SABERES DA TERRA: DIFERENCIAL NA EDUCAÇÃO DO CAMPO. Sônia Maria de Souza Ribeiro, Fundação Universidade do Tocantins, sonia.ms@unitins.



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DOCUMENTO TÉCNICO DO PROJETO

Transcrição:

1 SABERES DA TERRA: DIFERENCIAL NA EDUCAÇÃO DO CAMPO Sônia Maria de Souza Ribeiro, Fundação Universidade do Tocantins, sonia.ms@unitins.br Resumo Este programa oportuniza a elevação da Escolaridade e Qualificação Social e Profissional do Jovem Agricultor, tendo em vista a conclusão do ensino fundamental e a qualificação social e profissional (formação inicial e continuada) por meio da modalidade de Educação de Jovens e Adultos, levando em considerando a demanda existente nos municípios. Assim, o objetivo principal é desenvolver uma política de Educação do Campo que possibilite a jovens e adultos agricultores familiares excluídos do sistema formal de ensino a oportunidade de escolarização na modalidade de jovens e adultos, integrando ensino fundamental e qualificação social e profissional. Palavras Chave: agricultura familiar, educação do campo, saberes da terra. Introdução Os indicadores do Censo Escolar/SEDUC/TO/2005 apontam que cerca de 16.483 alunos matriculados na zona urbana são oriundos da zona rural e freqüentam a escola via transporte escolar. O Fórum Permanente da Educação do Campo do Estado do Tocantins, composto por diversas Instituições governamentais e não governamentais, sugeriu que a SEDUC apresentasse estratégias para implantar o Programa Saberes da Terra do MEC nos municípios de Araguatins, Augustinópolis, Buriti do Tocantins, Campos Lindos, Cachoeirinha, Palmeiras do Tocantins, Esperantina e Sitio Novo do Tocantins. Para definição dessa área de abrangência foi feito uma reunião com representantes dos Movimentos Sociais e Secretarias Municipais de Educação dos municípios de abrangência do Território do Bico do Papagaio composto por 12 municípios, desses compareceram representantes de 10 municípios e 08 manifestaram interesse na implantação do Programa Saberes da Terra. Foi definido na reunião que os municípios de Campos Lindos e Cachoeirinha, que não pertencem ao Território do Bico do Papagaio, seriam contemplados, levando se em consideração que o primeiro trata se de uma região com grande número de jovens fora da escola, residentes em 08 comunidades rurais, sendo uma reivindicação da Pastoral da Terra, e o segundo foi reivindicada pela Organização Social do Movimento dos Sem Terra MST por existir demanda no Assentamento PA Oziel, para ser implantado. O Ministério da Educação, por intermédio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade em articulação com a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica, em parceria com o Ministério do Trabalho e Ministério do Desenvolvimento Agrário, viabilizou a execução do Programa Saberes da Terra pela Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Tocantins em parceria com a Fundação Universidade do Tocantins e a Escola Agrotécnica Federal de Araguatins.

