aware ANGOLAN DESK CRÉDITO BANCÁRIO E IMPOSTO PREDIAL URBANO Novembro 2011 N.4

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ANGOLAN DESK CRÉDITO BANCÁRIO E IMPOSTO PREDIAL URBANO Novembro 2011 N.4

ANGOLAN DESK EDITORIAL Aos poucos, o sistema legislativo Angolano vai-se apetrechando das ferramentas adequadas ao seu desenvolvimento social e económico. Dentre a enorme produção legislativa abaixo elencada, destacamos o novo regime da concessão de crédito bancário e as alterações ao código do imposto predial urbano, que apresentamos nesta nossa Aware e que contribuirão, decisivamente, para o desenvolvimento e reabilitação das cidades Angolanas, para um maior investimento na construção civil, para o crescimento do sistema bancário e financeiro e para a melhoria da qualidade de vida das populações. Fernando Veiga Gomes, Advogado Sócio f.veigagomes@abreuadvogados.com 1

O Regime da Concessão de Crédito Bancário (Decreto Presidencial n.º 259/11, de 30 de Setembro) Com o objectivo de fomentar a aquisição de habitação própria permanente, pelos cidadãos angolanos, e de fomentar a realização de obras de beneficiação e remodelação nas habitações já existentes, foi publicado, a 30 de Setembro de 2011, o Decreto Presidencial n.º 259/11. Este diploma visa, essencialmente, regulamentar o acesso ao crédito bancário pelos interessados, sendo os mesmos, nos termos deste diploma, definidos como toda a pessoa que pretenda comprar, construir e realizar obras de beneficiação para habitação permanente ou secundária, ou ainda adquirir terreno para construção de habitação própria permanente. Estamos por isso perante três destinos tipo para os empréstimos aqui regulados: (i) compra de habitação, (ii) construção/obras de beneficiação em habitação e, por fim, (iii) aquisição de terrenos para construção de habitação. Refira-se que as concessões de crédito para estes fins poderão, então, ser reguladas pelo regime geral do crédito ou pelo regime do crédito bonificado. Independentemente do regime em causa, as instituições financeiras bancárias, reguladas pela Lei das Instituições de Crédito (Lei n.º 13/2005, de 30 de Setembro) e autorizadas pelo Banco Nacional de Angola, terão a competência exclusiva para levar a cabo estas operações. Nestes termos, estas instituições financeiras bancárias deverão afixar e tornar públicas, nomeadamente comunicando-as ao Banco Nacional de Angola, as condições dos empréstimos a conceder, nomeadamente, os prazos dos empréstimos note-se que os mesmos não poderão ir além dos 30 anos, as formas de amortização, o preço dos serviços prestados, os encargos a suportar e as demais condições. Do lado dos interessados, os pedidos de concessão de crédito, junto das entidades financeiras bancárias, deverão ser sempre acompanhados de documentos comprovativos do efectivo interesse de quem o solicita ou simplesmente relativos ao projecto de construção. Isto equivale a dizer, a título meramente e- xemplificativo, que um interessado em levar a cabo uma aquisição de habitação já construída deverá entregar na respectiva entidade financeira bancária, cópia do contrato promessa de compra e venda que outorgou. 2

