EDUCAÇÃO CULTURAL E (RE) SIGNIFICAÇÃO NA COMUNIDADE QUILOMBOLA DO CAMPO D ANGOLA-PB

Documentos relacionados
RECONSTRUINDO IDENTIDADES: INTERFACES ENTRE A HISTÓRIA, CULTURA E MEMÓRIA DA COMUNIDADE QUILOMBOLA DO CAMPO D ANGOLA- PB

MEMÓRIA CULTURAL, IDENTIDADE E (RE) SIGNIFICAÇÃO NA COMUNIDADE QUILOMBOLA DO CAMPO D ANGOLA

DEMONSTRATIVO DE CÁLCULO DE APOSENTADORIA - FORMAÇÃO DE CAPITAL E ESGOTAMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES

PRÓ-TRANSPORTE - MOBILIDADE URBANA - PAC COPA CT /10

PRÓ-TRANSPORTE - MOBILIDADE URBANA - PAC COPA CT /10

HISTÓRIA E RACISMO O BRASIL UMA AFIRMAÇÃO PARA IDENTIDADE

DATA DIA DIAS DO FRAÇÃO DATA DATA HORA DA INÍCIO DO ANO JULIANA SIDERAL T.U. SEMANA DO ANO TRÓPICO

PLANO DE AULA 12. Comércio de escravos e escravidão: quem eram os africanos trazidos para o Brasil; relações sociais e resistência.

TÍTULO: O ENSINO DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA NAS REPRESENTAÇÕES DO DISCENTE DE EJA: UMA ANÁLISE NA PERSPECTIVA DA HISTÓRIA ORAL

Relações Étnico-Raciais no Brasil. Professor Guilherme Paiva

HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA NO CURSO DE PEDAGOGIA: FORMAÇÃO INICIAL E INTERVENÇÃO NA ESCOLA BÁSICA

DELEGACIA REGIONAL TRIBUTÁRIA DE

Populações Afrobrasileiras, Políticas Públicas e Territorialidade

TABELA PRÁTICA PARA CÁLCULO DOS JUROS DE MORA ICMS ANEXA AO COMUNICADO DA-46/12

Políticas Públicas Para os Remanescentes Quilombolas. Ms. Prof. Maria Aparecida da Silveira

GDOC INTERESSADO CPF/CNPJ PLACA

Apresentação. Núcleo de Estudos sobre África e Brasil

PLANO DE AULA 06. Flávio Antônio de Souza França Mestrando do Programa do Mestrado Profissional do Ensino de História da UNIRIO

CIDADE E CULTURA NO TOCANTINS: ASPECTOS ÉTNICO- CULTURAIS DA COMUNIDADE AFRO DESCENDENTE DA FAZENDA AÇUDE NO MUNICÍPIO DE SANTA ROSA-TO

As Leis 10639/03 e 11645/08: O Ensino de História e Cultura dos Povos Indígenas e dos Afrodescendentes no Brasil UNIDADE 1

A formação geral comum. São Paulo, junho de 2019

SABERES E FAZERES QUILOMBOLAS: DIÁLOGOS COM A EDUCAÇÃO DO CAMPO

EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA: REFLEXÕES, POSSIBILIDADES E DESAFIOS

Data Moeda Valor Vista Descrição Taxa US$ 07-Jul-00 Real 0,5816 Sem frete - PIS/COFINS (3,65%) NPR 1,81 14-Jul-00 Real 0,5938 Sem frete - PIS/COFINS

ARTESANATO QUILOMBOLA: O RESGATE CULTURAL DA PRÁTICA DE CESTARIA A PARTIR DE UMA AÇÃO EXTENSIONISTA

PLANO DE CURSO DISCIPLINA:História ÁREA DE ENSINO: Fundamental I SÉRIE/ANO: 2 ANO DESCRITORES CONTEÚDOS SUGESTÕES DE PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

TABELA PRÁTICA PARA CÁLCULO DOS JUROS DE MORA ICMS ANEXA AO COMUNICADO DA-87/12

CIDADE E CULTURA NO TOCANTINS: ASPECTOS ÉTNICO- CULTURAIS DA COMUNIDADE AFRO DESCENDENTE DA FAZENDA AÇUDE NO MUNICÍPIO DE SANTA ROSA-TO

No entanto, não podemos esquecer que estes são espaços pedagógicos, onde o processo de ensino e aprendizagem é desenvolvido de uma forma mais lúdica,

O que são os Núcleos Temáticos?

