SISTEMA DIGESTÓRIO DE BOVINOS



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SISTEMA DIGESTÓRIO DE BOVINOS DALAZEN, Alines 1 ZUCCO, Giovani 1 NICOLAU, Luana 1 PAULA, Paulo 1 FOLHETO, Robison 1 FLORES, Sabrina 1. URIO, Elisandra Andreia 2 OLIVEIRA, Daniela dos Santos 2 MAHL,Deise Luiza 2 GOTLIEB, Juliana 2 ROSES, Thiago de Souza 2 Resumo: O sistema digestório dos ruminantes ocorre por um mecanismo particular, diferenciando-os dos demais animais. Seu aparelho digestório é composto por cavidade bucal (lábios, bochechas, língua, dentes), faringe, esôfago, pré-estômagos (rúmen, retículo e omaso), estômago verdadeiro ou glandular igual os estômagos dos demais animais: abomaso, intestino delgado, intestino grosso. Consiste em um tubo iniciado na boca e terminado no ânus, formado por órgãos que colaboram com o processo de digestão e absorção dos nutrientes, juntamente com as glândulas salivares, o fígado e o pâncreas, que são denominados órgãos acessórios. O sistema digestório é responsável pela captação, digestão, absorção e excreção dos alimentos, controladas pelo sistema nervoso. Este trabalho teve como objetivo aplicar a técnica da criodesidratação para destacar os aspectos anatômicos do sistema digestório e também a técnica de inclusão dos órgãos em parafina para a confecção de lâminas histológicas. Através da aplicação destas técnicas foi possível observar toda a constituição anatômica e histológica deste sistema. Palavras-chave: ruminantes, sistema digestório, criodesidratação, inclusão em parafina. Abstract: The digestive system of ruminants occurs by a particular mechanism, differentiating them from other animals. Your digestive tract consists of the oral cavity (lips, cheeks, tongue, teeth), pharynx, esophagus, pre - stomachs ( rumen, reticulum and omasum), true or glandular stomach equal stomachs of other animals : abomasum, small intestine, intestine thick. Consists of a tube in his mouth and started completed at the anus, consisting of organs that cooperate with the process of digestion and absorption of nutrients, along with the salivary glands, liver and

pancreas, which are called accessory organs. The digestive system is responsible for uptake, digestion, absorption and excretion of food, controlled by the nervous system. This study aimed to apply the technique of criodesidratação to highlight the anatomy of the digestive system and also the technique of inclusion bodies in paraffin for preparation of histological slides. By applying these techniques it was possible to observe all the anatomical and histological constitution of this system. Keywords : ruminant digestive system, criodesidratação, paraffin embedding. 1 INTRODUÇÃO O sistema digestório é fundamental para a manutenção da vida, sendo responsável pela captação, digestão, absorção e excreção dos alimentos ingeridos, sendo que cada função é executada e subdivida entre seus componentes, seguindo uma sequência funcional como: lábios, dentes, língua, faringe, esôfago, rúmen, reticulo, omaso, abomaso, intestino delgado e intestino grosso. Este sistema consiste em um tubo iniciado na boca e terminado no ânus, formado por órgãos que colaboram com o processo de digestão e absorção dos nutrientes, juntamente com as glândulas salivares, o fígado e o pâncreas, que são denominados órgãos acessórios (COLVILLE E BASSET, 2010). Nos bovinos compreende a boca, faringe, esôfago, pré-estômagos, rúmen, retículo, omaso e abomaso (estômago verdadeiro). Também possui intestino delgado, intestino grosso, reto e ânus. Os bovinos são animais ruminantes, onde tal termo refere-se ao hábito de ruminar desses animas, ou seja, depois que ingerem os alimentos, os mesmos são regurgitados para a boca, onde são novamente mastigados e deglutidos. Eles possuem o estômago que é compreendido em pré-estômago não secretor e compartimento estomacal secretor, chamado de estomago verdadeiro (abomaso). O sistema digestório consiste num conjunto de órgãos responsáveis pela apreensão, mastigação, deglutição, digestão e absorção dos alimentos, repondo o material plasmático importante para o metabolismo celular. Esse sistema tem como principal função, reduzir os constituintes nutritivos do alimento a compostos moleculares pequenos o bastante para serem absorvidos e usados para a obtenção de energia e a formação de outros compostos para incorporação nos tecidos do corpo (FRANDSON, 2005).

