Recomendações nutricionais para crianças com fissura labiopalatina

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Transcrição:

Universidade de São Paulo Biblioteca Digital da Produção Intelectual - BDPI Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - HRAC Comunicações em Eventos - HRAC 2013-08 Recomendações nutricionais para crianças com fissura labiopalatina Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatinas, 46, 2013, Bauru. http://www.producao.usp.br/handle/bdpi/43761 Downloaded from: Biblioteca Digital da Produção Intelectual - BDPI, Universidade de São Paulo

RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA CRIANÇAS COM FISSURA LABIOPALATINA Suely Prieto de BARROS, Renata CERRI, Hilton Coimbra BORGO, Ilza Lazarini MARQUES Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, Universidade de São Paulo As fissuras de lábio e/ou palato (FL/P) são anomalias craniofaciais congênitas que podem ocorrer isoladas ou associadas a síndromes. São consideradas as mais comuns, dentre as malformações craniofaciais, uma vez que afetam cerca de 1/650 neonatos brasileiros1,2,3.. A diversidade morfológica das fissuras varia em relação à estrutura afetada (lábio e/ou palato), às formas de apresentação (uni e bilateral, mediana, transforame e submucosa) e à magnitude da fissura (completa e incompleta)4 (Figuras 1, 2, 3 e 4). Figura 1. Fissura de lábio bilateral Figura 2. Fissura de palato Figura 3. Fissura de lábio e palato bilateral Figura 4. Fissura mediana

As manifestações clínicas são dependentes, na maioria das vezes, da idade e da localização das fissuras. Quando a fissura acomete a região da pré-maxila, leva à descontinuidade do músculo orbicular dificultando o selamento labial. Quando acomete o palato, o déficit de pressão negativa intra-oral e o reflexo da deglutição levam o lactente a apresentar engasgos, falta de coordenação da sucção com a respiração e a deglutição, fadiga, pouca ingestão volumétrica de leite, refluxo nasal de alimentos com prejuízo ao ganho ponderal5. Em geral, esses lactentes podem ser alimentados por via oral, inclusive diretamente ao seio materno, utilizando-se algumas técnicas facilitadoras, sendo raras as indicações de sondas, geralmente restritas a casos sindrômicos. A introdução de alimentos complementares, não difere da orientada para crianças sem fissura labiopalatina, devendo seguir as recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria. A fissura labiopalatina também não é impedimento para que se inicie, aos 6 meses, alimentos em consistência cremosa, com pequenos pedaços, ou seja, amassando-os, sem a necessidade de liquidificar e/ou coar. O aleitamento materno deve ser sempre estimulado, não só por seus benefícios imunológicos, bem como por auxiliar no estabelecimento do vínculo entre mãe e filho e na estimulação da musculatura orbicular e mandibular realizada durante a mamada que contribui para a oclusão dentária e posicionamento mandibular adequados e para o equilíbrio neuromuscular dos tecidos que envolvem a mastigação6,7. Tais movimentos favorecerão a harmonia do desenvolvimento miofuncional e neurovegetativo e, conseqüentemente, o desenvolvimento da fala e da linguagem5. Os resultados do estudo de Tomé, 19907, mostraram que crianças com fissura de palato apresentam-se em desvantagem para o aleitamento materno (cerca de 10% de sucesso), quando comparados àquelas com apenas fissura de lábio (45% de sucesso). Esta dificuldade foi ratificada no estudo Serrano et al., 20088, que encontrou um menor índice de aleitamento materno nas fissuras de palato (2,7% de sucesso) do que nas de lábio (49% de sucesso). Quando não é possível o aleitamento materno direto ao seio, orienta-se a oferta do leite materno ordenhado e, na impossibilidade deste, fórmulas industrializadas adaptadas para a idade do lactente. Também são orientadas algumas técnicas que permitam uma melhora na capacidade de alimentação destes lactentes9. Ou seja: - Mamadeiras com, preferencialmente, bico de látex, ou o de melhor adaptação da criança com furo não superior a 1 mm de diâmetro. - Manter o lactente semi-sentado para evitar refluxo de alimentos pelo nariz - Lembrar que o tempo de alimentação não deve exceder 30 minutos, para que não haja um desequilíbrio no balanço energético. Nos casos em que há evidência de fadiga, a alimentação pode ser complementada com colher. - Fazer paradas durante as mamadas para a eructação.