CULTURA AFRO-BRASILEIRA: UM ESTUDO COM ALUNOS DE UMA ESCOLA MUNICIPAL DE CAMPINA GRANDE/PB.

Estudar aqui faz diferença!

CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARA CAMPUS ABAETETUBA PROJETO DE ENSINO NEGRITUDE EM FOCO PROF. MESTRE DOUGLAS DE OLIVEIRA

Palavras-chave: Projeto Comunitário; Igualdade Racial; Escola; Cinema

APOIO AO MENOR ESPERANÇA AME

Eixo: Fundamentos teórico-metodológica da História.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

PROGRAMA DE DISCIPLINA

CENTROS DE DOCUMENTAÇÃO E MEMORIA: FONTES DE PESQUISA PARA AS CULTURAS E HISTORIAS AFRO E AFROBRASILEIRA.

Safra 2016/2017. Safra 2015/2016

TESE DE DOUTORADO MEMÓRIAS DE ANGOLA E VIVÊNCIAS NO BRASIL: EDUCAÇÃO E DIVERSIDADES ÉTNICA E RACIAL

O ensino de Sociologia e a temática Afro-Brasileira: aproximações. Estevão Marcos Armada Firmino SEE/SP

POLÍTICA DE RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS ELETROBRAS. Versão 2.0

Ensino. Fundamental I. Estudar aqui faz diferença!

Relatório Mensal de Setembro

PARA ALÉM DAS MARCAS COLONIAIS

Série/ Bimestre 1º Ano/ 3º Bimestre PLANO DE AULA 07. Nome: Rosana Maia Tema: Quilombos ontem e hoje: afinal, o que é isso? Ensino

estão presentes tanto do ponto de vista do conteúdo pedagógico quanto no que diz respeito à composição da escola e às desigualdades de oportunidades

APRENDENDO A ENSINAR MATEMÁTICA POR MEIO DOS RECURSOS DIDÁTICOS: MONITORIA, JOGOS, LEITURAS E ESCRITAS E LABORATÓRIO DE ENSINO DE MATEMÁTICA.

REGULAMENTO DO NÚCLEO DE ESTUDOS AFRO-BRASILEIROS E INDÍGENAS DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO MATO GROSSO DO SUL (Neabi)

LEI / 2003: NOVAS PROPOSTAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DA CULTURA AFRICANA E AFROBRASILEIRA.

A OFB acredita que o aprendizado por meio das artes muda para melhor a vida das pessoas, sendo um poderoso instrumento para integração social

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Anais. III Seminário Internacional Sociedade Inclusiva. Ações Inclusivas de Sucesso

EVENTOS ACADÊMICOS E INSTITUCIONAIS

Publico alvo: alunos do 1º ao 9º ano E.E. Otávio Gonçalves Gomes

APRESENTAÇÃO. Esperamos que o Dossiê se rea rme como mais um instrumento de intercâmbio, muito reivindicado por nossas(os)

PLANO DE CURSO DISCIPLINA:História ÁREA DE ENSINO: Fundamental I SÉRIE/ANO: 5 ANO DESCRITORES CONTEÚDOS SUGESTÕES DE PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

PROPOSTA DE PROJETO ANEXO I SIGA: TÍTULO: Categoria de projeto: ( ) Novo ( ) Ensino ( ) Já realizado anteriormente ( ) Pesquisa ( ) Extensão

PALAVRAS-CHAVE: Africanidades. História. Acervos digitais.

