Ano 1, Boletim 2 Maio de 2010 UM RETRATO DA COBERTURA DE PRÉ-NATAL NA CIDADE DE SÃO PAULO À LUZ DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO SOBRE NASCIDOS VIVOS Apresentação O principal objetivo do pré-natal é que a gravidez chegue ao final com o bebê e gestante saudáveis. Portanto, assegurar um pré-natal com início precoce e com uma frequência satisfatória de representa importante componente da assistência à saúde da gestante e do recém-nascido. Estudos identificam diversos fatores de risco, biológicos e sociais, para a saúde da gestante e do recém-nascido, tais como a morbidade materna (hipertensão arterial, diabetes mellitus, sífilis e outras infecções), a idade da gestante, sua escolaridade, além de determinantes comportamentais, ambientais e exclusão social. A Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo tem como uma de suas prioridades dentro da política municipal de saúde, não só ampliar o acesso das gestantes às de pré-natal e aumentar a sua frequência, mas também melhorar a qualidade da atenção no pré-natal. Em relação às metas estabelecidas no Pacto pela Saúde pela SMS para o indicador proporção de nascidos vivos de mães com sete ou mais de pré-natal, o município de São Paulo pactuou, para os anos de 2010 e 2011, 74,9% e 76,1%, respectivamente. As informações oriundas do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) são utilizadas para a elaboração de estudos epidemiológicos, ações de vigilância à saúde, obtenção de indicadores epidemiológicos, entre os quais a proporção de gestantes que realizaram sete ou mais de pré-natal. Além disso, o SINASC é uma base de dados populacional que contém os registros de todos os nascidos vivos de uma determinada região, independente do local de atendimento, permitindo que sejam obtidas informações sobre nascimentos ocorridos em hospitais da rede própria do SUS ou conveniados SUS e em hospitais particulares não contratados pelo SUS. Para este Boletim foram analisadas as informações sobre de pré-natal da base de dados do SINASC referentes aos nascidos vivos de mães residentes na cidade de São Paulo, cujos partos 1 ocorreram no próprio município no período de 2001 a 2009. Foram efetuadas comparações da proporção de de pré-natal das gestantes atendidas em hospitais do SUS ou conveniados SUS e nos hospitais não SUS, para caracterizar os diferentes segmentos. Não se pretende avaliar a qualidade da atenção, mas apresentar indicadores quantitativos que possibilitem um retrato da cobertura de pré-natal na cidade de São Paulo. Entre 2001 a 2009, a proporção média de nascimentos ocorridos em estabelecimentos de saúde do SUS ou conveniados SUS foi de 63,2%, nos particulares 36,5% e em domicílios, 0,3%. 1 Segundo dados do Registro Civil a proporção de nascidos vivos de mães residentes no município de São Paulo cujos partos ocorreram em outros municípios foi 4,3%, em 2008.
Página 2 Ano 1, Boletim 2 Maio de 2010 A série histórica dos nascidos vivos de mães residentes no município ( Tabela 1) mostra que, no período de 2001 a 2009, houve aumento da proporção de gestantes que realizaram pré-natal adequado de 50,8% para 74% e redução do pré-natal inadequado (menos de sete ) no mesmo período, de 39% para 25,9%. Vale destacar a melhoria na qualidade das informações do SINASC, evidenciada pela diminuição da proporção de nascimentos sem a informação do número de : de 10,1% em 2001 para 0,1% em 2009. No Gráfico 1 observa-se evolução do número de, com ascensão da proporção de gestantes com sete e mais. Pré-natal de gestantes usuárias dos estabelecimentos SUS e conveniados com o SUS Pré-natal de gestantes com partos realizados em estabelecimentos privados não contratados SUS Entre as gestantes que realizaram partos em hospitais privados, observou-se um aumento da proporção de pré-natal adequado de 73,6% em 2001 para 91,6% em 2009, conforme Tabela 3. Provavelmente parte dessa elevação pode ser atribuída ao melhor preenchimento, do campo 28 da Declaração