AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO LEITE DA UNIDADE DIDÁTICA DE BOVINOCULTURA LEITEIRA DA UNICENTRO Área Temática: Produção ou Trabalho Deonisia Martinichen (Coordenador da Ação de Extensão) Palavras-chave: Bovinos, Células somáticas, Gordura, Proteína. Deonisia Martinichen 1 Thalys Eduardo Noro Vargas de Lima 2 Bruno Sasso Martins Mendes 2 Dieny Daniela Vital 2 Rafael Lavezzo 2 Resumo: O leite é um alimento rico em várias substâncias como carboidratos, proteínas, vitaminas e minerais, sendo um produto de extrema importância na nutrição do ser humano. A produção de um leite de qualidade pode ser influenciada por vários fatores como raça dos animais, genética, nutrição, manejo, forma de armazenamento e temperatura. O estudo foi realizado na Universidade Estadual do Centro-Oeste, durante o período de 2008 à 2011, onde os parâmetros de avaliação da qualidade do leite analisados foram os percentuais de gordura e proteína, e a contagem de células somáticas. Pode-se observar nos parâmetros avaliados que apenas no segundo semestre de 2009 o parâmetro de CCS não estaria dentro dos valores permitidos pela instrução normativa 62, em vigor atualmente, o que demostra que o leite da unidade didática de bovinos leiteiros da Unicentro já possui um padrão de qualidade há alguns anos. Introdução O leite é uma mistura complexa, composto por várias substâncias, como água, proteínas, gorduras, carboidratos, minerais e vitaminas, constituindo-se um alimento humano bastante próximo à perfeição (PELCZAR et al., 1996). Conforme Tronco (2003), o leite possui uma composição equilibrada de nutrientes, e por isso tem sido utilizado na alimentação humana, sendo considerado um dos alimentos mais completos. Por isso, é extremamente importante apresentar-se com qualidade (FONSECA e SANTOS, 2000). A qualidade do leite pode ser influenciada por vários fatores, como a alimentação do rebanho, a genética e a raça dos animais, manejo de ordenha e o 1 Doutora. Docente do Departamento de Agronomia da UNICENTRO, campus Cedeteg. Email: deonisiam@hotmail.com 2 Acadêmicos do curso de Medicina Veterinária da UNICENTRO, campus Cedeteg.
armazenamento do leite, estação do ano, temperatura, além de algumas doenças (SILVEIRA, 1997). A mastite é a principal doença que atinge os rebanhos leiteiros no Brasil, sendo responsável por várias alterações na composição do leite, o que faz com que os produtores tenham prejuízos na atividade (SENAR, 2012). Segundo Santos (2005), a interferência da mastite sobre a qualidade do leite se deve, principalmente, à redução dos teores de lactose, gordura, proteína, além de aumentar a contagem de células somáticas (CCS) que é um indicador da saúde da glândula mamária. O Brasil é considerado um dos maiores produtores de leite, porém a qualidade do produto está entre as mais baixas. Isto se deve principalmente ao descaso dos produtores com a higienização e o manejo sanitário realizado em grande parte das propriedades, embora existam iniciativas governamentais que visem melhorar a qualidade do leite, como a implantação de normas nacionais de padrões de qualidade de leite, determinadas pelo Programa Nacional de Melhoria da Qualidade de Leite, do Ministério da Agricultura (RIBEIRO et al., 2000). Dessa forma o objetivo do trabalho foi avaliar a qualidade do leite produzido na unidade didática de bovinos leiteiros da Unicentro, através da avaliação dos parâmetros de porcentagem de gordura, porcentagem de proteína e contagem de células somáticas. Metodologia O estudo foi desenvolvido na Unidade Didática de Bovinocultura Leiteira - UDBL da Universidade Estadual do Centro Oeste UNICENTRO, Campus CEDETEG, localizada no município de Guarapuava PR. As amostras de leite da Unidade didática de bovinos leiteiros eram coletadas mensalmente, onde eram enviadas sob normas adequadas de refrigeração impostas pelo Programa de análise de rebanhos leiteiros do Paraná, sendo esse programa pertencente à Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa, onde eram feitas as análises do leite. A avaliação da qualidade do leite se iniciou no ano de 2008 e se estendeu até o primeiro semestre do ano de 2011, totalizando um período de avaliação de 3,5 anos. Os parâmetros analisados para aferição da qualidade do leite eram a Porcentagem de gordura, Porcentagem de proteína e contagem de células somáticas. O número de animais em lactação avaliados variou de 6 a 8 animais, sendo o período de avaliação e tabulação dos dados divididos em semestres. Resultados e discussão De acordo com os parâmetros da instrução normativa 62, vigente atualmente, os níveis de contagem de células somáticas não devem ultrapassar os valores de 500.000 (BRASIL, 2011). Como se pode observar na Figura 1, apenas no segundo semestre do ano de 2009 é que se obtiveram os resultados superiores à última normativa em vigor.
