Lucca Schmidt Osellame, Márcio Rosa D Ávila(orientador) Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, PUCRS. Resumo



Documentos relacionados
RESOLUÇÃO. Artigo 3º - O Plano de Implantação, Conteúdo Programático e demais características do referido Curso constam do respectivo Processo.

MCMV-E CASA SUSTENTÁVEL PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ARQUITETÔNICO URBANÍSTICA EM GRANDE ESCALA

Política de Sustentabilidade das empresas Eletrobras

PARCERIA UNIVERSIDADE-GOVERNO COMO FONTE DE DIFUSÃO DO CONHECIMENTO PARA O MEIO PROFISSIONAL E ACADÊMICO

Diretrizes visando a melhoria de projetos e soluções construtivas na expansão de habitações de interesse social 1

Balanço do Minha Casa, Minha Vida Perspectivas para 2014

NORMAS DE DESEMPENHO: Alinhamento da Arquitetura Brasileira aos Padrões Mundiais de Projeto

CONSELHO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL CDES GT MATRIZ ENERGÉTICA PARA O DESENVOLVIMENTO COM EQUIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

ARQUITETURA E URBANISMO

Rumo à Cidade Sustentável: promovendo a sustentabilidade urbana e a qualidade de vida na produção da Habitação de Interesse Social.

Secretaria Municipal de meio Ambiente

Lições Aprendidas em Urbanizações de Favelas

PROGRAMA DE SUSTENTABILIDADE NAS UNIDADES DE SAÚDE

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CONHECENDO A COLETA SELETIVA. Categoria do projeto: II Projetos em implantação (projetos que estão em fase inicial)

HABITAR BELO HORIZONTE - HBH PROJETO HABITAR BELO HORIZONTE - OCUPANDO O CENTRO

CURSO: GESTÃO AMBIENTAL

APRESENTAÇÃO. Sistema de Gestão Ambiental - SGA & Certificação ISO SGA & ISO UMA VISÃO GERAL

CRIAÇÃO DA DISCIPLINA SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL NO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Empresa como Sistema e seus Subsistemas. Professora Cintia Caetano

NOÇÕES DE GEOPROCESSAMENTO. Módulo 3

Convenção de Condomínio para prédios verdes

CUIDAR DA TERRA ALIMENTAR A SAÚDE CULTIVAR O FUTURO

SELO CASA AZUL CAIXA. Cases empresariais - SBCS10 São Paulo, 9/NOV/2010

M ERCADO DE C A R. de captação de investimentos para os países em desenvolvimento.

EDITAL SENAI SESI DE INOVAÇÃO. Caráter inovador projeto cujo escopo ainda não possui. Complexidade das tecnologias critério de avaliação que

A Carta da Qualidade da Habitação Cooperativa (Carta) é um

Política de Sustentabilidade das Empresas Eletrobras

A importância do papel do gestor local na garantia da sustentabilidade do PMCMV

2. Função Produção/Operação/Valor Adicionado

Ideal Qualificação Profissional

Shopping Iguatemi Campinas Reciclagem

Revisão Participativa dos Instrumentos de Planejamento e Gestão da Cidade de São Paulo Volume 1

Encontro Investigação, Desenvolvimento e Inovação Lisboa, 07de Outubro de 2013

FACEMA SUSTENTÁVEL: Incorporação de educação ambiental na IES: Pedro Augusto da Silva Soares

Na medida em que se cria um produto, o sistema de software, que será usado e mantido, nos aproximamos da engenharia.

SÍNTESE PROJETO PEDAGÓGICO. Missão

Sistema de Etiquetagem Energética de Produtos Janelas. Versão 1.0 Janeiro de 2014

INDICADORES ETHOS PARA NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS E RESPONSÁVEIS

SMART GRID EM ESPAÇOS POPULARES: DESAFIOS E POSSIBILIDADES. Bolsista do PET EEEC/UFG engenheiralaura1@hotmail.com.

