RETINOPATIA DIABÉTICA. Apresentação: Narriane Chaves P. Holanda, E2 Orientador: Francisco Bandeira, MD, PhD, FACE



Documentos relacionados
Fundo de Olho e Retinopatia Diabética. Prof. Cláudia Gallicchio Domingues Universidade de Caxias do Sul

Avaliação de Retinopatia Diabética em Idosos do Lar São Vicente de Paulo- Sorocaba, SP.

TEMA: USO DO RANIBIZUMABE (LUCENTIS ) NA RETINOPATIA DIABÉTICA. Sumário 1. Resumo executivo Recomendação... 2

Epidemiologia DIABETES MELLITUS

Diabetes Mellitus: Prevenção e Tratamento da Retinopatia

TEMA: USO DO RANIBIZUMABE (LUCENTIS ) NA RETINOPATIA DIABÉTICA

Programas de Rastreio. Olho Diabético

Workshop de Angiografia Da Teoria à Prática Clínica

Departamento de Oftalmologia da A

WORKSHOP. Retinopatia Diabética: do diagnóstico à intervenção reabilitacional

O Diagnóstico, seguimento e tratamento de todas estas complicações causam um enorme fardo econômico ao sistema de saúde.

Retinopatia Diabética

Universidade de Lisboa. Faculdade de Medicina de Lisboa

DIABETES MELLITUS. Curso de semiologia em Clínica Médica II

Sessão Televoter Diabetes. Jácome de Castro Rosa Gallego Simões-Pereira

RESPOSTA RÁPIDA 300/2014 Antiangiogênicos e fotocoagulação a laser para tratamento de retinopatia diabética

RETINOPATIA DIABÉTICA

Como prescrever o exercício no tratamento do DM. Acad. Mariana Amorim Abdo

372/2014. Ranibizumabe para Retinopatia diabética

Sessão Televoter Diabetes

DEFINIÇÃO A retinopatia diabética é uma complicação da Diabettes Mellitus crónica.

TEMA: Uso de Insulina Humalog ou Novorapid (aspart) ou Apidra (glulisina) no tratamento do diabetes mellitus

ESPECTRO. ALTERAÇÕES METABÓLICAS DA OBESIDADE e DMT2 EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES Diabetes Tipo 2 em Crianças. Classificação de Diabetes em Jovens

RT 05 /2015. Antiangiogênicos na retinopatia diabética

ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DE SAÚDE DO NORTE, IP. MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO RASTREIO DA RETlNOPATIA DIABÉTICA DA REGIÃO NORTE

TEMA: Anti-VEGF ranimizumabe (Lucentis ) para tratamento da oclusão da veia central da retina

Atividade Física para Pessoas com Diabetes Mellitus

Exame de fundo de olho. Fundo de olho normal

Enciclopédia de Oftalmologia António Ramalho 1. INTRODUÇÃO

Resumo. Abstract. Retinopatia diabética e gestação ATUALIZAÇÃO. Diabetic retinopathy during pregnancy

DIABETES TIPO 2 PREVALÊNCIA DIAGNÓSTICO E ABORDAGEM. Paula Bogalho. S. Endocrinologia Diabetes e Metabolismo

Tratamento e Seguimento da Retinopatia da Prematuridade (ROP) João Borges Fortes Filho

Diabetes Mellitus: Nefropatia

NEFROPATIA DIABÉTICA. Cristianne da Silva Alexandre Disciplina de Nefrologia UFPB

Pré diabetes. Diagnóstico e Tratamento

Congresso do Desporto Desporto, Saúde e Segurança

CORRELAÇÃO DA INSUFICIÊNCIA RENAL E ANEMIA EM PACIENTES NORMOGLICEMICOS E HIPERGLICEMICOS EM UM LABORATÓRIO DA CIDADE DE JUAZEIRO DO NORTE, CE

Sessão Televoter Diabetes

11º Curso Pós-Graduado NEDO 2010 Endocrinologia Clínica Diabetes. Diabetes: avaliação da evolução e do tratamento

Diretrizes do Conselho Internacional de Oftalmologia (Internacional Council of Ophthalmology - ICO) para o Tratamento do Olho Diabético

Antiangiogênicos (bevacizumbe e ranibizumabe) no tratamento do edema macular diabético

Saúde Ocular do Idoso

Complicações crônicas do diabetes

Programa de Reabilitação Metabólica no DM2

Insulinização. Niepen Programa de Educação Continuada Educação Continuada para APS. Dra Carla Lanna Dra Christiane Leite

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS ANDREIA DO CEU AFONSO REIS