Já no caso de um financiamento de habitação em construção, os documentos a entregar passam, por exemplo, pelo projecto de arquitectura, uma declaração do Governo Provincial comprovando o licenciamento da construção e ainda uma declaração do construtor o qual deverá comprometer-se a iniciar a construção no prazo máximo de 12 meses. Quanto às garantias exigidas a estes empréstimos, é exigida obrigatoriamente uma hipoteca sobre a habitação e, em reforço, poderão ser exigidos seguros de vida ou outras garantias consideradas adequadas. No que respeita ao regime geral de crédito à habitação, este decreto presidencial apenas prevê as seguintes especificidades: a taxa de juro poder ser livremente negociada entre as partes, o crédito não poder exceder um montante cuja prestação inicial seja superior à taxa de esforço fixada em 40% e, por fim, a entidade bancária apresentar ao interessado um sistema de prestações progressivas ou constantes. No regime de crédito bonificado, são impostas as seguintes condições (cumulativas) aos interessados: a soma das idades do casal não exceda 80 anos e nenhum tenha idade superior a 40; sendo apenas um o interessado o limite de idade é também os 40 anos; o valor de compra do imóvel deve corresponder ao valor total do imóvel serão fixados por diploma do executivo, os valores máximos da habitação ou o custo máximo das obras; o produto do empréstimo deve ser dirigido às finalidades já referidas; o imóvel não pode ser adquirido a ascendentes ou descendentes do interessado e, por fim, nenhum outro membro do agregado familiar pode ser titular de um outro empréstimo concedido com idêntica finalidade. O mutuário no regime bonificado fica impedido de alienar o seu imóvel no prazo de 5 anos após a concessão do empréstimo, sob pena de ter de reembolsar o montante das bonificações usufruídas. No que respeita a amortizações antecipadas, e tal como no regime geral, as partes podem contratualmente prever comissões e outros encargos, porém, no caso do regime bonificado, as mesmas não poderão ser superiores a 1% do capital a amortizar. Por fim, e certamente como mais uma forma de fomento à aquisição de habitação pelos cidadãos angolanos mais novos, até 31 de Dezembro de 2012, ficam isentos de quaisquer taxas ou emolumentos todos os actos notariais e registo respeitantes a aquisições de habitações. Estas isenções, todavia, não abrangem os emolumentos pessoais nem as atinentes à participação emolumentar devida aos notários e conservadores, entre outros, pela sua intervenção no acto. Patrícia Viana, Advogada Associada patricia.s.viana@abreuadvogados.com 3

Alterações ao Código do Imposto Predial Urbano (Lei n.º 18/2011, de 21 de Abril) Em 15 de Março de 2011, através do Decreto Presidencial n.º 50/11, de 15 de Março, foram publicadas as Linhas Gerais do Executivo para a Reforma Tributária em Angola. Nos termos deste diploma, e no que respeita à tributação do património, pretende-se a consagração dos princípios do benefício e da capacidade contributiva, devendo as receitas angariadas constituir fonte de financiamento das finanças locais. Assim, foram determinadas as seguintes medidas: a) Realização dos estudos necessários para definir o modelo de tributação do património; b) Elaboração dos diplomas para a introdução das novas normas de tributação do património, de acordo com o que for estabelecido em relação à descentralização política e às finanças locais (com a eventual criação de projectos-piloto em determinadas áreas geográficas); c) Preparação da máquina administrativa para proceder a uma efectiva cobrança dos impostos sobre o património; d) Actualização informatizada de matrizes e cadastros, modernização de procedimentos e de sistemas de avaliação de prédios. Nesta sequência, foi publicada Lei n.º 18/11, de 21 de Abril, que veio alterar o Código do Imposto Predial Urbano (IPU), bem como o Código do Imposto Industrial (II), objecto do presente artigo. Âmbito de incidência A mera detenção de um imóvel passar a estar sujeita a tributação em sede de IPU. Até ao momento, nas situações de mera detenção de um imóvel que estivesse afecto ao exercício de actividades sujeitas a II, esta realidade estava excluída de tributação. Dispõe-se igualmente que, no caso de prédios arrendados, o IPU incidirá sobre o valor da respectiva renda, conforme já acontecia, sendo que, no caso de prédios não arrendados, o IPU incidirá sobre o valor patrimonial dos mesmos. Em sede de incidência subjectiva, distinguem-se as situações em que se trate de prédio arrendado ou de mera detenção. No caso de prédios arrendados, o IPU será devido pelos titulares do rendimento dos prédios, presumindo-se como tais, as pessoas em cujo nome os mesmos se encontrem registados na matriz, à semelhança do que já acontecia. Por outro lado, quando se trate de mera detenção de prédio, o IPU será devido pelo proprietário, usufrutuário ou beneficiário do direito de superfície do prédio. Foi revogada a disposição que previa a sujeição a IPU da sublocação ou cedência de exploração de estabelecimentos mercantis. 4