O presente trabalho teve como objetivo aplicar as técnicas de criodesidratação e inclusão em parafina para estudar a anatomia e histologia do sistema digestório poligástrico do bovino. 2 MATERIAL E MÉTODOS Preparação histológica As coletas dos materiais biológicos foram realizadas de um animal que foi abatido por estar doente. Seguido da coleta, realizou-se a fixação do material de forma química, com formol 10%, seguindo os critérios de volume que deve ser no mínimo 10 vezes maior que o volume das peças por um período de 48 horas. Em seguida foi realizada a desidratação das peças. Para esse processo foi usado álcool etílico em uma série crescente (70%, 80%, 90% e 99,3%). Nas primeiras três concentrações, as peças permaneceram uma hora em cada graduação, no álcool 99,3% permaneceu over-nigth. Após a desidratação, o material passou para o processo de diafanização ou clarificação, onde foi submetido ao solvente químico xilol, por 2 banhos de 30 minutos cada, para eliminar resquícios de água, gordura e álcool dos passos anteriores. Após a diafanização realizou-se a impregnação em parafina, onde a mesma preenche os espaços deixados pela água e gordura das peças histológicas. O material foi então colocado em parafina a temperatura de 60º C, onde passou por 2 banhos de 1h cada. Após os banhos, o material foi posicionado e incluído em blocos de onde permaneceu até o momento do corte histológico. Na microtomia foram realizados cortes com a espessura de 0,7 micrômetros. As fitas dos cortes foram cuidadosamente separadas com uma pinça, e os cortes foram colocados em banho-histológico, numa temperatura de 37ºC, para que ficassem distendidos, depois foram inçados com a lâmina de vidro, na qual se aderiram. Finalizando este processo foi feita a coloração das lâminas onde colocouse na capela de exaustão em um recipiente com xilol para ajudar na desparafinização por um tempo de 15 minutos. Após as lâminas passaram para o procedimento de coloração, utilizando-se hematoxilina. Seguiram-se os seguintes passos: banhos em três graduações de álcool, de 70%, 50% logo após a 40% por 5

minutos cada, 5 minutos em água destilada, e após as lâminas foram mergulhadas no corante hematoxilina de Harris, por 30 segundos, posteriormente, foram lavados em água para retirar o excesso do corante, passaram por um banho de solução de carbonato de lítio com finalidade melhorar a definição dos núcleos da células dos tecidos. O próximo passo foi submeter as lâminas ao corante eosina, onde ficaram imersas por 30 segundos e permaneceram em temperatura ambiente até o processo de montagem. Para a montagem da lâmina, foi utilizada cola e lamínula. Preparação anatômica A coleta do sistema digestório foi realizada de um novilho que já nasceu sem vida. Após a coleta foi realizado uma lavagem de todas as partes do sistema digestório internamente e externamente, e utilizada espuma expansiva de forma a condicioná-la da melhor maneira possível para preencher as vísceras, preservando a forma anatômica. Após, os órgãos foram imergidos em uma solução de formol a 10%, por um tempo de 48 horas. A Figura 1 demonstra a montagem da língua esôfago e faringe e o processo de colocação da espuma expansiva. Figura 1 - Montagem da estrutura anatômica. Foto: Paula, P. Paim Filho, 2013. A Figura 2 as peças após a lavagem e sua colocação em uma estrutura de madeira para preencher com espuma expansiva para preencher das vísceras.

Figura 2 Posicionamento da peça para colocação da espuma expansiva. Foto: Paula, P. Paim Filho, 2013. Quando retirado o sistema digestório do formol, foi colocado no freezer para fazer a desidratação do mesmo, e por fim descongelado. Quando estava pronto, foi posicionado em seu esqueleto e montado cuidadosamente, para a finalização do trabalho. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Cavidade bucal A entrada da boca é definida pelos lábios cujo aspecto e mobilidade variam entre as espécies. As partes externas dos lábios são cobertas por pele pilosa típica que muda para mucosa na junção mucocutânea das margens labiais. A boca é utilizada para manter, triturar e misturar o alimento com saliva, mas também pode

