Destaque do mês de agosto



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Transcrição:

- Nº 13 www.cnf.org.br Destaque do mês de agosto Empregador rural pessoa física não precisa recolher contribuição sobre receita bruta No dia 1º de agosto, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu manter o posicionamento de que é inconstitucional o recolhimento, para a Previdência Social, da contribuição incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção rural do empregador (antigo Funrural). Assim, o artigo 1º da Lei n.º 8.540/92 (que deu nova redação aos artigos 12, inciso V e VII, 25, inciso I e II, e 30, inciso, IV, da Lei 8.212/91), com redação atualizada até a Lei n.º 9.528/97, foi declarado inconstitucional, sob a fundamentação de que a Lei Maior 1 é exaustiva quanto aos fatos que podem dar causa à obrigação de financiamento da seguridade social, e que somente a Constituição pode abrir exceção à unicidade de incidência de contribuição. Além disso, segundo o ministro Marco Aurélio, com a alteração trazida pelo referido dispositivo legal, o produtor rural passou a estar compelido a duplo recolhimento, com a mesma destinação, ou seja, o financiamento da seguridade social. Nesse sentido, o relator do processo julgado (RE 596177), entendeu que a orientação deve ser adotada neste caso, e também para os demais (...) uma vez que (...) foi reconhecida a repercussão geral da questão constitucional nele versada. Dessa forma, o pedido feito pela União para que os efeitos da decisão fossem modulados, com o objetivo de que o julgado não se aplicasse a outros processos, foi negado. O recurso foi levado à Suprema Corte por um produtor rural, com o objetivo de ver reformada a decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que considerou constitucional a incidência de contribuição previdenciária sobre a receita bruta de sua produção. O pedido feito pelo autor do recurso beneficiou os demais produtores rurais tendo em vista a extinção do Funrural. 1 Lei Maior = Constituição Federal.

Índice I Julgamento no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais...3/4 1.1. Suspenso julgamento sobre termo inicial do prazo prescricional da repetição de indébito 1.2. Decisão sobre ágio na aquisição do Banespa é adiada no CARF II Julgamentos no Supremo Tribunal Federal...5/8 2.1. STF mantém decisão que garante 10 anos para pedir restituição de tributo sujeito a homologação 2.2. Entenda o julgamento da cobrança de CSLL e IR de empresas controladas ou coligadas no exterior III Julgamentos no Superior Tribunal de Justiça...8/11 3.1. Dívida tributária pode ser paga com depósito vinculado a débito judicial transitado em julgado 3.2. Restituição do IR é impenhorável, salvo prova de que origem não é salarial 3.3 Terceira Seção vai uniformizar jurisprudência sobre requisito para ação previdenciária 3.4. Valores pagos indevidamente podem ser retidos pelo fisco quando devedor não aceitar a compensação IV Julgamento no Tribunal Superior do Trabalho...11 4.1. Parcelamento de dívida previdenciária não extingue execução trabalhista V Publicações no Diário Oficial da União...11/12 5.1. Publicada novas orientações sobre o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) 5.2. Lei altera valores de base de cálculo do Imposto de Renda 2

- Nº 13 I JULGAMENTO NO CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS 1.1. Suspenso julgamento sobre termo inicial do prazo prescricional da repetição de indébito A 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) decidiu suspender o julgamento sobre o termo inicial do prazo prescricional da repetição de indébito, relativa a tributos sujeitos a lançamento por homologação, requerida antes da vigência da Lei Complementar nº 118/05. A Turma entendeu pela aplicação do disposto no art. 62-A, 1º do Regimento Interno do CARF, que determina o sobrestamento dos julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão. Como o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a repercussão geral da questão constitucional, discutida no RE n. 561.908, a Turma da CSRF retirou da pauta de julgamento o recurso interposto pelo contribuinte que requereu restituição de tributo em novembro de 1999, relativo à indébito declarado do ano-base de 1995, porém referente a crédito fiscal dos anos de 1993 e 1994. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), em julgado anterior, por meio da Corte Especial (art. 97 da CF), acolheu a arguição de inconstitucionalidade da segunda parte do art. 4º da lei Complementar (LC) nº 118/05 (EREsp 644.736-PE, Rel. Min. Teori Zavascki). Esse entendimento foi ratificado em julgamento submetido ao regime dos recursos repetitivos (Lei nº 11.672/08), no qual ressaltou-se que: (a) "em se tratando de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada em vigor da LC 118/05 (09.06.2005), o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, continua observando a cognominada tese dos cinco mais cinco, desde que, na data da vigência da novel lei complementar, sobejem, no máximo, cinco anos da contagem do lapso temporal (regra que se coaduna com o disposto no artigo 2.028, do Código Civil de 2002)"; e (b) caso ocorrido o pagamento antecipado do tributo após a vigência da aludida Lei Complementar, o termo inicial do prazo prescricional para a repetição ou a compensação é a data do recolhimento indevido (REsp 1.002.932/SP, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 18.12.09). A questão foi levada ao STF e aguarda decisão para definição da constitucionalidade da expressão observado quanto ao artigo 3º, o disposto no artigo 106, inciso I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, constante do art. 4º, segunda parte, da LC nº 118/2005. 3

