Everson Vieria dos Santos Prof. Dr. Uniritter everson_santos@uniritter.edu.br. Lisiane de Souza Nunes Moura Estatística UFRGS lisiane.moura@ufrgs.



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Transcrição:

Isenção Fiscal sobre os Produtos do Cesto Básico da Região Metropolitana de Porto Alegre Everson Vieria dos Santos Prof. Dr. Uniritter everson_santos@uniritter.edu.br Lisiane de Souza Nunes Moura Estatística UFRGS lisiane.moura@ufrgs.br Resumo: O presente trabalho buscou verificar o efeito da isenção tributária federal concedida pela Medida Provisória 609 de março de 2013, sobre os preços de alguns produtos que compõem o Cesto Básico, logo após da implementação de tal medida econômica. Para alcançar tal objetivo, aplicaram-se testes para verificar se os dados utilizados no trabalho seguiam uma distribuição normal. Após esta constatação, foram aplicados testes de hipóteses de " t-student" para comparar os preços médios semanais dos produtos pesquisados na Região Metropolitana de Porto Alegre pelo Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Foram realizadas comparações entre a primeira semana de março de 2013, mês no qual não vigorava ainda a isenção tributária, com as oito semanas imediatamente seguintes à referida semana, ou seja, depois da implementação da medida provisória federal. Além dos testes aplicados para comparação das médias semanais, observou-se a expectativa do governo federal e do setor de supermercados em relação ao repasse da isenção fiscal federal aos preços pagos pelos consumidores. Também foram abordados os conceitos tributários de justiça fiscal e social em relação à medida econômica. 1 Introdução No dia internacional da mulher de 2013, em rede nacional, a presidente Dilma Rousseff, anunciou à Nação que o governo federal retiraria os tributos federais incidentes sobre os preços dos produtos da Cesta Básica, os quais poderiam representar reduções de até 12,5% em alguns casos. A defesa de isenção fiscal sobre produtos que compõem o Cesto Básico é uma bandeira de luta de muitos a longa data, uma vez que camadas menos aquinhoadas da população brasileira seriam beneficiadas, através da valorização do seu poder de compra. Até março de 2013, vários produtos do Cesto Básico já eram isentos de tributos ou tinham sua alíquota reduzida. Com a Medida Provisória 609, o governo federal objetivou reduzir as alíquotas dos tributos federias do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Programa de Integração Social (PIS) e Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social 1

(COFINS) incidentes sobre o preço de dezesseis produtos do Cesto Básico, mas na verdade o número de produtos atingidos por esta medida é maior, em função da contemplação de grupos de produtos, como por exemplo, as carnes, legumes e as frutas. A medida foi lançada num momento em que a inflação estava trazendo para o cenário brasileiro a preocupação com relação ao alcance da meta inflacionaria de 2013 (meta de 4,5%). Neste sentido, a medida fiscal deveria contribuir para evitar o avanço da inflação, pelo menos nos grupos contemplados com esta medida econômica. O governo federal, principalmente a presidente, entendia que esta medida fiscal iria significar uma redução nos preços dos produtos do Cesto Básico nos mesmos percentuais que foram concedidas as isenções aos respectivos produtos, ou algo próximo a eles. A pasta dental e os sabonetes sofreram uma redução de 12,5%, por exemplo. Ao mesmo tempo em que anunciou a isenção fiscal ao País, a presidente comunicou que haveria, por parte do governo, a adoção de medidas de fiscalização sobre as empresas ou setores beneficiados com esta medida. Conforme Sanson (1991, p.108), poderá haver dois efeitos decorrentes da isenção tributária, o primeiro implicaria em redução imediata do preço de venda, uma