INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS E PRÁTICA DESPORTIVA. Arminda Guilherme Serviço de Imunoalergologia Centro Hospitalar Gaia / Espinho, EPE

Documentos relacionados
ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS. Doenças Respiratórias Parte 2. Profª. Tatiane da Silva Campos

MATRIZ DE COMPETÊNCIAS ALERGIA E IMUNOLOGIA

INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS AGUDAS (IRAs) NA INFÂNCIA. Enfermagem na Atenção Básica Profa. Maria De La Ó Ramallo Veríssimo

Gripes, Constipações e Vacinação. Com Setembro chega o frio e com este, a Gripe. Saiba como se proteger e qual a melhor maneira de lidar com ela.

Objetivos. Rinossinusite. Sinusite (Rinossinusite): o que o pneumologista precisa saber? Esclarecer dúvidas sobre diagnóstico

PEDIATRIA 1 AULAS TEÓRICAS. DOENÇAS ALÉRGICAS EM PEDIATRIA José António Pinheiro

Em Medicina Tradicional Chinesa (M.T.C.), a gripe deve-se a uma infiltração de uma energia (frio ou calor associados ao vento), que através da pele

INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS AGUDAS (IRAs) NA INFÂNCIA. Enfermagem na Atenção Básica Profa. Maria De La Ó Ramallo Veríssimo

Bio12. Unidade 3 Imunidade e Controlo de Doenças. josé carlos. morais

Bio12. Unidade 3 Imunidade e Controlo de Doenças. josé carlos. morais

Sinusite Bacteriana Quais São os Critérios para Diagnóstico?

EXAMES LABORATORIAIS: IMUNOLOGIA

COMPARATIVE CLINICAL PATHOLOGY. Fator de Impacto: 0,9

ENFERMAGEM IMUNIZAÇÃO. Calendário Vacinal Parte 26. Profª. Tatiane da Silva Campos

Sistema Respiratório. Clínica Médica Patrícia dupim Universo

Direcção-Geral da Saúde

Com a estação mais fria do ano chegam também muitas doenças oportunistas, que afetam principalmente o sistema respiratório.

Asma Diagnóstico e Tratamento

Doença Respiratória Bovina, Imunidade e Imunomoduladores

TRATAMENTO AMBULATORIAL DA ASMA NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA Andréa da Silva Munhoz

Saúde e Desenvolvimento Humano

ENFERMAGEM BIOSSEGURANÇA. Parte 3. Profª. Tatiane da Silva Campos

Carteira de VETPRADO. Hospital Veterinário 24h.

IMUNOPROFILAXIA. Dra. Rosa Maria Tavares Haido Profa. Adjunta Disciplina de Imunologia

Febre - História. Febre - Definição

12 PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS ALERGISTA. Com relação à corticoterapia sistêmica na dermatite atópica grave, assinale a resposta CORRETA:

Prof. M.e Welington Pereira Jr. Endodontista / Periodontista Mestre em Reabilitação Oral CRO-DF 5507

RESOLUÇÃO Nº 12, DE 8 DE ABRIL DE 2019

MECANISMOS DE IMUNIDADE CONTRA AGENTES INFECCIOSOS (Bactérias, Vírus, Parasitas) PROF. HELIO JOSÉ MONTASSIER / FCAVJ-UNESP

1.4 Metodologias analíticas para isolamento e identificação de micro-organismos em alimentos

Doença inflamatória crónica das vias aéreas de elevada prevalência. Uma patologias crónicas mais frequentes

ESTUDO DIRIGIDO IVAS

Introdução. Corticoide inalado é suficiente para a maioria das crianças com asma.

FUNÇÃO REGENERAÇÃO CELULAR

FUPAC Araguari Curso de medicina. Disciplina Saúde Coletiva II 7º período. Prof. Dr. Alex Miranda Rodrigues. A CRIANÇA COM DISPNÉIA

TUDO O QUE DEVE SABER. - sobre - ASMA

ASMA. FACIMED Curso de Medicina. Disciplina Medicina de Família e Comunidade. Prof. Ms. Alex Miranda Rodrigues

Dermatologia e Alergologia Veterinárias Évora, 30 de Abril a 2 de Maio de 2010 Luís Martins Departamento de Medicina Veterinária Instituto de

MECANISMOS DE IMUNIDADE CONTRA AGENTES INFECCIOSOS PROF. HELIO JOSÉ MONTASSIER / FCAVJ-UNESP

ESPECÍFICO DE ENFERMAGEM PROF. CARLOS ALBERTO

4ª Ficha de Trabalho para Avaliação Biologia (12º ano)

Família Herpesviridae

Para estudarmos a reprodução viral vamos analisar a reprodução do bacteriófago, parasito intracelular de bactérias. Bacteriófago

Marcos Carvalho de Vasconcellos Departamento de Pediatria da FM UFMG

MECANISMOS DE IMUNIDADE CONTRA AGENTES INFECCIOSOS (Bactérias, Vírus, Parasitas Metazoários) Prof. Helio José Montassier / FCAVJ-UNESP

IMUNIDADE INATA E SAÚDE

Sistema Respiratório. Profª Karin

Faculdade de Motricidade Humana Unidade Orgânica de Ciências do Desporto TREINO DA RESISTÊNCIA

Pneumonias - Seminário. Caso 1

Classificação dos fenótipos na asma da criança. Cassio Ibiapina Pneumologista Pediatrico Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG,

APROVADO EM INFARMED

Histórico. Erradicação da Varíola

APROVADO EM INFARMED

Mediadores pré-formados. Mediadores pré-formados. Condição alérgica. Número estimado de afetados (milhões) Rinite alérgica Sinusite crônica 32.

10/02/2011 VACINAS IMUNIZAÇÃO. Referências Bibliográficas:

Biologia 12 Sistema imunitário

Inquérito epidemiológico *

PROBIÓTICOS EM PREVENÇÃO DE INFECÇÃO: AFINAL VALE A PENA? Lourdes das Neves Miranda Hospital Geral de Pirajussara

NUTRIÇÃO E TREINAMENTO DESPORTIVO

Universidade Federal Fluminense Resposta do hospedeiro às infecções virais

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO E LINHAS DE PESQUISAS ATÉ 2018

O sistema imune é composto por células e substâncias solúveis.

RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DO MEDICAMENTO

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro UNIRIO IMUNOPROFILAXIA. Dra. Cleoncie Alves de Melo Bento Profa. Adjunta Disciplina de Imunologia

24/11/2015. Biologia de Microrganismos - 2º Semestre de Prof. Cláudio 1. O mundo microbiano. Profa. Alessandra B. F. Machado

Interação vírus célula Aspectos Gerais. Tatiana Castro Departamento de Microbiologia e Parasitologia (UFF)

INFECÇÕES. Prof. Dr. Olavo Egídio Alioto

MECANISMOS DE IMUNIDADE CONTRA AGENTES INFECCIOSOS (Bactérias, Vírus, Parasitas Metazoários) PROF. HELIO JOSÉ MONTASSIER / FCAVJ-UNESP

PSORÍASE PALESTRANTE: DR LUIZ ALBERTO BOMJARDIM PORTO MÉDICO DERMATOLOGISTA CRM-MG / RQE Nº 37982

Imunidade adaptativa celular

O PREDNIOCIL pomada oftálmica, possui na sua composição como única substância activa o Acetato de Prednisolona na concentração de 5 mg/g.

Resposta de Nadadores de Elite Portuguesa aos Estados de Humor, ITRS e Carga de Treino em Microciclos de Choque e recuperação

ASMA E RINITE: UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA PROGRAMA DE CONTROLE DA ASMA E RINITE DA BAHIA - PROAR DRA. LÍVIA FONSECA

Plano de Estudos. Escola: Escola de Ciências e Tecnologia Grau: Mestrado Curso: Exercício e Saúde (cód. 398)

Diagnosis and treatment of asthma in childhood: a PRACTALL consensus report. Allergy Global Initiative for Asthma

parte 1 estratégia básica e introdução à patologia... 27

A Dieta do Paleolítico Alergias Alimentares vs. Intolerâncias Alimentares

Sistema Imune, HIV e Exercício. Profa Dra Débora Rocco Disciplina: Exercício em populações especiais

ENFERMAGEM EXAMES LABORATORIAIS. Aula 2. Profª. Tatiane da Silva Campos

GRIPE PERGUNTAS E RESPOSTAS

IMUNOLOGIA. Felipe Seixas

Patogenia Viral II. Rafael B. Varella Prof. Virologia UFF

Maria Etelvina de Sousa Calé

ASMA. Curso de Operacionalização de Unidades Sentinelas Caxias do Sul /RS 09 a 11/

COORDENADORIA DE VIGILÂNCIA ÀS DOENÇAS E AGRAVOS NOTA TÉCNICA 02/2017. Assunto: Orientação sobre conduta diante dos casos ou surto de conjuntivite

MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA II

SISTEMA IMUNITÁRIO ou IMUNOLÓGICO. O sangue e as defesas corporais

SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE POR INFLUENZA Dr. Mauricio F. Favaleça Infectologista CRM/SP

PIROXICAM. Anti-Inflamatório, Analgésico e Antipirético. Descrição

MECANISMOS DE IMUNIDADE CONTRA AGENTES INFECCIOSOS (Bactérias e Vírus) PROF. HELIO JOSÉ MONTASSIER / FCAVJ-UNESP

Acadêmico: Italo Belini Torres Orientador: Dr. Marcos Cristovam

FOLHETO INFORMATIVO: INFORMAÇÃO PARA O UTILIZADOR

Infecções Recorrentes na Criança com Imunodeficiências Primárias Pérsio Roxo Júnior

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA

SISTEMA CARDIO-RESPIRATÓRIO

LEUCOGRAMA O que realmente precisamos saber?

