AS CONTRIBUIÇÕES DO ANARQUISMO PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA EDUCAÇÃO LIBERTÁRIA NO CENÁRIO ATUAL BRASILEIRO DO ENSINO DE GEOGRAFIA.

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Transcrição:

AS CONTRIBUIÇÕES DO ANARQUISMO PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA EDUCAÇÃO LIBERTÁRIA NO CENÁRIO ATUAL BRASILEIRO DO ENSINO DE GEOGRAFIA. Déborah Juliana Barbosa Moura, Rafaela de Paula Oliveira 1Graduanda em Licenciatura em Geografia pela UEG. 2 Graduanda em Licenciatura em Geografia pela UEG. Orientador: Me. Marcos A. M. Ataides. Introdução (Problemática e Objetivos) O presente resumo procura refletir acerca das contribuições dos anarquistas no processo educacional brasileiro. Como as Escolas Novas baseadas em teorias libertarias vigentes na década de 1920, podem contribuir para uma melhor formação de discentes e docentes da área da licenciatura em Geografia. Com o objetivo de compreender o desenvolvimento das escolas anarquistas, e do processo de influência desses ideais sobre a educação no Brasil. É importante a problematização, pois nos revela uma forma de educar diferente do modelo tradicional, e por se tratar de experiências ainda validas como metodologias de ensino para emancipação, temas abordados nessas escolas, já abordavam a questão, cultura, política, saúde, ambiente em sala de aula de forma contextualizada. O maior desafio do professor na atualidade é ultrapassar barreiras impostas pelos sistemas educacionais e formar alunos preparados para serem críticos de sua realidade e entender as contribuições do movimento anarquista na educação brasileira. Referencial Teórico O anarquismo como uma pratica social de transformação, começou a se desenvolver nos fins do século XIX com o crescimento urbano, populacional e industrial que, naturalmente, fez com que crescesse também a exploração dos trabalhadores operários, vítimas de jornadas extensas, condições insalubres e desumanas de trabalho, salários baixos em fábricas e utilização de mão-de-obra infantil. Com o objetivo de defender a classe dos trabalhadores, surgiram diversas organizações operárias, revoltas, greves e insurreições, que foram se tornando cada vez mais comuns no país. Os anarquistas eram contrários a qualquer forma de dominação e opressão que pudesse existir na sociedade, defendiam uma comunidade mais igualitária e solidária. Os anarquistas visavam a liberdade, portanto, sepe.ccseh.ueg@gmail.com; http://www.sepe.ccseh.ueg.br página: 1

qualquer instituição dotada de poder seria um entrave para o determinado objetivo. São contrários ao Estado, à Igreja e à propriedade privada e toda autoridade que emane dessas e de outras instituições. Em "Paradigma anarquista em educação", (GALLO 2006), explica que o anarquismo tem quatro princípios geradores: a autonomia individual (como ação social baseada em cada um dos indivíduos); a autogestão social (como contrária a todo tipo de poder institucionalizado); o internacionalismo (a construção de uma sociedade libertária através da dissolução dos estados-nações) e a ação direta (sendo principais atividades a propaganda e a educação). O papel da educação está justamente na construção coletiva da liberdade, pela denúncia das injustiças e dos sistemas de dominação, além da criação de indivíduos desajustados, ou seja, aqueles que não se compatibilizam com o Estado e com a estrutura capitalista. A educação libertária nasce do movimento anarquista. Movimento este que surge no Brasil ainda no século XIX como elemento desestabilizador da ordem regente e influências sobre as revoltas da época e sobre o meio artístico e cultural. É nesse momento, Neste mesmo século, que se noticia as greves e as primeiras tentativas de organização de núcleos de resistência de trabalhadores. O processo imigratório para o Brasil principalmente de espanhóis, portugueses e italianos, foram essenciais para a divulgação das ideais anarquistas no Brasil. O movimento educacional desenvolvido pelos anarquistas brasileiros no início do século, espelhava-se no movimento educacional que, nesta mesma época, desenvolvia-se noutros países, em particular na Espanha, onde Ferrer y Guardia sistematizava as bases da educação racional em sua Escola Moderna. Este, no entanto, não era um anarquista, mas possuía fortes concepções libertárias e mantinha vínculo com vários membros contemporâneos do movimento. Apesar de sua exígua experiência educativa, os princípios da Escola Moderna de Ferrer foram adotados em vários países, inclusive no Brasil. Esta tinha o ideal de liberar a criança do progressivo envenenamento moral, sem falsear informações, selecionar ideias, censurar a fala e o pensamento. Esta tinha como intuito a incitação ao pensamento crítico e o propósito de formar indivíduos independentes. Conforme nos traz LUIZETTO (1982:62): sepe.ccseh.ueg@gmail.com; http://www.sepe.ccseh.ueg.br página: 2