Isenções Rendimento tributável São limitadas as isenções conferidas em sede de IPU. De acordo com a nova redacção do diploma, apenas estarão isentos de IPU: a) O Estado, institutos públicos e associações que gozem do estatuto de utilidade pública; b) Estados estrangeiros, quanto aos imóveis destinados às respectivas representações diplomáticas ou consulares, quando haja reciprocidade; Naturalmente, também nesta matéria a Lei distingue o rendimento colectável dos prédios arrendados dos prédios não arrendados tendo sido revogadas todas as disposições anteriores sobre esta matéria. Assim, o rendimento colectável dos prédios urbanos, quando arrendados, corresponderá às rendas efectivamente recebidas em cada ano, podendo ser deduzidas até 40% relativamente a despesas relacionadas com o prédio. A respeito do valor patrimonial, relevante para efeitos de tributação dos prédios não arrendados, este será o valor que resulte de avaliação a realizar pela repartição fiscal da situação do imóvel, com base nas tabelas publicadas para o efeito. c) Instituições religiosas legalizadas, quanto aos imóveis destinados exclusivamente ao culto. Para efeito de obtenção das isenções referidas em b) e c) acima, os interessados deverão requerê-las junto do director Nacional de Impostos, que apenas deferirá os pedidos após obtenção de parecer favorável do Ministério das Relações Exteriores e do Instituto Nacional para os Assuntos Religioso, respectivamente. No caso dos prédios não arrendados, o rendimento colectável corresponderá ao seu valor patrimonial, que será o mais elevado de entre o valor de aquisição e o valor que resulte da avaliação efectuada através de novas tabelas de cálculo recentemente aprovadas pelo Decreto Presidencial n.º 81/11, de 25 de Abril. Nesta matéria, note-se ainda que todas as anteriores isenções de IPU são revogadas. 5

Taxas A taxa de imposto para prédios arrendados baixa de 30% para 25%, tendo por limite mínimo 1% do valor patrimonial do imóvel em causa, correspondendo a uma taxa efectiva de 15% (taxa de 25% sobre 60% da matéria colectável, sendo os restantes 40% considerados como custos de manutenção e conservação do imóvel). No caso dos prédios não arrendados, estarão isentos os prédios cujo valor patrimonial não exceda 5.000.000,00 AKZ. Quanto aos prédios cujo valor patrimonial seja superior àquele limite, estarão sujeitos a IPU à taxa de 0,5%. Liquidação e pagamento do IPU Nesta matéria, foram implementadas novas regras que importarão o cumprimento de obrigações adicionais aos arrendatários. correspondente ao imposto devido retenção na fonte obrigatória. Porém, as demais entidades contratantes que estejam obrigadas ao pagamento ou entrega de rendas poderão igualmente proceder à retenção na fonte do imposto devido retenção na fonte facultativa. Em ambas as situações, o imposto será entregue pelo arrendatário até ao dia 30 do mês seguinte àquele a que respeita a retenção. Nos casos em que o IPU não seja retido na fonte (quer se trate de prédios arrendados ou não arrendados), o imposto será pago, em duas prestações iguais, em Janeiro e Julho. Pode o IPU ainda ser pago em quatro prestações (que se vencerão em Janeiro, Abril, Julho e Outubro) salvo quando o contribuinte assim o tenha declarado. Código do Imposto Industrial Em concordância com as alterações ao IPU, foram consagradas algumas alterações ao II. Nesta medida, deixam de se considerar proveitos ou ganhos sujeitos a II, as rendas recebidas pelo exercício de qualquer actividade que sejam sujeitas a IPU. De igual modo, deixa de ser possível deduzir à colecta de II o IPU suportado. Maria Cabral de Azevedo, Advogada Associada maria.c.azevedo@abreuadvogados.com Os contribuintes que disponham ou devam dispor de contabilidade organizada (incluindo organismos públicos e qualquer pessoa, singular ou colectiva, de direito público ou privado) e que estejam obrigados ao pagamento ou entrega de rendas, devem reter, na altura da sua atribuição ou pagamento, a importância 6

