LEVANTAMENTO FLORÍSTICO E MAPEAMENTO DO ARBORETO DA UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ, CÂMPUS DOIS VIZINHOS

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Transcrição:

LEVANTAMENTO FLORÍSTICO E MAPEAMENTO DO ARBORETO DA UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ, CÂMPUS DOIS VIZINHOS Ciro Duarte de Paula Costa¹, Daniela Aparecida Estevan² * [orientador], Valéria Mariano da Silva¹, Mauricio Romero Gorenstein 2 ¹ Acadêmicos do curso de graduação em Engenharia Florestal da Universidade Tecnológica Federal do Paraná Câmpus Dois Vizinhos, Paraná. E-mail: ciro.floresta@gmail.com, lelinham7@hotmail.com ² Professores do curso de Eng. Florestal da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Dois Vizinhos. E-mail:danielaaestevan@utfpr.edu.br, mauriciorg@utfpr.edu.br *Autor para correspondência Resumo: Arboretos são plantios de espécies arbóreas que possibilitam a observação de características dendrológicas, podendo auxiliar diversas atividades de pesquisas e ensino. O objetivo deste trabalho foi fazer a identificação botânica e um mapeamento aproximado dos indivíduos do arboreto da Universidade Tecnológica federal do Paraná Câmpus Dois Vizinhos PR, na forma de croqui, visando melhorar as informações existentes do arboreto e permitir estudos futuros. No total foram identificados 157 indivíduos pertencentes a 43 espécies, 38 gêneros e 21 famílias. O índice de diversidade de Shannon foi de 3,54 e a equabilidade de Pielou foi de 0,941. O arboreto possui grande representatividade quanto às famílias mais importantes na flora arbórea brasileira, além de possuir muitas espécies arbóreas típicas da região. O mapeamento e identificação das espécies no croqui contribuirão sobremaneira no acervo de ferramentas didáticas de taxonomia e dendrologia para o curso de graduação em Engenharia Florestal. Palavras-chave: árvores, conservação ex-situ, dendrologia, taxonomia Introdução Um arboreto, também chamado arboretum, é um jardim de espécies arbóreas, e arbustos lenhosos, plantado de forma ordenada. Este visa à correta avaliação das características e estruturas dendrológicas, vegetativas e reprodutivas, e desta forma, pode ser utilizado para diversas finalidades como pesquisa, material didático, colheita de sementes e conservação ex-situ das espécies, sendo uma madeira de conservar recursos fitogenéticos (REDE BRASILEIRA DE JARDINS BOTÂNICOS, 2010). Estes podem conter uma alta diversidade biológica ou serem especializados em poucas espécies para pesquisa. Alguns exemplos são os arboretos de Pinus spp. e Eucalyptus spp. Os jardins botânicos, geralmente, possuem arboretos em seu território; porém arboretos não necessariamente fazem parte de jardins botânicos (SANTIN, 1999). O mesmo autor sugere que no início de um arboreto devem-se escolher espécies que tenham características edáficas e climáticas semelhantes aos de seus habitats naturais e do local de cultivo, realçando a importância e a necessidade de projetos que abranjam todo o Brasil. No interior do Câmpus da Universidade Tecnológica Federal do Paraná de Dois Vizinhos existe um arboreto que contém espécies nativas e exóticas e foi plantado entre os anos de 1998 e 2000, com espaçamento de 6 x 6 m em quincôncio. Tal arboreto teve como finalidade a coleção de espécies arbóreas. Atualmente, com o curso de graduação em Engenharia Florestal, este se destaca como uma ferramenta didática eficiente para estudos taxonômicos e dendrológicos. Com isso, surgiu a necessidade da elaboração de um croqui, que se baseia em um mapa simples com intuito de expressar graficamente o ambiente estudado, objetivando a posição e identificação de cada indivíduo arbóreo no espaço do arboreto. O presente trabalho teve como objetivo criar o croqui do arboreto da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (Câmpus Dois Vizinhos), com a identificação das espécies e das posições dos indivíduos arbóreos, visando facilitar as diversas atividades que são desenvolvidas neste espaço. 17 e 18 de Outubro de 2011 307

