1 PRESSÃO ARTERIAL SISTÊMICA DE COELHOS NOVA ZELÂNDIA, NÃO SEDADOS, POR DOIS MÉTODOS NÃO INVASIVOS Ana Paula Araujo COSTA 1 ; Priscilla Regina NASCIUTTI 1 ; Thaiz Krawczyk dos SANTOS 2 ; Nayara Gonçalves de MELO 2 ; Evelyn Mayara de Sousa PINTO 2 ; Jéssica Rodrigues VIEIRA 2 ; Rosângela de Oliveira Alves CARVALHO 3 1 Doutorandas em Ciência Animal, Escola de Veterinária e Zootecnia, UFG, hananinha@gmail.com 2 Graduandas em Medicina Veterinária, Escola de Veterinária e Zootecnia, UFG 3 Prof. Dra. Clínica Médica de Pequenos Animais, Escola de Veterinária e Zootecnia, UFG Resumo Foram comparados dois métodos não-invasivos de medida da pressão arterial, o Doppler vascular e o Oscilométrico (PetMap ), com o objetivo de estabelecer parâmetros adequados para os coelhos. Para tal, foram utilizados 20 coelhos, machos, albinos da raça Nova Zelândia. Em cada animal, procedeu-se a mensuração da pressão arterial por meio do Doppler vascular e, em seguida, pelo método oscilométrico, sem sedação do animal e sendo esse contido em decúbito esternal. Obteve-se pressão sistólica média de 107,8±9,61mmHg ao Doppler vascular e de 134±22,56mmHg ao método oscilométrico, sendo os coeficientes de variação 8,91% e 16,83%, respectivamente. Pode-se concluir que o método mais indicado para aferir a pressão de coelhos, por apresentar menos variações, é o Doppler Vascular. Palavras-chave: Oryctolagus cuniculus, Petmap, Doppler Keywords: Oryctolagus cuniculus, Petmap, Doppler Introdução Os animais de companhia conquistaram espaço na vida do ser humano, e essa convivência trouxe benefícios para o bem-estar e saúde física e mental dos proprietários. Dentre esses, os animais exóticos como coelhos (Oryctolagus cuniculus), por serem interativos, dóceis e curiosos, destacam-se na escolha para a criação em pequenos ambientes, que vem crescendo muito nos últimos anos (BÚZIO, 2008). Como todos os outros animais de estimação, os coelhos também precisam de acompanhamento veterinário, já que estão sujeitos a apresentarem doenças como ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0406
2 infecções bacterianas, ectoparasitas, cardiopatias, dentre outras enfermidades (PEREIRA, 2002). Por este motivo, torna-se tão importante o conhecimento dos parâmetros fisiológicos desses animais, como por exemplo a pressão arterial. A pressão sanguínea arterial pode ser avaliada tanto por métodos invasivos (diretos), quanto por métodos não-invasivos (indiretos). Apesar de os métodos diretos serem precisos, eles são pouco utilizados na prática clínica, devido às dificuldades da técnica (PORCIELLO et al., 2004). Os métodos indiretos são mais práticos por poderem ser repetidos em pequenos intervalos de tempo (CABRAL et al, 2010). Dentro os métodos não-invasivos pode-se citar o Doppler vascular e o esfigmomanômetro oscilométrico. Tendo em vista a importância da mensuração da pressão arterial para avaliação do sistema cardiovascular, torna-se necessário conhecer os parâmetros normais dos coelhos e verificar qual método é o mais adequado para espécie. O objetivo deste trabalho foi portanto, comparar dois métodos não-invasivos, o oscilométrico e o Doppler vascular, para aferição da pressão arterial de coelhos. Materiais e Métodos Esse estudo foi realizado utilizando 20 coelhos machos adultos, albinos, da raça Nova Zelândia. Os animais foram submetidos a avalição clínica e laboratorial para confirmação de sua higidez e alojados no Biotério da EVZ-UFG em gaiolas individuais com livre acesso a ração e água e temperatura ambiente controlada em 24ºC. Os parâmetros de pressão arterial, por meio de Doppler vascular e aparelho