DIVERSIDADE DOS MEIOS DE CONTRASTE : COMO SELECIONAR ENTRE OS DIFERENTES TIPOS E OS CUIDADOS PARA A NEFROPOTEÇÃO

Atlas de Oftalmologia 3. DOENÇAS VASCULARES RETINIANAS. António Ramalho

Update no tratamento da Retinopatia da Prematuridade (ROP) João Borges Fortes Filho

RR 445/2014. Ranibizumabe (Lucentis ) para tratamento da Retinopatia diabética

A Visão dos Profissionais de Saúde sobre o Uso dos Glicosímetros e os Riscos Associados

QUALITTAS INSTITUTO DE PÓS GRADUAÇÃO CURSO DE CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS RETINOPATIA DIABÉTICA EM CÃES E GATOS

Milton Ruiz Alves. Medida da Acuidade Visual em Ambulatório de Saúde Ocupacional

PREVALÊNCIA DE RETINOPATIA DIABÉTICA EM USUÁRIOS DE UMA GERÊNCIA DE SAÚDE DO ESTADO DA PARAÍBA

Protocolo para controle glicêmico em paciente não crítico HCFMUSP

O descolamento de retina pode começar em uma pequena área, mas, quando não tratado, pode ocorrer descolamento de toda a retina.

Função pulmonar na diabetes mellitus

Diabetes e Hipogonadismo: estamos dando a devida importância?

CARLOS CÉSAR LOPES DE JESUS

Metas de pressão arterial em pacientes com diabetes Blood pressure goals in patients with diabetes

Diabetes mellituséuma doença metabólica caracterizada por um aumento anormal do açúcar ou glicose no sangue QUEM DA MAIS?...

GRAVIDEZ e VISÃO. Manifestações Oculares Durante a Gestação. Cecília Ramos 1, Ilda Maria Poças 1, Maria Ângela Pinto 2

Carlos Eduardo Cury Junior. Prevalência da Retinopatia Diabética em unidades básicas de saúde de São José do Rio Preto-SP-Brasil.

Retinopatia diabética com edema macular subjacente

NT 15/2015 ANTIANGIOGÊNICO (RANIBIZUMABE = LUCENTIS EM MACROANEURISMA DE OLHO ESQUERDO)

Hipertensão Arterial Pulmonar Protocolos Por que e para que? Ricardo Fonseca Martins

As oclusões venosas retinianas são a segunda causa mais comum de patologias vasculares da retina, atrás apenas da Retinopatia Diabética

A IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO GLICÊMICA E PROTÉICA EM PACIENTES ACOMETIDOS COM NEFROPATIA DIABÉTICA PARA PREVENÇÃO DA RETINOPATIA

RESPOSTARÁPIDA 36/2014 GALVUS MET, PIOTAZ, CANDESARTAN, LEVOID, ROSTATIN

Educação em Diabetes da Faculdade Municipal "Professor Franco Montoro"

Bruno de Oliveira Fonseca Liga de Diabetes UNIUBE 11/06/2012

6 Não será permitido o uso de dicionário.

Saiba quais são os diferentes tipos de diabetes

Suplemento-Outubro-Dezembro Retinopatia Diabética. Orientações clínicas

PARECER COREN-SP 62/2013 CT PRCI n Tickets nº

TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DO DIABETES MELLITUS: SULFONILUREIAS E BIGUANIDAS

NÚMERO: 006/2011 DATA: 27/01/2011 Diagnóstico Sistemático e Tratamento da Retinopatia Diabética

IDENTIFICANDO AS COMPLICAÇÕES DO DIABETES MELLITUS EM FREQÜENTADORES DE UM CENTRO REGIONAL DE ESPECIALIDADES (CRE) 1

RESPOSTA RÁPIDA 251/2013

DIABETES MELLITUS. Prof. Claudia Witzel

Aspectos patológicos da retinopatia diabética

Avaliação oftalmológica de um grupo de motoristas profissionais de Campinas, São Paulo

Disciplina de BIOQUÍMICA do Ciclo Básico de MEDICINA Universidade dos Açores. 1º Ano ENSINO PRÁTICO DIABETES MELLITUS

FARMACOLOGIA APLICADA À ODONTOLOGIA EM ATENÇÃO PRIMÁRIA

Consulta de Enfermagem para Pessoas com Hipertensão Arterial Sistêmica. Ms. Enf. Sandra R. S. Ferreira

TENHA MELHOR APARÊNCIA, SINTA-SE MELHOR E VIVA MELHOR. Saúde dos Olhos

4.3.2 Doença microvascular e neuropática

ILUVIEN GUIA DE ADMINISTRAÇÃO

Glaucoma. O que é glaucoma? Como acontece?