MATUR IDADES. Rita de Cássia Martins Enéas Moura

INSTITUIÇÕES RESPONSÁVEIS Universidade Federal da Paraíba Campus João Pessoa. COORDENADORA: Profª. Drª Emília Maria da Trindade PERÍODO: 2010 A 2014

CALENDÁRIO DE EVENTOS DOS CENTROS/CAMPI Janeiro. Fevereiro. Março. Abril

ATIVIDADE. Independência para quem? Relações políticas e sociais durante o período escravista brasileiro

RAÇA BRASIL REPORTAGENS: TEMAS & CÓDIGOS GRUPOS TEMÁTICOS (2.318 REPORTAGENS / 185 TEMAS & CÓDIGOS)

1 o Semestre. PEDAGOGIA Descrições das disciplinas. Práticas Educacionais na 1ª Infância com crianças de 0 a 3 anos. Oficina de Artes Visuais

NOS CAMINHOS DA PRÁXIS: PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO PÚBLICA

Obs. Todas as disciplinas relacionadas já são registradas e codificadas. Pertencem ao DFCH com Carga Horária - 60 horas Créditos: 2T1P.

MATRIZ DE REFERÊNCIA DE HISTÓRIA - ENSINO FUNDAMENTAL

UNIFLOR E PREFEITURA DE MATUPÁ: JUNTOS NUMA JORNADA DE CIDADANIA

O CONCEITO DE QUILOMBO NA HISTORIOGRAFIA

Empresários da construção mostram-se cautelosos

HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA NAS ESCOLAS: UMA ANÁLISE DA LEI /03 EM UMA ESCOLA DE APODI/RN

CURRÍCULO PAULISTA. Ensino Religioso

PLURALIDADE CULTURAL: DIVERSIDADE E CIDADANIA RELATO DE EXPERIÊNCIA

PLANO DE CURSO DISCIPLINA:História ÁREA DE ENSINO: Fundamental I SÉRIE/ANO: 3 ANO DESCRITORES CONTEÚDOS SUGESTÕES DE PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

RELATO DE EXPERIÊNCIA CONSCIÊNCIA NEGRA: TODO BRASILEIRO TEM SANGUE CRIOULO.

AS ABORDAGENS ÉTNICO-RACIAS NA EJA JUVENIL: REFLEXÕES ACERCA DA FORMAÇÃO DE JOVENS NEGROS EM UMA ESCOLA QUILOMBOLA

MATRIZ DE REFERÊNCIA DE HISTÓRIA - ENSINO FUNDAMENTAL

O que estudar? Onde estudar? Estudar com o objetivo de: 1- Reconhecer o significado de expressões contendo variáveis;

b. julgamento negativo, elaborado previamente em relação a outras pessoas. c. conduta de alguém que viola os direitos de outras pessoas.

Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares lei /03 na Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte

EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA: RELATOS DE UMA EXPERIÊNCIA

EMENTÁRIO DAS DISCIPLINAS DO CURSO DE PEDAGOGIA, CURRÍCULO INICIADO EM 2018:

EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E JOGOS DE ORIGEM AFRICANA UM PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Descritivo do uso do espaço pretendido sob o Viaduto do Capanema:

EDITAL IDEIAS CRIATIVAS PARA 20 DE NOVEMBRO 2010 REGIÃO NORTE INDIVIDUAL HABILITADO

Escola para todos: promovendo uma educação antirracista

UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ PRÓ-REITORIA DA CULTURA, COMUNIDADE E EXTENSÃO PROJETOS DE CULTURA CADASTRADOS NO PLANO DE CULTURA ( )

EMENTÁRIO HISTÓRIA LICENCIATURA EAD

RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO FINANCEIRA

Educação Escolar Quilombola

CULTURA AFRO-BRASILEIRA, CONSTRUINDO IDENTIDADES

Metodologia e Prática do Ensino de Educação Infantil. Elisabete Martins da Fonseca

Resultados da pesquisa

ÉTICA E IDENTIDADE. (28/10/2016 às 15h )

Resultados da pesquisa

Resultados da pesquisa

REESTRUTURAÇÃO CURRICULAR DO PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM MEMÓRIA SOCIAL E BENS CULTURAIS MESTRADO PROFISSIONAL EM MEMÓRIA SOCIAL E BENS CULTURAIS

Transcrição:

1 EDUCAÇÃO CULTURAL E (RE) SIGNIFICAÇÃO NA COMUNIDADE QUILOMBOLA DO CAMPO D ANGOLA-PB José Edson da Costa Barbosa Universidade Estadual da Paraíba RESUMO Este trabalho se apóia no interesse em estabelecer um diálogo com a comunidade do Campo D Angola-PB, considerando a necessidade da construção coletiva da sua história, a exemplo dos remanescentes de quilombos já identificados em outras comunidades paraibanas. Um dos objetivos, é desenvolver ações que contribuam para elevar a auto-estima dos moradores, principalmente dos jovens, que na sua maioria estão destituídos das atividades lúdicas, artísticas e profissionais e despertar neles o interesse pela suas culturas, melhorando a convivência social, no âmbito escolar, familiar e em outros espaços de inserção social e participação cidadã. Nossa opção metodológica será dividida em dois momentos. No primeiro momento, além de realizar entrevista com os moradores mais antigos e descendentes de famílias de escravos, analisaremos documentos, fotos, grupos de danças, de música e cerimônias religiosas que comprovam a existência da identidade quilombola. No segundo momento, ofereceremos cursos e oficinas que serão distribuídos nas mais diversas áreas como: música, dança, teatro, cidadania, cultura patrimonial, dentre outros, promovendo a inclusão social das crianças e jovens, despertando entre eles o interesse pala história da comunidade, e através da narração de vida dos mais velhos, torná-los protagonistas de sua própria história, possibilitando a compreensão da memória cultural e visando a (re) significação da comunidade quilombola do Campo D angola- PB. PALAVRAS-CHAVE: Quilombos, História, Campo D angola, Memória. INTRODUÇÃO: Este projeto de extensão se apóia no interesse em estabelecer um diálogo com a comunidade do Campo D Angola, considerando a necessidade da construção coletiva da história da comunidade. Tendo em vista o desconhecimento da origem dos descendentes afro-brasileiros

2 que povoaram inicialmente o lugar, a exemplo dos remanescentes de quilombos, já identificados em outras comunidades paraibanas estaremos contribuindo para o registro dessas histórias de vida. O interesse pelos estudos étnicos, tornam-se significativos ao longo dos anos 90, quando pesquisadores dedicados ao estudo de comunidades rurais negras, principalmente no Nordeste passam a ganhar visibilidade política e acadêmica. Atualmente a nossa historiografia da escravidão vem lançado novos olhares para o fenômeno da quilombagem. Nos lugares onde ocorreu a escravidão, ocorreram também formas de resistência que vão desde as oposições mais mascaradas como o corpo mole dos escravos, até mais explícitos, como o assassinato de senhores ou a própria fuga para os quilombos. Para alguns historiadores, os quilombos representam uma verdadeira contradição estrutural da realidade escravista (GUIMARÃES, apud, REIS; GOMES, 1996), para outros, numa perspectiva contrária, os quilombos tão estavam tão isolados quanto se pensa, do resto da sociedade. Conforme destaca Moura o quilombo aglutinaria os elementos que fugiam e procuravam dar-lhes uma estrutura organizada, estável e permanente. (1972, p, 88). Da mesma forma, as campanhas organizadas contra os quilombos eram em muitos casos formados também por grupos indígenas, escravos e negros libertos. Os quilombolas criavam fortes laços de sociabilidade, reinventando costumes oriundos da África no Brasil, onde se procurava recriar fielmente os laços de união do distante continente natal, tese difundida durante muito tempo por boa parte da historiografia sobre o tema. Dessa maneira os laços entre o que se considerava quilombo na época da Colônia e do Império, continuam na contemporaneidade nas comunidades remanescentes de quilombos. Ou, seja nos quilombos característicos tradicionais as culturas africanas foram (re)significadas e somadas a elementos do contexto vivido por cada um daqueles sujeitos (REIS; GOMES, 1996). A produção de novos sujeitos políticos etnicamente diferenciados pelo termo

3 quilombola tem inicio depois da ampla tomada de conhecimento dos novos direitos instituídos pelo artigo 68 da Constituição Federal de 1988, que reconhece aos remanescentes das comunidades de quilombo a propriedade definitiva das terras que estejam ocupando. Assim como a obrigação do Estado em emitir-lhes seus respectivos títulos (ARRUTI, p, 66, 2005). Tendo conhecimento desse artigo que se constitui em inovação no plano do imaginário social, da historiografia estaremos nos apropriando do conhecimento histórico para que possamos através das ações desenvolvidas na comunidade Campo d Angola contribuir para se organizar para o ato de reconhecimento jurídico. OBJETIVOS Desenvolver ações que contribuam para elevar a auto-estima dos moradores da comunidade principalmente dos jovens, que na sua maioria estão destituídos das atividades lúdicas, artísticas e profissionais, através da narração da história de vida dos mais velhos com intuito de torná-los protagonistas de sua própria história possibilitando a compreensão da memória cultural visando a (re) significação da comunidade do Campo D angola percebendo a importância das suas tradições culturais Objetivos Específicos: Reconhecer a identidade quilombola da comunidade. Despertar o interesse pela suas culturas, melhorando a convivência social, no âmbito escolar, familiar e em outros espaços de inserção social e participação cidadã. Possibilitar a comunidade o acesso a sua memória até então adormecidas. Fazer com que a comunidade tenha uma re significância sobre sua história enquanto comunidade quilombola. METODOLOGIA Nossa opção metodológica está dividida em dois momentos. No primeiro momento, além de realizar entrevista com os moradores mais antigos e descendentes de famílias de escravos, analisaremos documentos, fotos, grupos de danças, de música e cerimônias religiosas que comprovam a existência da identidade quilombola, bem como, elementos, símbolos e estruturas.

4 No segundo momento, ofereceremos cursos e oficinas que serão distribuídos nas mais diversas áreas como: música, dança, teatro, cidadania, cultura patrimonial, dentre outros, promovendo a inclusão social das crianças e jovens, despertando entre eles o interesse pala história da comunidade, e através da narração de vida dos mais velhos, torná-los protagonistas de sua própria história, possibilitando a compreensão da memória cultural e visando a (re) significação da comunidade quilombola do Campo D angola. TABELA DE ATIVIDADES Atividades CALENDARIO 2011/2012 Entrar em contato com a comunidade e fazer levantamento de documentos Reunião os com alunos participantes para discutir os textos a serem trabalhados Discutir metodologia operacional: empiria teoria Identificação dos colaboradores para construção memória a X da da JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN X X X X X X X X X

5 comunidade. Palestras contemplando as praticas culturais e atividades lúdicas e artística Produções de oficinas que possibilite os jovens, melhorias das relações inter pessoais e profissional através da formação artístico e cultural. Desenvolver mini cursos em áreas temáticas diversificadas (letrado digital,química, matemática, enfermagem e odontologia) visando o regate da cidadania plena. X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X

6 Promover apresentações de grupos tradicionais da cultura afro brasileira com o intuito de (re)significara identidade quilombola. Amostra de filmes e documentários contemplando a temática cultural Afro brasileira. Amostra de filmes infantis, contos e desenhos valorizado a comunidade quilombola. X X X X X X X X X X X X X X X X X X X RESULTADOS ESPERADOS Ao estabelecer uma parceria entre os moradores da comunidade e a UEPB através da Pro reitoria de extensão, identificamos a importância do resgate da memória que até então é silenciada pelos registros oficiais. Contribuindo assim para elevar a alto estima dos moradores da comunidade, principalmente dos jovens que na sua maioria estão destituídos das atividades lúdicas, artística e profissionais.