QUALIFICAÇÃO E PARTICIPAÇÃO DE PROFESSORES DAS UNIDADES DE ENSINO NA ELABORAÇÃO DE PROGRAMAS FORMAIS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Centro Urbano do Futuro Parcerias para a regeneração urbana

EDUCAÇÃO E PROGRESSO: A EVOLUÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO DA ESCOLA ESTADUAL ELOY PEREIRA NAS COMEMORAÇÕES DO SEU JUBILEU

INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO

INSTITUTOS SUPERIORES DE ENSINO DO CENSA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PROVIC PROGRAMA VOLUNTÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

ANEXO 2 Estrutura Modalidade 1 ELIS PMEs PRÊMIO ECO

Posição da indústria química brasileira em relação ao tema de mudança climática

Concurso Público: Prêmio Caneleiro de Arquitetura Sustentável TERMO DE REFERÊNCIA

SELO CASA AZUL CAIXA Seminário Construções Sustentáveis

Soluções Sustentáveis

Dúvidas e Esclarecimentos sobre a Proposta de Criação da RDS do Mato Verdinho/MT

ANÁLISE DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE DO PROGRAMA BRASILEIRO DE QUALIDADE E PRODUTIVIDADE DO HABITAT (PBPQ-H) REVISÃO DEZEMBRO/2012.

PROJETO MEIO AMBIENTE NA SALA DE AULA

GUIA DE CURSO. Tecnologia em Sistemas de Informação. Tecnologia em Desenvolvimento Web. Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas

PROJETO MEIO AMBIENTE NA SALA DE AULA

SEMINÁRIO HIS SUSTENTÁVEL. Projeto da Habitação de Interesse Social Sustentável. Desenho Universal

DISCIPLINA A PROBLEMÁTICA AMBIENTAL E A GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS

Consumo Consciente e Sustentabilidade. Uma estratégia para minimizar os impactos ambientais nas indústrias

QUALIVERDE. Legislação para Construções Verdes NOVEMBRO DE 2012

As soluções de janelas de guilhotina ZENDOW são a escolha adequada para obras de renovação arquitectónica.

Desenvolve Minas. Modelo de Excelência da Gestão

PLANO DIRETOR MUNICIPAL

PROPOSTA DE SEMINARIO: PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS

Eficiência energética de edificações e sua contribuição para a redução dos gases de efeito estufa

Acumuladores de Calor

Prefeitura Municipal de Jaboticabal

7 etapas para construir um Projeto Integrado de Negócios Sustentáveis de sucesso

ANEXO CHAMADA III DESENVOLVIMENTO DE AÇÕES PARA GESTÃO E AVALIAÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTADUAIS

ENERGIA E MEIO AMBIENTE Rio de Janeiro, 11 de dezembro de 2001

Flávio Ahmed CAU-RJ

Planificação anual de 3º ciclo de Educação Tecnológica 7º e 8º ano

TÍTULO: PARÂMETROS PARA ESTIMATIVA DE CUSTO - PROJETOS DE INTERESSE SOCIAL

Reabilitação do Edifício da Casa da Cultura

CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL COM BASE NOS PARÂMETROS CURRICULARES DO ESTADO DE PERNAMBUCO

METODOLOGIA DE PROMOÇÃO DA SUSTENTABILIDADE PELO GERENCIAMENTO DE PROJETOS

FORMANDO AS LIDERANÇAS DO FUTURO

Conjunto de pessoas que formam a força de trabalho das empresas.

PLANO HABITACIONAL FRANCA PLHIS PLANO LOCAL DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL

Corporativo. Transformar dados em informações claras e objetivas que. Star Soft.

Como estruturar empreendimentos mistos

POLÍTICAS PERMANENTES DE HABITAÇÃO

O PROGRAMA CASA FÁCIL-UNIFIL: EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA E INSERÇÃO SOCIAL Gilson Jacob Bergoc 1, Ivan Prado Jr 2 e Ivanóe De Cunto 3

Conteúdo Específico do curso de Gestão Ambiental

Gustavo Noronha Silva. Projeto de Pesquisa: Impactos do Software Livre na Inclusão Digital

Aço. o desafio da sustentabilidade

MINISTÉRIO DAS CIDADES Secretaria Nacional de Habitação. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL Representação de Apoio ao Desenvolvimento Urbano