Dessa forma, permanecerá suspensa a discussão sobre o termo inicial do prazo prescricional da repetição de indébito, relativa a tributos sujeitos a lançamento por homologação, requerida antes da vigência da LC n. 118/05, no âmbito do CARF. 1.2. Decisão sobre ágio na aquisição do Banespa é adiada no CARF A 2ª Turma da 4ª Câmara da 1ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) começou o julgamento do recurso do Banco Santander (proc. n. 16561.000222/2008-72) contra os lançamentos feitos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) em decorrência da compra do Banespa no ano 2000, causa calculada em volta de R$ 4 bilhões. O julgamento foi interrompido pelo vista do Conselheiro Frederico Augusto Gomes de Alencar. O relator do recurso, Conselheiro Antônio José Praga de Souza, proferiu seu voto na sessão de 3/8/2011, afastando o argumento do banco de inexigência das exações referentes ao ano calendário 2002, em razão da decadência. O Conselheiro Frederico de Alencar, auditor da RFB, todavia, pediu vista dos autos. Assim, o mérito do recurso ainda não foi julgado. Para a RFB, houve aproveitamento indevido de deduções para abatimento de Imposto de Renda (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). A discussão trata do ágio absorvido nas operações de aquisição do controle societário. A norma de regência (Lei 9.532/1997) permite que o valor pago a maior pela adquirente, em razão da variação estimada pelo alienante da rentabilidade futura da empresa no momento da transação, possa ser deduzida como despesa da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. A RFB afirma que foi construída uma triangulação societária para aumentar o ágio, com finalidade de ofuscar a fiscalização, visando a redução ilícita de lucro do Banespa. A Santander Holding foi incorporada pelo Banespa, cuja controladora é a estrangeira Santander Hispano. A Santander Holding teria servido como veículo para justificar o ágio, usado para redução do lucro apurado na própria empresa em que o mesmo ágio foi gerado, o Banespa. O Banco sustentou a legalidade da operação, para a qual a Delegacia de Instituições Financeiras da Receita Federal havia se posicionado a favor. O Fisco alega que o aumento do ágio da compra do Banespa foi calculado nas previsões de rentabilidade futura. Segundo a Receita, o Santander, quando comprou o Banespa, não poderia ter abatido 100% do ágio, como se ele todo tivesse sido formado pelo valor pago pela rentabilidade futura. Essa mesma Turma da 1ª Seção tem precedente (caso Dasa) favorável ao Banco, no sentido de ser possível a dedução, dos valores pagos a maior na aquisição de companhias, da base de cálculo dos tributos. 4