1- hipertensão arterial. 2- hiperglicemia. 3- presença de proteinúria. 4- ingesta proteica elevada. 5- obesidade

Retinopatia Diabética. 1. Introdução

Atlas de Oftalmologia 8. DOENÇAS TRAUMÁTICAS OCULARES. António Ramalho

SABADOR. Apresentadora: Renée Sarmento de Oliveira Membro da equipe de Cardiologia/Coronária HBD. Professora de Clínica Médica da UNIRIO

Glaucoma neovascular por retinopatia diabética proliferativa: Relato de caso clínico com o tratamento pela cirurgia antiproliferativa via endoscopia

A baixa visão: apresentação e conceito

EPIDEMIOLOGIA DA RETINOPATIA DIABÉTICA NA DIABETES MELLITUS TIPO 1

24 de Outubro 5ª feira insulinoterapia Curso Prático Televoter

Transcrição:

RETINOPATIA DIABÉTICA Apresentação: Narriane Chaves P. Holanda, E2 Orientador: Francisco Bandeira, MD, PhD, FACE

Introdução Retinopatia Diabética (RD): principal causa de cegueira em adultos (países desenvolvidos Após 20 anos: Quase 100% dos pctes DM tipo 1 (surge pós 3 a 5 anos do diagnóstico) > 60% dos pctes DM tipo 2 (UKPDS: + no diagnóstico em 35-39%) Ali TK et al. Pharmacotherapy, 2009. No Brasil (Região Sul): Esteves J, Laranjeira AF, ABEM, 2008. 48% dos pctes DM tipo 2 DPP: RNP em 8% dos pctes com pré-dm

Fisiopatologia

Classificação Fig 54.1 Vilar A / B - Retinopatia diabética não proliferativa Leve Moderada Grave C - Retinopatia diabética proliferativa D - Retinopatia diabética proliferativa de alto risco UpToDate, versão 17.1, 2009.

Fisiopatologia / Anatomia

Diagnóstico e Classificação da RD Grau da RD RD NP* Leve RD NP Moderada RD NP Grave RD Proliferativa Achados FO Microaneurismas Microaneurismas + Hemorragias IR RD NPM mais intensos Neovascularização + Hemorragias vítreas Características +/- Hemorragias IR e Exudatos duros (lipídicos) +- Exud. duros, algodonosos (isquêmicos) ou IRMA Veias em rosário, alças venosas Descolamento de retina e Glaucoma * Não Proliferativa 90% casos Proliferativa 10%. Após 20 anos: 50% se DM tipo 1 / 25 % se DM tipo 2 com insulinoterapia Aiello LP et al. Diabetic Retinopathy (Technical Review). Diabetes Care, 1998.

Classificação Maculopatia diabética: envolvimento da mácula por edema (exsudativa) ou por falta de perfusão capilar (isquêmica) Edema Macular Clinicamente Significativo (EMCS): risco de perda visual devem ser tratados Causa mais comum de perda da visão central em diabéticos Todas as fases da RD podem ser ou não acompanhadas de edema macular UpToDate, versão 17.1, 2009.

RDNP / Edema Macular Difuso UpToDate versão 17.1, 2009.

Neovascularização / Hemorragia Vítrea UpToDate versão 17.1, 2009.

Fatores de Risco Tempo de evolução do DM DM Tipo 1: 2% (< 2a); 98% (>15a) DM tipo 2 com insulina: 23% (< 2a); 85% (> 15a) Controle glicêmico Scheffel RS et al. Rev Assoc Med Bras, 2004. DCCT: Intensivo x Convencional RR 27% pra o grupo intensivo, mesmo pós 4 anos com HbA1C ~ UKPDS: melhor controle HbA1C (7% x 7,9%) RR 25% para dça microvascular Controle pressórico UKPDS: controle rígido RR de dça microvascular (37%) e progressão da RD (34%)

Nefropatia Diabética Outros Fatores de Risco Macroalbuminúria em DM 1 95% risco de edema macular Microalbuminúria no DM 2 3,3 x chance de RD Dislipidemia Gravidez e puberdade Hormônios contra-insulínicos Tabagismo (?) Anemia (?): hipóxia retiniana Fatores genéticos UpToDate, version 17.1, 2009.