Material e Métodos A área da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Dois Vizinhos, está situada na latitude 25º 42 52 S e longitude de 53º 03 94 W, com altitude média de 519 metros acima do nível do mar. O solo é do tipo Nitossolo Vermelho Distroférrico (BHERING et al., 2008). O clima da região é Cfa (subtropical úmido) sem estação seca definida com temperatura média do mês mais quente de 22 C, conforme classificação de Köppen. A precipitação gira entre 1.800 a 2.200 mm bem distribuída ao longo do ano (IAPAR, 2010). De início, foram realizadas coletas e observações quanto às características e posições dos indivíduos arbóreos. As identificações realizadas em campo foram mediadas por professores da instituição e também pelo Prof. Dr. Solon Jonas Longhi, da Universidade Federal de Santa Maria. As espécies que não foram possíveis de identificar em campo foram coletadas e amostradas com auxílio do podão ou tesoura de poda para posterior identificação em laboratório. Os materiais botânicos coletados foram prensados, secos e herborizados de acordo com os métodos usuais de herborização (ALMEIDA; PINHEIRO, 2000). A identificação dos indivíduos arbóreos e a origem das espécies foram determinadas através de consulta a bibliografias especializadas. Para a delimitação das famílias utilizou-se o sistema de classificação do Angiosperm Phylogeny Group (APGIII, 2009), e para avaliação da diversidade, foram utilizados o índice de Shannon e a equabilidade de Pielou (Magurran, 1988). O croqui do arboreto foi desenhado posteriormente à identificação das espécies arbóreas colocando as árvores em uma localização aproximada através de medições realizadas com trena. O resultado é a representação gráfica com a identificação das árvores presentes na área. Resultados e Discussão Foram registrados 157 indivíduos pertencentes a 43 espécies, 37 gêneros e 20 famílias (Tabela 1). Duas espécies foram identificadas até o nível de gênero e uma até família. Como serão feitos estudos contínuos de floração e frutificação dessas espécies, será possível atualizar essas identificações. As medidas de diversidade obtidas foram de 3,54 nats.ind -1 para o índice de Shannon e a equabilidade foi de 0,941. A riqueza e a diversidade de espécies encontradas foram expressivas, e juntamente com a equabilidade demonstram uma boa distribuição em números de indivíduos das espécies utilizadas no arboreto. Como a relação entre o número de indivíduos e o número de espécie é baixa (3,65) por se tratar de uma floresta artificial, pois se procurou plantar cerca de 4 indivíduos por espécie, o arboreto possui uma diversidade alta devido principalmente à alta equabilidade. Vale lembrar que em uma floresta nativa os valores de equabilidade giram em torno de 0,80. Do total de espécies identificadas, apenas cinco são exóticas, diferindo da maioria dos outros arboretos do Brasil, onde grande parte das espécies cultivadas é exótica (SANTIN, 1999), o que confere uma maior coerência com o propósito de conservação ex-situ de espécies arbóreas. Trinta e sete espécies são nativas, a maioria da própria região. Boa parte dessas possui frutos carnosos, como as espécies: Cabralea canjerana, Psidium cattlelianum, Schinnus terebentifolius, Araucaria angustifolia, Eugenia uniflora, Eugenia pyriformis, Prunus myrtifolia (CARVALHO, 2010), o que contribui para a manutenção da fauna no local. 17 e 18 de Outubro de 2011 308

A preocupação com a conservação ex-situ de espécies vegetais é crescente, e nesse sentido, o arboreto do Câmpus através do fornecimento de pólen e propágulos pode contribuir na conservação da diversidade genética, aumentando a viabilidade genética das populações. Conclusão Há uma grande representatividade florística, tanto quanto as famílias mais importantes do ponto de vista da pesquisa de espécies com potencial madeireiro e também quanto a conservação da flora regional. O croqui do arboreto da UTFPR, Câmpus Dois Vizinhos e a respectiva lista de espécies contribuem de forma a incrementar o acervo de ferramentas didáticas nas áreas de taxonomia vegetal e dendrologia para o curso de Engenharia Florestal. Deve-se continuar os estudos no arboreto visando principalmente pesquisar a fenologia das espécies e interações com animais, tanto polinizadores como dispersores. Referências ALMEIDA, Élcio Cruz; PINHEIRO, Antônio Lelis. Fundamentos de taxonomia e dendrologia tropical. Viçosa: SIF, v.2, 2000. APG III. 2009. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean Society. 1-17. CARVALHO, Paulo Ernani Ramalho. Espécies Arbóreas Brasileiras. Disponível em: http://www.cnpf.embrapa.br/pesquisa/efb/index_especies.htm. Acessado em: 08/09/2010. MAGURRAN, Anne Elizabeth. Ecological diversity and its measurement. Princeton University Press, New Jersey, 1988. REDE BRASILEIRA DE JARDINS BOTÂNICOS. Coleta e tamanho de amostras para coleções de conservação. In: Anais da XVI Reunião de Jardins Botânicos: Conservação ex situ em jardins botânicos. São Paulo: Rede Brasileira de Jardins Botânicos, 2008. REDE BRASILEIRA DE JARDINS BOTÂNICOS. Estratégia global para a conservação de plantas. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. São Paulo: BGC1, 2006. SANTIN, Dionete. Jardins Botânicos e Arboretos do Estado de São Paulo. In: A Biodiversidade Do Estado de São Paulo: síntese do conhecimento ao final do século XX: Infra-estrutura para conservação da biodiversidade. São Paulo: FAPESP, 1999. 17 e 18 de Outubro de 2011 309

