5º Politicom: em foco, ascensão da internet na comunicação política

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Transcrição:

5º Politicom: em foco, ascensão da internet na comunicação política Num ano marcado pelas eleições para presidente, governadores e parlamentares, a comunicação política na internet deu o tom de palestras, debates e trabalhos apresentados na 5ª Conferência Brasileira de Marketing Político - Politicom 2006. O evento foi realizado de 9 a 11 de outubro, na Universidade Metodista de São Paulo, como parte do Unescom (Congresso Multidisciplinar de Comunicação para o Desenvolvimento Regional), que marcou os dez anos da Cátedra Unesco-Metodista de Comunicação, reunindo no mesmo espaço outros eventos, frutos da iniciativa pioneira de José Marques de Mello. Durante o Politicom, também foi anunciado o local da próxima edição. Ficou acertado que a 6ª Politicom será realizada em 8 e 9 de outubro de 2007 em Santa Bárbara d Oeste (SP). A sede escolhida para 2007 é a Faculdade Comunitária de Santa Bárbara (da rede Unianhangüera). A organização regional estará a cargo do Prof. Paulo César D Elboux, coordenador do curso de Comunicação Social. Ao lado do professor e consultor de marketing político Carlos Manhanelli, D Elboux abriu o primeiro ciclo de painéis, na terça-feira (dia 10), um dia depois da abertura geral do Unescom e das reuniões plenárias dos comitês dos eventos. Ambos falaram sobre Propaganda política e a evolução do conceito de marketing político na internet. Embora o moderador da mesa, Adolpho Queiroz (coordenador científico do Politicom e professor da Universidade Metodista de São Paulo) tenha destacado que a internet será o futuro da comunicação por causa de atributos como a rapidez, o baixo custo e a multilinguagem, a falta de credibilidade por conta do excesso de informações fúteis que circula na grande rede foi 265

apontada por D Elboux como um empecilho para que o meio fosse encarado de forma séria na campanha eleitoral de 2006. Assim, conforme ele observou, o meio eletrônico digital teve a finalidade de circular a contrapropaganda. Dentro dessa estratégia, Adolpho Queiroz chamou a atenção para a importância do humor. Presidente da Associação Brasileira dos Consultores Políticos (Abcop), Carlos Manhanelli concordou que o humor deve estar presente e lembrou que o ministro da propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, buscou no entretenimento dos filmes de Disney um modelo para falar com os alemães e persuadi-los sobre o conceito do 3º Reich. Em relação à internet, Manhanelli afirmou que a nova tecnologia é mais bem empregada nas eleições majoritárias (para presidente e governadores, por exemplo). Nas eleições proporcionais (caso de parlamentares), ela não funciona, assegurou, taxativamente. Para criar conteúdo voltado para internautas, é preciso pensar o que as pessoas buscam na rede. De acordo com o presidente da Abcop, os fatores mais importantes são: comunicação, entretenimento e informação. É preciso ter esses itens e então perseguir os objetivos. Uma ressalva que Manhanelli faz é que a internet é uma mídia segmentada e não de massa. Durante o processo de criação, é importante conhecer as ferramentas disponíveis e definir o público-alvo. Além disso, há que se pensar mais na informação do que na propaganda propriamente dita. Um segredo, conforme explica Carlos Manhanelli, é a interatividade. Ele conta que, por ser a mídia que mais oferece a interatividade, esse aspecto precisa ser explorado. Também há a possibilidade de receber as informações pela internet e responder por outra mídia. O e-mail é outro ponto de destaque na utilização voltada para o marketing político, mas ele deve ser utilizado de maneira que seu incrível potencial seja aproveitado. Para isso, ele também não deve ter como motivo central a propaganda, mas, sim, ser algo de utilidade pública. O conteúdo da internet deve ter uma abordagem simples e objetiva. O site de um candidato deve ter informações fundamen- 266 Comunicação e Sociedade 47