ANEXO VI CHAMAMENTO PÚBLICO 001/2011 TERMO DE REFERÊNCIA

ANÁLISE DOS ASPECTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS DO CURSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA DE CONSELHEIROS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO

A URBANIZAÇÃO SOB O CAPITALISMO E SEUS PROBLEMAS. A Geografia Levada a Sério

Princípios, valores e iniciativas de mobilização comunitária. Território do Bem - Vitória/ES

A árvore das árvores

TIJOLOS DO TIPO SOLO-CIMENTO INCORPORADOS COM RESIDUOS DE BORRA DE TINTA PROVENIENTE DO POLO MOVELEIRO DE UBA

POLÍTICAS DE GESTÃO PROCESSO DE SUSTENTABILIDADE

MBA Gestão Integrada de Resíduos Sólidos

LOCAIS DE TRABALHO COM QUALIDADE E PRODUTIVIDADE PROJETOS ARQUITETÔNICOS

UMA ANÁLISE DO ESTADO DA ARTE RESULTANTE DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS: O ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO MUNDIAL

Acordo de Cooperação Técnica entre o Brasil e a Alemanha GTZ

INDICADORES ETHOS PARA NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS E RESPONSÁVEIS. Conteúdo

PLANO DE TRABALHO DOCENTE 1º Semestre/2015. Ensino Técnico

Transcrição:

Sustentabilidade e Habitação de Interesse Social - HIS: potencial de integração de tecnologia inovadora na produção de projetos habitacionais arquitetura em contêiner Lucca Schmidt Osellame, Márcio Rosa D Ávila(orientador) Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, PUCRS Resumo O impacto ambiental gerado na produção do ambiente construído demanda soluções mais sustentáveis, as quais devem permear todas as etapas do processo de projeto, como, por exemplo, implantação, forma, condicionantes ambientais e climáticos, materiais, sistemas construtivos, legislações de desempenho e entre outros. A complexidade das etapas que envolvem a produção da edificação ressalta que a eficiência energética não está vinculada exclusivamente ao uso racional da energia, mas com diversos fatores do projeto, assim como sistemas construtivos e materiais de construção, tecnologia, técnica, equipamentos e entre outros. Conforme Lamberts, Dutra e Pereira (2004, p. 14) define-se o conceito de eficiência energética como: (...) a obtenção de um serviço com baixo dispêndio de energia. Portanto, um edifício é considerado mais eficiente do que outro se esta edificação oferece as mesmas condições ambientais com menor consumo de energia. A construção é uma atividade que tem acompanhado o homem em toda a sua história e responsável pela demanda de 40% das matérias primas de todo o mundo (KELLER, 2010). Deste modo é imprescindível construir considerando os limites do meio ambiente, projetar edificações com melhor desempenho do conforto térmico e eficiência energética para o usuário e minimizar ao máximo os recursos para a climatização ativa do ambiente construído (MASCARÓ, 1992). Segundo Romero (2001:45) uma das finalidades mais relevante do projeto é seu desenvolvimento a partir do profundo conhecimento do profissional a respeito do clima e seus efeitos sobre aspectos inerentes, tanto na concepção da arquitetura, como também, do urbano. A adequação do projeto deve ocorrer por meio da concepção arquitetônica e urbanística apropriadas ao sítio de intervenção que, neste caso, minimize o uso

