ESTUDO RETROSPECTIVO DE NEOPLASMAS DIAGNOSTICADOS DURANTE O PERÍODO DE 2002 A 2006.

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Transcrição:

ESTUDO RETROSPECTIVO DE NEOPLASMAS DIAGNOSTICADOS DURANTE O PERÍODO DE 2002 A 2006. Autor(es): Apresentador: Orientador: Revisor 1: Revisor 2: Instituição: SPADER, Melissa Borba; GUIM, Thomas Normanton; SILVEIRA, Matheus F.; GAMBA, Conrado Oliveira; SCOPEL, Débora; SCHUCH Isabel, BONEL-RAPOSO, Josiane; FERNANDES, Cristina Gevehr MELISSA BORBA SPADER Josiane Bonel Raposo Tatiane Camacho Mendes Fabiane Boreli Grecco UFPEL ESTUDO RETROSPECTIVO DE NEOPLASMAS DIAGNOSTICADOS DURANTE O PERÍODO DE 2002 A 2006. SPADER¹, Melissa Borba; GUIM ¹, Thomas Normanton; SILVEIRA ¹, Matheus F.; GAMBA ², Conrado Oliveira; SCOPEL², Débora; SCHUCH² Isabel, BONEL-RAPOSO, Josiane; FERNANDES ³, Cristina Gevehr ; 1- Alunos Programa de Pós Graduação em Veterinária FV/UFPel 2- Alunos de Graduação em Veterinária FV/UFPel 3- Professora Adjunta DPA/FV/UFPel UFPel, Campus Universitário, DPA-FV, melispader@gmail.com INTRODUÇÃO A oncologia é hoje uma das especialidades que mais evolui dentro da medicina veterinária, prova disso é o grande número de livros, artigos científicos e eventos realizados na última década. Informações detalhadas sobre os diferentes tipos de tumores, no que se refere à patogênese, à epidemiologia, aos achados clínicos e laboratoriais, são assuntos de muitos livros e periódicos. Dentro da oncologia, os tumores de pele são, sem dúvida, os mais estudados (SOUZA, et al, 2006). Dentre as especialidades veterinárias que atualmente se destacam, estão a dermatologia e a oncologia. Acredita-se que, hoje, entre 20% e 75% dos atendimentos veterinários realizados em clínicas e hospitais estejam relacionados com problemas dermatológicos (SCOTT et al., 2001). Tumores de pele e tecidos moles são freqüentemente encontrados em animais domésticos devido a uma série de características intrínsecas deste tecido. A pele é composta por uma variedade de tipos celulares potencialmente capazes de se

transformar em neoplasia. Além disso, está sujeita a fatores genéticos e agentes internos envolvidos na produção de tumores (PULLEY & STANNARD, 1990) e está exposta a uma variedade de fatores químicos e físicos, agentes infecciosos, raios ultravioleta do sol, irritantes crônicos e poluentes ambientais que podem iniciar ou promover o desenvolvimento tumoral. Neste contexto, tumor significa todo aumento de volume, podendo ser uma neoplasia verdadeira ou não (YAGER & SCOTT, 1993). O diagnóstico e o tratamento do câncer representam um dos maiores desafios com que se depara o veterinário, e a incidência percebida do câncer aumentou devido aos avanços nas técnicas diagnósticas e ao uso crescente da citologia e da histopatologia (BELLEI, 2006). É difícil avaliar a incidência real de tumores nos animais tanto de companhia como de produção. Este trabalho tem como objetivo descrever a ocorrência de neoplasmas cutâneos diagnosticados histologicamente em caninos, felinos, bovinos, eqüinos, javali, ovinos e búfalos durante o período de janeiro de 2002 dezembro de 2006 no Laboratório Regional de Diagnóstico da Universidade Federal de Pelotas (LRD/UFPel), fornecendo dados estatísticos relativos a idade, sexo, raça, tipo de material biológico recebido e tipos de neoplasmas mais prevalentes nestas espécie. MATERIAL E MÉTODOS Foram revisados todos os protocolos dos arquivos do LRD/UFPel dados de todos os animais acometidos por afecções neoplásicas cutâneas durante o período de janeiro de 2002 a dezembro de 2006 (5 anos). Dos protocolos de cães que apresentavam tumores cutâneos, foram retiradas as seguintes informações idade, raça, sexo e tipo de material biológico recebido, incluindo biópsias e cadáveres. Os neoplasmas foram distribuídos em grupos e classificados segundo esquema atual preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), vigente desde o ano de 1999. Foram designados tumores cutâneos todos os distúrbios do crescimento da pele, ou seja, tanto as neoplasmas quanto os processos não-neoplásicos, como as hiperplasias, hamartomas e cistos. Algumas fichas encontravam-se com dados incompletos, porém, da mesma forma foram incluídos na casuística, sendo que os dados ausentes foram classificados como não informados. Em todos os casos, foram considerados os diagnósticos morfológicos que constavam dos protocolos originais. RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante o período de janeiro de 2002 a dezembro de 2006 foram recebidos para diagnóstico 3310 amostras de caninos, felinos, bovinos, eqüinos, javali, ovinos e búfalos incluindo biópsias de órgãos e tecidos, peças cirúrgicas, cadáveres e outros. Do total n=351 foram diagnosticados como neoplasmas, representados por 165 biópsias, 11 cadáveres e 175 tumores retirados cirurgicamente 2 fichas não continham informações em relação ao tipo de material recebido. No que diz respeito às espécies, conforme figura. 1, foi constatado uma prevalência dos caninos 66,7% (234), eqüinos 20,5% (n=72), 8% felinos(n=28), 4% bovinos(n=14), 0,3% ovino(n=1), 0,3% búfalo (n=1) e 0,3% javali (n=1).