tais, como o currículo, sua proposta e a agenda de compromissos. Conforme Manhanelli, a lei da uniformidade é importante para o marketing político via internet, com a utilização de uma mensagem única para atingir o objetivo. Quanto aos outros meios de comunicação, como tevê, rádio e jornal, seu papel é o de influenciar o líder de opinião, que é quem atua efetivamente para as decisões dentro do respectivo grupo social, lembrou Manhanelli. Os deputados mantêm constante contato com os líderes de opinião, comentou o consultor político, sobre a ação em busca de empatia do eleitorado. Voto é emoção. As mensagens políticas têm base na razão, mas explodem pela emoção, afirmou o presidente da Abcop. Para subsidiar seu trabalho, o consultor de marketing político precisa ter conhecimentos não apenas de comunicação como também de sociologia, ciência política e antropologia, de forma a acompanhar o movimento social em torno dos políticos, destacou Manhanelli. Apesar do uso mais freqüente da internet pelos partidos, faltam aos responsáveis pela comunicação virtual profissionalismo, criatividade e a idéia plena de ciberespaço. Essa foi uma das constatações apresentadas nos painéis do último dia do Politicom 2006 (11, quarta-feira). Jovens pesquisadores ligados à Rede Politicom relataram estudos de casos sobre propaganda política na internet, a partir de comparativos das ações comunicacionais entre partidos nas Américas e na China. Em Comunicação virtual partidária no Brasil e no Canadá, Débora Cristina Tavares (professora da Faculdade Prudente de Moraes, de Itu/SP, e do Instituto Superior de Ciências Aplicadas, de Limeira/SP) destacou que a internet se configura como um canal de relacionamento e permite a segmentação da mensagem de candidatos para diferentes públicos e a construção de um banco de dados com o perfil dos visitantes de homepages. A pesquisa, feita em 2002 em conjunto com Adolpho Queiroz, João Carlos Picolin e Ricardo Costa, comparou o uso da internet por três partidos brasileiros (PSDB, PFL e PV) e três partidos similares canadenses (NDP, LP e GDO). 267

Em suas explanações, Picolin (das Faculdades Claretianas, de Rio Claro/SP) destacou que, enquanto no Brasil, os sites partidários são mais utilizados para alavancar pautas da grande mídia, no Canadá o vínculo ideológico dos partidos com eleitores é maior e os sites funcionam como mais um instrumento de captação de recursos financeiros para financiar as atividades partidárias. Em seguida, Bruna Vieira Guimarães e Ingrid Gomes, mestrandas do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo, apresentaram dados sobre os meios de comunicação de massa usados pelo Partido Comunista Chinês, especialmente na revolução cultural deflagrada na época do dirigente Mao Tsé-Tung. Em meio a jornais, cartazes e cinema, os meios predominantes na comunicação ideológica do partido com os chineses foram o rádio e a televisão. Como comentarista, Moisés Stéfano Barel, também mestrando do programa, lembrou as relações tensas entre governo chinês e a imprensa em 2006, citando dados sobre o fechamento de 79 jornais pelas autoridades sob o argumento de purificação do mercado cultural chinês. Conforme Barel, os dirigentes chineses estudam ainda aplicação de sanções, como multa, para quem noticiar crises ou catástrofes. Estabelece-se controle sobre agências de notícias e punição a profissionais da comunicação. Para os jogos olímpicos de 2008, na China, a promessa é de que a imprensa, principalmente a estrangeira, encontrará espaço para atuar sem restrições políticas. Essa edição do Politicom contou com seis grupos de trabalho (GTs), com um total de trinta trabalhos inscritos. As pesquisas, seja de graduação ou de pós-graduação, ficaram distribuídas nos seguintes GTs: Propaganda política na televisão (sob coordenação de Nahara Mackovics); Propaganda política em jornais e revistas (coordenado por Rosemary Bars Mendes); Propaganda política no rádio (a cargo de Paulo Sérgio Tomaziello); Propaganda política na internet (coordenado por Letícia Costa); Propaganda política projetos laboratoriais de graduação (Paulo César D Elboux como coordenador); e Propaganda política temas gerais (a cargo de Victor Kraide Corte Real). 268 Comunicação e Sociedade 47

Os pesquisadores procederam de vários estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Maranhão e Tocantins, entre outros. A qualidade dos trabalhos inscritos mereceu elogio público do coordenador científico, Adolpho Queiroz, que gostou do que observou nos GTs. O grupo com maior quantidade de inscrições foi o de Propaganda política na internet, com nove papers. A pesquisa nesta área, apresentada no 5º Politicom, englobou desde análises de portais de partidos ao estudo do uso do orkut (site de relacionamentos) e do e-mail como instrumento de marketing. Mário Luiz Policeno Filho Ricardo Hiar Jornalistas, mestrandos em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo. 269