vez que o tributo está embutido no preço. Já o segundo, a isenção redundará em aumento de rentabilidade das empresas. Ressalta-se que os preços de mercado podem sofrer influência de outros fatores, além da isenção fiscal, como estiagem, chuvas, concorrência, renda do consumidor e outros que acabam determinando reduções ou aumentos no nível dos preços. Deseja-se saber se a medida de isenção de IPI, PIS, PASEP e Cofins foi realmente efetiva para a redução dos preços dos produtos do Cesto Básico após sua implementação, ou seja, se o consumidor foi realmente beneficiado por esta medida com um custo de aquisição menor nos produtos contemplados por esta isenção fiscal. O presente trabalho pretende contribuir na configuração de uma resposta para este questionamento utilizando os preços pesquisados na Região Metropolitana de Porto Alegre para Cesto Básico e para o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Enfatiza-se que a variação de preços no mercado pode sofrer outros tipos de influencia inerentes ao mercado, além da isenção tributária. Na seção 2, apresenta-se a Medida Provisória do Governo, com a relação de produtos pertencentes ao Cesto Básico que foram isentos de tributações. Também discute-se o efeito esperado desta medida econômica pelo Governo, bem como pelo setor de supermercados. Na seção 3, é apresentado o modelo teórico-estatístico utilizado neste trabalho, seguido da análise dos resultados encontrados. Por fim, apresentam-se as considerações finais. 2 Isenção Fiscal sobre produtos do Cesto Básico A questão social em torno da isenção fiscal sobre os produtos do Cesto Básico já vem de longa data, tanto é que vários produtos básicos contam com

isenção tributária federal. A novidade refere-se aos produtos de higiene pessoal. A política social de cunho tributário da Medida Provisória nº 609 de 08 de março de 2013, que visa contribuir para redução dos preços de comercialização dos produtos do Cesto Básico, tem o seguinte teor: Reduz a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP, da COFINS, da Contribuição para o PIS/PASEP-Importação e da COFINS-Importação incidentes sobre a receita decorrente da venda no mercado interno e sobre a importação de produtos que compõem a cesta básica, e dá outras providências. A Presidência da República, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 62 da Constituição, adotou a referida Medida Provisória com força de lei para alterar Leis referentes à aplicação da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI, na qual as alíquotas dos produtos mencionados passaram a ser zero. Os produtos contemplados pela isenção fiscal do governo federal estão no Quadro 1, a seguir. Quadro 1: Lista de produtos do Cesto Básico contemplados do MP 609. Produtos PIS-PASEP-Cofins IPI De Para De Para Carnes (bovina, suína, aves, peixes, ovinos e caprinos) 9,25% 0% 0% 0% Café 9,25% 0% 0% 0% Óleo 9,25% 0% 0% 0% Manteiga 9,25% 0% 0% 0% Açúcar 9,25% 0% 5% 0% Papel higiênico 9,25% 0% 0% 0% Pasta de dentes 12,5% 0% 0% 0% Sabonete 12,5% 0% 5% 0% Leite essencial 0% 0% 0% 0% Feijão 0% 0% 0% 0% Arroz 0% 0% 0% 0% Farinha de trigo ou massa 0% 0% 0% 0% Batata 0% 0% 0% 0% Legumes 0% 0% 0% 0% Pão 0% 0% 0% 0% Frutas 0% 0% 0% 0% Fonte: Medida Provisória 609/2013 A Medida Provisória determina uma redução nas alíquotas dos tributos dos seguintes produtos: carnes (bovina,suína,aves,ovinos e caprinos) café, açúcar, óleo de soja, manteiga, papel higiênico,pasta dental e sabonete. Produtos tradicionais no Cesto Básico tais como leite, arroz, feijão, farinha de trigo, massa, batata, legumes, pão e frutas, já eram isentos de tributação federal. Se desagregarmos os grupos mencionados acima como carnes por corte, legumes e frutas, o número de produtos cresce substancialmente. O efeito desta medida econômica abrange 64 produtos.