de Nascido Vivo (número de de pré-natal realizadas) cuja ausência de informação reduziu de 15,6% em 2001 para 0,1% em 2009, nestes estabelecimentos. Perfil das gestantes, recémnascidos e condição do parto Entre os partos realizados em estabelecimentos de saúde do SUS ou conveniados SUS aumentou a proporção das mães com pré-natal adequado de 38,9% em 2001 para 63,3% em 2009. Também foi observada neste período melhora da qualidade da informação, reduzindo de 7,2% para 0,1% das declarações de nascidos vivos (DN) sem esta informação ( Tabela 2). Cabe ressaltar que entre os nascidos vivos de partos ocorridos em hospitais do SUS, em cerca de 2.000 DN por ano as mães informaram que não haviam feito nenhuma consulta de pré-natal. Com a finalidade de mostrar a situação dos 96 Distritos Administrativos do município em relação à realização do número adequado de de prénatal, foi feita análise considerando apenas os partos ocorridos em estabelecimentos do SUS e conveniados SUS. No Mapa 1, observa-se que em 84 distritos mais de 50% das mães tiveram um pré-natal adequado, sendo que em 15 deles esta proporção foi superior a 70%. A Tabela 4 apresenta a proporção de de pré-natal segundo características das gestantes em estabelecimentos SUS e conveniados SUS, privados (não SUS) além do total de nascidos vivos de residentes no município. Relacionando os nascidos vivos a termo (37 semanas de gestação ou mais) com o número adequado de pré-natal e a natureza do hospital onde ocorreu o parto, observou-se que na rede SUS, o percentual de pré-natal adequado foi 65,5% e nos privados 93%. Situação similar foi verificada nos nascidos vivos com peso igual ou superior a 2.500 g. De forma geral, estes dados indicam que existe alta correlação entre a duração da gestação e o peso ao nascer com as de pré-natal e que, com o aumento do tempo de gestação ocorre aumento do número de pré-natal. Analisando as variáveis raça/cor do recémnascido e pré-natal, nos partos ocorridos na rede SUS,
Página 3 Ano 1, Boletim 2 Maio de 2010 observa-se discreta diferença de proporção de prénatal adequado de mães de crianças brancas e de pardas/pretas (62,5% e 64,8%, respectivamente). Em relação aos partos ocorridos em estabelecimentos privados não SUS a proporção de pré-natal adequado foi 92,7% em nascidos vivos de raça/cor branca e 84,4% de parda/preta. Dentre os 305 nascidos vivos indígenas, 68,2 % das mães realizaram pré-natal com número de considerado inadequado. Quanto ao tipo de parto, a proporção de cesárea é mais elevada entre as mães com pré-natal adequado tanto nos nascimentos ocorridos em estabelecimentos SUS (67,3%) como nos não SUS (92,5%). As mães com maior escolaridade apresentam maior proporção de pré-natal adequado, tanto nos partos SUS como nos não SUS. Entre as mães adolescentes observa-se proporção mais elevada de pré-natal inadequado tanto nos partos SUS (42,1%) como nos não SUS (17,4%). Considerações finais A cobertura do pré-natal quantitativamente adequado na cidade de São Paulo apresentou crescimento entre 2001 e 2009. Foi possível identificar variações geográficas na cobertura do atendimento pré-natal entre as diferentes áreas do município e entre as gestantes com partos ocorridos na rede SUS e não SUS. Abordagens específicas para ampliar o acesso de gestantes com baixa escolaridade, adolescentes e outros grupos considerados prioritários mostram-se necessárias. Para contribuir na avaliação das condições de acesso e qualidade da assistência pré-natal é importante aprofundar a análise por meio da utilização de outros indicadores, tais como número de casos de sífilis congênita, mortalidade materna e infantil. A análise aqui apresentada é um diagnóstico que pode ser utilizado por gestores e técnicos da atenção básica e rede hospitalar. São necessários estudos que levem em consideração as realidades diferenciadas de cada região, para visualizar as necessidades de investimento na assistência às gestantes e recémnascidos na cidade