SÍNTESE DA SÉRIE DIÁLOGOS. A Tributação do ICMS sobre os Resíduos Recicláveis



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Transcrição:

SÍNTESE DA SÉRIE DIÁLOGOS A Tributação do ICMS sobre os Resíduos Recicláveis - 29 de maio de 2012 - Equipe Técnica Antônio Flávio Souza Teixeira Josiana Gonçalves Souza Luana Cristeli Sena Luciana Martins Arantes Marcelo Souto Chaves Mauro Ruther Ventura dos Santos Pedro Henrique Ferreira Rosilene Ferreira Lima 29 de Junho de 2012

Governador do Estado de Minas Gerais Antônio Augusto Junho Anastasia Secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) Adriano Magalhães Chaves Presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) Ilmar Bastos Santos Diretoria de Gestão de Resíduos Zuleika Stela Chiacchio Torquetti Gerente de Resíduos Sólidos Urbanos Francisco Pinto da Fonseca Supervisora do Termo de Parceria 022/2008 Zuleika Stela Chiacchio Torquetti Equipe FIP- Programa Minas sem lixões - Termo de Parceria 022/2008 Coordenação Geral Magda Pires de Oliveira e Silva Coordenação Técnica Eualdo Lima Pinheiro Luiza Helena Pinto Vera Christina Vaz Lanza Fundação estadual do Meio Ambiente Feam Cidade Administrativa Tancredo Neves - Rodovia Prefeito Américo Gianetti, s/nº - Serra Verde Edifício Minas, 1º andar - 30630-900 - Belo Horizonte/MG (31) 3915-1101 - fema@feam.br - www.feam.br Programa Minas sem lixões / Fundação Israel Pinheiro - FIP Av. Belém, 40 - Esplanada - 30285-010 - Belo Horizonte/MG (31) 3281 5845 - minassemlixoes@israelpinheiro.org.br www.minassemlixoes.org.br

ÍNDICE 1. FICHA DO EVENTO... 5 2. APRESENTAÇÃO... 9 3. EVENTO... 10 4. ABERTURA... 11 5. CICLO DE DEBATES... 13 5.1 A TRAJETÓRIA DOS CATADORES... 13 5.2 SUSTENTABILIDADE x INSUSTENTABILIDADE... 14 5.3 A TRIBUTAÇÃO ECOLÓGICA... 16 6. DEBATE... 17 7. FOTOS EVENTO... 20

1. FICHA DO EVENTO Tema: A Tributação do ICMS sobre os Resíduos Recicláveis Data: 29 de maio de 2012 Horário: 8h30 às 12h30 Local: Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR) Avenida Belém, 40, Esplanada, Belo Horizonte/MG Objetivo: Discutir alternativas tributárias para ampliação da sustentabilidade da cadeia produtiva da reciclagem, a partir do projeto em tramitação no Rio de Janeiro, em que defende a redução da carga tributária para os produtos reciclados, que já tiveram sua tributação na origem, para aquecer o investimento no setor e potencializar o processamento da matériaprima. A Série Diálogos irá debater sobre as possibilidades de valorização dos resíduos recicláveis, melhores formas de tratamento e geração de trabalho e renda, com a inclusão sócio-produtiva dos catadores. