UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ ALTAIR RODRIGUES DE SOUZA ABANDONO DE IDOSOS EM HOSPITAIS NO MUNICÍPIO DE CURITIBA-PR

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Transcrição:

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ ALTAIR RODRIGUES DE SOUZA ABANDONO DE IDOSOS EM HOSPITAIS NO MUNICÍPIO DE CURITIBA-PR CURITIBA 2012

ALTAIR RODRIGUES DE SOUZA ABANDONO DE IDOSOS EM HOSPITAIS NO MUNICÍPIO DE CURITIBA-PR Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção de título de Bacharel em Direito do Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná. Orientado: Prof. Dr. Clayton Reis CURITIBA 2012

TERMO DE APROVAÇÃO ALTAIR RODRIGUES DE SOUZA ABANDONO DE IDOSOS EM HOSPITAIS NO MUNICÍPIO DE CURITIBA-PR Esta monografia foi julgada e aprovada para obtenção do diploma de Bacharel em Direito, Curso de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, de outubro de 2012. Curso de Direito Universidade Tuiuti do Paraná Prof. Dr. Eduardo de Oliveira Leite Coordenador do Núcleo de Pesquisas da UTP Orientador: Prof. Dr. Clayton Reis Faculdade de Ciências Jurídicas da UTP Prof. Dr. Prof. Dr.

Dedico esse trabalho a Dona Maria José de Jesus uma idosa que me adotou como filho fosse, me dando conselho, carinho e amor.

Agradeço a todos os professores por tudo que me ensinaram, e aos meu colegas de turma pela amizade construída durante esses 5 anos. Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Clayton Reis, pelo aprendizado em sua aulas e na orientação deste trabalho. A família que esteve junto durante esses cinco anos, nos dando força, coragem para chegássemos ao término do curso. A minha amiga Edilmere Sprada que em momento de desanimo, nos encorajou com palavras de incentivos e motivação.

"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim" Chico Xavier. Poema a Cora Coralina És uma pedra extraída De um velho garimpo Há muito extinto Vens do ontem Que se fez hoje Há de ser amanhã Do caminho infinitamente longo - as marcas Os cabelos brancos Os olhos profundamente sábios, Os Pés cansados Mas, no coração. Ainda os sonhos, a sabedoria, a compreensão. Ao tempo que trouxe, Cabe o segredo de tua existência, Pouco importa teu signo, dia, mês, ano, vieste. Se foi na primavera, no verão, outono, inverno O que importa é que viste E soubeste tirar Do tempo corrido Vivido, Sofrido, A sabedoria de existir Assim... Se te pergunto da vida Nada indago da morte Porque sei... Tu viste E sabes do infinito, a eternidade E remanejar a vida, Para todo o sempre Cora Coralina Poemas dos Becos de Goiás e Estórias mais

RESUMO Conflitos geracionais, reconhecimento de novo papéis sociais, vulnerabilidade, violências e maus-tratos, alterações fisiológicas, cognitivas e diversas limitações, são questões que permeiam o cotidiano de uma pessoa idosa, seus familiares e toda sociedade. Frente a esse contexto que surge a questão do abandono de idosos em hospitais, situação que tem chamada atenção de profissionais das áreas da saúde, jurídica e social. Os operadores da área do direito, da assistência social e da saúde encontrarão nesse trabalho um assunto pouco tratado, um problema que passa despercebido no Brasil. Com a longevidade e o envelhecimento populacional é inevitável fatos como abandono e maus-tratos. Este estudo destaca tópicos que visualiza o conhecimento jurídico dentro do contexto sobre o abandono de idosos, principalmente no município de Curitiba-Paraná, além de dar enfoque a família e ao fundamentos da dignidade do ser humano e os direitos da pessoa idosa. Em Curitiba segundo pesquisa dos deputados da Comissão de Direitos humanos da Câmara constatou que os idosos viviam em situação de abandono e sem tratamento adequado nessas instituições, e com os sete casos de abandono de idosos em Hospitais no Município de Curitiba, percebe-se o aumento da demanda das moradias coletivas, a garantia fundamental da dignidade do ser humanos deve ser respeitado pelo Estado e sociedade. Políticas públicas se fazem urgentes para atender uma demanda crescente, tendo que ser chamada a atenção de profissionais da área da saúde, jurídica e social. Palavras-chaves: Abandono. Direitos dos idosos. Estatuto do idoso.

SUMÁRIO INTRODUÇÃO... 8 CAPÍTULO I LONGEVIDADE E O ENVELHECIMENTO... 10 1.1 CONCEITO DE ENVELHECIMENTO... 10 1.2 O AUMENTO DA POPULAÇÃO IDOSA NO BRASIL... 11 1.3 A FAMÍLIA E A VIOLÊNCIA COM A PESSOA IDOSA... 13 CAPÍTULO II OS HOSPITAIS O ATENDIMENTO AOS IDOSOS... 15 2.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE O ABANDONO DE IDOSOS EM HOSPITAIS E ASILOS... 15 2.2 A FAMÍLIA E O ABANDONO DE IDOSOS EM HOSPITAIS E ASILOS NO MUNICÍPIO DE CURITIBA... 16 CAPÍTULO III FUNDAMENTOS DA DIGNIDADE DO SER HUMANO... 29 3.1 O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA ART. 1. o, INCISO III DA CF/88... 29 3.2 OS DIREITOS DA PERSONALIDADE DO IDOSO... 31 3.3 A TUTELA DO DIREITOS FUNDAMENTAIS DA PESSOA IDOSA... 32 3.4 DIREITOS FUNDAMENTAIS CONSTITUCIONAIS DO IDOSO ART. 229 e 230 DA CF/88... 33 CAPÍTULO IV O ESTATUTO DO IDOSO E SEUS FUNDAMENTOS... 36 4.1 DIREITO HUMANOS E A PESSOA IDOSA... 36 4.2 CONCEITO DE IDOSO NA LEI N.o 10.741 DE 1. o DE OUTUBRO DE 2003... 39 4.3 DIREITO DO IDOSO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988... 39 4.4 ESTATUTO DO IDOSO... 41 4.5 MINISTÉRIO PÚBLICO EM DEFESA DOS IDOSOS... 43 CONCLUSÃO... 47 REFERÊNCIAS... 49