oscilométrico, foram obtidos com os animais sem sedação e apenas contidos com auxílio de uma toalha e em decúbito esternal. Todos os procedimentos foram previamente aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais da UFG sob o protocolo número 006/14. A pressão arterial utilizando-se o método Doppler, foi mensurada utilizando aparelho Parks Medical Ultrasonic Doppler 812 (Parks Medical, Estados Unidos) e esfigmomanômetro Henik Gamma G5 (Heine, Alemanha). Em um ambiente tranquilo e climatizado os coelhos foram contidos em decúbito esternal sobre uma mesa, tendo o manguito do aparelho acoplado na posição distal do rádio e ulna direitos e posicionamento do transdutor sob a região das artérias palmares comuns, próximo às articulações dos carpos com metacarpos. A circunferência do membro locomotor de cada animal foi mensurada para determinação do comprimento e largura ideais ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0407
3 do manguito (largura=40% da circunferência do membro e comprimento=1,5 vezes a circunferência do membro). O manguito foi colocado no nível do átrio direto (HENIK et al,. 2005; BROWN et al., 2007). Em cada avaliação, foram obtidas cinco tomadas consecutivas da pressão arterial sistólica (PAS) de cada animal, descartando as duas mais discrepantes. O valor final de cada um desses parâmetros foi representado pela média aritmética das três mensurações restantes (BROWN et al., 2007). Após a mensuração da pressão arterial pelo método Doppler, utilizou-se o método Oscilométrico (PetMap, Ramsey Medical Inc., Estados Unidos). Após o aparelho ter sido ligado, este foi conectado ao mesmo manguito utilizado para aferição com método Doppler, então, realizou-se, a mensuração da pressão. Em cada avaliação, foram obtidas cinco tomadas consecutivas das pressões arteriais sistólica (PAS), diastólica (PAD), média (PAM) e da frequência cardíaca de cada animal, descartando a menor e a maior mensuração e sendo o valor final a média aritmética das três aferições (HENIK et al,. 2005; BROWN et al., 2007). As mensurações foram realizadas por uma única operadora para minimizar a variação individual. Resultados e Discussão O grupo em estudo era composto de 20 coelhos, adultos, albinos da raça Nova Zelândia. Utilizando-se o método Doppler, obteve-se média de 107,8±9,61mmHg de pressão sistólica e coeficiente de variação de 8,91%. A pressão sistólica mínima dentro o grupo estudado foi de 94mmHg e a máxima de 130mmHg. Na mensuração com o método oscilométrico obteve-se pressão sistólica de 134±22,56mmHg e coeficiente de variação de 16,83%, sendo a pressão sistólica mínima de 103,33mmHg e a máxima de 212,67mmHg. A média de pressão diastólica do grupo foi de 78,5±15,22mmHg e coeficiente de variação de 16,83%, sendo a pressão diastólica mínima de 55mmHg e a máxima de 124,33mmHg. Já a média encontrada para a pressão arterial média foi de 98,4±16,37mmHg e coeficiente de variação de 16,62%, sendo a PAM mínima de 81,33mmHg e máxima de 145,67mmHg. A diferença entre as médias do grupo de pressão sistólica, obtida pelos dois métodos testados foi de 26mmHg. À semelhança do que foi demonstrado nesse estudo, Rosa et al. (2013), ao comparar os dois métodos de mensuração de pressão em coelhos, verificaram que os parâmetros de pressão sistólica obtidos no PetMap são superestimados, já que apenas 8,3% dos valores obtidos estavam dentro dos 20mmHg de margem de erro. ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0408
