PARVOVIROSE CANINA: PERFIL HEMATOLÓGICO E DIAGNÓSTICO MOLECULAR

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Transcrição:

PARVOVIROSE CANINA: PERFIL HEMATOLÓGICO E DIAGNÓSTICO MOLECULAR Modalidade: ( ) Ensino ( X ) Pesquisa ( ) Extensão Nível: ( ) Médio ( X ) Superior ( ) Pós-graduação Área: ( ) Química ( ) Informática ( X ) Ciências Agrárias ( ) Educação ( ) Multidisciplinar Ana Paula da Veiga ARGUS 1, Jamile Jeannie CAOVILA 2, Kyola Sthefanie CAMARGO 2, Hiago de Oliveira CARLOS 2, Andressa Fernanda KUNZ 3, Elisabete TAKIUCHI 3, André Luis Fachini de SOUZA 4, Marlise Pompeo CLAUS 4. 1 Discente do curso de Medicina Veterinária do IFC campus Araquari, 2 Médica Veterinária 3 Discente do Programa de Pós Graduação em Ciência Animal PPPGCA/UFPR Setor Palotina, 4 Docente do Curso de Medicina Veterinária da UFPR, Introdução O parvovírus canino tipo 2 (CPV-2) é o agente etiológico da parvovirose, pertence a família Parvoviridae, gênero Parvovirus (ICTV, 2015). É responsável por uma doença infecto-contagiosa com mortalidade considerável de cães até os dois anos de idade. Desde o seu surgimento, já foram identificadas três variantes denominados CPV-2a, CPV-2b e CPV- 2c. Estudos que vinham sendo conduzidos no Brasil indicavam uma maior prevalência do CPV-2b, entretanto, atualmente o CPV-2c vem assumindo um importante papel na epidemiologia das infecções por parvovírus canino, principalmente em animais adultos e com histórico de vacinação (Martela et al., 2004; Decaro et al., 2007; Streck et al., 2009). Este trabalho teve como objetivo, detectar o CPV-2 em fezes de animais suspeitos de parvovirose através da reação em cadeia pela polimerase (PCR) e analisar o perfil hematológico desses animais no curso clínico da doença. Material e Métodos As amostras biológicas de fezes foram coletadas em clínicas veterinárias particulares localizadas no estado de Santa Catarina e armazenadas a 4 C até o seu processamento. A coleta de fezes se deu por defecação espontânea. A amostra de sangue total foi obtida por venopunção da veia jugular ou cefálica e acondicionada em tubo de ensaio com anticoagulante. As amostras processadas em Joinville foram realizadas através do equipamento automatizado ABX-60 e também pela observação microscópica do esfregaço em lâmina. Em Jaraguá do Sul, as amostras foram analisadas pelo o equipamento da IDEXX ProCyte Dx. Para a extração de ácido nucleico foi realizada a associação das técnicas fenolclorofórmio-álcool isoamílico (25:24:1) e da sílica/isotiocianato de guanidina (Sambrook et al., 1989; Boom et al., 1990), com modificações descritas por Alfieri et al., (2006). Para a PCR foi utilizado o par de primers 555for: 5 CAGGAAGATATCCAGAAGGA 3 e 555rev:

5 GGTGCTAGTTGATATGTAATAAACA 3 (Buonavoglia et al., 2001) para a amplificação de segmento de 583 pb do gene VP2 (nt 4003 a 4585). A amplificação foi realizada em termociclador e a análise dos fragmentos de DNA amplificado foi efetuada após eletroforese em gel de agarose 2% contendo solução de brometo de etídio e visualização sob luz UV. Resultados e discussão Foram avaliadas um total de 5 amostras pareadas de fezes e sangue total. A análise dos exames hematológicos evidenciou leucopenia em 2 pacientes, neutropenia em 3 e linfopenia em um. Durante a fase de recuperação é possível observar leucocitose, como observado em 1 amostra. Dois pacientes apresentaram anemia, provavelmente decorrente da perda sanguínea intestinal (Flores, 2012). A anemia normocítica/normocrômica evidencia uma anemia arregenerativa, que pode ser decorrente de hemorragia e hemólise aguda sem tempo para a resposta, associada à deficiência de ferro. Nota-se trombocitopenia em cerca de 50% dos pacientes com deficiência de ferro. Os animais com anemia não regenerativa simultaneamente a neutropenia e trombocitopenia apresentam lesão da célula tronco reversível ou irreversível (Thrall et al., 2014). Em uma amostra foi evidenciado anemia associada à trombocitopenia. A partir do material genético extraído das fezes foi possível a amplificação de um produto de 583 pb na PCR. As amostras foram provenientes de animais exibindo sinais clínicos relacionados a gastroenterite com diferentes idades, raças, esquema de vacinação e presença de contactantes, conforme apresentado na tabela 1. Tabela 1 Avaliação das amostras em relação a raça, idade, contactantes, vacinação e resultado da PCR. Município Amostra Raça Idade Contactantes Vacinação PCR Jaraguá do Sul 1 SRD 11 meses Não Completa Positiva Jaraguá do Sul 2 SRD 4 meses Sim Incompleta Positiva Jaraguá do Sul 3 Pequinês 1 ano e 2 meses Sim Completa(Não ética) Positiva Joinville 4 Poodle 13 anos e 4 meses Não informado Incompleta Positiva Joinville 5 SRD 2 meses Não informado Não realizada Positiva A carga viral eliminada nas fezes varia ao longo da enfermidade. O período em que ocorre maior eliminação é entre 4 a 14 dias após a infecção. A eliminação propriamente dita