8 INTRODUÇÃO Diante de índices demográficos demonstram o crescente envelhecimento da sociedade brasileira, justificado pelos avanços tecnológicos, principalmente na área da saúde, aumentando a expectativa de vida e reduzindo a taxa de mortalidade. Assim, nos deparamos com uma nova realidade, cheia de questionamentos e demandas sociais e jurídicas. Conflitos geracionais, reconhecimento de novos papéis sociais, vulnerabilidade, violências e maus-tratos, alterações fisiológicas, cognitivas e diversas limitações, são questões que permeiam o cotidiano de uma pessoa idosa, seus familiares e toda sociedade. É nesse contexto que surge a questão do abandono de idosos em hospitais tanto públicos quanto privados, situação que tem chamada atenção de profissionais das áreas da saúde, jurídica e social. Idosos que ao necessitarem de atendimento médico, são levados por seus familiares aos hospitais e após tratamento de médio ou longo prazo recebem alta médica. Porém, permanecem nos hospitais, abandonados por seus familiares como se não recebessem "alta social" para o retorno ao convívio familiar. Tal fato acarreta problemas como, por exemplo, a superlotação dos hospitais, a vulnerabilidade a novas doenças e os reflexos psicológicos da rejeição, além do abandono do idoso. No desenvolver deste estudo são destacados alguns tópicos visualizando o conhecimento jurídico dentro do contexto sobre o abandono de idosos, principalmente dentro em que se apresenta no município de Curitiba-Paraná. Os tópicos são divididos em teorias básicas sobre os fundamentos de lingevidade e o envelhecimento humano populacional, dando ênfase a situação atual da população idosa no Brasil e da família em relação a violência com a pessoa idosa. No segundo tópico apresenta-se o conteúdo sobre os hospitais e o atendimento aos idosos, relatando sobre o abandono e famílias, destacando hospitais e asilos em Curitiba-Paraná. Segundo para a terceira parte com fundamentos da dignidade do ser humano, ressaltando o princípio da dignidade humana, os direitos de personalidade, a tutelado dos direitos da pessoa idosa, os direitos constitucionais do idoso. Especificamente no quarto tópico destaca-se o Estatuto do idoso e seus fundamentos, finalizando o estudo com a conclusão. Para atender os objetivos deste estudo, foi utilizado o método de pesquisa bibliográfica descritiva explicativa. Descritiva por buscar as características do conhe-

cimento frente a uma realidade atual estabelecendo relações com variáveis jurídicas deste tema, sendo explorada através de referenciais teóricos para ser ter um embasamento bibliográfico. Explicativo porque envolve a identificação de alguns pontos principais de abandono de idosos no município de Curitiba-Paraná e pela busca do conhecimento nesta área, com enfoque jurídico. 9

10 1 LONGEVIDADE E O ENVELHECIMENTO 1.1 CONCEITO DE ENVELHECIMENTO O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial, que não afeta só o ser humano, mas a família, a comunidade e a sociedade. Sabe-se, no entanto, que é um processo normal, dinâmico, que envolve perdas no plano biológico, socioafetivo e político. O Ministério da Saúde, no Caderno de Atenção Básica, descreve longevidade como sendo triunfo. Porém, existem importantes diferenças entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento. Nos países desenvolvidos o envelhecimento ocorre associado às melhorias nas condições gerais de vida, já nos países em desenvolvimento, o processo acontece de forma rápida, sem elaboração de uma reorganização social e da área de saúde adequada para acolher e estruturar as novas demandas (BRASIL, 2006). O mundo está envelhecendo dia após dia. A afirmação é tão correta que se espera segundo várias publicações que para o ano de 2050, existirão cerca de dois bilhões de pessoas com sessenta anos ou mais no mundo. O Envelhecimento, antes considerado um dado estatístico, hoje faz parte da realidade das sociedades, viver é envelhecer. A ação do tempo vai se fazendo sentir sobre o organismo humano de maneira insensível e irreversível, afetando muitas vezes o físico e o psicológico do indivíduo. Para Simone de Beauvoir (1990, p.17), envelhecimento é "um processo progressivo de mudança desfavorável, geralmente ligado à passagem do tempo, tornando-se aparente depois da maturidade e desembocando invariavelmente na morte". A Dra. Hana Hermanova, especialista em cuidados de saúde dos idosos de Copenhagem, também da Organização Mundial de Saúde, explica que: [...] Os que estão envelhecendo são aqueles que, depois de terem passado por um período de crescimento e maturidade, entram numa fase que tem sido chamada pelos franceses de troisiéme âge ou terceira idade. Envelhecer é uma fase normal da vida humana e deve ser considera como tal. [...] Nós sabemos que o envelhecimento é um processo individual com amplas variações e que os próprios idosos são um grupo heterogêneo. Para propósitos da elaboração de normas e legislação, utiliza-se uma definição cronológica que coloca o umbral da velhice nos 60, tanto a prática quanto as pesquisas mostram que existe uma diferença marcante entre a faixa etária dos 60 ou mais, entre aqueles que têm menos de 75 e os que passam dos 75 (1986, p.25).

Entendemos que envelhecimento e velhice são distintos: o envelhecimento inicia-se imediatamente após a fecundação, sendo um fenômeno complexo e heterogêneo, que envolve questões de responsabilidade individual e social, velhice e a ultima etapa da vida e depende de como vivemos a vida, velhice não e doença. Na verdade a velhice tem suas características biológicas específicas. 11 1.2 O AUMENTO DA POPULAÇÃO IDOSA NO BRASIL O Aumento da população Idosa é uma realidade, apresentando um acelerado crescimento, fenômeno que ocorre no mundo e no Brasil, com esse aumento e colocado vários dilemas para as todas as sociedades e para os seus governos, surge à necessidade de rever: As divisões entre os ciclos de vida tradicionalmente usados; período adotado até hoje para definir a inserção das pessoas nas atividades produtivas; A organização dos serviços de saúde para que passe a contemplar em seu planejamento e praticas, as necessidades específicas deste grupo; A formação de pessoas para lidar com as necessidades próprias desta população; A organização dos espaços, dos equipamentos e dos materiais dentro das moradias familiares, nas instituições sociais e nas ruas, para que os idosos possam viver protegidos, minimizando-se os risco evitáveis de queda e de outros agravos. Mudanças culturais relativas à visão do envelhecimento e a inclusão dos idosos como atores sociais. Esses são alguns pontos de uma agenda nova que as transformações na expectativa de vida vão colocando para a sociedade brasileira, a presença dos idosos nos espaços sociais, repercute nas formas de interação de todos os outros grupos de idade e nas expressões de suas necessidades. Segundo o Jornal G1, em matéria publicada em 24 de abril de 2012 diz que ao longo dos últimos cinquenta anos:

12 [...] a população brasileira quase triplicou: passou de 70 milhões, em 1960, para 190,7 milhões, em 2010. O crescimento do número de idosos, no entanto, foi ainda maior. Em 1960, 3,3 milhões de Brasileiros tinham 60 anos ou mais e representava 4,7% da população. E 2000, 14,5 milhões, ou 8,5% dos brasileiros, estavam nessa faixa etária. Na última década, o salto foi grande, em 2010 a representação passou para 10,8% da população (20,5 milhões). (2012, g1 online São Paulo) Importante relevar que a comparação feita pelo G1, se baseia nos censos demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dos anos de 1960, 2000 e 2010. Conforme entrevista feita pelo jornalista Jaqueline Farid Agência Estado (2010) o Presidente do IBGE Eduardo Nunes destaca que: "o processo de envelhecimento da população brasileira confirmado no Censo 2010, inspira cuidados e que em 2050 o Brasil apresentará uma estrutura etária muito semelhante a existente hoje na França". Camarano (1999, p.20), afirma que: O aumento da longevidade deve ser reconhecido como uma conquista social, que deve em grande parte ao progresso da medicina e a uma cobertura mais ampla dos serviços de saúde. No entanto, este cenário é visto com preocupação, por acarretar mudanças no perfil das demandas por políticas públicas colocando desafios para o Estado, a sociedade e a família. Nessa perspectiva, o pensamento comum é de que gastos sociais com o envelhecimento representam sobretudo consumo para o Estado. Reconhecese que o envelhecimento populacional traz novos desafios um deles diz respeito a pressões políticas e sociais para a transferência de recursos na sociedade. Por exemplo, as demandas da saúde se modificam com o maior peso das doenças crônico-degenerativas, o que, se não implica maior custo per capita de internação e tratamento, implica, por outro lado, frequência de internações hospitalares, consultas ambulatoriais, remédios etc. A pressão sobre o sistema previdenciário aumenta expressivamente. O envelhecimento traz também uma sobrecarga para a família, crescente com a idade. longevidade: Gugel e Maio (2009, p.54) comenta que no Brasil, esse dito fenômeno da [...] chegou antes que o país tivesse encontrado soluções para resolver seus graves problemas sociais gerados durante anos, em razão de modelos de desenvolvimento econômico, social e político adotados pelo país. Assim, o aumento acelerado do envelhecimento populacional traz consigo uma herança de injustiça social que nega a possibilidade de uma grande parte da população viver dignamente. A longevidade no Brasil e uma realidade, os fatores associados com o aumento da esperança de vida são as melhorias, na habitação, saneamento, educação, nutrição, socialização e o aumento das cidades onde se tem serviços mais

organizados e também uma redução da mortalidade por doenças infecciosas, essa redução se deu por dois motivos: primeiro pela vacinação e controle e segundo por controle de medicamentos. 13 [...] chegou antes que o país tivesse encontrado soluções para resolver seus graves problemas sociais gerados durante anos, em razão de modelos de desenvolvimento econômico, social e político, adotados pelo país. Assim, o aumento acelerado do envelhecimento populacional traz consigo uma herança de injustiça social que nega a possibilidade de uma grande parte da população viver dignamente. É fato, o Brasil envelhece, e os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNDA) confirmam, a população brasileira já chegou a 195,2 milhões de habitantes em 2011, isso significa que já estamos com 12, 1% de idosos, ou seja, pessoas com sessenta anos ou mais de idade (ABDALA, 2012). Todos esses dados apresentados influenciam no contexto familiar atualmente apresentado na sociedade, pois as famílias atuais normalmente apresentam um idoso em seu núcleo e as dificuldades encontradas com o cuidados geral alguns percalços no caminho, um deles é a violência. 1.3 A FAMÍLIA E A VIOLÊNCIA COM A PESSOA IDOSA A família e uma instituição antiga e mais importante da sociedade, com o passar dos anos, essa instituição vem sofrendo grandes transformações, com a diminuição de filhos, e com a presença mas intensa da mulher no mercado de trabalho, surge a falta de tempo com os seus idosos, gerando os conflitos e as diversas formas de violência e maus-tratos com a pessoa idosa. Conforme pesquisa da Universidade Tuiuti do Paraná e pela Secretaria Estadual da Criança e Assuntos de Família publicada na Gazeta do povo em 2001, idosos sofrem com a violência dentro da própria casa: Uma pesquisa feita pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) e pela Secretaria Estadual da Criança e Assuntos de Família, ouvindo 700 idosos no Paraná, constatou que 74% já foram vitimas de agressões físicas em casa, cometidas pelos próprios familiares. A Situação é mais grave em Curitiba. No interior os problemas são mais frequentes em Londrina, Ponta Grossa e Jacarezinho. O mesmo levantamento foi realizado também Por Universidades e Secretarias de estado do Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro, na Bahia, em São Paulo, em Minas Gerais e em Pernambuco. Segundo a coordenadora da pesquisa e diretora da clínica de Gerontologia

da UTP, Regina Teixeira, Paraná e São Paulo são os estados com maior índices de reclamações sobre agressões cometidas contra idosos em casa. Os dados levantados integram uma pesquisa nacional, preparada pela Sociedade Brasileira de Gerontologia. No Brasil, "a violência contra idosos tanto em casa quanto nos asilos, ainda é altíssima" afirma Regina. A pesquisa foi apresentada em um congresso internacional sobre Gerontologia na Austrália (GAZETA DO POVO, 2001). 14 Em São Paulo, o Instituto Brasileiro de Ciências Criminais através da consolidação de dados de uma delegacia de proteção ao idoso, por meio de mil e quinhentas notificações realizadas no período de 1991 a 1998, comprovou que 40% da queixas dos idosos são contra os próprios filhos, ou contra os netos ou cônjuges e os demais 7% se referem a parentes. Cerca de 13% das denúncias são de agressões físicas e 60% de abusos econômicos ou de recusa dos familiares em dar lhes proteção (MINAYO, 2004, p.32) Vale ressaltar que o artigo 226 da Constituição Federal preceitua que: A família, base da sociedade tem especial proteção do estado, e o parágrafo 8. o, do artigo 226, prescreve que o Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que integram, criando mecanismo para coibir a violência no âmbito de suas relações. Entende-se que a violência contra a pessoa idosa é um problema que precisa ser enfrentado, a sociedade deve criar uma cultura em que envelhecer seja aceito como parte natural do ciclo de vida, as atitudes antienvelhecimento sejam desencorajados, as pessoas idosas sejam incluídas nos programas de políticas públicas do Estado, as pessoas idosas tenham o direito de viver com dignidade, livres de abusos e exploração e seja dada a elas a oportunidade de participar plenamente da vida social.