História Natural Duração do DM / Controle glicêmico Início da insulinoterapia: piora transitória exsudatos algodonosos (alt.na osmolaridade plasm) Gravidez: fatores hormonais / crescimento, hemodinâmicos Depende do tipo de RD, controle glicêmico prévios RD = marcador de morbi-mortalidade risco de DCV, pp se RDP. UpToDate, versão 17.1, 2009.

Manifestações Clínicas Diagnóstico Maioria assintomáticos Perda visual: Maculopatia Complicações da RP (descolamento de retina e hemorragia vítrea) Glaucoma Frank RN eta al. Diabetic Retinopathy, NEJM, 2004.

Diagnóstico / Seguimento Fundoscopia: exame mais custo-efetivo Paciente Primeiro Exame Seguimento DM tipo 1 3-5 anos após diagnóstico em pctes >= 10 anos Anual (ou a cada 2-3 anos se nl e baixo risco) DM tipo 2 Ao diagnóstico Anual (ou a cada 2-3 anos se nl e baixo risco) Gestantes (DM preexistente) Antes da concepção e 1º trimestre Freqüente durante a gestação e 1º ano pós parto UpToDate versão 17.1, 2009. Diabetes Care Vol 32, Supplement 1, 2009.

Tratamento Objetivo: risco de perda de visão Mapeamento de retina e angiografia fluoresceínica a cada 6m 1ano Tratamento medicamentoso Controle glicêmico e de outros fatores de risco Tratamento específico: Fotocoagulação a Laser Vitrectomia Mohamed Q et al. Management of Diabetic Retinopathy: A sytematic Review. JAMA, 2007

Prevenção / Tratamento Medicamentoso Controle Glicêmico DCCT, UKPDS HbA1C < 7% Controle pressórico PA < 130/80 mmhg (?) IECA em normotensos (?) Controle da ND Relação (+) entre proteinúria e RD Controle da DLP CARDS (Atorvastatina): não progressão de RD Fibratos: < necessidade de laser e progressão de RD préexistente Mohamed Q et al. Management of Diabetic Retinopathy: A sytematic Review. JAMA, 2007.

Effect of fenofibrate on the need for laser treatment for diabetic retinopathy (FIELD study): a randomised controlled trial The Lancet, Volume 370, Issue 9600, Pages 1687-1697, 17 November 2007 Methods: The Fenofibrate Intervention and Event Lowering in Diabetes (FIELD) study was a multinational randomised trial of 9795 patients aged 50 75 years with type 2 diabetes mellitus. Eligible patients were randomly assigned to receive fenofibrate 200 mg/day (n=4895) or matching placebo (n=4900). Results: Laser treatment was needed more frequently in participants with poorer glycaemic or blood pressure control than in those with good control of these factors, and in those with a greater burden of clinical microvascular disease, but the need for such treatment was not affected by plasma lipid concentrations. The requirement for first laser treatment for all retinopathy was significantly lower in the fenofibrate group than in the placebo group (164 [3 4%] patients on fenofibrate vs 238 [4 9%] on placebo; hazard ratio [HR] 0 69, 95% CI 0 56 0 84; p=0 0002; absolute risk reduction 1 5% [0 7 2 3]) Conclusions: Treatment with fenofibrate in individuals with type 2 diabetes mellitus reduces the need for laser treatment for diabetic retinopathy, although the mechanism of this effect does not seem to be related to plasma concentrations of lipids.

Tratamento Específico Fotocoagulação a Laser Mais eficaz na prevenção da perda que na reversão da perda instalada Evitar se RDNP leve moderada (piora visual e contração de campo visual) Focal: Edema de mácula clinicamente significativo (EMCS) Difusa: RP com características de alto risco RNP grave Qualquer RP DM tipo 2, gravidez, ND, descontrole glicêmico.. Mohamed Q et al. Management of Diabetic Retinopathy: A sytematic Review. JAMA, 2007

Tratamento Vitrectomia Hemorragia vítrea Descolamento de retina Neovascularização intensa Complicações: glaucoma, catarata, descolamento de retina Mohamed Q et al. Management of Diabetic Retinopathy: A sytematic Review. JAMA, 2007

Perspectivas Terapêuticas Estratégias contra os mecanismos moleculares envolvidos na patogênese da RD Inibidores da Proteína C Quinase Ruboxistaurina Inibidores da Aldose Redutase (enzima-chaves da via poliol) Análogos da Somatostatina GH e IGF-1 Inibidores do VEGF neovascularização e outras anldades vasculares Injeções intra-oculares de GC Acs anti-vegf Mohamed Q et al. Management of Diabetic Retinopathy: A sytematic Review. JAMA, 2007

OBRIGADA!