II JULGAMENTOS NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 2.1. STF mantém decisão que garante 10 anos para pedir restituição de tributo sujeito a homologação No dia 4 de agosto o Supremo Tribunal Federal entendeu que o prazo para pleitear a restituição de tributo sujeito à homologação 2 é de dez anos. Esse foi o posicionamento da maioria do Plenário da Corte ao negar provimento ao recurso RE 566621. A discussão girava em torno da constitucionalidade da segunda parte do artigo 3º da Lei Complementar 118/2005 que, com base no Código Tributário Nacional (CTN), fixava em cinco anos o prazo para ser pleiteada a restituição de valores. O julgamento do recurso começou em maio de 2010, sendo que em março do mesmo ano, foi suspenso devido ao pedido de vista do ministro Eros Grau. Até esse momento, cinco dos onze ministros já haviam se manifestado favoráveis à declaração de inconstitucionalidade, incluindo a relatora do processo, ministra Ellen Gracie. Em ocasião anterior, o Superior Tribunal de Justiça, ao analisar a questão, deu aos artigos 150, parágrafos 1º e 4º, 156, VII e 168, I, do CTN, a interpretação de que, após decorridos cinco anos do decurso do prazo para homologação, contados do fato gerador, o contribuinte teria mais cinco anos para solicitar a restituição de valores (tese cinco mais cinco ). Foi o ministro Luiz Fux (sucessor do ministro Eros Grau) quem trouxe o processo de volta à pauta do plenário. Ao proferir seu voto de vista, acompanhando a relatora, reconheceu que a LC 118, de fato, não tem caráter interpretativo, uma vez que cria uma nova norma para beneficiar o fisco. Em sentido contrário, os Ministros Marco Aurélio, Dias Toffoli, Cármen Lúcia Antunes Rocha e Gilmar Mendes, entenderam que a lei possui caráter meramente interpretativo e assim o prazo a se aplicar às restituições de valores deveria ser de cinco anos contados do decurso do prazo para homologação. Apesar da divergência, o contribuinte acabou se beneficiando e garantindo o prazo de dez anos para pedir a restituição nesses casos. 2 Lançamento por homologação: é a modalidade em que a constituição do crédito é feita sem prévio exame da autoridade. O sujeito passivo apura, informa e paga a parcela em dinheiro referente a obrigação tributária. Nos casos de lançamento por homologação, a lei exige o pagamento independentemente de qualquer ato prévio do sujeito ativo. 5

2.2. Entenda o julgamento da cobrança de CSLL e IR de empresas controladas ou coligadas no exterior O plenário do STF decidiu aguardar a volta do Ministro Joaquim Barbosa (que está de licença médica) para terminar o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade ADI n.º 2.588, que se encontra suspensa. A referida ação questiona a maneira instituída para a obtenção da base de cálculo do Imposto de Renda (IR) e da Contribuição Social para o Lucro Líquido (CSLL) na hipótese de receita ou de rendimentos oriundo do exterior, trazida pela Lei Complementar (LC) n.º 104/2001 e pela Medida Provisória (MP) n.º 2.158-35/2001. A LC n.º 104/01, incluiu o parágrafo 2º, no artigo 43, do Código Tributário Nacional (CTN), no qual encontra-se disposto que na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo. Posteriormente, regulamentando o parágrafo 2º, a MP n.º 2.158-35/01 trouxe a seguinte redação em ser artigo 74: Art. 74. Para fim de determinação da base de cálculo do imposto de renda e da CSLL, nos termos do art. 25 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, e do art. 21 desta Medida Provisória, os lucros auferidos por controlada ou coligada no exterior serão considerados disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil na data do balanço no qual tiverem sido apurados, na forma do regulamento. Parágrafo único. Os lucros apurados por controlada ou coligada no exterior até 31 de dezembro de 2001 serão considerados disponibilizados em 31 de dezembro de 2002, salvo se ocorrida antes desta data, qualquer das hipóteses de disponibilização prevista na legislação em vigor. Segundo a Confederação autora da ação (CNI) o STF, em ocasião anterior decidiu que o resultado de uma empresa ainda não distribuído a seus acionistas ou cotistas não constitui disponibilidade, não legitimando a cobrança de imposto de renda, salvo em casos como a da firma em nome individual, subsidiária integral ou sociedade de cotas em que haja, no contrato social, previsão de distribuição obrigatória de resultados. Dessa forma, os dispositivos ferem não apenas a Constituição, como também à jurisprudência da Corte. A ministra Ellen Gracie, relatora do processo, se posicionou pela inconstitucionalidade do art. 74 da MP 2.158-35, mas apenas no que se refere às coligadas no exterior. Os ministros Nelson Jobim e Eros Grau votaram no sentido de dar interpretação conforme a Constituição aos artigos questionados. Após pedir vista do processo, o ministro Marco Aurélio iniciou a divergência firmando o entendimento de que a CF não autorizaria interpretação que despreze a disponibilidade econômica ou jurídica da renda para efeito da incidência do imposto, dessa forma, votou pela inconstitucionalidade do art. 74 e parágrafo único, da MP 6