15 2 OS HOSPITAIS E O ATENDIMENTO AOS IDOSOS 2.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE O ABANDONO DE IDOSOS EM HOSPITAIS E ASILOS Esse tópico aborda um breve Histórico do abandono de idosos em Hospitais e asilos, os documentos pesquisados poucos se referem a esse assunto os idosos são incorporados ao conjunto dos adultos. O surgimento de instituições e antigo e o cristianismo foi pioneiro ao amparo a pessoa idosa. Segundo Beauvoir (1990, p.109) "estudar sobre os idosos ou também chamados como velhos pelos tempos ou épocas, não é uma tarefa fácil. Poucos são os documentos que fazem alusão ao tema, pelo fato de que os idosos são englobados com os adultos". O surgimento de instituições é antigo e o cristianismo foi pioneiro ao amparo a pessoa idosa. Conforme Alcântara (2004, p.149), o asilo pioneiro no amparo aos idosos foi fundado pelo Papa Pelágio II (520-590) que transformou a sua casa em um hospital para velhos o autor também ressalta que no Brasil: [...] o Conde de Resende defendeu que soldados velhos mereciam uma velhice digna e descansada, em 179, no Rio de Janeiro, começou então a funcionar a Casa dos Inválidos, não como ação de caridade, mas como reconhecimento àqueles que prestaram serviço à pátria, para que tivessem uma velhice tranquila. No Século XVIII, os asilos da Era Elisabetana eram instituições que abrigavam mendigos. A partir do século XIX, foram criados na Europa asilos grandiosos, com alta concentração de velhos. O maior era o Salpêtrière, que abrigavam idosos em situação de pobreza e exclusão social. No Brasil, o asilo São Luiz para a velhice Desamparada, criado em 1890, foi a primeira instituição para idosos no Rio de Janeiro. A instituição era um mundo à parte e ingressar nela significa romper laços com a família e sociedade. Quando não existiam instituições específicas para idosos, estes eram abrigados em asilos de mendicidade, junto com outros pobres, doentes mentais, crianças abandonadas, desempregados (ALCANTARA, 2004, P. 149). A História mostra que o abandono de idosos em hospitais e asilos foi uma forma de exclusão social, a partir do momento que as pessoa idosas vão perdendo seus papéis sociais nas diferentes sociedades antigas, quando essas pessoas não produziam mais com o seu trabalho, e na família se tornava aquele indivíduo inútil e um incomodo. Lembrando que as condições de vida naquelas civilizações era difíceis, e aquelas sociedades descartavam, ou depositavam os idosos nas casas

de abrigos das Igrejas, conventos e nos asilos, além dos idosos serem abandonado e negligenciados eles eram assinados clandestinamente. Mesmo com várias formas de institucionalização e quando não se possui condições de cuidados o hospital passa a ser um momento de vida do idoso, não podemos esquecer que a primeira fonte de cuidado é da família, quando esta não tem o suporte inclina-se para o indicados maior que e o asilamento, ou institucionalização de longa permanência para idosos, denominados atualmente de ILPI, antigos asilos. Vale lembrar que todo ser humano cresce, evolui, se desenvolve e constrói sua própria família. É dentro deste núcleo que se aperfeiçoa, a proteção da vida do idoso passa ser da responsabilidade da família. Família esta que acompanha todos os momentos deste idosos, na sua formação, no equilíbrio afetivo e no desenvolvimento emocional e principalmente físico. Entende-se que se deve aprender com o passado, e com o senso critico do presente realizar uma leitura do mundo atual, então se pergunta: será que não se está fazendo o mesmo com os nossos idosos hoje em dia? Simone de Beauvoir (1990, p.154) complementa em seus descritos que a história fornece poucas informações, e neste contexto relata um dos acontecimentos em Roma: Cezar diz que os gauleses matavam os doentes e as pessoas idosas que desejavam morrer. Também descreve que a igreja criou, a partir do século IV, asilos e hospitais. Em outro parágrafo a autora, diz que os velhos devem ter-se beneficiado dessas esmolas por muito tempo, mas nunca são mencionados explicitamente. Motti (2007) diz que é dentro da família que a pessoa é vista por ser ela mesma e o idoso neste contexto é um membro que possui uma historia, uma biografia. Mas indagamos atualmente como família pode abandonar sua própria história? 16 2.2 A FAMÍLIA E O ABANDONO DE IDOSOS EM HOSPITAIS E ASILOS NO MUNICÍPIO DE CURITIBA É exatamente quando o ser idoso daquele núcleo familiar apresenta manias, graus cognitivo brevemente afetado é que necessita então de cuidados, neste instante a família se depara com um problema, não mais com uma história. Este problema cresce e passa de um idoso sadio para um idoso doente, agravando o acometimento físico e aumentando a sua dependência. Então é solicitado pelo idoso o carinho, a atenção e o apoio familiar, mas em vários lares este idoso encontra o desrespeito, a

perda de sua individualidade, o sentimento de inutilidade e de peso para a sua família. Muitas das intolerâncias se tornam maus tratos, negligências e violência. Fernandes (2002, p. 3) descreve sucintamente o que praticamente atinge todas as famílias. Comenta que a família apesar de se sentir com o dever de suprir todas as necessidades daquele idoso, se vê sem condições, não tem informações, orientação, ajuda para ser um cuidador familiar, e nestas improvisões, prejudica o bem estar do idoso. De um lado um quer cuidar, de outro institucionaliza e este locais possuem que o caráter de complementariedade na construção do indivíduo Afirma também que é necessário condições básicas de inserção social e cidadania para que a família possa cumprir o papel que lhe é social e legalmente atribuído. A família como dita no item anterior destina seu idoso muitas vezes por impossibilidades econômicas ou emocionais a asilos, atualmente chamados de Instituto de Longa Permanência para Idosos (ILPI). Os hospitais e asilos se tornam muitas vezes a única casa dos idosos, e em Curitiba essa realidade existe e não é diferente de outro estado brasileiro. Curitiba tem vivenciado o aumento da população idosa, com o aumento da expectativa de vida e com a redução da taxa de natalidade. Com a redução dos tamanhos das famílias e com a participação cada vez maior da mulher no mercado de trabalho, novas questões são trazidas para os gestores de políticas públicas, entre as quais se destaca os gestores da saúde. Segundo o IBGE Censo 2010, a população de idosos em Curitiba é de 198.089, que corresponde a 11,3% da sua população com idade superior a 60 anos. Existem poucos dados disponíveis sobre o abandono de idosos em hospitais no município de Curitiba e em tantos outros municípios do Brasil. Mas foi no município de Curitiba, por ser referência em varias áreas, é que foi inaugurado recentemente o Hospital Zilda Arns, também denominado Hospital do Idoso, e desde 30 de março de 1999, foi criado a Unidade Municipal de Saúde Ouvidor Pardinho ou Unidade de Atenção ao Idoso Ouvidor Pardinho, tendo sua referência principalmente à pessoa idosa. Segundo os dados da Câmara da Comissão de Direitos Humanos, 19 mil idosos vivem em asilos. O Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES) realizou em 2008 uma pesquisa de campo que deu origem a um relatório das ILPI s identificadas no Paraná que resultou de 229 estabelecimentos pesquisados. 17