ser usada para manipular o ambiente e como uma arma de defesa e ataque. A Figura 3 mostra a imagem histológica da cavidade bucal. Figura 3 Cavidade bucal. Coloração HE. Aumento 40X. Foto: Paula, P. Laboratório de Histologia Faculdade IDEAU Getúlio Vargas, 2013. Faringe É um órgão tubular muscular, revestido por mucosa, inervada pelo nervo glossofaríngeo (IX), e por uma das ramificações do nervo vago, situada após a cavidade nasal e a cavidade bucal e, funcionalmente, pertence aos sistemas digestório e respiratório. Os músculos das paredes da faringe são responsáveis pelo direcionamento apropriado do ar, de liquídos e de alimentos, de tal maneira que o ar da cavidade nasal é direcionado para a laringe ventral e o alimento e líquidos para o esôfago dorsal. O palato mole é um componente funcional essencial de faringe, pois está afixado às paredes laterais, separando a parte nasal da oral, servindo como uma valva muscular ativa na conversão da parte laríngea da sua conformação digestiva para respiratória (SISSON, 2008). Esôfago É um tubo muscular estendido desde a faringe até o estômago, caudal ao diafragma. Segundo Sisson (2008), o esôfago de bovinos possui de 90 a 105 cm de comprimento de sua junção com a faringe. A extremidade adjacente da faringe é mantida fechada pelo m. cricofaríngeo, que apesar de não ser um músculo esfíncter,

seu movimento comprime a abertura do esôfago contra a cartilagem cricóidea, funcionando como um esfíncter para essa extremidade do esôfago. Passando pela faringe, o esôfago segue dorsalmente à traqueia, e em geral, inclina-se um pouco para a esquerda no pescoço, na região mesocervical, passando novamente dorsal á traqueia, quando entra no tórax e continua caudal entre a traqueia e a aorta, através do mediastino, atravessando o diafragma no hiato esofágico. Ao chegar na cavidade abdominal, o esôfago une-se ao estômago. A túnica muscular do esôfago consiste em duas camadas que se cruzam na parte proximal do esôfago, arrume uma configuração espiralada na região mesoesofágica e forma uma camada interna circular e uma externa longitudinal nas partes mais distais (FRANDSON, 2005). Estômago Rúmen O rúmen é o primeiro compartimento do sistema digestório que está localizado do lado esquerdo do animal, e é o maior da região do pré-estômago, sendo dividido em quatro sacos chamados de pilares. Existe um saco dorsal um saco ventral e dois sacos posteriores, os pilares movem o alimento pelo rúmen em sentido rotatório, misturando o conteúdo sólido com o conteúdo líquido (DUKES, 2006). A Figura 4 mostra a imagem histológica do primeiro compartimento do préestômago do bovino. Figura 4 Rúmen. Coloração HE. Aumento 40X. Foto: Paula, P. Laboratório de Histologia Faculdade IDEAU Getúlio Vargas, 2013.

Retículo O retículo é a segunda região do pré-estômago que está ligado com o rúmen, sendo o menos importante dos quatro compartimentos. Está localizado na parte mais cranial. A sua mucosa apresenta de uma maneira que se parece com o favo de uma colmeia de mel que são as pregas, devido à isso, quando um ruminante come algum objeto estranho (arames, pregos e outros), estes ficam retidos nestas pregas e impedidos de passar para os demais compartimentos.semelhante ao rúmen, o órgão não secreta nenhuma enzima (DUKES, 2006). Segundo Konig (2011), o retículo esta intimamente relacionado ao rúmen no que se refere a estrutura e funções, e muitos autores preferem descrever um compartimento combinado ruminorreticular, o reticulo esférico é muito menos que o rúmen e se situa imediatamente cranial a este ultimo em contato com a face caudal do diafragma. A Figura 5 mostra a imagem histológica do segundo compartimento do pré-estômago. Figura 5 Retículo. Coloração HE. Aumento 40X. Foto: Paula, P. Laboratório de Histologia Faculdade IDEAU Getúlio Vargas, 2013.

Omaso O omaso é o terceiro compartimento do pró-ventrículo, e se localiza do lado direito do retículo-rúmen. Possui em seu interior, muitas lâminas musculares, que lhe conferiram o nome popular de folhoso, tem função de regular o fluxo da digesta filtrando as grande partículas, tendo como resposta mandar de volta partículas muito grandes para o retículo, para que seja diminuído seu tamanho. Na mucosa das lâminas formam-se papilas, mais curtas e menos numerosas, se comparadas com as do rúmen, como pode ser visualizado na figura. Suas principais funções estão ligadas a absorção de água, de minerais, de ácidos graxos voláteis e redução de partículas alimentares. Algumas pesquisas apontam o omaso como um órgão selecionador, ou seja, ele definiria se a digesta (alimento sendo digerido) que vem do retículo-rúmen está apta ou não para prosseguir para o abomaso (DUKES, 2006). A Figura 6 mostra a imagem histológica do omaso, terceiro compartimento do pré- estômago. Figura 6 Omaso. Coloração HE. Aumento 40X. Foto: Paula, P. Laboratório de Histologia Faculdade IDEAU Getúlio Vargas, 2013.