de são Paulo. Elaboração: Eliana de Aquino Bonilha, Ana Maria Cabral de Vasconcellos Santoro, Denise Machado Barbuscia, Eneida Sanches Ramos Vico, Marina de Freitas, Margarida M T A Lira, Marcos Drumond Jr. Contato: sinasc@prefeitura.sp.gov.br O é uma publicação da - da Secretaria Municipal da Saúde. Equipe editorial: Margarida M. T. A. Lira, Michel Naffah Filho e Cassio Rogério D. Lemos Figueiredo. Projeto gráfico e editoração eletrônica: Josane Cavalheiro. Contato: smsceinfo@prefeitura.sp.gov.br. É permitida a reprodução total ou parcial, desde que citada a fonte. Clique aqui e conheça as outras publicações da
Gráfico 1: Nascidos vivos segundo número de de pré-natal e ano de nascimento. Município de São Paulo, 2001-2009 80,0 70,0 65,4 69,8 70,4 72,0 73,3 74,0 60,0 55,6 60,0 50,0 50,8 40,0 30,0 20,0 29,3 31,0 28,8 24,8 22,0 21,7 20,3 20,4 20,2 10,0 0,0 7,0 6,7 5,7 5,3 4,7 4,6 4,5 4,1 4,3 2,7 2,4 1,7 1,6 1,4 1,4 1,4 1,3 1,4 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Nenhuma 1-3 vezes 4-6 vezes 7 e + Fonte: SINASC//SMS-SP, em 30/04/2010
Mapa 1: Proporção de nascidos vivos de mães com pré-natal adequado, cujos partos ocorreram em hospitais SUS e conveniados SUS, de acordo com a Supervisão Técnica de Saúde e Distrito Administrativo de residência Município de São Paulo, 2009 Fonte: SINASC//SMS-SP, em 30/04/2010
Tabela 1: Nascidos vivos segundo número de de pré-natal e ano de nascimento Município de São Paulo, 2001-2009 Ano % menos de 7 % 7 ou mais % Sem informação Total de nascidos vivos 2001 39,0 50,8 10,1 178.456 2002 40,1 55,6 4,3 176.320 2003 36,3 60,0 3,7 174.703 2004 31,7 65,4 2,9 174.808 2005 28,1 69,8 2,1 171.565 2006 27,7 70,4 1,9 166.747 2007 26,2 72,0 1,8 164.969 2008 25,8 73,3 0,9 166.936 2009 25,9 74,0 0,1 167.306 Fonte: SINASC//SMS-SP, em 30/04/2010
Tabela 2: Nascidos vivos, segundo número de de pré-natal e ano de nascimento, de partos ocorridos em hospitais SUS ou conveniados SUS Município de São Paulo, 2001-2009 Ano % menos de 7 % 7 ou mais % Sem informação Total de nascidos vivos 2001 53,9 38,9 7,2 2002 57,6 38,1 4,3 2003 52,5 44,5 3,0 2004 45,1 52,9 2,0 2005 39,9 57,9 2,2 2006 39,6 58,2 2,3 2007 37,1 61,0 1,9 2008 37,8 61,3 1,0 2009 36,6 63,3 0,1 116.225 113.692 118.450 118.432 114.914 110.993 108.713 106.915 102.818 Fonte: SINASC//SMS-SP, em 30/04/2010
Tabela 3: Nascidos vivos, segundo número de de pré-natal e ano de nascimento, de partos ocorridos em hospitais privados (não SUS) Município de São Paulo, 2001 a 2009 Ano % menos de 7 % 7 ou mais % Sem informação Total de nascidos vivos 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 10,8 7,9 6,9 6,7 6,6 6,6 7,1 6,8 8,1 73,6 87,9 88,0 88,6 91,4 92,2 91,3 92,3 91,6 15,6 4,1 5,0 4,5 1,8 1,1 1,5 0,8 0,1 61.847 62.053 62.303 62.485 62.648 62.482 62.659 64.490 63.840 Fonte: SINASC//SMS-SP, em 30/04/2010
Tabela 4: Proporção de de pré-natal em gestantes com partos ocorridos em hospitais da rede SUS e privados (não SUS), segundo algumas características de gestantes e recém-nascidos Município de São Paulo, 2009 Variáveis Parto SUS Parto não SUS Total < 7 cons 7 cons < 7 cons 7 cons < 7 cons 7 cons Gestação até 31 sem 80,0 19,9 37,9 62,0 66,5 33,4 32 a 36 sem 54,0 45,8 18,9 81,0 40,3 59,5 37sem 34,4 65,5 6,9 93,0 24,0 75,9 Peso ao nascer <1500g 76,8 23,1 36,2 63,8 63,6 36,3 < 2500g 54,3 45,5 16,5 83,4 42,1 57,7 2500g 34,6 65,3 7,2 92,7 24,2 75,7 Raça/cor Branca 37,4 62,5 7,2 92,7 22,9 77,0 preta/parda 35,1 64,8 15,4 84,4 32,7 67,2 Amarela 66,7 32,3 5,9 94,1 25,7 74,1 Indígena 68,2 30,8 16,7 83,3 66,3 30,4 Tipo de Parto Vaginal 38,6 61,3 13,8 86,1 35,9 63,9 Cesáreo 32,6 67,3 7,4 92,5 17,0 82,9 Escolaridade Mae Nenhuma 41,8 57,8 26,9 73,1 41,5 57,6 < 8 anos 41,2 58,7 15,5 84,2 38,6 61,3 8 a 11anos 35,4 64,5 11,4 88,5 28,3 71,6 12 anos e + 28,7 71,2 4,4 95,5 8,8 91,1 Fx Etaria Mãe 19 anos 42,1 57,9 17,4 82,4 39,3 60,6 20-34 anos 35,7 64,2 8,2 91,7 24,9 75,0 35 anos e + 32,9 66,9 7,0 93,0 18,8 81,1 Fonte: SINASC//SMS-SP, em 30/04/2010