do vírus se inicia aproximadamente em 4 dias após a infecção e tem sua maior eliminação quando o animal começa a manifestar os sinais clínicos característicos da parvovirose (Mason, 1999; Schultz et al., 2008). É de suma importância, fazer a coleta de fezes para o diagnóstico laboratorial no momento em que o animal estiver apresentando os sinais clínicos, pois a chance de estar eliminando o vírus é maior. Além disso, não se pode descartar a possibilidade da presença de outros agentes virais responsáveis pelo complexo gastroenterite hemorrágica. A utilização de kits de diagnóstico rápido utilizado na rotina clínica, como o snap test, detecta as seguintes cepas: CPV-1, CPV-2, CPV-2a, CPV-2b e CPV-2c. A técnica molecular utilizada nesse estudo, embora de alta sensibilidade e especificidade, assim como o snap test, não permite identificar qual a variante do CPV-2 está sendo identificada. Para tanto, será realizado o sequenciamento genético dos fragmentos amplificados na PCR desse estudo. É importante ressaltar a detecção da variante CPV-2c relacionada a quadros de gastroenterite hemorrágica em cães jovens vacinados ou não e também em animais com idade superior a dois anos que apresentam esquema de vacinação completo (Decaro et al., 2006, 2008; Rolim et al., 2014). Têm sido sugerido que a vacina baseada no tipo-2 é eficaz contra as variantes que estão atualmente em circulação no campo (Wilson et al., 2014). Entretanto, recentes estudos epidemiológicos e moleculares envolvendo a presença do CPV-2c em amostras biológicas provenientes de animais vacinados, levanta o questionamento da eficácia das vacinas atualmente utilizadas para a proteção do desafio de campo (Calderon et al., 2009; Streck et al., 2009; Pinto et al., 2012). O CPV-2c foi detectado em amostras de fezes provenientes de cães que apresentaram sinais clínicos de diarreia, indicando que esse vírus está circulando na população canina do Brasil, sendo o principal tipo de CPV que circulou no Brasil entre os anos 2008 a 2010 (Streck et al., 2009; Pinto et al., 2012). Devido a esse novo perfil epidemiológico observado nas infecções pelo CPV-2, em especial com o envolvimento da variante CPV-2c, é fundamental que estudos que identifiquem a presença desse vírus continuem a serem desenvolvidos e divulgados. Conclusão

Este trabalho demonstrou a ocorrência de parvovirose canina, tanto em animais jovens como em animais adultos, sem ou com esquemas de vacinações completos. Estudos recentes apontam a importância epidemiológica dessa variante nesses casos. Dessa maneira, os resultados indicam a possibilidade da variante CPV-2c estar envolvida e estudos envolvendo o sequenciamento genético estão sendo encaminhados. Referências ALFIERI, A.A.; PARAZZI, M.E.; TAKIUCHI, E.; MEDICI, K.C.; ALFIERI, A.F. Frequency of group A rotavirus in diarrhoeic calves in Brazilian cattle herds, 1998-2002. Tropical Animal Health and Production, v.38, p.521-526, 2006. BUONAVOGLIA, C.; MARTELLA, V.; PRATELLI, A.; TEMPESTA, M.; CAVALLI, A.; BUONAVOGLIA, D.; BOZZO, G.; ELIA, G.; DECARO, N.; CARMICHAEL, L. E. Evidence for evolution of canine parvovirus type-2 in Italy. Journal of General Virology, v.82, p.3021 3025, 2001. BOOM, R.; SOL, C.J.A.; SALIMANS, M.M.M.; JANSEN C.L.; WERTHEIM-VAN DILLEN, P.M.E.; NOORDAA-VAN DER, J. Rapid and simple method for purification of nucleic acids. Journal of Clinical Microbiology, v.28, p.495-503, 1990. CALDERON, M. G.; MATTION, N.; BUCAFUSCO, D.; FOGEL, F.; REMORINI, P.; TORRE, J. L. Molecular characterization of canine parvovirus strains in Argentina: Detection of the pathogenic variant CPV2c in vaccinated dogs, v.159, p. 141-145, 2009. DECARO, N.; MARTELLA, V.; DESARIO, C.; BELLACICCO, A. L.; CAMERO, M.; MANNA, L.; D.; ALOJA, D.; BUONAVOGLIA, C. First detection of canine parvovirus type 2c in pups with haemorrhagic enteritis in Spain. Journal of Veterinary Medical Science, v.53, p.468-472, 2006. DECARO, N.; DESARIO, C.; ELIA, G.; CAMPOLO, M.; LORUSSO, E.; MARI, V.; MARTELLA, V.; BUONAVOGLIA, C. Occurrence of severe gastroenteritis in pups after canine parvovirus vaccine administration: a clinical and laboratory diagnostic dilemma. Vaccine, v. 25, p. 1161-1166, 2007. DECARO, N.; DESARIO, C.; ELIA, G.; MARTELLA, V.; MARI, V.; LAVAZZA, A.; NARDI, M. & BUONAVOGLIA C. Evidence for immunisation failure in vaccinated adult dogs infected with canine parvovirus type 2c. New Microbiologica, v.31 p.125-130, 2008. FLORES, E. F. 2012.Virologia Veterinária. Santa Maria: Editora UFSM, 1007p. ICTV International Comittee on Taxonomy of Viruses. Virus Taxonomy: 2015 Release. Disponível em: <http://ictvonline.org/virustaxonomy. asp>. Acesso em: 01 de abril de 2016. MARTELLA, V.; CAVALLI, A.; PRATELLI, A.; BOZZO, G.; CAMERO, M.; BUONAVOGLIA, D.; NARCISI, D.; TEMPESTA, M.; BUONAVOGLIA, C. A canine

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