- Fazer higiene da boca e do nariz com cotonetes molhados em água fervida e morna, antes e após a alimentação. - Após as mamadas, colocar a criança em posição lateralizada para evitar o risco de aspirar os alimentos. As recomendações nutricionais seguem os DRIs10, acrescentando-se, nos períodos de pósoperatórios, uma maior concentração de nutrientes, de modo que se reverta, rapidamente, o estado catabólico. As cirurgias de palatoplastias e queiloplastias implicam em um pós-operatório de 30 dias caracterizado por dieta líquida homogênea, fracionada de 3/3 h, por via oral. Para os pós-operatórios das cirurgias buco-maxilares, cirurgias de maior porte, orienta-se dieta líquida homogênea, complementada com 400 a 600ml de suplementos hipercalóricos (1,5 caloria por mililitro), hiperprotéicos, palatáveis e por via oral, de modo a oferecer de 40 a 45 calorias por quilograma de peso por dia, 1,2 a 1,5 gramas de proteínas por quilograma de peso por dia e micronutrientes segundo os DRIs. Sugere-se a retirada de leite e preparações à base de leite, nos 45 dias de pós-operatório para evitar fermentação oral excessiva. Nestas situações clínicas, os principais agentes de co-morbidades, com influência direta no estado nutricional, são o estresse cirúrgico; a retirada do enxerto de um segundo sítio cirúrgico; tempo relativamente longo (30 a 60 dias) de dieta líquida homogênea e/ou modificada; impossibilidade de mastigação; machucaduras na cavidade oral; dor ao deglutir e ingestão insuficiente11. O longo período de submissão à dieta líquida homogênea pode predispor ao desenvolvimento de constipação intestinal, sendo preconizado o uso de fibras dietéticas, inclusive nos suplementos nutricionais12. Outra situação que merece atenção especial é a dos neonatos e lactentes com síndromes associadas à fissura labiopalatina, como os com seqüência de Pierre Robin (Figuras 5), que passam por avaliação individualizada nas equipes de Seqüência de Robin, de Disfagia e Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional para definição da via alimentar e da conduta nutricional. Quando apresentam sofrimento respiratório, aumento do gasto energético, disfagia com ingestão volumétrica insuficiente, indica-se dieta hipercalórica e normoprotéica através da adição de polímeros de glicose (8%) e triglicerídeos de cadeia média com ácidos graxos essenciais (3%) à fórmula alimentar utilizada13,14. Na maior parte dos casos, a alimentação é oferecida por sonda nasogástrica e, após melhora clínica, gradativamente introduzida a via oral, com técnicas facilitadoras da alimentação13,15. Quando necessário, inclui-se o espessamento da alimentação na consistência néctar (51 a 350 centipóises, segundo a ADA, 2002)16, com espessante à base de amido pré-gelatinizado, na concentração de 3%.