Produtos de higiene pessoal, como o sabonete, a pasta de dente e o papel higiênico não eram considerados essenciais para que tivessem este tratamento tributário. A partir de então, passam ser considerados como indispensáveis e compõem a lista de isenção fiscal. O trabalho de Santos (2011, p.121) que estimou o peso tributário do ICMS, PIS, COFINS e IPI sobre os preços finais dos produtos do Cesto Básico da Região Metropolitana de Porto Alegre, nos produtos industrializados de limpeza e higiene pessoal, a carga tributária participava entre 20% e 30% do preço final deste rol de produtos. Em reunião no dia 11 de março de 2013 com Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), o Ministro da Fazenda enfatizou que o Governo espera que os efeitos oriundos da medida tributária cheguem depressa às prateleiras dos supermercados, frisando o beneficio da política para população de baixa renda. Naquele momento, as grandes redes supermercadistas do País, assumiram o compromisso de repassar integralmente as reduções de preços decorrentes das desonerações tributárias. (Revista Superhiper, p. 315) Segundo Portugal (2013, jan-mar, p.12) os resultados da desoneração do Cesto Básico provavelmente sejam bastante modestos em termos de redução de preços, uma vez que vários produtos desonerados já não pagavam qualquer imposto federal e pelos preços serem determinados via mercado. Argumenta que a existência de demanda excessiva pode fazer com que uma parte significativa da redução tributária se transforme em elevação de margem de lucro das empresas e não em redução de preços. Segundo a Revista Superhiper de março de 2013, (R. Superhiper p.315) a isenção tributária sobre os produtos do Cesto Básico se constitui em uma reivindicação há décadas dos supermercados, sobretudo por terminar com o tratamento diferenciado concedido mais recentemente à comercialização das carnes desde 2009. Ainda segundo esta fonte, (Revista Superhiper, pag.312) a Lei 12.058/09 aprovada em outubro daquele ano, desonerou os frigoríficos do pagamento de PIS e COFINS, porém continuou a cobrar das redes de supermercados estes tributos, dos quais podiam contar com um crédito presumido de 3,7% para abater de suas compras deste produtos. Assim, com a Medida Provisória nº 609/13, toda cadeia produtiva da carne passa a ser desonerada, eliminando o tratamento tributário diferenciado concedido à apenas um elo de produção deste setor. O trabalho de Santos (2011, p.123) argumentou que alimentos relevantes na dieta do consumidor como a carne de bovina e de frango deveriam contar com isenção tributária, uma vez que a carga tributária representava 17,32% do preço final das referidas carnes em dezembro de 2008. No sistema brasileiro predominam os tributos sobre o consumo, uma vez que estes apresentam maior eficiência fiscal, gerando com maior capacidade as receitas públicas. No entanto, têm um significativo efeito sobre a formação dos preços, a distribuição de renda, os investimentos e sobre a eficiência produtiva da economia (Friedrich, 2002, p.11).

Segundo Gouvêa (1999, p.91) a verdadeira função da tributação indireta é a gravação equitativa da faixa de consumo acima da de subsistência em relação às receitas tributárias nacionais, que deve ser desonerada ao máximo por uma taxação baixa ou pela isenção pura e simples. A medida econômica da isenção tributária pode ser vista como política de promoção de justiça social distributiva, uma vez que abarca os princípios de capacidade contributiva e de seletividade de produto. Entende-se por princípio de seletividade a situação que quanto menor for a essencialidade de um produto maior deverá ser a alíquota e quanto maior for a essencialidade de um produto menor deverá ser a alíquota incidente sobre ele. Por este princípio, os produtos contemplados pela isenção fiscal fazem jus ao tratamento tributário que receberam, uma vez que tratam-se de produtos necessários à sobrevivência biológica e social do ser humano. Segundo Ferreira (2006, p.99), uma possível isenção sobre os produtos alimentares poderia representar uma possível solução para as políticas públicas de combate à pobreza e/ou a distribuição de renda. Também, ressalta-se que a tributação sobre o consumo das classes sociais de menor poder aquisitivo é classificada como sendo uma tributação regressiva, uma vez que as despesas desta classe com alimentação são elevadas em relação a sua renda, ao contrário, do que acontece nas classes socais mais elevadas da população. De acordo com Rezende (1993, p.11), o sistema de tributação sobre o consumo é altamente regressivo, e em 1975, o ônus relativo suportado pelas famílias menos aquinhoadas era duas vezes mais elevado que ônus que recai sobre as famílias com rendimentos mais elevados. Depreende-se daí que se a desoneração for repassada por todas as cadeias produtiva e chegar efetivamente às prateleiras dos supermercados, então, somente assim, o consumidor poderá se beneficiar desta Medida Provisória. Além destes aspectos ressaltados, enfatiza-se ainda que a isenção fiscal irá permitir uma redução de custos de produção em todos os níveis de mercado, podendo contribuir na elevação dos níveis de produção e geração de emprego. O ônus da tributação é realçado por Santos (2011, p. 133) que estimou que do custo total de R$ 688,00 do Cesto Básico da Região Metropolitana de Porto Alegre em dezembro de 2008, 18,89% deste custo correspondeu às despesas com tributação. Ainda, segundo o autor (Santos, p.134) a carga tributária incidente sobre os preços dos referidos produtos representou 31,32% do salário mínimo brasileiro vigente na época. No âmbito da estabilização econômica, segundo a equipe econômica do governo, a redução tributária contribuiria para reduzir em até 0,6 pontos percentuais a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no ano de 2013. A inflação acumulada medida pelo IPCA até início de março era de 1,47% e o acumulado nos últimos doze meses, até fevereiro, alcançava 6,31%.