250 200 150 100 50 0 caninos equinos felinos bovinos ovinos búfalo javali Figura 1. Gráfico demonstrativo da ocorrência de neoplasmas cutâneos nas diferentes espécies no período de janeiro de 2002 a dezembro de 2006. Em relação à idade, os animais foram distribuídos com intervalos de 0 a 5 anos, 5 a 10 anos e mais de 10 anos. Observou-se que 40,5% (n=142) dos animais acometidos por neoplasmas cutâneos apresentavam idade entre 6 e 10 anos; 25,4% (n=89) entre 0 e 5 anos; 18,8% (n=66) entre 11 e 19 anos. Dados relativos à idade de 54 animais (15,4%) não foram avaliados. Estes dados são semelhantes aos encontrados por MUELTEN (2002), que encontraram uma maior incidência de neoplasmas cutâneos em animais com idade entre 6 e 11 anos. Em relação ao sexo dos animais acometidos, observou-se uma prevalência de fêmeas em relação aos machos, com 45,6% (n=160) e 43,0% (n=151) respectivamente. Dados de 11,4% dos animais (n=40) não foram avaliados. No que concerne às raças, foi constatado uma prevalência geral de animais com raças definidas: 56% (n=194), animais sem raça definida totalizaram 33% (n= 117), e 11% dos animais (n=40) não foram informados a raça. Dentre os animais com raças, os que tiveram maior incidência foram os caninos da raça Fila 6%(n=21), Poodle 4,8% (n=17), Rottweiller 4,3 % (n=4,3) Boxer 3,7% (n=12). Dentre os eqüinos a raça crioula foi a mais freqüentemente encontrada com 11,4% (n=40). Nas outras espécies as raças foram muito variadas não havendo maior incidência de alguma em especial. Dos 351 tipos diferentes de neoplasmas que foram identificados foram divididos em 6 grupos de acordo com sua histogênese para uma melhor avaliação neste estudo. No primeiro grupo foram reunidos os neoplasmas epiteliais e glandulares. No segundo grupo os neoplasmas melanocíticos, no terceiro todos neoplasmas de tecidos moles (mesenquimais). No quarto grupo os tumores de mastócitos, e o quinto grupo outros neoplasmas que não se encaixavam nos grupos anteriores. E por fim no ultimo grupo foram reunidos os chamados tumores não neoplásicos. Tabela 1. Relação de todos os tipos de neoplasmas e respectivos números de diagnósticos nos animais durante o período de janeiro de 2002 a dezembro de 2006.(Segundo a classificação adotada atualmente pela OMS (MUELTEN, 2002). 1. epiteliais ou glandulares n % Acantoma Ceratinizante Infundibular 6 1,7 Adenoma Apócrino 3 0,9 Adenoma Cístico 1 0,3 Adenoma de glândula de Meibomian 2 0,6 Adenoma de glândula Hepatóide 11 3,1 Adenoma de glândula Salivar 1 0,3 Adenoma Polipóide 1 0,3 Adenoma Sebáceo 10 2,8