n.º2.158/01, sendo acompanhado pelos ministros Sepúlveda Pertence e Ricardo Lewandowski. O ministro Carlos Ayres Brito, que também pediu vista da ação, se posicionou pela constitucionalidade das normas atacadas, por entender que não houve violação a nenhum artigo da Constituição já que as normas não instituíram ou majoraram o tributo. Em seguida o ministro Celso de Mello votou pela inconstitucionalidade por considerar que no caso houve exação tributária claramente incompatível com o texto da Constituição, uma vez que se cuida de exigibilidade de Imposto de Renda sobre lucros ainda não tornados disponíveis, quer juridicamente, quer economicamente, em favor dos contribuintes. O atual Presidente da Corte, ministro Cezar Peluso, entendeu que não seria todo e qualquer ganho que viesse da avaliação por equivalência patrimonial que iria compor a base de cálculo do imposto sobre a renda, mas apenas aquele que adviesse especificamente do lucro produzido no exterior, assim, não deu razão à Confederação. Dessa forma, nove dos onze ministros que fizeram parte do Tribunal durante o julgamento da ação já se posicionaram e decidiram pela suspensão do julgamento até o retorno do ministro Joaquim Barbosa. 2.3. Supremo Tribunal Federal reafirma a constitucionalidade do regime de substituição previdenciária. O Supremo Tribunal Federal (STF) voltou a analisar a questão da constitucionalidade da retenção de 11% sobre o valor da nota fiscal ou fatura da prestação de serviço para fins de contribuição previdenciária, prevista no artigo 313, da Lei 8.212/91. O julgamento se deu diante de recurso apresentado contra decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), que entendeu como devida a retenção de 11% do valor bruto da nota fiscal a título de contribuição previdenciária, determinada pelo art. 31 da Lei nº 8.212/91, por não constituir nova exação, tendo a legislação apenas conferido ao sujeito passivo da obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento do tributo, cujo fato gerador virá a ocorrer com o efetivo pagamento dos salários. O contribuinte se defendeu, alegando que estaria pagando uma nova contribuição previdenciária, que não incidiria sobre a folha de salário, e sim sobre a nota fiscal, não havendo previsão constitucional para a sua criação no art. 195, I da Constituição Federal (CF). Afirma não se tratar de recolhimento antecipado, por substituição tributária de contribuição incidente sobre a folha de salários, violando assim o art. 150, 7º, CF, sendo uma contribuição incidente sobre o faturamento, a qual entende somente ser possível de criação por meio de lei complementar, e pelo fato de a mesma já existir no art. 23 da Lei 8.212/91 está sendo violado o princípio do não confisco. 3 Art. 31. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão de obra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher, em nome da empresa cedente da mão de obra, a importância retida até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia, observado o disposto no 5o do art. 33 desta Lei. 7

A União sustentou que não houve criação de nova exação, nem ampliação da base de cálculo, ou alíquota para as contribuições previdenciárias, tendo apenas modificado a técnica de arrecadação quando instituiu a figura da responsabilidade tributária, nos termos do art. 128 do CTN, sendo uma nova forma de substituição tributária. Afirmou também, em sustentação oral, que o STF já havia se pronunciado acerca da constitucionalidade do art. 31 da lei 8.212/91, no julgamento do RE 376.362, de relatoria da Ministra Ellen Gracie, e no Agravo de Instrumento 511.093, de relatoria do Ministro Cezar Peluso, propondo inclusive que tal entendimento fosse sumulado. A relatora do caso, Ministra Ellen Gracie negou provimento ao recurso do contribuinte, sustentando que o caso se tratava de mera forma de substituição, e não de uma nova contribuição, conforme exposto pela União, sendo acompanhada pelos outros ministros, com exceção do Ministro Joaquim Barbosa, que estava ausente por recomendação médica e com voto divergente do Ministro Marco Aurélio, que entendeu ser o referido artigo uma nova contribuição, e não uma forma de substituição tributária. III - JULGAMENTOS NO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 3.1. Dívida tributária pode ser paga com depósito vinculado a débito judicial transitado em julgado Aplica-se a remissão 4 /anistia 5 aos créditos tributários objeto de ação judicial já transitada em julgada. Esse foi o posicionamento unânime da 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça no julgamento do recurso REsp 1251513. No caso concreto pedia-se a inexistência de relação jurídica que o obrigasse ao recolhimento de COFINS. Durante o curso do processo foram realizados depósitos judiciais com a finalidade de suspender a exigibilidade do tributo discutido. O processo teve trânsito em julgado em 12.12.2008 de forma desfavorável ao PARTICULAR e na sequência foi sobrestado para aguardar posicionamento do STF sobre a modulação de efeitos da revogação da Súmula n. 273, deste STJ. No entanto (...) antes da ordem para a transformação dos depósitos efetuados em pagamento definitivo (outrora conversão em renda), sobreveio a Lei n.º 11.941/2009 (DOU de 28.5.2009) que em seu art. 1º, 3º, permitiu o pagamento ou parcelamento de débitos com os benefícios de remissão e anistia (...). Ao analisar a questão em sede de recurso repetitivo, o ministro relator, Mauro Campbell Marques, disse que salvo determinação legal expressa em sentido contrário, a remissão e a anistia atingem, via de regra, a todos os créditos tributários constituídos e existentes ao tempo de sua vigência, desde que cumpridas as demais condições para o gozo dos benefícios. 4 Remissão: perdão da dívida tributária ou previdenciária. 5 Anistia: é o ato estatal, geralmente do Poder Legislativo, através do qual o Estado renuncia à imposição de sanções ou extingue as já pronunciadas. A Anistia tributária e previdenciária extingue infrações administrativas dos contribuintes, mas não abrange eventuais crimes ou contravenções. 8