De acordo as estimativas do Departamento de Economia e Pesquisa da Associação Brasileira de Supermercados, a desoneração tributária iria gerar uma redução de preços da ordem de 7%, gerando um impacto de 0,43 pontos percentuais no IPCA do ano de 2013. (Boletim de Economia nº 26 da ABRAS, p. 7). O resultado da inflação para o acumulado nos últimos dozes meses vinha se mostrando preocupante para o governo, uma vez que desde junho de 2012, o IPCA estava avançando gradualmente, como pode ser visto no quadro 2. Diante de tais circunstâncias, pode-se imaginar que a medida de redução fiscal não tenha tido objetivo unicamente social de melhorar as condições de consumo das classes mais pobres, mas de servir como uma medida econômica de controle inflacionário. Quadro 2: Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho de 2012 a março de 2013. Data IPCA mensal (%) Acumulado 12 meses (%) JUN/12 0,08 4,92 JUL 0,43 5,20 AGO 0,41 5,24 SET 0,57 5,28 OUT 0,59 5,45 NOV 0,60 5,53 DEZ 0,79 5,84 JAN/13 0,86 6,15 FEV 0,60 6,31 MAR 0,47 6,59 ABR 0,55 6,49 MAI 0,37 6,50 JUN 0,26 6,70 JUL 0,03 6,27 AGO 0,24 6,09 SET 0,35 5,86 OUT 0,57 5,84 NOV 0,54 5,77 DEZ/13 0,92 5,91 Fonte: IBGE Observa-se no quadro 2, que no mês do lançamento da medida provisória, a expectativa do governo federal quanto à desaceleração inflacionária, aparentemente, foi atendida, quando o IPCA registrou uma inflação de 0,47%, menor em 0,13 ponto percentual em relação a inflação de fevereiro (0,60%). Foi um modesto recuo. No mês seguinte à medida econômica, o indicador de inflação se apresentou um pouco acima do patamar de março, no entanto, de maio a julho de 2013 houve um recuou na taxa de crescimento e a partir daí, voltou a crescer, ciclo que se estendeu até dezembro. Segundo tributarista da ABRAS, (Revista Superhiper, Mar/13. p.312) a medida provisória poderia demorar alguns dias para surtir todo o efeito esperado, uma vez que existe um reflexo da reposição dos estoques e de sistemas operacionais das empresas.