de recursos naturais e demanda menos energia para o condicionamento térmico artificial da edificação, proporcionando conforto apropriado às exigências humanas e o menor impacto ambiental possível. No contexto do impacto ambiental provocado pela construção civil no cenário nacional, estudos apontam que esse setor demanda fontes energéticas de forma ineficiente e causa ações negativas ao meio ambiente. Esses resultados são provocados pelo consumo excessivo de recursos naturais não renováveis e pela geração de resíduos. Segundo John e Agopyan (2000), o resíduo da construção civil gerado nas cidades é igual ou superior ao domiciliar. Desta forma a área da construção civil tem grande impacto sobre o meio ambiente, responsável por 40% da demanda de matéria-prima do planeta e, segundo Keller e Burke (2009:172), gera anualmente em torno de três bilhões de toneladas de resíduos. A arquitetura é o estudo dos abrigos, o projeto de seus ambientes internos e externos e a relação dos seres humanos com o espaço. Ela considera as escalas, proporções, ordens, massas, texturas, funções, os contextos e as condições sociais; a arquitetura é um reflexo da cultura, do clima, da região e da economia; ela é tanto uma máquina como uma escultura, bem como uma mescla entre tecnologia e arte. (KEELER E BURKE, 2009). Este conceito abrangente de arquitetura vai de encontro ao que se produz como tal nos dias de hoje, facilitando a compreensão do que é adequado ou não e do importante caráter dessa produção. Opondo-se a essas qualidades inerentes ao conceito de arquitetura, observamos a arquitetura de cunho social Brasileira. A pesar da queda do déficit ainda não se preza por qualidade na habitação de interesse social. A realidade da habitação social do Brasil é uma realidade de descaso com as necessidades e forma de viver de seu consumidor. Falta de funcionalidade e espaços sem privacidade e com dimensões inapropriadas entram na lista de erros nos projetos desse caráter. (RIFRANO, 2005) No que tange o impacto ambiental oriundo da produção habitacional na área de interesse social insere-se a necessidade do desenvolvimento de propostas para a otimização do desempenho energético, conforto, sistemas construtivos, tecnologias e processos de produção inovadores neste setor, tendo em vista que o déficit hoje não diz respeito apenas à falta de habitações, mas também as habitações irregulares (Prefeitura Municipal de Porto Alegre, DEMHAB, 2009). A pratica de projeto, logo, deve se voltar para essas duas premissas,

buscando o conforto térmico através da integração com a natureza além de formas naturais de controle de temperatura, que vão da escolha do sítio de construção até aberturas e sistemas avançados de ventilação ou técnicas ecológicas para conforto térmico. Segundo a NBR 15575, as exigências do usuário relativas à sustentabilidade são expressas pelos seguintes fatores: durabilidade; manutenibilidade; impacto ambiental. A premissa de que o container pode ser o meio mais eficiente para atender à habitação e à essas exigências de sustentabilidade dá início à busca por essa tecnologia. Unindo então os dois conceitos, de arquitetura e sustentabilidade, se estabelece a meta de obtenção de uma arquitetura habitacional de qualidade e que reduza o impacto ambiental assim como permita que os ecossistemas ao seu redor se desenvolvam plenamente, contribuindo inclusive em escala global. A diversidade natural e cultural Brasileira nos oferece um panorama único de personalidade urbana, e devemos adaptar conhecimentos para lidar com isso da melhor forma. O homem nasce para modificar o mundo a sua volta e para isso usa todo o aprendizado de uma vida. É com esse intuito que o projeto pretende interligar disciplinas do conhecimento, no desejo de realizar a forma urbanística e arquitetônica ideal para uma determinada região. Tendo isso em vista, podemos comparar essas comunidades carentes do Brasil, que servem de retrato da sociedade atual e sua hierarquia imposta, com o uso de containers na construção de residências, escolas, centros médicos, escritórios e galpões. A pequena cidade, o microcosmo existente na favela, construída muitas vezes em terrenos impróprios, causando aglomerações urbanas, se modificando rapidamente e com sua série de micro relações tem na arquitetura de containers uma visão de um futuro adaptável e verde. Enquanto na comunidade não há grande disposição de espaço, com os containers não se necessita de muito para obter funcionalidade. Enquanto na vila a necessidade de mudanças rápidas é permanente, climáticas, políticas e espaciais, os containers são perfeitamente moduláveis, dispondo de tamanhos padrão e da possibilidade de combinação destes em estruturas maiores. Enquanto a verba disponível não é alta, o container além de ser uma medida barata com relação a outras opções de menos qualidade na mesma faixa de custo, facilita medidas sustentáveis e cria infinitas opções geradoras de conforto com simples alterações em sua forma. A realidade de muitos projetos de Habitação de Interesse Social HIS, desenvolvidos por diferentes órgãos federais, estaduais e municipais, tanto em sua fase projetual como em