Abomaso É semelhante ao estômago dos animais de outras espécies, ele é conhecido como estômago verdadeiro e localiza-se ventralmente ao omaso do lado direito do rúmen. A mucosa possui glândulas responsáveis por secretarem o suco gástrico ou abomasal, numa velocidade que compensa, mais ou menos, a perda de líquido no omaso. Tem função de produzir acido clorídrico, pepsinogênio e também regula a passagem de alimentos para o intestino. O abomaso é revestido por uma mucosa glandular que contém as glândulas gástricas próprias e glândulas pilóricas. Durante o período de amamentação o bovino produz renina, essencial para a digestão do leite. (KÖNIG,2011). Intestino Delgado As funções principais do intestino delgado são digestão e absorção. A digestão é definida como a degradação enzimática do material ingerido em partículas prontas para absorção. Abrem-se ductos pancreáticos e biliares no intestino delgado: a secreção do pâncreas é a maior fonte de enzimas, e a bile é responsável pela emulsificação da gordura, essencial para a digestão. O intestino delgado esta conectado a parede abdominal dorsal pelo mesentério dorsal em toda a sua extensão (KÖNIG, 2011).Inicia-se no piloro e termina na junção cecocólica, formando três partes, duodeno, jejuno e íleo. É caracterizado pelas pregas permanentes da túnica mucosa e pelos vilos, as glândulas intestinais estão presentes em todo o intestino delgado agregadas de nódulos linfáticos ou placa de peyer, são grandes e visíveis variando em números. A histologia do duodeno, porção inicial do intestino delgado esta presente na figura Normalmente possuem faixas estreitas, a placa próxima ao ostio íleo cecal pode estendesse para dentro do intestino grosso (SISSON, 2008). A Figura 7, mostra a lamina histológica de uma estrutura do intestino delgado chamada de duodeno.

Figura 7 Duodeno. Coloração HE. Aumento 40X. Foto: Paula, P. Laboratório de Histologia Faculdade IDEAU Getúlio Vargas, 2013. Intestino Grosso O intestino grosso em sua maior parte é bem mais largo que o intestino delgado e está ligado a parede abdominal dorsal pelo mesentério é constituído pelo ceco, colón e reto (SISSON, 2008). Segundo Konig, (2005) o ceco é a primeira parte do intestino grosso, um tubo cego cuja delimitação do colón é marcada pela entrada do íleo. Se comunica com o íleo pelo ostio ileal e com o colón pelo ostio cecocolico. O colón é dividido em segmentos ascendente, transverso e descendente. O ascendente é indubitavelmente o mais longo e possui uma característica em estiral, o colón transverso é curto e cruza a linha media cranial ate a raiz mesentéria e prossegue caldalmente no colón descendente. O colón descendente antes de se unir ao reto na abertura pélvica cranial, forma uma flexura sigmoide cuja a flacidez permite um considerável alcance de movimentos. O colón descente se torna o reto o qual passa caudalmente como a parte mais dorsal das vísceras pélvicas. Está normalmente circundado por uma grande quantidade de gordura. A Figura 8 mostra o sistema ósseo do bovino com o sistema digestório acondicionado após a técnica da criodesidração.

Figura 8 Esqueleto bovino com o sistema digestório acondicionado. Foto: Paula, P. Laboratório de Anatomia Faculdade IDEAU Getúlio Vargas, 2013. 5 CONCLUSÃO Os bovinos são animais poligástricos, um grupo considerado peculiar por possuir quatro compartimentos estomacais. Através deste trabalho observa-se que é possível observar e estudar as constituições anatômicas e histológicas de bovinos, quando houver a utilização de técnicas adequadas. REFERÊNCIAS COLVILLE, T; BASSERT, J M. Anatomia e fisiologia clínica para medicina veterinária. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. DUHES,C fisiologia dos animais domésticos. 12. ed. Rio de Janeiro: GUANABARA KOOGAN, 2006. FRANDSON, R. D; Wilke, W. Lee; Fails, Anna Dee. Anatomia e fisiologia dos animais de fazenda. 6. ed. Rio de Janeiro: GUANABARA KOOGAN, 2005. KÖNIG, H E. Anatomia dos animais domésticos: volume único. 4.ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. OLIVEIRA, S. D. Orientação para prática de anatomia. Getúlio Vargas: IDEAU, 2013.

SISSON, S. 1910. Anatomia dos animais domésticos. 5. ed. Rio de Janeiro: GUANABARA KOOGAN, 2008. URIO, A. Orientação para prática de laboratório de histologia. Getúlio Vargas: IDEAU, 2013.