tese (Doutorado) Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. SIQUEIRA, B.C. Ação dos fertilizantes Bacsol e Orgasol na altura de inserção da espiga e coloração dos grãos na cultura do milho orgânico. In: Semana de Ciência e Tecnologia do IFMG. Anais... 2009. TIMOSSI, P.C; DURIGAN, J.C.; LEITE, G.J. Formação de palhada por braquiárias para adoção do sistema plantio direto. Revista Bragantia, Campinas, v.66, p.617-622, 2007. TORRES, J.L.R. Estudo de plantas de cobertura na rotação milho-soja em sistema de plantio direto no cerrado, na região de Uberaba-MG. 2003. 108f. Tese (Doutorado em Agronomia) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal-SP. TSUMANUMA, G. M. Desempenho de milho consorciado com diferentes espécies de braquiárias, em Piracicaba, SP. 2004. 83 p. Dissertação (Mestrado) - Escola Superior deagricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba. [6]