Dessa forma, o Mauro Capbell concluiu que se o pagamento por parte do contribuinte ou a ordem para transformação em pagamento definitivo somente ocorre depois de encerrada a lide, o crédito tributário tem vida após o transito em julgado que o confirma. Se tem vida, pode ser objeto de remissão e/ou anistia neste ínterim (entre o trânsito em julgado e a ordem para transformação em pagamento definitivo, antiga conversão em renda) quando a lei não exclui expressamente tal situação do seu âmbito de incidência. Por esse motivo, a 1ª Seção do STJ decidiu que o contribuinte fará jus aos benefícios trazidos pela lei, porém não poderá resgatar os juros compensatórios, pois o depósito não é investimento, mas sim uma opção daquele que intenta discutir judicialmente seus débitos com a paralisação dos procedimentos de cobrança. 3.2 Restituição do IR é impenhorável, salvo prova de que origem não é salarial É impenhorável o valor depositado em conta bancária proveniente de restituição do imposto de renda, cuja origem advém das receitas compreendidas no art. 649 6, IV, do CPC, ou seja, que possua natureza salarial. O entendimento foi dado pela 5ª Turma do STJ, no julgamento do recurso REsp 1163151. O processo discutia a possibilidade da penhora do valor referente à restituição de imposto de renda. Nas palavras do ministro relator, Adilson Vieira Macabu (Desembargador convocado do TJ/RJ), a devolução do imposto de renda, no caso concreto, nada mais é do que a devolução do salário do autor que foi retido a maior. Assim, definida sua natureza salarial, descabe falar em retenção de tal parcela, conforme o entendimento consignado por este Tribunal, o qual entende que, na linha do disposto no art. 649 do CPC, os valores percebidos a título salarial são impenhoráveis, ainda que se trate, como no caso concreto, de devolução de imposto de renda deles oriundos, afirmou o relator. Por fim, Vieira Macabu afirmou que não há como, portanto, reter verba que, em princípio, tem natureza salarial. O voto foi acompanhado por todos os ministros da 5ª Turma. 6 Art. 649. São absolutamente impenhoráveis: (...) IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, observado o disposto no 3o deste artigo; 9