Atualmente, esse atendimento é realizado por entidade com características diferencias: religiosas, públicas, privadas, com ou sem fins lucrativos e com ou sem apoio de recurso públicos. Através de uma pesquisa realizada pela comissão de Direitos Humanos que emitiu um relatório da V Caravana entre o silêncio e a Morte (2002) o Deputado Federal Marcos Rolim comenta: 18 [...] É difícil saber quantos são os idosos institucionalizados no Brasil. Pelos dados do governo, existem hoje em torno de 19 mil idosos atendidos em instituições asilares. O número pode ser muito maior se levarmos em conta que muitas das instituições do tipo não estão cadastradas e outras tantas funcionam, efetivamente, na clandestinada. Durante uma semana, em outubro de 2001, estivemos visitando casas de internação de idoso em quatro estados brasileiros. Ao todo, foram 28 instituições visitadas das quais 6 nos pareceram adequadas ou em boas condições. A saber: o abandono. Os idosos internados em asilos estão abandonados duplamente. Primeiro, pela família; segundo, pela própria instituição. Esse duplo esquecimento os condena a uma realidade sempre idêntica, não raras vezes definida por eles mesmos como cotidiano onde se "come e dorme". Aos idosos vitimados por esse modelo asilar não se oferece atividades. No Paraná essa pesquisa foi realizada durante os dias 19 e 20 de outubro de 2001 visitando instituições asilares em Curitiba e Londrina, municípios do Estado do Paraná. Participaram na época além dos Deputados Federais Padre Roque (PT/PR) e Marcos Rolim (PT/RS), a jornalista e assessora da CDH Janete Lemoz e a assistente social e represente da Comissão Especial do Idoso, do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Humana do Ministério da Justiça, Jurilza Mendonça, entre outros que acompanharam a Caravana na Capital. As instituições verificadas foram RECANTO TARUMÃ, ASSOCIAÇÃO DE PROTEÇÃO AO IDOSO VOVÓ JOANA, VOVÔ JUQUINHA, ASSOCIAÇÃO CASA REPOUSO SABINA, LAR AFAGO, CLÍNICA DE REPOUSO SANTA MARIA, LAR UBERABA DE CIMA. Segundo os resultados desta caravana na época, o RECANTO TARUMÃ foi o único que apresentou experiência de cuidado com os seus idoso, os demais apresentaram isolamento social, negligência, depósito, casos de subnutrição e desidratação. Os casos encontrados nessas casas asilares foi de total desrespeito e abandono de idosos por seus familiares. Nestes aspectos, O Deputado Federal Marcos Rolim em seu relatório (2002) da Caravana reportou que sobre as seguintes entidades:

1. "Recanto Tarumã Sociedade Socorro aos Necessitados" (rua Konrad Adanaues, 295) é uma instituição tradicional de Curitiba, fundada em 1921. No dia de nossa visita abrigava 120 idosos. Desse total, pelo menos 32 apresentavam um quadro de dependência. Mantido através de doações da comunidade e da contribuição de 2/3 do valor das aposentadorias dos internos, o asilo tem uma despesa mensal da ordem de 50 mil reais. Segundo as informações colhidas junto à direção da casa administrada pelo Sr. Mário Pelatto, 36 pessoas trabalham na instituição, entre elas 1 assistente social, 1 psicólogo, 1 enfermeira, 1 fisioterapeuta, 1 terapeuta ocupacional e 4 auxiliares de enfermagem. As instalações, amplas e bem cuidadas, integram vários pavilhões numa área construída 492 metros quadrados atravessada por espaços de circulação externa ajardinados e gramados. Dentro da unidade muitas atividades são desenvolvidas sendo que os idosos têm acesso à marcenaria, horta, artesanato, jardinagem e jogos variados. Dentre os aspectos internos da instituição foi relatado também que a entidade contava na época da pesquisa com: consultório médico, farmácia, espaço para banho de paraplégicos, sala para curativos, sala de fisioterapia, sala de jogos, etc.. Em todas as visitas foram observadas as necessidades da existência de piso antiderrapante nas principais vias de circulação interna, corrimões, anteparos e outros equipamentos fundamentais para a segurança e o conforto dos idosos. Mas importante ainda do que as boas condições físicas da instituição foi perceber nesta Caravana, que os pesquisadores observaram também a conversa com os internos, a existência de um grau de satisfação incomum com os serviços prestados, resultado que costuma ser alcançado sempre que o cuidado é a regra. 2. Em relação à ASSOCIAÇÃO DE PROTEÇÃO AO IDOSO VOVÓ JOANA constado como um caso de isolamento social, este situado na Rua Piauí, 1.224, apresentou-se como um exemplo de modelo social dos idosos que devem ser superados urgentemente no Brasil. No dia da visita dos pesquisados, haviam 24 idosos internado. Para o cuidado desses seres humanos alguns precisando de cuidados intensivos trabalhavam na instituição apenas três pessoas. Os idosos não possuiam qualquer programa de atividade que estimulassem a sua autonomia, não tinham privacidade alguma e, em um dos quartos, contavam com 19

17 cama. Todas as instalações inadequadas e higiene bastante precária. As únicas informações foram de valor que os familiares destes idosos deveriam pagar, na época algo superior as condições dos próprios idosos, além de que a instituição é considerada de utilidade pública. 3. Instituição VOVÔ JUQUINHA se apresentou como um ESPAÇO DE NEGLIGÊNCIA, situado na Rua Mem de Sá, 491 é uma instituição não regularizada dirigida pela senhora Madalena Dias Ferreira. No dia de nossa visita havia 14 idosos internados sendo dois dele dependentes. A Instituição é absolutamente inadequada para a internação de idosos e lhes oferece, tão somente, o leito onde dormem e as refeições. O espaço físico é formado por 4 quartos (2,3, e 5 camas),mas sala de estar e cozinha. O banheiro não recebeu qualquer das adaptações necessárias à segurança e conforto dos idosos. Verificamos infiltrações de água em várias peças. Os internos não dispõem de qualquer programa de atividades que estimulem sua independência; há carência de recursos humanos e um estado geral de negligência na atenção aos idosos. Alguns idosos afirmaram que se sentem bem e que são bem tratados. 4. ASSOCIAÇÃO CASA DE REPOUSO VOVÓ SABINA OUTROS DEPÓSITO DE IDOSO pela resposta da pesquisa. O asilo " Vovó Sabina" situado na época na Rua Joaquim Manuel de Carvalho, 481 em Curitiba, administrado pela Sra. Benita da Silva, é apenas outro depósito de idosos. No dia de nossa visita eram 12 os internos sendo que, desse total, pelo menos 4 apresentavam um quadro de dependência. A instituição não conta com funcionários. Todo o serviço é feito pelo responsável e por sua filha. Uma vez por mês, um médico oferece seus serviços à instituição em trabalho voluntário. Os internos não desenvolvem qualquer tipo de atividade e não têm privacidade. As instalações são inadequadas e não oferecem segurança ou conforto aos internos, o asilo é sustentado com as contribuições dos próprios idosos que variam de 180 a 575 reais/mês. 20