Novidades Legais Decreto Executivo n.º 78/11, de 12 de Maio, que aprova o Regulamento interno da Direcção Nacional de Impostos. Decreto Executivo n.º 76/11, de 16 de Maio, que aprova o Regulamento sobre o Registo e Cadastro dos Estabelecimentos e das Actividades Comerciais e de Prestação de Serviços Mercantis. Lei n.º 20/11, de 20 de Maio, que aprova a Lei do Investimento Privado. Decreto Presidencial n.º 101/11, de 23 de Maio, que aprova o Regulamento da Comissão Nacional de Protecção Civil. Decreto Presidencial n.º 103/11, de 23 de Maio, que aprova o Plano Estratégico de Gestão do Risco de Desastres. Decreto Presidencial n.º 108/11, de 25 de Maio, que aprova o Regulamento sobre o regime jurídico de estrangeiros. Decreto Presidencial n.º 111/11, de 31 de Maio, que regula a actividade de espectáculos e divertimentos públicos. Decreto Presidencial n.º 113/11, de 2 de Junho, que aprova o Estatuto Orgânico da Agência Nacional para o Investimento Privado. Lei n.º 21/11, de 8 de Junho, que autoriza o titular do Poder Executivo a aprovar o Regime Simplificado de Execuções Fiscais e a substituir o Código das E- xecuções Fiscais. Decreto Legislativo Presidencial n.º 2/11, de 9 de Junho, que aprova o Regime Simplificado de Execuções Fiscais. Decreto Presidencial n.º 153/11, de 15 de Junho, que aprova o Regulamento sobre a produção, exportação, reexportação e importação de substâncias, e- quipamentos e aparelhos possuidores de substâncias que empobrecem a camada de ozono. Lei n.º 22/11, de 17 de Junho, que aprova a Lei da Protecção de Dados Pessoais. Lei n.º 23/11, de 20 de Junho, que aprova a Lei das comunicações electrónicas e dos serviços da sociedade da informação. Decreto Presidencial n.º 160/11, de 21 de Junho, que aprova o Regulamento Emolumentar do Registo Predial. Decreto Legislativo Presidencial n.º 3/11, de 23 de Junho, que estabelece as Bases Gerais para a realização do recenseamento geral da população e da habitação. Decreto Presidencial n.º 184/11, de 28 de Junho, que aprova o reajustamento do montante das prestações sociais pagas pelo Instituto Nacional de Segurança Social. Decreto Presidencial n.º 193/11, de 6 de Julho, que aprova o Regime Jurídico Geral de concessão do estatuto de utilidade pública. Decreto Presidencial n.º 194/11, de 7 de Julho, que aprova o Regulamento sobre responsabilidade por danos ambientais. Decreto Presidencial n.º 195/11, de 8 de Julho, que aprova o Regulamento sobre o Regime Jurídico da Segurança contra incêndios em edifícios. Lei n.º 24/11, de 13 de Julho, que aprova a Lei dos Formulários dos Actos da Administração Local do Estado. Lei n.º 25/11, de 14 de Julho, que aprova a Lei contra a violência doméstica. Decreto Presidencial n.º 200/11, de 18 de Julho, que aprova as Normas para elaboração do Orçamento Geral do Estado (OGE), para o exercício económico de 2012. Resolução n.º 16/11, de 19 de Julho, que aprova o Balanço da Execução Orçamental do 1.º Trimestre de 2011. 7

Novidades Legais (continuação) Decreto Presidencial n.º 204/11, de 26 de Julho, que define as normas de procedimento administrativo aplicáveis ao reconhecimento, modificação de estatutos, transformação e extinção de fundações. Decreto Presidencial n.º 205/11, de 26 de Julho, que aprova a criação da Biblioteca Nacional de Angola. Despacho n.º 489/11, de 28 de Julho, que aprova a criação de um Grupo Técnico para acompanhar a discussão sobre o Anteprojecto do Código Penal da República de Angola. Decreto Presidencial n.º 51/11, de 28 de Julho, que aprova a criação de um grupo de trabalho para análise da situação dos cidadãos angolanos em condições migratórias irregulares no estrangeiro. Decreto Presidencial n.º 206/11, de 29 de Julho, que aprova as Bases Gerais para a organização do Sistema Nacional de Preços. Decreto executivo conjunto n.º 106/11, de 1 de Agosto, que aprova o Regulamento dos Financiamento para o Programa de promoção do comércio rural. Decreto Presidencial n.º 209/11, de 3 de Agosto, que aprova o Estatuto do Diplomata. Decreto Presidencial n.º 216/11, de 8 de Agosto, que estabelece as bases da Política Nacional para a concessão de direitos sobre terras. Decreto Presidencial n.º 225/11, de 15 de Agosto, que aprova o Regulamento Geral das Comunicações Electrónicas. Decreto Executivo Conjunto n.º 122/11, de 16 de Agosto, que altera o Regulamento de Tarifas Portuárias de Angola. Decreto Executivo n.º 123/11, de 16 de Agosto, que cria o Guiché do Imóvel da Cidade do Kilamba. Decreto Presidencial n.º 232/11, de 23 de Agosto, que define o regime de desafectação dos terrenos do domínio público compreendidos no perímetro da orla costeira, destinados à implantação de infra-estruturas e equipamentos de apoio à utilização das praias e a toda a orla costeira. Despacho n.º 580/11, de 25 de Agosto, que aprova os valores e calendarização da Taxa de Circulação e Fiscalização de Trânsito e das características dos selos de circulação para vigorar no ano de 2011. Despacho n.º 581/11, de 25 de Agosto, que aprova a taxa dos encargos de cobrança a que se refere o artigo 6.º do Regulamento de Cobrança da Taxa de Circulação e Fiscalização de Trânsito. 8