2 Proposta Pedagógica do Programa Saberes da Terra Para que possamos entender a proposta do Programa é necessário fazermos um pequeno histórico sobre o cenário da educação, dos movimentos políticos no campo brasileiro, como por exemplo, a Articulação Nacional por uma Educação do Campo, a experiência acumulada pela Pedagogia da Alternância, as pautas de reivindicação do movimento sindical dos trabalhadores rurais e o envolvimento dos mais diversos setores, além dos próprios movimentos sociais, que fizeram com que fossem contempladas no corpo da legislação referências específicas à educação do campo. No campo educacional esse processo é acentuado com a discussão e aprovação da LDB, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB, Lei nº 9.394 de dezembro de 1996), que propõe em seu artigo 28, medidas de adequação da escola à vida do campo, questão que não estava anteriormente contemplada em sua especificidade. Assim, a identidade da escola do campo é definida a partir dos sujeitos sociais a quem se destina: agricultores/as familiares, assalariados/as, assentados/as, ribeirinhos, caiçaras, extrativistas, pescadores, indígenas, remanescentes de quilombos, enfim todos os povos do campo brasileiro. Essa concepção está expressa no parecer das diretrizes e tem sua identidade definida no art. 2º, único das Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, ao afirmar que: a identidade da escola do campo é definida pela sua vinculação às questões inerentes a sua realidade, ancorando se na temporalidade e saberes próprios dos estudantes, na memória coletiva que sinaliza futuros, na rede de ciência e tecnologia disponível na sociedade e nos movimentos sociais em defesa de projetos que associem as soluções exigidas por essas questões á qualidade social da vida coletiva no país. Portanto, a identidade da Educação do Campo é definida pelos seus sujeitos sociais, e deve estar vinculada a uma cultura que se produz por meio de relações mediadas pelo trabalho, entendendo trabalho como produção material e cultural de existência humana. Para isso, a escola precisa investir em uma interpretação da realidade que possibilite a construção de conhecimentos potencializadores, de modelos de agricultura, de novas matrizes tecnológicas, da produção econômica e de relações de trabalho e da vida a partir de estratégias solidárias, que garantam a melhoria da qualidade de vida dos que vivem e sobrevivem no e do campo. A proposta pedagógica do Programa está fundamentada no eixo articulador da agricultura familiar e sustentabilidade, que dialoga com os eixos da temática da agricultura familiar: etnia, cultura e identidade, desenvolvimento sustentável e solidário com enfoque territorial; sistemas de produção e processos de trabalho no campo; economia solidária e cidadania, organização social e políticas. Portanto, pretende se atingir o desenvolvimento da identidade cultural, solidariedade e cidadania dos jovens e adultos participantes, bem como, de seus núcleos familiares e comunidade dos municípios de abrangência do Território do Bico do Papagaio/TO. Assim, o Programa justifica se como forma de colocar em prática a proposta educativa do Saberes da Terra idealizada pelo Ministério da Educação, junto à proposta da construção de uma Educação de Jovens e Adultos para o campo no Estado do Tocantins, a partir das necessidades dos jovens, quanto aos seus horários, aos seus conhecimentos prévios, aos seus interesses e a sua formação para cidadania. Desta

3 forma dinamiza as atividades pedagógico educativas na atuação dos professores e educadores como agentes transformadores da sua realidade. Os eixos temáticos que norteiam o Programa Saberes da Terra e os materiais didáticos produzidos pela equipe de professores da Fundação Universidade do Tocantins estão assim organizados: Agricultura familiar: etnia, cultura e identidade apresentação dos conceitos básicos e orientações para o desenvolvimento de forma articulada aos conteúdos das áreas de Linguagens (Português e Inglês) e Ciências Humanas (História e Geografia). Desenvolvimento sustentável e solidário com enfoque territorial apresentação dos conceitos básicos e orientações para o desenvolvimento de forma articulada aos conteúdos das áreas de Linguagens Matemáticas (Matemática) e Ciências da Natureza (Ciências). Sistemas de produção e processos de trabalho no campo apresentação dos conceitos básicos e orientações para o desenvolvimento de forma articulada aos conteúdos das áreas de Linguagens (Português e Inglês) e Ciências Humanas (História e Geografia). Economia solidária apresentação dos conceitos básicos e orientações para o desenvolvimento dos mesmos de forma articulada aos conteúdos das áreas de Linguagens Matemáticas (Matemática) e Ciências da Natureza (Ciências). Cidadania, organização social e Políticas Públicas apresentação dos conceitos básicos e orientações para o desenvolvimento dos mesmos de forma articulada aos conteúdos das áreas de Linguagens Matemáticas (Matemática) e Ciências da Natureza (Ciências). O Papel dos Parceiros na Execução do Programa Nesse contexto a Fundação Universidade do Tocantins, por meio da Pró Reitoria de Extensão e Pós Graduação, é responsável pela formação inicial e continuada dos professores e educadores como curso de extensão universitária(certificação dos professores e educadores); a elaboração dos testes bimestrais e a elaboração dos materiais didático pedagógicos para professores e educadores. A Escola Agrotécnica Federal de Araguatins tem o papel de acompanhar in loco a execução das atividades referente ao tempo família que são voltadas para a qualificação profissional, por meio de palestras, dia de campo, assim como, pela certificação dos educandos. A Secretaria Estadual de Educação e Cultura do Estado do Tocantins é responsável por toda a operacionalização tanto pedagógica quanto financeira das atividades junto aos professores, educadores e educandos do programa, assim como, pelo acompanhamento das atividades realizadas pelos parceiros e também pela definição do currículo referente a 2ª etapa do ensino fundamental (6º ao 9º ano). Público Alvo O programa atende jovens agricultores na faixa etária de 15 a 29 anos que atuam na agricultura familiar e não concluíram o Ensino Fundamental, residentes na zona rural dos municípios de Araguatins, Augustinópolis, Buriti do Tocantins, Campos Lindos, Cachoeirinha, Palmeiras do Tocantins, Esperantina e Sitio Novo do Tocantins.