Figura 1. Avaliação da contagem de células somáticas do leite produzido na nidade didática de bovinos leiteiros da Unicentro durante o período de 2008 a 2011. A principal causa da elevação da contagem de células somáticas é a ocorrência de mastite, tanto na forma clínica como sub-clínica, sendo este um indicador da saúde da glândula mamária (SENAR, 2012). De acordo com Rosa et al. (2009) os principais métodos utilizados para detecção da mastite são a caneca de fundo preto e Califórnia Mastitis Test (CMT). Lima et al. (2012) ao entrevistar 320 produtores da região centro sul do Paraná verificou que apenas 8,75% e 12,5% dos entrevistados realizavam o teste de caneca do fundo preto e CMT, respectivamente. Umas das formas de evitar a ocorrência desta enfermidade seria através de boas praticas de manejo de ordenha, como: lavagem apenas dos tetos quando sujos, pré-dipping, secagem dos tetos com papel toalha, pós-dipping, evitar o estresse, criação de uma linha de ordenha e a higienização dos equipamentos (SENAR, 2012). Já ao avaliar os parâmetros de porcentagem de gordura e proteína, pode-se observar que durante todo o período de avaliação os valores estiveram acima dos níveis mínimos impostos pela instrução normativa 62, como mostra a Figura 2. Segundo Brasil (2011), os valores mínimos para os parâmetros de gordura e proteína são de 3,0% e 2,9%, respectivamente.
Figura 2. Avaliação dos teores de gordura e proteína do leite produzido na unidade didática de bovinos leiteiros da Unicentro durante o período de 2008 à 2011. Dentre os fatores que podem afetar os percentuais de gordura e proteína do leite estão: raça, estágio de lactação, herança genética, estação do ano, intervalo entre ordenhas, saúde dos animais e a mastite (SENAR, 2012). Fonseca et al. (2008) afirma que os teores de gordura e proteína são componentes determinantes no rendimento industrial de queijos e lácteos durante o processo de fabricação, estando diretamente relacionado com o rendimento e lucratividade das indústria, a qualidade do produto comercializado. Considerações finais O futuro da atividade leiteira deve se basear em uma produção eficiente, devendo este ser um produto que tenha garantia da qualidade a fim de que possa se manter à competitividade no mercado. Nesse contexto, o reconhecimento e o pagamento ao produtor pela qualidade do leite se tornam uma alternativa, visto que se pode aumentar a lucratividade do produtor, o consumidor tenha um produto de qualidade e segurança alimentar, e as indústrias tenha maior rendimento, ou seja, toda cadeia leiteira acaba sendo beneficiada.
Referências BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa no 62 de 29 de dezembro de 2011. Regulamentos técnicos de produção, identidade, qualidade, coleta e transporte de leite, 2011. DURR, J.W. Como produzir leite de qualidade. Brasília: ed. Brasília: Senar, 2012. FONSECA, L.F.L.; SANTOS, M.V. Qualidade do Leite e Controle de Mastite. São Paulo: Lemos Editorial, 2000. 175p. FONSECA, L.M. et al. Situação do leite cru em Minas Gerais 2007/2008, III Congresso Brasileiro de Qualidade do Leite, Recife, CCS Gráfica e Editora, 2008, 373 p. LIMA, T.E.N.V.; MENDES, B.S.M.; MARTINICHEN, D.; LUSTOSA, S.B.C.; GRALAK, E. Utilização dos testes de CMT (Califórnia mastitis test) e caneca do fundo preto por pequenos produtores de leite da região centro oeste do Paraná. Anais... 5 Salão de extensão e cultura da Unicentro, Guarapuava, 2012. PELCZAR, M.; CHAN, E.C.S.; KRIEG, N.R. Microbiologia: conceitos e aplicações. São Paulo, 1997. 517p. RIBEIRO, M.E.R.; BITENCOURT, D.; PEGORARO, L.M.C.; GOMES, J.F.; VENTROMILA, M.A.M, STUMPF JÚNIOR, W. Manejo de ordenha e mastite. In: STUMPF, W.J. et al. Sistemas de pecuária de leite: uma visão na região de clima temperado. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2000. 195p. ROSA, M.S.; COSTA, M. J. P.; SANT ANNA, A. C.; MADUREIRA, A. P. Boas Práticas de Manejo de Ordenha. Jaboticabal: FUNEP, 2009. 43p. SILVEIRA, I. A. Estudo Microbiológico do leite Tipo B Cru conservado sob refrigeração. Lavras, MG, UFLA, 1997. Dissertação (Mestrado em Ciências dos Alimentos) Universidade Federal de Lavras, 1997. 84p. TRONCO, V.M. Manual para inspeção da qualidade do leite. 2ª. Ed. - Santa Maria: UFSM, 2003, p. 168.