Carcinoma Apócrino 1 0,3 Carcinoma Ceruminoso 2 0,6 Carcinoma de glândula de 3 pálpebra 2 0,6 Carcinoma de glândula de meibomian 1 0,3 Carcinoma de glândula hepatóide 12 3,4 Carcinoma de glândula lacrimal 1 0,3 Carcinoma de glândulas sebáceas 1 0,3 Carcinoma indiferenciado 2 0,6 Carcinoma matriacal 1 0,3 Carcinoma sebáceo 1 0,3 Carcinoma de células escamosas 45 12,8 epitelioma de glândula hepatóide 2 0,6 epitelioma sebáceo 2 0,6 papiloma 11 3,1 pilomatricoma maligno 1 0,3 tricoblastoma 10 2,8 tricoepitelioma 4 1,1 tricolemoma 4 1,1 Total 138 39,3 2. melanocíticos n % melanocitoma 3 0,9 melanoma maligno 15 4,2 Total 18 5,1 3. mesenquimais n % fibroma 11 3,1 fibropapiloma 1 0,3 Fibrossarcoma 17 4,8 hemangioma 2 0,6 hemangiopericitoma 1 0,3 hemangiossarcoma 13 3,7 lipoma 9 2,6 lipoma infiltrativo 3 0,9 lipossarcoma 3 0,9 mixossarcoma 2 0,6 osteolipoma 1 0,3 sarcóide 51 14,5 shwanoma /neurofibroma 4 1,1 Total 118 33,6 4. mastocitomas n % mastocitoma I 34 9,7 mastocitoma II 5 1,4 mastocitoma III 6 1,7 Total: 45 12,8 5. outros n % HFM 3 0,9 histiocitoma 10 2,8 plasmocitoma 1 0,3 Total: 14 4,8 6. Não neoplásicos n % cisto dermóide 1 0,3 cisto folicular 10 2,8 cisto sebáceo 2 0,6 Hamartoma colagenoso 2 0,6 hiperplasia sebácea 3 0,9 Total: 18 5,1 Os 5 mais comumente encontrados foram: sarcóide eqüino 14,5% (n=51), carcinoma de células escamosas 12,8% (n=45), mastocitoma I 9,7% (n=34), fibrossarcoma 4,8% (n=17), melanoma maligno?,0% (n=15). Do total de 351 tumores cutâneos encontrados, 94,8% (n=333) eram neoplásicos e 5,1% (n=18) nãoneoplásicos. Dentre os 351 tumores neoplásicos descritos, 138 (39,3%) eram epiteliais ou glandulares, 118 (33,6%) mesenquimais e 18 (5,1%) melanocíticos. Dos 138 tumores epiteliais, 64 (46,3%) eram benignos e 74 (53,7%) malignos. Dos 118 tumores mesenquimais, 26 (22%) eram benignos e 92 (77,9%) malignos. Dos 18 tumores melanocíticos, 16,6% (n=3) eram benignos e 83,3% (n=15) malignos. Estes dados são semelhantes aos descritos por Muelten, 2002, confirmando a prevalência de tumores malignos nas diferentes espécies animais.

Dentre o total de tumores cutâneos neoplásicos encontrados neste levantamento, os de origem epiteliais ou glandulares foram mais comuns do que os e os mesenquimais e que os melanocíticos. Esses resultados foram semelhantes aos descritos em estudos da literatura internacional e alguns outros trabalhos de estudos epidemiológicos em pequenos animais que fornecem dados estatísticos importantes em relação a idade, sexo, raça, tipos de neoplasmas mais prevalentes e outros. (YAGER & WILCOCK, 1994). Nos arquivos do LRD-UFPel, que compreendem o período entre janeiro de 2002 e dezembro de 2006 (5 anos), foram encontrados 351 protocolos de biópsias, tumores e cadáveres de animais que apresentavam tumores cutâneos. Esses 351 protocolos estavam distribuídos em intervalos da seguinte maneira: 54 (2002), 55 (2003), 76(2004), 69 (2005) e 97(2006). CONCLUSÃO Alguns proprietários autorizam com mais facilidade os clínicos e os cirurgiões a enviarem os tumores de pele extirpados de seus animais para avaliação histológica. Além disso, o acesso facilitado à informação, pelo uso das redes de comunicação e por meio de publicações recentes na área da dermatologia e da dermatopatologia permitiu que os clínicos se conscientizassem da importância da análise anátomo-histopatológica dos tumores cutâneos. Dos 351 tumores cutâneos encontrados nos 3305 animais deste levantamento, 333 eram neoplásicos e 18 não-neoplásicos, o que demonstra que as neoplasias são 18 vezes mais comuns do que as lesões semelhantes à neoplasia. É fundamentalmente importante que os veterinários saibam da prevalência dos tumores cutâneos não-neoplásicos, a fim de que não encarem clinicamente toda e qualquer lesão proliferativa da pele. REFERÊNCIAS SCOTT, D.W. et al. Muller & Kirk - Dermatologia dos pequenos animais. 6.ed. Philadelphia:, 2001. 1528p. SOUZA, T.M.; FIGHERA, R. A.; IRIGOYEN, L. F.et al. Retrospective study on 761 canine skin tumors. Cienc. Rural. [online]. 2006, vol. 36, no. 2 [cited 2007-07-07], pp. 555-560. Available from: http://www.scielo.br/scielo PULLEY, L.T.; STANNARD, A.A. Tumors of the skin and soft tissues. In: MOULTON, J.E. Tumors in domestic animals. 3.ed. Berkeley : University of California, 1990. Cap.2, p.23-87 YAGER, J.A.; SCOTT, D.W. The skin and appendages. In: JUBB, K.V.F. et al. Pathology of domestic animals. 4.ed. San Diego: Academic, 1993. Cap.5, p.531-738. BELLEI, M. H.M.; NEVES, D. S.; GAVA, A.; LIZ, P.P.; PILATI, C. Prevalência de neoplasias cutâneas diagnosticadas em caninos no estado de Santa Catarina, Brasil, no período entre 1998 a 2002. Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v.5, n.1, p. 73-79, 2006. YAGER & WILCOCK, 1994 MUELTEN, D.J. Tumors in domestic animals. Iowa State Press, 4th ed., 2002, p.575-606.