Fig 4. Lactente com Seqüência de Pierre Robin, caracterizada por micrognatia e glossoptose, com ou sem fissura de palato. Além das intervenções dietéticas, os pacientes devem ser avaliados, rotineiramente, quanto ao seu estado nutricional, tanto em nível ambulatorial quanto em regime de internação17. Nutrir uma criança com fissura labiopalatina não é tarefa difícil, traduzindo-se em experiência gratificante quando se observa a surpreendente capacidade de adaptação destas, desde as idades mais precoces (Suely Prieto de Barros) REFERÊNCIAS 1. MONLLEÓ, I.L.; GIL-DA-SILVA-LOPES, V.L. Anomalias craniofaciais: descrição e avaliação das características gerais da atenção no Sistema Único de Saúde. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 22, n. 5, p. 913-922, mai, 2006. 2. RIBEIRO, E.M.; MOREIRA, A.S.C.G. Atualização sobre o tratamento multidisciplinar das fissuras labiais e palatinas. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, Fortaleza, v.18, n.1, p. 31-40, 2005. 3. SOUZA-FREITAS, J.A. Ciência e humanismo a favor da reabilitação e do próximo. In: Curso de Anomalias Congênitas Labiopalatais, 39. 2006, Bauru. Anais... Bauru: USP, 2006. p. 2-8. 4. SPINA, V.; PSILLAKIS, J.M.; LAPA, F.S.; FERREIRA, M.C. Classificação das fissuras lábio-palatinas: sugestão de modificação. Revista do Hospital das Clínicas, São Paulo, v. 27, n. 1, p. 5-6, 1972.

5. MARQUES, I.L.; TOMÉ, S; PERES, S.P.B.A. Aspectos pediátricos das fissuras labiopalatinas. In: TRINDADE, I.K.; SILVA, O. G. (coord.). Fissuras labiopalatinas: uma abordagem interdisciplinar. ed. São Paulo: Editora Santos, p.51-72, 2007. 6. COX, J.M. Pediatric Nutritional assessment. J Pediatr. Perinat. Nutr. New York, v. 2, n. 2, p. 17-41, 1990. 7. THOMÉ, S. Estudo da prática do aleitamento materno em crianças portadoras de malformação congênita de lábio e/ ou palato [dissertação]. Ribeirão Preto: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo; 1990. 8. MIRANDA, G.S.; MARQUES, I.L.; BARROS, S.P. Avaliação do estado nutricional de crianças com fissura labiopalatina. In: I Fórum Humana Alimentar de Atualidades em Nutrição na Prática Clínica, 2008, Bauru.CDrom. 9. PERES, S.P.B.A. Alimentando uma criança portadora de lesões lábio-palatal: primeiro ano de vida. NUTRIVitae, São Paulo, v. 2, p.45-54, 1999. 10- NRC (National Academic Press). Dietary Reference intakes (DRIs): applications in dietary assessment. Washington DC, National Academic Press, 2001 11. PERES, S.P.B.A. Impacto da cirurgia ortognática e da conduta pós-operatória sobre o estado nutricional protéico-energético dos pacientes. 1996. 182f. Dissertação (Mestrado em Nutrição) Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996. 12. BORGO, H.C. Suplementação com polissacarídeos de soja após cirurgia corretiva de fissuras lábiopalatais em crianças. Efeito sobre o hábito intestinal [Tese]. 39p. Faculdade de Medicina, Departamento de Pediatria, Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho, 2005. 13. MARQUES, I.L.; SOUSA, T.V.; CARNEIRO, A.F.; PERES, S.P.B.A.; BARBIERI, M.A.; BETTIOL, H. Seqüência de Robin protocolo único de tratamento. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 81, n. 1, p. 1422, Jan/fev 2005. 14. PERES, S.P.B.A; ARENA, E.P.; MOREIRA, F.L.; MARQUES, I.L. Importância da intervenção dietética no estado nutricional de lactentes portadores de Sequência de Robin. Revista Brasileir de Nutricnao Clínica. Jan/mar 2002; v.17, n. 1, p.15-19. 15. NASSAR, E.; MARQUES, I.L.; TRINDADE JUNIOR, A.S.; BETTIOL, H. Feeding-facilitating phonoaudiologic techniques for the nursing infant with Robin sequence. Cleft Palate Craniofac J., Pittsburgh, v.43, n.1, p. 55-60, jan.2006. 16. ADA, National Dysphagia Diet: Standardization for Optimal Care. National Dysphagia Diet Task Force. 2002. 17. BARROS, S.P.; ARENA, E.P.; PEREIRA, A.C. Avaliação Antropométrica em pediatria: guia prático para profissionais da saúde. Ponto Crítico Ed., São Paulo, 176p., 2008.