4 Enquanto que pelo método Doppler, 100% dos dados estavam dentro do limite de 20mmHg. Apesar dos dados do estudo de Rosa et al. (2013), já terem fornecido informações acerca de qual método mais se aproxima do invasivo para aferir a pressão sistólica de coelhos, o presente estudo acrescenta novos dados, já que nesse os animais foram avaliados em decúbito esternal e no primeiro em decúbito lateral. A utilização do decúbito esternal permitiu que o animais ficassem mais tranquilos e colaborassem com as avaliações realizadas. Tebaldi et al. 2012, alertam para o fato de diferenças na mensuração da pressão sistólica de acordo com o decúbito do paciente. Em animais em decúbito lateral os valores são menores quando comparados ao decúbito esternal, ressaltando a importância do conhecimento dos valores normais nos dois decúbitos. Pariaut (2009), cita pressão sistólica de coelhos, mensurada por Doppler, variando entre 120-180mmHg em ambiente hospitalar, porém não descreve o decúbito utilizado. Conclusões A pressão sistólica dos coelhos desse estudo foi 107,8±9,61mmHg pelo método Doppler e134±22,56mmhg ao método oscilométrico. Avaliando os resultados obtidos pode-se concluir que o método Doppler é o mais indicado para mensuração da pressão sistólica em coelhos. No entanto, o método oscilométrico pode apresenta-se como uma boa ferramenta para estimar valores de pressão diastólica e pressão arterial média, dados não obtidos pelo método Doppler. Considerando os coelhos como animais ainda em fase de transição para animais de companhia, a utilização de métodos menos invasivos para obtenção de dados fisiológicos é de grande importância para evitar situações de estresse, desnecessárias, minimizando a possibilidade superestimação de valores. Referências BROWN, S.; ATKINS, C.; BAGLEY, R.; CARR, A.; COWGILL, L.; DAVIDSON, M.; EGNER, B.; ELLIOTT, J.; HENIK, R.; LABATO, M.; LITTMAN, M.; POLZIN, D.; ROSS, L.; SNYDER, P.; STEPIEN, R. Guidelines for the identification, evaluation, and management of systemic hypertension in dogs and cats. Journal of Veterinary Internal Medicine, Philadelphia, v.21, n.1, p.542-558, 2007. BÚZIO, J. Coelhos. Mamíferos exóticos. Mundo dos animais. n.6, p.72-77, 2008. ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0409
5 CABRAL, R. R. et al. Valores da pressão arterial em cães pelos métodos oscilométrico e Doppler vascular. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v.62, n.1, p.64-71, 2010 HENIK, R.A.; DOLSON, M.K.; WENHOLZ, L.J. How to obtain a blood pressure measurement. Clinical techniques in small animal practice. Madison, 2005. v.20, n.3 p.144-150. PARIAUT, R. Cardiovascular physiology and diseases of the rabbit. The veterinary clinics of North America. Exotic animal practice, Philadelphia, v. 12, p. 135-144, 2009. PEREIRA, A. M. Principais Doenças dos Coelhos. Animais de Laboratório criação e experimentação. 20ed, p105-113, 2002. PORCIELLO, F.; BIRETTONI, F.; CONTI, M.B. et al. Blood pressure measurements in dogs and horses using the oscillometric technique: personal observations. Veterinary Research Communication, Amsterdam, v.28, p.367-369, 2004. ROSA, F. A.; NOGUEIRA, S. S. S.; GERING, A. P.; HEKER, M. M.; GAVA, F. N.; ZACCHE; E.; CAMACHO, A. A. Comparative study of arterial blood pressure obtained by different non-invasive methods in non-sedated New Zealand White rabbits. Journal of Veterinary Internal Medicine, Philadelphia, v. 27, p. 604-756, 2013. TEBALDI, M.; LOURENÇO, M. L. G.; MACHADO, L. H. A.; SUDANO, M. J.; CARVALHO, L. R. Estudo da pressão arterial pelo método indireto oscilométrico (petmap) em cães domésticos não anestesiados. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v. 64, n. 6, p. 1456-1464, 2012. ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0410