O acumulado nos doze meses atingiu o pico em junho de 2013 e depois iniciou uma intendência de queda até o final do ano. De acordo com Portugal (2013, abril-junho, p,12) em abril e maio de 2013 a inflação acumulada em doze meses interrompeu a tendência de elevação que vinha sendo observada desde junho de 2012. Aponta que os preços de alimentos estão apresentando desaceleração na medida em que as deflações observadas nos preços no atacado, desde o início do ano, começam a se transmitir, lenta e parcialmente, para o varejo. 3 Modelo Teórico e Estatístico Como já mencionado anteriormente, o objetivo do trabalho foi de verificar se ocorreram reduções nos preços médios dos produtos básicos depois da implementação da isenção fiscal na Grande Porto Alegre. Para tal fim, a técnica estatística recomendada é a aplicação do teste t-student de comparação de médias para amostras pareadas, o qual é um teste paramétrico. Os testes de hipótese são técnicas estatísticas que permitem, com uma margem de erro, tomar a decisão de aceitar ou refutar afirmações realizadas sobre populações, com base em informações amostrais. O teste t-student referido é indicado quando as amostras não são independentes, são pequenas e tem desvio padrão populacional desconhecido. A análise consiste em tomarmos as diferenças de preços produto a produto nos períodos comparados e testar se a diferença média é significativamente diferente de zero (Freud & Simon, 2000, p.229). As diferenças foram tomadas do preço no período final menos o preço no período inicial, ou seja, diferença negativa significa que o preço final é menor que o inicial e diferença positiva implica o inverso. Como o interesse principal está em identificar diferenças negativas, o teste foi aplicado para hipótese unilateral inferior como apresentado na Figura 1. As hipóteses do teste estão a seguir. Figura 1: Região Crítica do teste t-student unilateral inferior Fonte: Elaborado pelos autores. Para aplicar um teste estatístico é necessário fixar um nível de significância (α), que é a probabilidade de se rejeitar a hipótese nula, dada que ela é verdadeira. Uma abordagem para a verificação da decisão do teste é

observar o p-valor. O p-valor indica a probabilidade de ocorrer valores da estatística do teste mais extremos do que o observado, sob a hipótese de ser verdadeira. Comparando o p-valor com o nível de significância temos que se o p-valor for inferior a α a hipótese nula deve ser rejeitada e se for superior a hipótese nula não deve ser rejeitada (deve ser aceita). (Morettin & Bussab, 2012, p. 348) Antes de podermos utilizar o teste t-student, recomenda-se verificar se a pressuposição de que os preços seguem uma Distribuição Normal é atendida. Para tal verificação foi aplicado o teste de Kolmogorov-Smirnov, que é um teste de hipóteses não-paramétrico, portanto não há pressuposições a serem verificadas ou atendidas. Sua hipótese é de que os dados provém de uma população cuja distribuição de probabilidade é Normal versos a hipótese de que os dados não provém desta população. (Siegel & Castellan, 2006, p.169-177) Na maioria dos testes estatísticos a hipótese de interesse é a hipótese alternativa, sendo a intenção do pesquisador rejeitar a hipótese nula. Para rejeitar a hipótese nula o resultado do teste deve ser significativo, ou seja, o p- valor deve ser menor do que o nível de significância (α), como comentado anteriormente. Já este teste, que verifica a pressuposição de normalidade (Kolmogorov-Smirnov), segue uma lógica invertida. Como a hipótese nula, nesta situação, revela nosso interesse, então deseja-se que esta não seja rejeitada, ou seja, o p-valor deve ser maior do que o nível de significância estipulado para que tenhamos a pressuposição atendida. 4 Resultados dos Testes Os resultados do teste de Kolmogorov-Smirnov apontaram que os preços podem ser considerados provenientes de uma população cuja distribuição de probabilidade é Normal para todos os produtos, à exceção do Papel Higiênico e da Pasta Dental. Portanto para estes dois produtos não foram realizados os testes t-student. Em certas semanas poucos produtos apresentaram um resultado que não indicou a existência de normalidade nos dados em um período específico, porém o conhecimento a priori indica que este evento pontual não é representativo, podendo então ser realizado o teste t-student pelo que indicam os demais períodos. Os resultados dos testes t-student unilateral entre a primeira semana de março, na qual ainda não vigorava a Medida Provisória 609/13, com cada uma das oito semanas seguintes de modo individual, nas quais estavam em vigor a referida medida econômica, estão apresentados na Tabela 1. Encontram-se grifados nesta tabela os p-valores significativos para este teste (nível de significância 0,05), ou seja, situações em que o preço médio reduziu em relação a primeira semana de março de 2013.