4 As Formações dos Professores e Educadores Ao planejarmos as formações para os professores e educadores do projeto Saberes da Terra pretende se ajudá los (as) a traçar mais uma etapa em sua vida profissional por meio de estudo/debates sobre os eixos temáticos norteadores do programa e orientações didático metodológicas para aplicação desses eixos via conteúdos curriculares. MOMENTOS DA FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DOS PROFESSORES E EDUCADORES Figura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4 Figura 5 Figura 6 Fonte: fotos tiradas na Escola Agrotécnica Federal de Araguatins na cidade de Araguatins, pela profª Sônia Maria de S. Ribeiro 2006/2007. Estas fotos demonstram alguns momentos vivenciados nas formações. Para que possamos compreender melhor o que foi e como foi realizado, é importante que conhecermos a sistemática adotada nas formações dos professores e educadores do Programa Saberes da Terra. As formações foram estruturadas da seguinte forma: A Formação Inicial com carga horária de 80h/a em que se enfatizou a importância do programa Saberes da Terra para o Estado, a metodologia do Programa, por entender que seja de fundamental importância a compreensão do projeto como um todo e a necessidade de centrar na metodologia e nos recursos didáticos que irão fundamentar a prática pedagógica do programa no Estado. Assim foram aprofundados os conhecimentos a respeito das concepções de EJA, educação do campo, Andragogia, Pedagogia da Alternância e sua metodologia e o aprofundamento do Eixo 01: agricultur a familiar, etnia, cultura e identidade.

5 A Formação Continuada foi dividida em 04 formações totalizando 180h/a, sendo assim sistematizada: A I e II Formação Continuada foi feito um aprofundamento da compreensão da metodologia, os princípios e as diretrizes pedagógicas dos eixos 02 Desenvolvimento sustentável e solidário com enfoque territorial para a Educação de Jovens e Adultos apresentação dos conceitos básicos e orientações para o desenvolvimento de forma articulada aos conteúdos das áreas de Linguagens Matemáticas (Matemática) e Ciências da Natureza (Ciências), 03 Sistemas de produção e os processos de trabalho, apresentação dos conceitos básicos e orientações para o desenvolvimento de forma articulada aos conteúdos das áreas de Linguagens (Português e Inglês) e Ciências Humanas (História e Geografia) e sua relação com o Arco Ocupacional (produção rural) do Projeto Saberes da Terra. Assim como, a verificação do levantamento dos sistemas e instrumentos de produção nos Municípios (de acordo com o diagnóstico realizado). A III Formação Continuada aprofundou se a compreensão da metodologia, os princípios e as diretrizes pedagógicas do eixo 04 Economia Solidária apresentação dos conceitos básicos e orientações para o desenvolvimento de forma articulada aos conteúdos das áreas de Matemática e Ciências da Natureza e a relação com o Arco Ocupacional (produção rural: extrativismo e aqüicultura) do Programa Saberes da Terra. Verificação do levantamento dos empreendimentos solidários nos Municípios (de acordo com o diagnóstico realizado pelas equipes de educadores e professores). A IV Formação Continuada aprofundou se os conhecimentos do eixo 05 Cidadania, Organização Social e Políticas Públicas e do Arco Ocupacional da Agroindústria. Direito humano à alimentação adequada (DHAA), os dez passos para uma alimentação saudável, Pirâmide de alimentos e aula prática de alimentação saudável. Curso de leite e seus derivados: teoria e prática. A importância do leite e seus derivados na vida das pessoas. Processamento do leite em doces, queijos, requeijões, manteiga, iogurtes, etc.. E aula prática na cozinha da Agroindústria da Escola Agrotécnica Federal de Araguatins. Como houve a expansão do programa por mais 01 ano realizamos a V Formação Continuada aprofundou se os conhecimentos sobre o Arco Ocupacional dando ênfase a Apicultura e a Panificação e a sua importância para a melhoria da qualidade de vida dos agricultores como fonte de renda. A importância do mel e seus derivados e conhecer e aprender fazer as variedades da Panificação: pão francês, pão de queijo, pão doce, bolos e pizzas. E aula prática na cozinha da Agroindústria da Escola Agrotécnica Federal de Araguatins. Ainda temos previsto a VI Formação Continuada para o mês de setembro/08. Em todas as formações elegemos junto com o grupo o que teríamos como momentos culturais, assim fizeram peças teatrais, o Arraiá do Saberes da Terra, em que os participantes dançaram a quadrilha junina, sessão cinema documentário: sobre as Quebradeiras de Coco do Bico do Papagaio, que retrata a realidade rural da região e a