sua fase executiva, desconsideram aspectos inerentes à sustentabilidade (SATTLER, 2010). Esses projetos, em sua maioria, demonstram uma tipologia habitacional limitada e envolvem materiais e elementos construtivos não apropriados às características climáticas da região de intervenção, resultando em efeitos negativos sobre o conforto térmico, o consumo energético e o impacto ambiental em grande escala (ROSA D AVILA, 2006). Os materiais de construção empregados e as tecnologias utilizadas na construção, em sua maioria, contrapõem à característica arquitetônica do local de implantação da edificação. A utilização de materiais industrializados, que muitas vezes provêem de regiões distantes, demanda excessiva energia para produção, transporte e gera impacto ambiental devido ao processo de extração. A integração e adaptação de técnicas e tecnologias são aspectos imprescindíveis para a eficiência energética e a redução dos impactos ambientais gerados pela indústria da construção civil. A ideia de um elemento construtivo que é usado na habitação social ser o mesmo que atualmente tem sido usado também em uma luxuosa arquitetura transforma diferenças sociais dadas pela moradia em um novo plano social. Aliado à programas públicos de habitação, este projeto, portanto, pretende abrir opções para viabilizar a criação de um projeto habitacional apresentando uma tentativa concreta de estabelecer a retomada do espaço público, através não só do uso de módulos de aço representantes de uma arquitetura contemporânea sustentável e adaptável. A interface dos saberes, a multidisciplinaridade do projeto, se encontra na pesquisa antropológica, urbanística, arquitetônica, tecnológica, econômica e ambiental. Com isso é visada a melhoria da condição de vida, tanto em termos socioculturais quanto em termos físicos e biológicos. No contexto do conforto térmico na edificação a Norma Brasileira de Desempenho Térmico NBR 15575 apresenta um avanço para a eficiência energética na habitação. A versão final da NBR 15575 foi publicada em 19 de fevereiro do corrente ano e entrará em vigor a partir de 19 de julho de 2013. A norma define parâmetros para melhor desempenho térmico e acústico de projetos habitacionais (Partes 1, 3 e 4): a) satisfazer as exigências do usuário em relação ao desempenho dos sistemas construtivos de vedação da edificação; b) dar parâmetros para o mercado e para o consumidor final, e c) promover a inovação tecnológica, sustentabilidade e habitabilidade com qualidade. A norma beneficiará o setor da construção civil, introduzindo diversas mudanças, como, por exemplo, caracterização de desempenho de cada sistema construtivo de vedação; informações e catálogos dos fornecedores/fabricantes:

especificação das características dos sistemas construtivos/materiais; e os profissionais da área deverão ter maior conhecimento sobre as propriedades dos materiais e produtos. Inserese então a necessidade do desenvolvimento de propostas para a otimização do desempenho energético e de conforto das habitações e dos equipamentos na área de interesse social, visto o déficit habitacional e a vigência da NBR 15575, que a partir deste define parâmetros de desempenho térmico para as edificações habitacionais. Além de criar novos parâmetros para a habitação brasileira e com isso obter uma padronização e maior qualidade com ênfase na habitação social, a norma incentiva o projetista a resgatar conceitos como o da arquitetura bioclimática, onde o próprio ambiente construído que atua como mecanismo de controle das variáveis do meio, através de sua envoltura (paredes, piso, cobertura), seu entorno (agua, vegetação, sombras, terra) e, ainda, através do aproveitamento dos elementos e fatores do clima para o melhor controle do vento e do sol (ROMERO, 1988) e a própria sustentabilidade e conforto do ambiente, tratando da sociedade, do morador e do ambiente em que estão inseridos como um sistema natural que deve ser respeitado em suas condições de conforto e preservação. Para atingir a sustentabilidade no projeto então, através da normatização de todos os materiais e atendimento à NBR 15575, algumas medidas devem ser tomadas, tais como: o uso de projeto responsivo ao clima; utilização adequada de sistemas de vedação capazes de criar separação térmica entre interior e exterioe da edificação; a possibilidade de controle da ventilação; maximização do consumo de energias renováveis; atenção para os fatores climáticos locais, onde o projeto será inserido (KEELER E BURKE, 2010) A grande demanda por novas unidades habitacionais (226.966 unidades no Rio Grande do Sul segundo o Ministério das Cidades, 2008), paralelamente a situação de moradia das famílias de baixa renda atingidas pelo déficit habitacional, as quais em grande parte ocupam, por exemplo, áreas degradadas, de risco ou mesmo áreas localizadas no tecido urbano consolidado, requer uma resposta imediata que venha contrapor esta situação e com isso dar acesso à moradia adequada. A produção da habitação em grande escala remete a necessária incorporação de tecnologias, materiais, métodos e sistemas construtivos industrializados. As dimensões dos contêineres apresentam uma padronização -unidade de medida comum-, que conforme a definição do tipo de contêiner e as respectivas dimensões é possível definir sua sistematização e modulação na concepção do projeto arquitetônico. A partir da definição de termos e princípios da coordenação modular de contêineres para a produção de