Tabela 1: P-valor do teste t-student unilateral inferior para amostras pareadas da 1ª semana de março de 2014 com a semana indicada na coluna Produtos 2ª semana de março de 2013 3ª semana de março de 2013 4ª semana de março de 2013 1ª semana de abril de 2013 2ª semana de abril de 2013 3ª semana de abril de 2013 4ª semana de abril de 2013 1ª semana de maio de 2013 Arroz Agulha 0,1995 0,9487 0,0389 0,0101 0,0003 0,0003 0,0001 0,0000 Batata Inglesa 0,9786 0,6394 0,4882 0,9271 0,9874 0,9278 1,0000 0,9997 Feijão Preto 0,9266 0,7428 0,1031 0,2630 0,5475 0,7091 0,9940 0,9999 Farinha de Trigo 0,5765 0,9988 0,0754 0,4813 0,6730 0,9591 0,9632 0,9932 Pãezinhos 0,8322 0,9130 0,0431 0,0431 0,0840 0,0411 0,0824 0,5019 Pão de Forma de Leite 0,5000 0,9512 0,1442 0,1588 0,3380 0,7343 0,8038 0,8032 Pão de Centeio 0,9411 0,7049 0,3090 0,2374 0,1842 0,7115 0,5536 0,8057 Massa com Ovos 0,3688 0,9353 0,0551 0,0685 0,1254 0,3277 0,2186 0,2592 Carne Bovina Filé Mignon 0,9507 0,6305 0,1424 0,0560 0,0745 0,0533 0,0381 0,0351 Carne Bovina Alcatra 0,3255 0,8365 0,0746 0,0417 0,0221 0,0483 0,0286 0,0210 Carne Bovina Coxão de Fora 0,3677 0,5456 0,4790 0,5158 0,1008 0,0516 0,2497 0,4722 Carne Bovina Coxão de Dentro 0,3230 0,6784 0,5285 0,2529 0,3186 0,2390 0,1989 0,4433 Carne Bovina Patinho 0,9674 0,8982 0,7771 0,9251 0,7891 0,8542 0,8971 0,8982 Carne Bovina Chuleta 0,1017 0,9897 0,0172 0,0337 0,0157 0,0089 0,0044 0,0029 Carne Bovina Costela 0,0205 0,7116 0,4560 0,6228 0,3906 0,4868 0,5594 0,7096 Carne Bovina Paleta 0,6868 0,6759 0,0586 0,0263 0,0475 0,0352 0,0303 0,0304 Carne Moída 1ª 0,6598 0,6474 0,3520 0,2289 0,2163 0,3356 0,4775 0,6627 Carne Moída 2ª 0,1438 0,6728 0,4335 0,2413 0,1656 0,0769 0,1674 0,2013 Carne de Porco Pernil 0,3166 0,9392 0,0610 0,0145 0,0112 0,0035 0,0109 0,2449 Carne de Porco Paleta 0,7918 0,8701 0,0542 0,2904 0,2607 0,5826 0,7829 0,4771 Carne de Porco Costela 0,4659 0,9752 0,0171 0,0122 0,0243 0,0247 0,0525 0,0711 Carne de Porco Lombinho 0,8296 0,9739 0,9450 0,7834 0,7649 0,6996 0,7955 0,8602 Carne de Frango 0,2458 0,9901 0,0195 0,0231 0,0017 0,0130 0,0381 0,0692 Carne de Frango Coxa/Sobrecoxa 0,6265 0,8119 0,1023 0,0336 0,0112 0,0075 0,0458 0,1067 Coração de Frango 0,8158 0,8845 0,7539 0,7194 0,7712 0,9108 0,8126 0,9122 Filé de Peixe 0,3703 0,8461 0,0616 0,0916 0,1940 0,2267 0,4880 0,7155 Óleo de Soja 0,6843 0,7182 0,1720 0,0378 0,0038 0,0079 0,0003 0,0000 Leite Natural Tipo C - 0,7826 0,7272 0,8964 0,8691 0,9798 0,9760 0,9806 Leite Natural Tipo B - 0,8220 0,1780 0,1780 0,3911 0,5628 0,5628 0,7540 Leite Longa Vida Integral 0,5986 0,5370 0,9126 0,9992 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 Manteiga 0,9171 0,9664 0,8450 0,9101 0,7742 0,8911 0,7564 0,6663 Alho 0,2587 0,8880 0,1905 0,3105 0,5429 0,9208 0,8032 0,7177 Cebola 0,9997 0,9758 0,9939 0,9983 0,9995 1,0000 1,0000 1,0000 Agrião 0,7088 0,7985 0,3873 0,2774 0,4427 0,4774 0,2622 0,1908 Alface 0,9977 0,9686 0,9355 0,9449 0,9383 0,9260 0,9694 0,9286 Batata Doce 0,0445 0,9328 0,0844 0,0567 0,0980 0,0015 0,0003 0,0105 Cenoura 0,9744 0,9992 0,9993 0,9947 0,9984 1,0000 1,0000 1,0000 Couve 0,9125 0,9044 0,9367 0,9926 0,9982 0,9513 0,9479 0,9794 Couve-Flor 0,8936 0,8255 0,8232 0,7995 0,2636 0,1295 0,1557 0,4491 Aipim 0,1620 0,8582 0,0042 0,0054 0,0031 0,0012 