Tabela 1. Espécies arbóreas e respectivas famílias do arboreto da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Dois Vizinhos, Paraná. Legenda: N ind.: número de indivíduos. N ind. Nome Científico Nome Vulgar Família Origem 10 Eugenia involucrata Cerejeira-do-Mato MYRTACEAE Nativa 10 Peltophorum dubium Canafístula FABACEAE Nativa 8 Parapiptadenia rigida Angico Branco FABACEAE Nativa 8 Eugenia uniflora Pitanga MYRTACEAE Nativa 7 Vitex megapotamica Tarumã LAMIACEAE Nativa 6 Ceiba speciosa Paineira MALVACEAE Nativa 6 Cordia trichotoma Louro-pardo BORAGINACEAE Nativa 6 Handroanthus heptaphyllus Ipê-Rosa BIGNONIACEAE Nativa 5 Balfourodendron riedelianum Pau-Marfim RUTACEAE Nativa 5 Cedrella fissilis Cedro MELIACEAE Nativa 5 Cinnamomum zeylanicum Canela LAURACEAE Exótica 5 Crysophyllum gonocarpum Guatambu SAPOTACEAE Nativa 5 Erythrina falcata Corticeira FABACEAE Nativa 5 Handroanthus chrysotricha Ipê-Amarelo BIGNONIACEAE Nativa 5 Piptadenia gonoacantha Pau-Jacaré FABACEAE Nativa 4 Cabralea canjerana Canjarana MELIACEAE Nativa 4 Cariniana legalis Jequitibá-Rosa LECYTHIDACEAE Nativa 4 Cordia americana Guajuvira BORAGINACEAE Nativa 4 Inga marginata Ingá FABACEAE Nativa 4 Lonchocarpus nigra Rabo-de-bugio FABACEAE Nativa 3 Acacia sp. Maricá FABACEAE Nativa 3 Eugenia pyriformis Uvaia MYRTACEAE Nativa 3 Ocotea porosa Imbuia LAURACEAE Nativa 3 Psidium cattlelianum var. humile Araçá-vermelho MYRTACEAE Nativa 3 Syzygium cumini Jambolão MYRTACEAE Exótica 2 Allophylus edulis Chal-Chal SAPINDACEAE Nativa 2 Araucaria angustifolia Pinheiro-Araucária ARAUCARIACEAE Nativa 2 Campomanesia xanthocarpha Gabiroba MYRTACEAE Nativa 2 Luehea divaricata Açoita-Cavalo MALVACEAE Nativa 2 Myrcianthes pungens Guabiju MYRTACEAE Nativa 2 Nectandra lanceolata Canela-Sassafrás LAURACEAE Nativa 2 Ocotea puberula Canela-Guaiacá LAURACEAE Nativa 2 Prunus myrtifolia Pessegueiro-do-Mato ROSACEAE Nativa 2 Schinnus terebentifolius Aroeira-pimenteira ANACARDIACEAE Nativa 1 Caesalpinia echinata Pau-brasil FABACEAE Nativa 1 Casearia sylvestris Café-de-Bugre SALICACEAE Nativa 1 Cupania vernalis Camboatá-Vermelho SAPINDACEAE Nativa 1 Erythroxylum deciduum Cocão ERYTHROXYLACEAE Exótica 1 Maytenus ilicifolia Espinheira-Santa CELASTRACEAE Nativa 1 Persea americana Abacate LAURACEAE Exótica 1 Prunus pérsica Pessegueiro ROSACEAE Exótica 1 Aleurites fordii ----- EUPHORBIACEAE Exótica 1 Aralia warmingiana Carobão ARALIACEAE ----- 17 e 18 de Outubro de 2011 310

Figura 1. Croqui do arboreto da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (Câmpus Dois Vizinhos). 17 e 18 de Outubro de 2011 311