Página 1 de 5 GABARITO - PRÁTICA QUESTÃO 1 ITEM A

- Tecidos e órgãos linfoides - Inflamação aguda

Biologia 12º ano Imunidade e controlo de doenças; Biotecnologia no diagnóstico e terapêutica

O ESTUDO. Sinusite Bacteriana Quais São os Critérios para Diagnóstico?

Transcrição:

INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS E PRÁTICA DESPORTIVA Arminda Guilherme Serviço de Imunoalergologia Centro Hospitalar Gaia / Espinho, EPE Jornadas Desportivas Leixões Sport Club 23 e 24 de Abril de 2010

INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS E PRÁTICA DESPORTIVA = Actividade física moderada parece aumentar a função imunológica = Exercício de alta intensidade prejudica ainda que temporariamente a competência imune = Prática regular exercício de intensidade moderada parece reduzir o risco de sintomatologia respiratória

= Esforço prolongado e intensivo causa numerosas alterações na imunidade, reflectindo-se em stress fisiológico e supressão. = Atletas com exercício físico regular e enérgico podem ter aumento do risco de IVAS durante períodos de maior intensidade e mesmo algumas semanas após eventos.

Representação que relaciona dose de exercício com risco de infecção Sedentarismo»risco normal de inf. Intensidade/frequência bx a moderada»risco reduzido Alta intensidade»aumento risco(quase forma exponencial)

= A imunodepressão induzida pelo exercício tem origem multifactorial = Depende de mecanismos relacionados com sistema neuro-imune-endócrino que interagem

Determinantes individuais que podem predispor o atleta a um estado de imunosupressão (IVAS) # Factores genéticos # Estado de saúde inicial # Estado nutricional (Vit C, D e beta-carotenos) (Probióticos: L.rhamnosus GG, L. fermentum VRI-003) (Bebidas e alimentos ricos em carbohidratos e glutamina) # Atopia Há uma proporção elevada de jovens atletas que revelam sinais de alergia em concomitância com eventos desportivos, sendo factor de risco major para sintomas respiratórios/asma. A inflamação pode representar agressão multifactorial (mecanismos alérgicos / irritantes )

As infecções respiratórias virais representam a forma mais prevalente e patogénica de doença infecciosa. = Formas de contágio = Autolimitadas = Evolução benigna, normalmente (excepto em faixas etárias extremas-crianças, idosos, com patologias concomitantes, ou imunocomprometidos Iª ou IIª )»imaturidade do SI»não ter mesma capacidade de reagir»incapacidade de gerir elevada carga viral ou da sua virulência

As infecções respiratórias virais representam a forma mais prevalente e patogénica de doença infecciosa. A sintomatologia usual consiste: - tosse -congestão nasal / rinorreia -febre -mialgias -indisposição -odinofagia/irritação orofaringe

Que fazer, atendendo que é um atleta que necessita estar em forma rapidamente?

= Virose? Vulgar constipação, muitas vezes limitada ao nariz. (tosse seca,por vezes febrícula, mau estar geral, sonolencia,espirros,obstrução nasal, pingo ) Não iniciar atb tantas vezes de forma precipitada (aumento das resistências bacterianas, alt. da flora intestinal )

Constantes constipações? que nos podem colocar na hipótese de atopias Atender a sinais que podem apoiar Dx(prega transversal no nariz, olheiras, sinal da saudação alérgica)

=Rinite (muitas vezes associadas a conjuntivites) =Rinosinusites agudas = HRB ou nasal pós exercício tantas vezes confundidas com episódios infecciosos)

Atenção às ditas IRR que nos podem colocar na hipótese de défices imunológicos de Ac ou celulares! =Défice selectivos ou não de IgA =Imunodeficiências IIªs

Os tratamentos devem ser sintomáticos, direccionados: - controle de temperatura - anti-histamínicos tópicos ou orais -corticoide tópico nasal -anticolinérgicos -colírios

Se não melhoria ou agravamento sintomático,pcr aumentada, fazer nova reavaliação clínica e ponderar antibioterapia! Adaptar o treino, nesta fase!

Imunoestimulantes =Introdução no mercado nos anos 80 =Promoção imunoprotecção com redução e gravidade das infecções =Modulação da capacidade efectora de linf. citotóxicos e células fagocitárias =Adjuvantes dos Atb ( também efeito terapêutico)

Imunoestimulantes ou Imunomodeladores = origem bacteriana como extractos ou lisados =origem natural de proteina com matriz polissacarídea = estimulação # SI inespecifico(pmn e macrófagos) # SI especifico (produção de Ac, interleucinas) Estimulação de vários aspectos da resposta inflamatória, importantes na defesa do hospedeiro/ inf. bacterianas e víricas. Consta-se diminuição nº e duração dos episódios infecciosos e na utilização de terapêutica concomitante( principalmente após 3º mês)

= O desporto de alto rendimento requer uma minuciosa preparação do desportista, obrigando à elaboração de planos de treinos, atendendo a todos estes factores. = A importância da preparação psicológica e gestão do stress. = Preparação/capacidade do SI capaz de resistir a infecções durante períodos de stress fisiológico e psicológico. = Nos processos de adaptação e evolução do treino, a existência de equipas multidisciplinares.