0,0001 0,0000 Repolho 0,3139 0,8065 0,2895 0,1844 0,2468 0,1805 0,1533 0,0694 Tempero Verde 0,8713 0,6469 0,3900 0,6505 0,6482 0,2557 0,0963 0,2632 Tomate 0,7125 0,9924 0,1206 0,4113 0,0089 0,0001 0,0000 0,0002 Beterraba 0,9986 0,9991 0,9797 0,9835 0,9966 0,9998 0,9999 1,0000 Pimentão 0,0248 0,7657 0,9937 0,9997 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 Chuchu 0,0869 0,9856 0,0352 0,0021 0,0014 0,0001 0,0000 0,0000 Milho Verde 0,9671 0,9727 0,9710 0,9113 0,9074 0,5468 0,9379 0,9537 Pepino 0,9042 0,7345 0,1288 0,0235 0,0049 0,0003 0,0001 0,0007 Vagem 0,9998 0,9878 0,9921 0,9294 0,7242 0,1619 0,1154 0,0657 Abóbora de Pescoço 0,0889 0,8540 0,9414 0,8721 0,9125 0,8868 0,8875 0,8861 Moranga 0,5149 0,5354 0,6837 0,5000 0,1801 0,0727 0,0848 0,0703 Mamão 0,7152 0,9284 0,8890 0,9444 0,9830 0,9990 0,9967 0,7024 Banana 0,1012 0,8259 0,1450 0,2391 0,5862 0,9306 0,9665 0,9919 Maçã 0,9946 0,8432 0,8472 0,6180 0,8276 0,6608 0,5016 0,5083 Abacaxi 0,1695 0,7611 0,9465 0,9865 0,9941 0,9954 0,9958 0,9838

Bergamota 0,1152 0,5730 0,5188 0,2722 0,1746 0,1276 0,0817 0,0460 Moranguinho 0,9007 0,9973 0,9985 0,9987 0,9985 0,9904 0,9958 0,9999 Pera 0,1243 0,6306 0,4538 0,5593 0,7359 0,5646 0,5113 0,4803 Uva 0,9958 0,9992 0,9667 0,9996 0,9894 0,9998 0,9998 1,0000 Laranja 0,2182 0,9682 0,0346 0,0227 0,0342 0,0431 0,0308 0,0334 Limão 0,1044 0,5141 0,8255 0,7097 0,5894 0,0433 0,2324 0,0763 Açúcar Refinado 0,1613 0,5483 0,4229 0,0012 0,0034 0,0020 0,0000 0,0000 Açúcar Cristal 0,0931 0,7057 0,0609 0,0106 0,0000 0,0046 0,0043 0,0012 Café em Pó - Moído 0,1757 0,9724 0,0028 0,1138 0,0129 0,0311 0,0010 0,0005 Sabonete 0,6631 0,6014 0,1105 0,2229 0,2192 0,4203 0,2798 0,6736 Fonte: Elaborado pelos autores, com base na pesquisa realizada. Observação: o símbolo "-" da tabela indica que não foi possível realizar o teste devido ao fato de não haver variabilidade nos dados. Todas as comparações foram realizadas em relação ao primeiro período (primeira semana de março), portanto eventos sequenciais não tem relação entre si. Dois períodos de baixa representam períodos de preços menores em relação à primeira semana de março de 2013 e não necessariamente duas diminuições de preços consecutivas. Pela tabela 1, observa-se que os produtos que tiveram seus preços reduzidos mais rapidamente em relação à primeira semana de março de 2013 foram: o arroz agulha, a carne bovina chuleta, a carne de porco costela, a carne de frango, o aipim, o chuchu, a laranja e o café em pó, pois apresentaram diferença significativa na diferença dos preços. Os produtos carne bovina filé mignon, carne bovina alcatra, carne bovina paleta, carne de porco pernil, frango coxa/sobrecoxa, óleo de soja, batata doce, tomate, pepino, açúcar refinado e açúcar cristal apresentaram diferença significativa na diferença dos preços dos produtos a partir de um determinado período e seguiram apresentando esta diferença nos períodos seguintes, indicando que a baixa de preços se manteve. Observa-se que os demais produtos não apresentaram diminuição significativa na média dos preços. Um dos padrões comportamentais observado foi na terceira semana de março, que não ocorreu nenhuma diminuição significativa nos preços. Estas podem ser notadas mais frequentemente a partir da quarta semana de março para os produtos que vieram a apresentar diferença. Do total dos produtos submetidos aos testes de hipóteses, somente vinte produtos apresentaram diferenças significativas nas suas médias semanais em algum período dos testes. 