21 5. LAR AFAGO UM LUGAR DE POUCO CARINHO O asilo denominado "LarAfago" (Rua joaquim Manoel de Carvalho, 466) de Curitiba enfrenta inúmeras dificuldades e termina por reproduzir, exatamente, o modelo asilar que se pretende superar. A responsável pela instituição, dona Clarisse Maria Antunes, é atendente de enfermagem e atua na área há dois anos. No dia de nossa visita, havia 17 idosos internado, sendo que pelo menos 7 deles apresentava um quadro de dependência. Também aqui os idosos passam seus dias sem qualquer tipo de atividade que estimule sua independência. As limitações que encontramos repetem as mesmas situações já observadas na maioria das instituições visitadas pela V Caravana. Observarmos a falta de recursos humanos qualificados e constamos um quadro geral de negligência na atenção dispensada aos internos, destacadamente quanto aos necessários cuidados de saúde. Também no Lar Afago há visita de um médico uma única vez ao mês. Segundo formos informados, 6 pessoas trabalham na instituição e outras três prestam serviços voluntários. As despesas do asilo são custeadas com as aposentadorias e pensões dos idosos internados. Alguns deles chegam a pagar 400 reais/mês. Pelo que pudemos observar, os idosos recebem na instituição o mínimo necessário para que prolonguem sua existência. O Lar Afago, em verdade, não é propriamente um lugar de carinho. 6. CLÍNICA DE REPOUSO SANTA MARIA NECESSIDADE DE ADAPTAÇÕES: A Clínica de Repouso Santa Maria (Rua Rockfeller, 1.287) ainda não dispunha de licença da vigilância sanitária quando de nossa visita. Para que funcione regularmente será necessário implementar algumas reformas na estrutura física e adaptar melhor seus espaços internos. Os responsáveis pela instituições são Hilda Pereira Leite e Carlo Augusto leite que atuam na área há 13 anos. O aluguel da casa custa 3.300 reais/mês e os internos contribuem, em média, com 300 reais.

Havia 45 idosos internados na Clínica quando a visitamos. Não nos foi possível estimar o número de dependentes. São nove pessoas que trabalham na instituição sendo duas delas fisioterapêutas e uma terapeuta ocupacional. Um psicólogo, um nutricionista e um médico prestam serviços eventuais em regime de voluntariado. A cada 15 dias, a instituição organiza atividades esportivas e de lazer com os idosos. A Clínica conta com farmácia, refeitório, sala de estar, quartos com 2,3 e 4 camas e uma área externa. Aqui as visitas de familiares acontecem três vezes por semana (quartas, sábados e domingos) das 14 às 17 horas. A medicação e alguns equipamento como fraldas são adquiridos pelos familiares. Os remédios, de qualquer forma, estavam bem acondicionados. A instituição possui um esterilizados e seus prontuários estavam dentro dos padrões técnicos exigidos. 7. LAR DE UBERABA DE CIMA SUBNUTRIÇÃO E DESIDRATAÇÃO O "Lar de Uberaba de Cima" ( Rua Gabriel Passos Filho, 74) em Curitiba é uma instituição clandestina administrado pela senhora Maria Sandoval que atua na área há pouco mais de um ano. Quando de nossa visita, havia 6 idosos internados ali, todos dependentes. Para cuidar deles, há apenas uma pessoa.' Examinando os idoso, o Dr. Maurílio Pinto, médico geriatra, que acompanhou a caravana em Curitiba representando a Sociedade Brasileira e Gerontologa (SBGG), constatou sub-nutrição e desidratação dos internos, as condições gerais da instituição, de fato, são sub-humanas. Os idosos não realizam qualquer atividade e estão em regime de isolamento social. Toda a parte física da instituição é inadequada, há casos de infiltração e a higiene é precária. Faltam recursos humanos elementares para a devida atenção a idosos dependentes. O quadro geral é de negligência e abandono. 8. LAR BOM SOSSEGO UM BOM EXEMPLO DE CASA-LAR A última visita em Curitiba nos reservou a agradável surpresa de descobrir um modelo de "Casa-Lar", uma das formas alternativas ao modelo asilar, funcionando e muito bem. O Lar Bom Sossego, situado no jardim Paranaense (Rua Campo Mourão, 200) é uma boa instituição. 22

A responsável, dona Rita de Cássia de Paula, possui curso de cuidadores de idosos e atua na há 9 anos. A instituição é uma Casa onde estão internados 6 idosos convivendo em um regime que faz lembrar um tipo de estrutura familiar. Três pessoas trabalham ali. Quando de nossa visita, foi possível perceber que algumas crianças da família da responsável interagem positivamente com os idosos o que possibilitou o desenvolvimento de relações afetuosas bastante sensíveis e importantes tanto para os idosos quanto para as crianças. O Lar Bom Sossego recusa-se a abrigar mais idosos, embora tivesse espaço físico para tanto. A responsável afirma que se aceitasse novas internações não teria mais condições de cuidar bem de todos, consciência que atesta uma notável diferença diante daqueles administradores que fazem questões de superlotar suas casas como forma de aumentar sua receita. 23 [...] Há que se questionar, também, a postura daqueles que, diante das necessidades de cuidados a serem dispensados a um idoso no âmbito de sua família, optam pela sua internação e um asilo. Essa prática, encontrada não apenas entre as famílias mais carentes, mas também entre família de classe média e alta, estrutura-se sobre a noção de que aquele idoso transformou-se em um "estorvo. É preciso, então "livrar-se dele". Ora, parece evidente o quanto tal posição revela a respeito de determinada insensibilidade moderna. Nos Asilos que visitamos, recolhemos dezenas de histórias que dão conta da maldades que nossas tradições parecem amparar. Os idosos com quem conversamos desejavam, acima de tudo, estar no convívio dos seus, repartir com seus filhos e netos a vida que ainda pulsa e, quando falam neles, era possível notar que seus olhos brilhavam. Porque razão vamos continuar admitindo que os mais jovens privem os idosos desse brilho (DEPUTADO FEDERAL MARCOS ROLIM, 2002). A de se questionar frente a essa pesquisa realizada, que muitas famílias diante da necessidade de cuidados especiais, optaram por uma internação ou um asilo. Isso ocorre mesmo atualmente e não somente em famílias carentes, mas em famílias de classe média e alta. A palavra estorvo muitas vezes designada ao idoso que está dentro do lar da família ainda, denota insensibilidade moderna. Na pesquisa acima citada, também foi constatadas histórias de maldades que muitas pessoas parecem amparar através de tradições. Outra pesquisa realizada pelo Ipardes: [...] O perfil dos idosos abrigado de Curitiba nas ILPI pesquisados, 50,4% são homens e 49,6% mulheres. O grupo etário mais representativo é o de 80 anos e mais, participando com 27% do total, sendo aproximadamente

