ESTUDO DAS HABILIDADES PARA A ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS DO 1º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL COM DIFICULDADES ESCOLARES

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Transcrição:

ESTUDO DAS HABILIDADES PARA A ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS DO 1º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL COM DIFICULDADES ESCOLARES RESUMO Liliane Stumm 1 Sueli Valentim Sanches Bazan 2 Stella Maris Nunes Aguiar³ O objetivo desse trabalho foi verificar a presença das habilidades necessárias para a aprendizagem da leitura e escrita em um grupo de crianças com queixa de dificuldades para aprender a ler. Participaram do estudo 07 alunos, sendo utilizado como instrumento de avaliação do repertório básico para a alfabetização o protocolo IAR, que contempla as 13 habilidades fundamentais que toda criança precisa ter adquirido como base para seu processo de aprendizagem da leitura e da escrita, e o protocolo de Consciência fonológica em 6 subtestes. Como resultado identificou que a maioria dos indivíduos participantes desse estudo não tem domínio da maioria das habilidades necessárias para aprendizagem acadêmica e apresentam alteração na consciência fonológica. Concluímos ser necessário ênfase no desenvolvimento de tais habilidades tanto na educação infantil como no início da alfabetização. Palavras-chave: Aprendizagem. Alfabetização. Dificuldade 1.INTRODUÇÃO Vivemos em uma sociedade letrada, onde pessoas com déficits na aprendizagem da leitura e escrita tornam-se alvos de muita preocupação e mobilizam profissionais de diferentes áreas para a reeducação, tais como pedagogos, fonoaudiólogos, psicólogos, neurologistas. Ao iniciar a escolarização a criança estabelece contato com o sistema de escrita vigente na sociedade onde está inserida, adquirindo conceitos e regras que estruturam a escrita, compreendendo que a mesma é a representação da fala. Nesse aspecto, a escola é fundamental no seu fazer pedagógico para a aquisição das habilidades de leitura e escrita. Durante essa etapa a criança passa 1 Doutora em Bases Gerais da Cirurgia-Otorrinolaringologia /UNESP de Botucatu/ E-mail: lilianefono@yahoo.com.br 2 Mestranda em Educação UDE Uy/ Neuropsicopedagoga CENSUPEG/ Psicopedagoga USC/ Pedagogia UNESP de Marília/ E-mail: suelibazan@yahoo.com.br 3 Neuropsicopedagoga CENSUPEG/ Pedagoga E-mail: psicopedagogiastellaaguiar@bol.com.br

2 por vários períodos de organização mental e aprendizagem de pré-requisitos, que são fatores decisivos para a alfabetização. Segundo Ferreiro (1996), as dificuldades e os fracassos vivenciados pelas crianças no processo inicial de alfabetização constituem um problema que nenhum método conseguiu solucionar. Neste aspecto devem ser considerados os prérequisitos que a criança vivencia para a aprendizagem, não existindo um método específico a ser seguido pelo professor, mas a compreensão do caminho que a criança utiliza para atingir essa meta. Com relação ao desenvolvimento da linguagem escrita na Educação Infantil o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998), expõe que: Para aprender a ler e a escrever, a criança precisa construir um conhecimento de natureza conceitual: precisa compreender não só o que a escrita representa, mas também de que forma ela representa graficamente a linguagem. Isso significa que alfabetização não é o desenvolvimento de capacidades relacionadas à percepção, memorização e treino de um conjunto de habilidades sensório-motoras. É, antes, um processo no qual as crianças precisam resolver problemas de natureza lógica até chegarem a compreender de que forma a escrita alfabética em português representa a linguagem, e assim poderem escrever e ler por si mesmas. (BRASIL,1998, p.123). Para a criança, estar na escola é um momento de muitas conquistas e aprendizagens que necessitam de autonomia e motivação para obtenção de sucesso pessoal. Diante de dificuldades individuais, se não tratadas adequadamente, a criança pode vir a apresentar comprometimento no processo escolar com consequências significativas no âmbito emocional. Assim sendo, o objetivo do presente estudo foi verificar a presença das habilidades necessárias para a aprendizagem da leitura e escrita em um grupo de crianças com queixa de dificuldades para alfabetizar-se. 2.METODOLOGIA Apresentamos a caracterização da pesquisa, análise de dados e os aspectos éticos pertinentes ao trabalho. 2.1 Caracterizações da Pesquisa

3 O estudo foi realizado numa perspectiva qualitativa mediante dados obtidos na avaliação fonoaudiológica e pedagógica com sete crianças de 1ª ano do ensino fundamental de uma escola pública do interior de São Paulo. 2.2 Amostragem Foi utilizado como critério de inclusão para selecionar a amostra estar devidamente matriculado na escola pesquisada e frequentar a série delimitada para a realização do estudo. Para análise e comparação dos dados obtidos, não foi considerado a idade das crianças e sim o ano letivo matriculado. 2.3 Instrumentos para Coleta de Dados Primeiramente foi feito um pedido de autorização à direção da escola, em seguida foi marcada uma reunião com os pais e/ou responsáveis de criança que apresentavam dificuldade no processo de alfabetização. O encontro ocorreu na própria escola em horário comum a todos, pais e profissionais, momento em que foram estabelecidos os objetivos do estudo, a maneira como o mesmo seria realizado e comprometimento dos profissionais com a devolutiva e encaminhamento para tratamento, caso necessário. Os pais também foram convidados a assinarem um termo de consentimento autorizando a realização do estudo. Foram realizadas avaliações individuais com aplicação de testes padronizados, o IAR, Instrumento de Avaliação do Repertório Básico para a Alfabetização (IAR), elaborado por LEITE (1984). Esse instrumento permite verificar conceitos relacionados ao currículo da Educação Infantil, na qual, a criança necessita responder graficamente, permitindo avaliar o repertório da criança, com relação aos conceitos fundamentais para aprendizagem da leitura e escrita, possibilitar informações que indicam se a mesma está em condições de iniciar o processo alfabetização e fornecer aos avaliadores informações sobre quais habilidades ou conceitos devem ser mais explorados para que ela possa acompanhar o processo de leitura e escrita.