5 Considerações Finais. Considerou-se relevante a implementação da Medida Provisória 609/13, que desonerou a carga tributária federal sobre alguns produtos do Cesto Básico, uma vez que as cadeias produtivas dos referidos produtos poderão ter seus custos de produção reduzidos, como também os custos de contratação de profissionais da área tributária para cumprir suas obrigações de contribuintes.

Os benefícios da isenção fiscal poderão ser aproveitados também pelo consumidor final, que terá seu poder de compra valorizado. No que refere à lista de produtos isentos de tributação, fica a sugestão de ampliação do rol de produtos a serem beneficiados por estes tipos de medida, tais como margarina, sal, vinagre de álcool, absorventes, lâmina de barbear, sabão em barra, sabão em pó, detergente liquido e shampoo. Nos materiais de limpeza e higiene poderiam se eleger as marcas populares para concessão deste benefício. A isenção tributária poderia ser extensiva aos tributos estaduais, principalmente para o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), no entanto ressalta-se que alguns produtos como "in natura" já contam com esta isenção. Quanto aos resultados dos testes de hipóteses aplicados, somente no papel higiênico e na pasta dental não podê-se aplicar o teste "t-sdutend", uma vez que os dados de preços não apresentaram resultado afirmativo para o teste de Normalidade de Kolmogorov-Smirnov. Os produtos arroz agulha, carne bovina chuleta, carne de porco costela, carne de frango, aipim, chuchu, laranja e café em pó apresentaram diferença significativa na média dos preços a partir da quarta semana de março, ou seja, tiveram reduções nos seus preços médios. Outros produtos como carne bovina (alcatra e paleta), carne de porco pernil, carne de frango coxa/sobre coxa, óleo de soja, pepino, açúcar refinado e cristal reduziram seus preços a partir da primeira semana de abril de 2013, pela diferença significativa apresentada. O tomate somente veio a ter diferença significativa na segunda semana de abril. Os demais produtos não apresentaram diminuição significativa na média dos preços. Apenas 31,25% dos produtos básicos submetidos aos testes de hipóteses apontaram reduções de preços em alguma das semanas posteriores à primeira semana de março de 2013, ou seja, a semana que ainda vigoravam os tributos federais. Ressalta-se que produtos de origem agrícola têm seus preços determinado pelo mercado e estão sujeitos às mudanças de comportamento da oferta e da demanda. Estes efeitos ocasionados pelo mercado podem inibir ou reduzir o resultado esperado pela sociedade da implementação da isenção tributária federal. Referencias Bibliográficas BOLETIM DE ECONOMIA. Março/13. Associação Brasileira de Supermercados. http://abrasnet.com.br/edicoesanteriores/main.php?magid=7&magno=107. (acesso em 02/09/14) 8p. FERREIRA, N.B. Custos Tributários, Carga Tributária e sua Estimativa no Brasil. Porto Alegre. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade

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