7 Esperamos ainda que esse projeto de extensão contribua no sentido de propiciar condições para um maior envolvimento da comunidade nos cursos oferecidos nas diversas áreas como: música, dança, teatro, cidadania, cultura patrimonial, dentre outros. Estaremos desenvolvendo táticas para promoção da igualdade social e ética. Promover a inclusão social das crianças e jovens, despertando entre eles o interesse pala história da comunidade quilombola do Campo D angola, através da narração da história de vida dos mais velhos, para que eles sejam protagonistas de sua história. METAS Criação de um memorial para preservar o acervo iconográfico e documental, com intuito de tornar-se uma fonte de pesquisa. Desenvolver oficinas mensalmente contabilizando 12, com crianças e adolescentes contemplando as seguintes atividades: Capoeira, Teatro e Dança. Exibição de filmes e documentários trimestralmente com os idosos da comunidade privilegiando temáticas voltadas para a questão da identidade quilombola, preconceito racial, religiosidade. Desenvolver mini-cursos bimestralmente com temáticas diversificadas, especificamente nas áreas de letramento digital, química, matemática, enfermagem e odontologia, visando o resgate da cidadania plena. Promover encontros trimestrais através de uma proposta geracional (jovens e idosos), com o intuito de despertar o interesse para a reativação da banda de pífanos, conhecida na comunidade como xaranga do Batista, que outrora era desenvolvida por grupos tradicionais. Elaboração de um documentário registrando a participação coletiva de crianças, jovens e os idosos da comunidade através da atividades realizadas: Dança, teatro, música, palestras e oficinas pedagógicas, com o intuito de (re) significar a história e a memória da comunidade. Construir uma cartilha com o registro da história da comunidade para ser entregue aos moradores. Fazer um CD sistematizando todas etapas do projeto com uma apresentação final na comunidade.

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esse projeto de extensão vem sendo de suma importância para comunidade de Campo d Angola, pois através das trocas de saberes estamos sanando algumas lacunas, como também fornecendo importantes pistas sobre a diversidade cultural da mesma. Destacando ainda a importância de identificarmos as práticas culturais e configurar a idéia de persistência da cultura africana nos quilombos. O quilombo amadurecido é uma instituição transcultural que recebe contribuições de várias culturas. (MANUNGA, 1996,P. 59) Tendo em vista a necessidade de registro da história de vida da comunidade torna-se muito importante os relatos dos moradores, para que através da memória coletiva poder contribuir de maneira significativa a construção da identidade quilombola. Falando a respeito da identidade étnica e caminhando na mesma linha de raciocínio de Stuart Hall (2006), que diz que ela vai se reconstruindo e re configurando ao longo do processo histórico. Não se pode entende-la como algo definido plenamente desde o inicio da história de um povo (p, 20). Assim partido do pressuposto de que as identidades são móveis e historicamente construídas, pretendemos através de ações extensionistas, dar mais um passo na ampliação dos estudos da história e cultura das populações negras no estado da Paraíba, sobretudo no que se refere aos remanescentes quilombolas, haja vista a necessidade de produções acadêmicas sobre essa temática. Referencias Bibliográficas ARRUTI, J. M. A. (1995). Morte e vida no Nordeste indígena: a emergência étnica como fenômeno regional. Estudos Históricos. FVG, vol. 8, n.15, p. 66 GUIMARÃES, Antônio Sérgio Alfredo. Preconceito racial: modos, temas e tempos. São Paulo: Cortez, 2008 - (Preconceitos; v.6)

9 HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte/Brasília: Editora UFMG/Unesco, 2006. P. 20 Livro do Município de Campina Grande. Movimento Brasileiro de Alfabetização Mobral. MUNANGA, K. - 1995/1996 - Origem e histórico do quilombo na África. Revista deantropologia da USP, n. 28. São Paulo: USP. REIS, João José; GOMES, Flávio dos Santo. Liberdade por um fio: História dos quilombos no Brasil. São Paulo, Companhia das Letras, 1996.