17% mulheres e 10% homens. Este é o único grupo etário com maioria de mulheres. Os grupos de 65 a 69, 70 e 75 a 70 anos são uniformes, totalizando cada um, aproximadamente, 14% dos internos. Chama a atenção que 18% dos internos possuem idade inferior a 60 anos, pesquisa realizada em novembro de 2006 e novembro de 2007, pesquisa de campo - IPARDES. Existem situações de internamento realizados por ordem judicial, e foram relatados vários casos de inadequações de internos aos perfil das ILPI. A articulação das políticas públicas deveria garantir o acompanhamento e o acesso a centros que ofereça tratamento especializados às pessoas que não se enquadram ao perfil de atendimento a ILPI (2008, p.109). 24 Estes Relatos transcritos mostrou uma realidade pouca conhecida pelos Curitibanos, e pela população em geral do Brasil, entende-se que é um desafio para todos aqueles que diretamente ou indiretamente trabalham com essa realidade de abandono nas Casas Asilares ou hospitais. O relatório da Caravana e do IPARDES apresentou a ideia de como os idosos estão sendo tratado ainda hoje, como vivem e sofrem com as diversas formas de violência, contudo, cabe as autoridades envolvidas desenvolver uma forma de proteger os idosos dessas diversas violências, criando redes de proteção respeitando a Política Nacional de Proteção ao Idoso. Dados do Disque Idoso do Paraná de janeiro a março de 2012 mostram a covardia com os idosos, em que apresentaram 7.253 denúncias e as principais violações são: negligência no cuidado, violação psicológica e física, abuso financeiro. Quanto ao abandono em hospitais não se tem dados concretos que revelem essa triste realidade. O Disque Idoso Paraná tem registrado somente 7 (sete) situações, as quais estão relatadas a seguir: 1. o ) Denúncia A assistente social Leonilda, do Hospital San Julian de Piraquara, quer denunciara abandono de familiar idoso no hospital. O idoso deu entrada no hospital em companhia de um amigo, para tratamento de alcoolismo; não tem endereço do idoso e nem familiares, somente telefone, por meio do qual entrou em contato com os familiares, somente telefone, por meio do qual entrou em contato com os familiares, os quais se recusam a buscá-lo ou se responsabilizar por ele; disseram que pode fazer o que quiserem, mas não o querem. Ele é separado da esposa e os filhos e parente o renegam. Os parentes são de Curitiba, mas o Hospital é em Piraquara, e recebeu alta hospitalar, mas não pode sair sozinho por estar demenciado.

Orientação do Disque Idoso A profissional foi orientada que já a família o renega, até que a Justiça seja acionada para chamar os responsáveis, a prefeitura de Piraquara deverá ser acionada para retirar o idoso do Hospital e abriga-lo. 2. o ) Denúncia A sra. Sidneide e a sra. Letícia são enfermeira do CENTRO MUNICIPAL DE URGÊNCIAS MÉDICAS (CMUM) do Cajuru, relata que a sra. Adelaide dos Reis de 60 anos, foi achada na rodovia que a sra. Adelaide, está desorientada, não sabe muito bem nem que é, não sabe nome de parentes nem de endereço; perguntam o que deve fazer, pois a sra.; Adelaide tem que sair daquele local. Orientação do Disque Idosos As enfermeiras foram orientadas que devem ligar para o (SAV Idoso) O Serviço de Atendimento a Vitimizados em domicílio, solicitando a averiguação de parentes, se não acharem, a própria FAS deverá levá-la em alguma casa de apoio ou de acolhida para abrigá-la. 3. o ) Denúncia Patricia Toniolo, enfermeira do (CMUM)-Cajuru, ligou pedindo orientação de como proceder no caso em que a família abandonou um idoso de 82 anos no centro de atendimento. Disse que o paciente estava em alta, mas ao tentar contato com a esposa do mesmo que o deixou no local, verificou que os telefones não atendiam e estava desligado e que não possui o endereço da mesma. Disse que já havia encontrado uma vaga hospitalar para o mesmo, mas só poderia fazer a internação se houvesse acompanhamento família. Orientação do Disque Idoso Foi Orientada a fazer contato com a FAS para que seja providenciado uma ILPI para acomodar o idoso até que seja feita contato com os familiares. 4. o ) Denúncia Erica Reischalt, com 66 anos, busca através do serviço disque idoso do Paraná, orientação de como proceder com uma idosa abandonada no Hospital e que reside no município de Santa Rita no estado do Rio Grande do Sul, que vem sofrendo maus-tratos e agressões física por parte da neta. E gostaria de saber o que existe no seu município para poder encaminhar a situação apresentada. Orientação do Disque Idoso foi repassado o número da lei que criou o Estatuto do Idosos. 25