4 Foi avaliada a consciência fonológica (CAPOVILLA e CAPOVILLA, 2000), que é um teste composto por dez subtestes, relativos a rima, aliteração, segmentação, síntese, manipulação e transposição silábicas e fonêmicas, cada um contendo quatro itens, que foram apresentados de forma oral ao sujeito. Os resultados são apresentados por frequência de acertos, podendo atingir um máximo de 40 pontos, de acordo com o nível de escolaridade, conforme propõe o teste. 2.4 Local A coleta de dados foi realizada aos sábados, momento em que não havia aula, para não interferência de ruído e movimentação de crianças. As salas foram pré-determinadas pelos funcionários da escola presentes no momento da avaliação, que ocorreu em média por 15 minutos com cada profissional (fonoaudióloga e pedagoga). 2.5 Aspectos Éticos Anterior à execução do estudo foi estabelecido contato com as mães, momento em que foram explicados os objetivos do presente estudo e solicitado autorização para a realização do mesmo. Os pais e/ou responsáveis foram informados sobre o estudo e convidados a participar do mesma, após comunicado os objetivos e solicitado a preencher o termo de consentimento livre e esclarecido, autorizando a realização da coleta de dados, caso aceitassem a participar do estudo. Cabe ressaltar que foram cumpridos todos os requisitos da Resolução 196/96, que versa sobre Aspectos Éticos em pesquisa com seres humanos. 2.6 Procedimentos de Análise de Dados Os dados foram analisados qualitativamente. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5 Os resultados obtidos na aplicação do IAR, para cada criança avaliada, estão apresentados na tabela 1. E na tabela 2 os resultados obtidos para consciência fonológica. Tabela 1: dificuldades pelos alunos. Distribuição dos resultados da aplicação do IAR, apresentadas as De acordo com a Tabela 1 verifica-se que as habilidades com mais dificuldades presentes nos resultados da aplicação do IAR foram discriminação visual, auditiva, análise síntese e verbalização. Dos 7 alunos avaliados 5 apresentaram mais de 50% de dificuldades nas habilidades necessárias para alfabetização. Tabela 2: Distribuição da avaliação da Consciência Fonológica aplicada nos alunos

6 1 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Síntese silábica rima Aliteração Segmentação silábica Manipulação silábica Transposição silábica A consciência fonológica é a habilidade de manipular a estrutura sonora das palavras desde a substituição de um determinado som até a segmentação deste em unidades menores (CAPOVILLA e CAPOVILLA, 1198; ELLIS, 1995). O processo de alfabetização envolve a análise das palavras em seus componentes (letras e formas) e a utilização, para a codificação e decodificação, regras de correspondência entre letras e sons. No presente estudo verificamos que, os alunos estudados apresentaram alterações em provas de consciência fonológica, fator que justifica as dificuldades na aprendizagem da alfabetização, com maior frequência nos itens rima, aliteração, manipulação silábica e transposição silábica. Não foram avaliadas as habilidades fonêmicas, pelo fato dos alunos não terem apresentado rendimento satisfatório nos quesitos silábicos. Os achados apontam a importância da necessidade da habilidade da consciência fonológica para a o domínio da alfabetização, e vem de encontro com outros estudos que avaliaram crianças em processo de alfabetização e relatam que esta habilidade se correlaciona com o sucesso na aquisição da linguagem escrita (CAPOVILLA e col.,1998; CAPOVILLA e CAPOVILLA, 2000).

7 4. CONCLUSÃO Após a análise dos dados obtidos, neste estudo, foi verificado que os alunos pesquisados apresentaram dificuldades tanto nas habilidades necessárias para aprendizagem acadêmica, como nos aspectos relacionados à consciência fonológica, conhecimentos esses necessários para a aquisição da leitura e escrita. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional Para educação Infantil. 3v. Brasília: MEC/SEF, 1998. CAPOVILLA AGS, Capovilla FC. Prova de consciência fonológica: desenvolvimento de dez habilidades da pré-escola à segunda série. Temas Desenvolvi. 1998;7(37):14-35. CAPOVILLA AGS, Capovilla FC, Silveira FB. O desenvolvimento da consciência fonológica, correlações com leitura e escrita e tabelas de normatização. Ciê Cogn Teor Pesq Apl. 1998; 3(2):113-60. CAPOVILLA AGS, Capovilla FC. Efeitos do treino de consciência fonológica em crianças com baixo nível socioeconômico. Psicol Reflex Crit. 2000; 13(1):7-24 ELLIS AW. Leitura, escrita e dislexia: uma análise cognitiva. Trad. Dayse Batista. 2a ed. Porto Alegre: Artes Médicas; 1995. p. 85-104.

8 FERREIRO, E. Alfabetização em Processo. 20 ed. São Paulo: Cortez, 2011. LEITE, S. A. S. (1984). Instrumento para avaliação do repertório básico para a alfabetização - IAR. São Paulo, SP: EDICON.