Novidades Legais (continuação) Decreto Presidencial n.º 237/11, de 30 de Agosto, que aprova a Política para a Pessoa com Deficiência. Decreto Presidencial n.º 238/11, de 30 de Agosto, que aprova a Estratégia de Protecção à Pessoa com Deficiência. Lei n.º 28/11, de 1 de Setembro, que aprova a Lei sobre a refinação de petróleo bruto, armazenamento, transporte, distribuição e comercialização de produtos petrolíferos. Lei n.º 29/11, de 1 de Setembro, que aprova a Lei de Alteração da Divisão Político-Administrativa das Províncias de Luanda e Bengo. Resolução n.º 19/11, de 5 de Setembro, que aprova a adesão da República de Angola à Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA) e publicação do Estatuto da Agência. Decreto Executivo Conjunto n.º 132/11, 9 de Setembro, que altera o Regulamento de Tarifas Portuárias de Angola. Lei n.º 30/11, de 13 de Setembro, que aprova a Lei das Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME). Decreto Presidencial n.º 250/11, de 17 de Setembro, que aprova o Regime de Taxas da Cidade do Kilamba. Decreto Executivo n.º 136/11, de 19 de Setembro, que aprova o Regulamento do Exercício da Actividade Comercial realizada nos mercados urbanos e suburbanos. Lei n.º 31/11, de 23 de Setembro, que aprova o Código Mineiro. Decreto Presidencial n.º 253/2011, de 26 de Setembro, que aprova o Quadro Conceptual das Reservas Internacionais. Decreto Presidencial n.º 259/11, de 30 de Setembro, que estabelece as regras jurídicas relativas à concessão de crédito para aquisição de habitação. Decreto Executivo n.º 133/11, de 13 de Setembro, que aprova a divisão da Zona Marítima de Angola (Bacia do Kwanza) em seis blocos petrolíferos denominados Blocos 35, 36, 37, 38, 39 e 40. Esta Aware contém informação e opiniões de carácter geral, não substituindo o recurso a aconselhamento jurídico para a resolução de casos concretos. Para esclarecimentos adicionais contacte Angolan Desk: angola@abreuadvogados.com Visite o nosso site ABREU ADVOGADOS 2011 ( * ) LISBOA PORTO MADEIRA ANGOLA (EM PARCERIA) MOÇAMBIQUE (EM PARCERIA) 5 WWW.ABREUADVOGADOS.COM LISBOA SEDE * PORTO * MADEIRA * Av. das Forças Armadas, 125-12º Rua S. João de Brito, 605 E - 4º Rua Dr. Brito da Câmara, 20 1600-079 Lisboa, Portugal 4100-455 Porto 9000-039 Funchal Tel.: (+351) 21 723 1800 Tel.: (+351) 22 605 64 00 Tel.: (+351) 291 209 900 Fax.: (+351) 21 7231899 Fax.: (+351) 22 600 18 16 Fax.: (+351) 291 209 920 E-mail: lisboa@abreuadvogados.com E-mail: porto@abreuadvogados.com E-mail: madeira@abreuadvogados.com ( * ) Actividade certificada nos locais indicados.