3.3 Terceira Seção vai uniformizar jurisprudência sobre requisito para ação previdenciária A questão sobre a necessidade de prévio requerimento administrativo para propor ação previdenciária será assunto de incidente de uniformização de jurisprudência no STJ. A questão será analisada pela 3ª Seção. A relatora do processo, ministra Maria Thereza de Assis Moura, disse que a uniformização é necessária, pois, há divergência sobre o tema em decisões da Turma Nacional de Uniformização (TNU), julgados do STJ e do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. A decisão da TNU afirmou que o entendimento do STJ não deveria prevalecer no que diz respeito à questão da necessidade de prévio requerimento administrativo. Sendo a presente demanda inerente ao sistema processual diferenciado dos Juizados Especiais Federais, tal particularidade retira das causas em análise a necessária semelhança fático-jurídica em relação aos julgados da Corte Superior. Com a admissão do processamento do incidente, os presidentes da TNU e das Turmas Recursais deverão prestar informações sobre o assunto. 3.4. Valores pagos indevidamente podem ser retidos pelo fisco quando devedor não aceitar a compensação Valores pagos indevidamente ao fisco podem ser retidos quando o contribuinte se opõe à compensação, determinada de ofício, com dívidas tributárias, segundo o entendimento firmado pela 1ª Seção do STJ. A questão foi levada ao STJ como recurso repetitivo. No recurso julgado (REsp 1213082) a Fazenda Nacional questionava decisão do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região que considerou excessiva a retenção de valores de restituição ou ressarcimento até o pagamento do débito por parte do contribuinte. Para o ministro relator do processo, Mauro Campbell Marques, a restituição ou o ressarcimento de tributos sempre esteve legalmente condicionada à inexistência de débitos certos, líquidos e exigíveis por parte do contribuinte, sendo dever da Secretaria da Receita Federal efetuar de ofício a compensação, sempre que o contribuinte não o fizer voluntariamente. Ainda segundo o relator, a previsão legal de notificação do contribuinte para se manifestar sobre a compensação existe para que esse tenha a oportunidade de falar a respeito do débito que deseja liquidar, podendo excluir aquele que considere ilegítimo e pretenda discutir administrativa ou judicialmente. Mauro Campbell destacou ainda que o que não é admissível é que o sujeito passivo tenha débitos certos, líquidos e exigíveis e ainda assim receba a restituição ou o ressarcimento em dinheiro. Isto não pode. A lei expressamente veda tal procedimento ao estabelecer a compensação de ofício como ato vinculativo. 10

O relator foi acompanhado pelos demais membros da Seção e o entendimento deverá ser aplicado aos recursos que tratam da matéria. IV JULGAMENTO NO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO 4.1. Parcelamento de dívida previdenciária não extingue execução trabalhista A 1ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) firmou entendimento de que o parcelamento de dívida previdenciária, inclusa no Programa de Recuperação Fiscal (Refis), não extingue execução trabalhista, ficando suspensa a cobrança até o pagamento total do débito. No caso concreto, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 3ª Região (Minas Gerais) considerou que o parcelamento da dívida consolida o débito e, assim, constitui novação 7, que, nos termos do Código Civil, art. 999, I, se dá quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior, assim, o ocorrido faz cessar a própria competência da Justiça do Trabalho, onde não se pode apreciar questões decorrentes do parcelamento. Porém, para o relator do processo no TST, ministro Walmir Oliveira da Costa, a adesão a programa de parcelamento não enseja a extinção da execução fiscal por cancelamento ou novação, mas apenas a suspensão do feito, até que o débito seja quitado. Dessa forma, o parcelamento previsto na Lei n.º 10.684/03 é causa de suspensão da execução do débito tributário, e não de extinção, não havendo falar em novação de obrigação ou em ulterior incompetência da Justiça do Trabalho, concluiu o ministro. Todos os componentes da Turma acompanharam o voto do relator. O recurso julgado foi o RR-191340-27.2002.5.03.0043. V - PUBLICAÇÕES NO DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO 5.1 Publicada novas orientações sobre o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) Foi publicada no dia 22 de agosto de 2011, a Instrução Normativa (IN) nº 1.183, de 2011, da Receita Federal que estabelece procedimentos para o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). A nova Instrução Normativa revogou a antiga Instrução Normativa RFB nº 1.005, de 8 de fevereiro de 2010. 7 Novação: operação jurídica que consiste em criar uma nova obrigação, substituindo e extinguindo a obrigação anterior e originária. 11

Uma das alterações trazidas pela instrução normativa foram as novas regras de expedição e cancelamento do CNPJ. 5.2. Lei altera valores de base de cálculo do Imposto de Renda A Presidência da República publicou no DOU do dia 29 de agosto de 2011, a Lei n.º 12.469/2011, que alterou os valores constantes da tabela do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física. De acordo com a nova lei, a partir do ano calendário de 2011, a base de cálculo e a parcela a deduzir do Imposto de Renda terá um valor distinto para cada ano, aumentando progressivamente até 2014, quando a base de cálculo para isenção será de até R$ 1.787,77. O valor atual para o não recolhimento de Imposto de Renda é de até R$ 1.566,61. 12