"O rumo tomado pelo movimento anarquista na Europa não poderia deixar de imprimir sua marca na comunidade dos socialistas libertários no Brasil, formada exatamente naquela ocasião. De fato inspirados nas ideias e nas experiências dos educadores libertários, criaram em várias cidades Escolas Modernas e Centros de Estudos Sociais para a prática do ensino mútuo" Entretanto, método da Escola Moderna reclusiana não era adotado o livro didático de geografia para os alunos. No pensamento de Elisée Reclus, geógrafo francês e militante anarquista, os livros seriam de importância fundamental para os professores perante o pensamento científico e teórico, mas não era necessário para crianças, uma vez que o contato dessas com a geografia também se dava de uma maneira diferente com a qual acontece na academia. Crianças necessitam de imaginação. A metodologia da Escola Moderna, tinha como base a demonstração da prática de que todos os seres humanos são igualmente dignos de respeito, e capazes de desenvolver as mesmas qualidades e aptidões, desde que possuíssem as mesmas oportunidades. Tinha afinco por um método objetivo e racional, apartada de qualquer prática mística, sobrenatural e religiosa. Um dos aspectos mais positivos que a Escola Moderna trouxe as comunidades foi essa abertura a novas possibilidades metodológicas. A criação de pequenas bibliotecas, festivais escolares, conferencias sobre educação e sociedade, passeios campestres, quermesses e bailes familiares. Essa abertura promoveu não só a interação entre professores e alunos, mas com a comunidade escolar em um todo de forma saudável. O levantamento das práticas recorrentes nesse resumo, são principalmente da instituição escolar privada dirigida por João Penteado. O ambiente escolar dirigido por João Penteado, possuía um planejamento pedagógico para a complementação da educação completa do aluno. Tanto nas áreas de saúde, higiene, artística, com foco na formação cientifica e com a ausência de ensino religioso. Seu método era descrito como rápido, intuitivo e racional, que caminhava de forma clara do simples ao complexo. É importante salientar que a racionalidade da educação na visão anarquista, era a oposição a igreja e aos estado. A educação anarquista foi importante não apenas para a "instituição escola" e para o seu fazer pedagógico, mas também para a própria Pedagogia, que incorporou muitos de seus princípios. A Escola Moderna contribuiu também para a coeducação, prática que integrava garotos e garotas no ambiente escolar, não diferenciando as práticas de ensino para os diferentes sexos. Importante ressaltar que na época em que isso estava sendo aplicado, o sepe.ccseh.ueg@gmail.com; http://www.sepe.ccseh.ueg.br página: 3

público feminino ocupava um espaço muito curto dentro do ensino, como alunas. Elas recebiam educação diferenciada, inferior aos alunos masculinos. Mas no plano da educação racional e libertária, a presença do feminino era indispensável e deveria ser juntamente com os meninos, em plena igualdade e quem que houvesse nenhuma diferenciação. Outro ponto a ser valorizado de contribuição era o incentivo à leitura. Para os anarquistas, a educação era considerada, um espaço libertador e um fator de transformação social perante as injustiças e a dominação do século XX, que deveriam propriamente ser enfrentadas com o racionalismo. O incentivo ao autodidatismo e a presença fiel de leituras que preparariam o aluno para enfrentar ideologicamente Estado e a Igreja. O uso do cinema na educação por parte da Escola Nova, também foi um ponto positivo. A criação do Cine educativo de comercio de Saldanha Marinho, após instituído, ainda assim era fiscalizado pelo governo, tanto seu funcionamento quanto o conteúdo de seus filmes. Além da escola de João Penteado, no período de março e outubro de 1904 funcionou, também na cidade de São Paulo, a Universidade Popular de Ensino Livre, cuja diverge-se do modelo de universidade instalado pelo Estado na década de 1930, pois sua principal função era o compromisso com a instrução do trabalhador. Essa organização tinha a peculiaridade de ser voltada para os trabalhadores e seu ritmo era organizado em consonância com o do cotidiano dos mesmos. Os cursos eram ministrados através de palestras multitemáticas, de modo que não era necessária uma frequência sistemática para acompanhar os conteúdos. A universidade, que não era restrita aos anarquistas, trabalhava com uma perspectiva racionalista e científica. A mesma era também um espaço de produção cultural, lazer e socialização. Metodologia Estudo e revisão do referencial teórico a respeito das categorias e conceitos principais que darão direcionamento à pesquisa: Anarquismo, educação libertária e educação dialógica; Levantamento de material bibliográfico sobre a temática proposta, autores nacionais e estrangeiros no âmbito da educação em Geografia; educação libertária e dialógica e educação anarquista. sepe.ccseh.ueg@gmail.com; http://www.sepe.ccseh.ueg.br página: 4