6 luta das mulheres pela sobrevivência, posteriormente, como houve interesse dos professores e educadores pelo documentário, foi entregue 01 CD para cada equipe estar passando com seus alunos e discutindo as problemáticas levantadas no filme. MOMENTOS CULTURAIS DA FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DOS PROFESSORES E EDUCADORES Figura 7 Figura 8 Figura 9 Figura 10 Figura 11 Figura 12 Fonte: fotos tiradas na Escola Agrotécnica Federal de Araguatins na cidade de Araguatins, pela profª Sônia Maria de Souza Ribeiro 2006/2007. Considerações Finais O Programa Saberes da Terra tem como meta a melhoria na qualidade de vida dos jovens agricultores e seus familiares que residem na zona rural dos municípios da região do bico do papagaio/to, uma vez que contempla a elevação da Escolaridade e Qualificação Social e Profissional do Jovem Agricultor, tendo em vista a conclusão do ensino fundamental e a qualificação social e profissional. E como primeiros resultados juntos as comunidades, temos: o ensinamento correto da lida com o apiário e o armazenamento do mel, a vacinação do gado, a implantação de hortas na escola e na casa dos alunos e quintais agro florestais, como se deve fazer o processamento do leite em doces, queijos, requeijões, manteiga e iogurtes, assim como, a forma correta de fabricação do pão francês, pão de queijo, pão doce, bolos e pizzas, e o ensinamento para enriquecer a alimentação dos educandos e auxiliar na renda familiar.

7 Referências: ABRAÃO, José Carlos. O Educador a caminho da roça: notas introdutórias para uma conceituação de educação rural. Mato Grosso do Sul, 1989. ARROYO, M. e FERNANDES, B. M. (1999) A educação básica e o movimento social do campo. Articulação Nacional Por uma Educação Básica do Campo. São Paulo. BAPTISTA, F. M. C., Educação Rural das experiências a política publica/nead/ministério do Desenvolvimento Agrário, Brasília, Editorial Abare, 2003. BRANCALEONI, A. P. L., Do rural ao urbano: o processo de adaptação dos alunos de um assentamento rural à escola urbana. Universidade de São Paulo, FFCLRP, 2002. (Dissertação de Mestrado) BRASIL, Ministério do Desenvolvimento Agrário/SAF/CONDRAF. Referências para um programa territorial de desenvolvimento sustentável. Brasília, DGF. Junho, 2003. CALAZANS, M. J. C. "Para compreender a educação do Estado no Meio Rural; traços de uma trajetória. In: Therrien, Jacques & Damasceno Maria Nobre (Coords). Educação e escola no campo. Campinas: Papirus, p.15 40, 1993. CALDART, R. S. Pedagogia do Movimento Sem Terra: escola é mais do que escola. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2000. CAVALCANTI, Roberto de Albuquerque. Andragogia: A aprendizagem nos adultos. Disponível no site: www.ccs.ufpb.br/depcir/andrag.html, acessado em 11 de março de 2006. Diretrizes Operacionais para a Educação básica das Escolas do Campo. CNE/MEC, Brasília, 2002. DEMO, P. Educar pela Pesquisa, Editora Autores Associados, Campinas, 2000. GADOTTI, Moacir. Pedagogia da Terra. 3 ed. São Paulo: Peirópolis, 2002. (Série Brasil cidadão). MOURA, Abdalaziz de. Princípios e fundamentos de uma proposta educacional de apoio ao desenvolvimento sustentável PEADS: uma proposta que revoluciona o papel da escola diante das pessoas, da sociedade e do mundo. Glória de Goitá, PE: Serviço de Tecnologia Alternativa, 2003. PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA: alternância e desenvolvimento. Salvador: União nacional das escolas Famílias Agrícolas do Brasil, 1999. RABELO, Edmar. Avaliação novos tempos novas práticas. Petrópolis: Vozes, 2000.