Habitação de Interesse Social-HIS pode-se estabelecer uma relação da modulação, segundo a área construída da edificação, potenciais de crescimento -aumento da área construída pósocupação- e o produto final, a moradia. A ineficiente utilização dos recursos naturais na produção do espaço construído aliado a grande demanda por edificações na área da Habitacional de Interesse Social- HIS, no contexto brasileiro, remetem às estratégias de projeto que venham minimizar: a) problemas em relação à escassez e a ineficiência da mão de obra no canteiro de obras; b) desperdício na fase de execução da obra; c) insuficiente desempenho do conforto térmico e energético; e d) a questionável qualidade arquitetônica e construtiva dos projetos. A necessidade da adesão de ações em nível global, nacional, regional e local e a complexidade no tratamento de questões da sustentabilidade na promoção de Políticas Públicas para a elaboração de projetos na área da Habitação de Interesse Social HIS colocam às Universidades o desafio na formulação de propostas para o avanço da construção do conhecimento científico e tecnológico, justificandose aqui o presente projeto de pesquisa. OBJETIVOS A partir da caracterização do problema e justificativa o presente projeto de pesquisa tem como objetivo geral o estudo, análise e verificação da viabilidade e potencial de reutilização de contêineres descartados na produção da Habitação de Interesse Social-HIS. Se estabeleceu como objetivos específicos os seguintes pontos: definir região ou área de estudo; contato com empresas que comercializam contêineres descartados; identificação e análise de materiais e sistemas construtivos com potencial de integração no desenvolvimento da adequação do contêiner para a habitação; Matriz com diferentes sistemas construtivos apropriados para a vedação e ventilação do contêiner como elemento construtivo da habitação, fazendo paralelo com a norma de conforto térmico em edificações; Identificação análise de alternativas de modulações para a concepção de projeto habitacional; Matriz de diferentes modulações de contêineres para o produto final a habitação unifamiliar e multifamiliar; Pesquisa e definição de uma área/comunidade que apresenta potencial de execução da tecnologia; Identificação e análise da viabilidade e potencial de execução do sistema modular contêiner em projeto de Habitação de Interesse Social-HIS.

MÉTODO EMPREGADO O procedimento metodológico que orientará o presente projeto de pesquisa envolve: revisão bibliográfica; levantamentos na internet; visita de campo; contato com empresas; visita a órgãos públicos municipais e estaduais; pesquisa e análise de materiais, sistemas construtivos, técnicas e tecnologias; estudo e desenvolvimento de proposta em nível de anteprojeto. RESULTADOS PARCIAIS Delimitação da área de estudo segundo a divisão bioclimática (zona bioclimática 3) e determinação de estratégias de condicionamento térmico passivo para tal zona; contato com empresas que comercializam contêineres no RS; identificação e análise de materiais e sistemas construtivos com potencial de integração no desenvolvimento da adequação do contêiner para a habitação; Identificação análise de alternativas de modulações para a concepção de projeto habitacional assim como análise de tipologias de projetos de habitação social. Palavras-chave Sustentabilidade; Seminário Interno de Avaliação da Iniciação Científica; Habitação de Interesse Social.