Resultados e Discussões Torna-se então a importância de pautar a forma como o estudo da ciência geográfica está sendo transmitido no meio do ensino. Cabe ressaltar que existe uma profunda necessidade de reformar o ensino de maneira geral, contudo, enfatizando também reformas dentro do ensino da própria Geografia. Nas atuais circunstâncias, também é pautado uma nova reforma na educação brasileira. Há um pesado investimento em propagandas e em espaços de mídias para disseminar que o ensino dará maior liberdade para os alunos do Ensino Médio. No entanto, é o estudo e leitura das práticas libertárias que mostra-se então fundamental para visualizar o autoritarismo e a imposição estatal no controle educacional que, desta forma, tem objetivo de eliminar qualquer possibilidade de crítica a realidade e a imposição do poder, o que só é possível a partir do preceitos libertários. O método das ciências naturais em escolas dogmáticas é fechado e distancia o aluno e sua realidade do objeto estudado. Peca também ao passo em que não valoriza a imaginação infantil e as inquietudes jovens, esquecendo que o pensamento científico nasce de um profundo estado imaginativo e de inquietação. Para KROPTKIN (2011) Nada interessa tanto às crianças como as viagens, e nada é mais chato e menos atrativo na maioria das escolas do que aquilo que ali se batiza como Geografia. [...] As crianças não são grandes admiradoras da natureza enquanto esta não tem nada a ver com o homem. Para isso a educação libertária dentro da Geografia se faz importante, pois é ela quem dá um novo sentido, é a interação do aluno com o mundo e suas novas percepções a partir do estudo crítico que o atrai. Nesse momento, ela desperta não só o gosto pela ciência geográfica, mas todo um leque de ciências naturais que são defasadas pelos métodos e práticas de ensino que afastam o aluno e sua vontade de compreender. Trata-se também de apreender, não decorar, mas compreender e se sentir parte de um todo. Na educação libertária, a Geografia é mais do que uma ciência, é quem desperta o pensamento crítico e científico, a visão de mundo e quem une todos em um mesmo sentimento fraterno, independente de nação. sepe.ccseh.ueg@gmail.com; http://www.sepe.ccseh.ueg.br página: 5

Conclusão ANAIS - Seminário de Pesquisa, Pós-Graduação, Ensino e Extensão do CCSEH III SEPE Concebe-se então que a educação segundo os preceitos anarquistas contribuíram para que o ensino pudesse ser, de certa forma, mais amplo e menos arraigado em tradicionalismos e métodos conservadores em que os alunos eram apenas depósitos de informações. Em tese, seria a partir dele que a escola se tornaria menos autoritária e mais humanizada, o aluno deixaria de ser um banco de dados e a escola uma mercadoria. Além de estabelecer forte vínculo com relação ao aluno-professor, em que ambos estariam em condições de aprender e ensinar, fazendo com que, dessa forma, o ensino fosse mútuo e não seletivo. Visou a inclusão, a racionalização e desprendimento de formas que não contribuíam para a formação do cidadão social, mas do cidadão operacional. E foi a partir desses fundamentos que diversas outras correntes foram surgindo dentro da educação e tornando da escola um ambiente mais amplo e denso. Referências FARJ, Federação Anarquista do Rio de Janeiro Organização Integrante da Coordenação Anarquista Brasileira. ANARQUISMO NO BRASIL: PERDA E TENTATIVA DE RETOMADA DO VETOR SOCIAL. Rio de Janeiro 2015. GALLO, Silvio. Pedagogia libertária: anarquistas, anarquismos e educação. São Paulo: Imaginário; Manaus: Editora da Universidade Federal do Amazonas, 2007. 268p. WOODCOCK, George (org.). Os Grandes Escritos Anarquistas. Porto Alegre, L&PM, 1985. História das Ideias e Movimentos Anarquistas Vol. 1: A Idéia. Porto Alegre: L&PM, 2007 RECLUS, Elisée; KROPOTKIN, Piotr. Escritos Sobre Educação e Geografia. São Paulo: Terra Livre. 2011. GUARDIA, Francisco Ferrer Y. A Escola Moderna. Trad. Camilo Alvares. São Paulo: Terra Livre.2014 sepe.ccseh.ueg@gmail.com; http://www.sepe.ccseh.ueg.br página: 6