5. o ) Denúncia av. Cristiane Leal Soares, com 45 anos, mora no Estado do Acre no município de Rio Branco, obteve o telefone do serviço disque idoso do Paraná, através do serviço 102. Gostaria de denunciar o caso de uma idosa com 90 anos que encontra-se internada no prontos socorro da cidade há de dias. Sente que a idosa está sendo negligenciada tanto por parte da saúde pública quanto pelos familiares Gostaria de Saber como denunciar. Orientação do Disque Idoso informada que estava falando com um serviço prestado pelo Governo de Estado do Paraná. Orientada que deverá procurar a Secretaria de Assistência social do Município. Repassado o telefone e endereço do Ministério Público para que pudesse registras a denúncia de abandono. 6. o ) Em data 26/01/2011 o Disque Idoso Paraná recebeu denuncia de negligência que sofre o Sr. José de 65 anos. Denuncia feita pelo CEMUN informa que o idoso foi internado porque teve abstinência por ser estilista que é o consumo excessivo de bebidas alcoólicas ao ponto que este comportamento interfere na vida pessoal, familiar, social ou profissional da pessoa. O alcoolismo pode potencialmente resultar em condições (doenças) psicológicas e fisiológicas, assim como, por fim, na morte. A internação foi dia 15/12/2010 e no dia 21/12/2010 teve alta, mas os familiares não compareceram ao Pronto Atendimento para a retirada do idoso. O CEMUN entrou em contato com o filho do idoso o Sr. Júnior para que fosse retirado o idoso e este falou que ia mas não foi. O filho foi orientado que não adianta o idoso ficar no hospital porque isso é normal pelo idoso ser alcoolista e não tem retorno a uma vida normal por estar avançado e que ele já esta em estado bom para voltar para casa. O idoso mora numa pensão sozinho pois o filho diz que quando ele morava com a família e bebia eles sofriam muito e não querem o idoso por perto, o idoso é separado da esposa e o filho Júnior mora com a mãe e não querem o idoso morando com eles. Relatam que podem até dar assistência mas longe deles o CEMEN não liberou o idoso para ir sozinho para casa pois ele tem dificuldades para se locomover e 26

algumas vezes faz confusões e esquece algumas coisas que são os efeitos da bebida, o Disque Idoso do Paraná enviou a denúncia à FAS. 7. o ) Denúncia Denunciante relata que o Sr. Balvino tem 72 anos, mora sozinho mas as filhas moram próximas, mesmos assim o deixam completamente abandonado. Nesse Momento o idoso foi abandonado pelos familiares no Hospital Nossa Senhora das Graças, no Bairro Mercês. No período em que o idoso esteve internado, nenhum dos familiares o acompanhou. O idoso teve alta nesta manhã, dia 16/10/09, por mais que o Hospital tenha tentado contato com a filha Viviam, esta se recusa comparecer diz que não pode e que talvez na próxima semana vá buscá-lo. Relata denunciante que isto tem acontecido todas as vezes que o idoso e internado. Relatante com que o Sr. Balvino é diabético a muitos anos, com vários comprometimentos em sua saúde por causa da diabetes, no início foi por auto negligência, mas hoje em dia já é por negligência dos familiares por causa das suas deficiência ocasionados pelo diabete: só tem 30 ou 40% da visão; os dedos dos pés já foram amputados; tem uma ferida crônica em um dos pés que necessita de troca de curativos diários; e os pior, está sofrendo alucinações, por isto não consegue mais gerenciar sua própria vida, estando com comprometimento neurológico ocasionando distúrbios de personalidade. O profissional que está fazendo esta denúncia, pede sigilo de sua pessoa e explica que está tomando medida porque a situação de negligência dos familiares vem se agravando mais e mais, conforme o agravamento da saúde do idoso. Denunciante relata que o idoso se apresenta sempre muito sujo, demostrando falta de higiene muito grande, e sempre está com algum pacote de bolacha escondido em suas roupas. Que os filhos quando lhe fornecem algum alimento é inadequado à sua saúde. Relata que o idoso tem uma diarista que o ajuda algumas vezes, mas já várias foram embora, não aguentam muito tempo, porque acabam tendo que cuidar dele também. Talvez a diarista vá buscar o idoso amanhã no hospital porque os filhos recusam. Informa que os filhos todos de boa condição financeira, segundo um é advogado e outro trabalha em Banco. 27

O disque Idoso através da senhora Dulce Darot deu continuidade ao atendimento procurando intervir na solicitação sobre a negligência e abandono do idosos pelos seus familiares. Família que abandonem o idoso em hospitais e casa de saúde, sem dar respaldo para suas necessidades básicas, podem ser condenadas a penas de seis meses a três anos de detenção e multa, para os casos de idosos submetidos a condições desumanas, privados de alimentação e de cuidados indispensáveis, a pena para os responsáveis é de dois meses a uma ano de prisão, além de multa. Se houver a morte do idoso, a punição será de 4 a 12 anos de reclusão em conformidade com o artigo 98 e 99 da lei 10.741 de 1. o de outubro de 2003, as famílias precisam lembrar que abandonar seus idosos e uma pratica cruel, a sociedade quando esconde o idoso, ela não que ser ver no idoso, e desde a antiguidade até os dias atuais a sociedade cuida com esse problema com invisibilidade e preciso que se tenha política de educação com envelhecimento, o idoso tem que ter o carinho da família sendo essenciais para o seu conforto e qualquer tipo de acompanhamento. 28

29 3 FUNDAMENTOS DA DIGNIDADE DO SER HUMANO A Constituição Federal Brasileira de 1988 no seu artigo 1. o inciso III garante todos, uma dignidade enquanto pessoa humana, devendo ser preservada em todas as fases da vida do indivíduo, dentre os direitos sociais está elencado a assistência aos desamparados, assim como a proteção à velhice. 3.1 O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA ART. 1. o, INCISO III DA CF/88 Na Grécia Antiga Edipo na mitologia grega, era um rei que tinha casado com sua mãe e matado o seu pai, o que poucos conhecem e que Edipo teve filhos, teve uma filha Antigona, era a filha que guiava o pai no final da vida. Antigona continuou cuidando da família, após a morte do seu pai, dois do seu irmão entram em guerra e um irmão mata o outro e proíbe que o corpo do seu irmão seja velado e enterrado, surge antigona e diz: "A Lei dos Homens não e superior a lei dos deuses", a direitos que pertence aos seres humanos, a lei que não pode contrariar a natureza humana, a coisas que o ser humano não pode tirar o que e inerente ao ser humano, pelo simples fato de ser humano. A Dignidade da pessoa no contexto internacional está no primeiro artigo da constituição brasileira, portuguesa, alemã e na declaração do direito do homem, a dignidade da pessoa humana deve se interpretado a partir do primeiro artigo e inciso III, a pessoa tem valor superior ao objeto, a pessoa não deve ser tratada como objeto, não deve a pessoa ser equiparada a coisa. Sobre esse conceito de liberdade de Kant discorrer Salgado (1995, p.244): A liberdade que caracteriza a pessoa e a torna fim em si mesma, ela é fim em si mesma porque não se submete a outras leis senão aquelas que dá a si mesma e o bem maior e o único direito inato no ser racional e que por, deve ser distribuído igualmente; justo é, pois para Kant, tudo o que promove a liberdade, o governo de si mesmo para si mesmo; injusto, o que impede a liberdade que se realiza segundo as leis universais. Sarlet (2007, p.62) conceitua dignidade da pessoa humana: Temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva reconhecida em cada ser humano que o faz merecedor do respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, nesse sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra a todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano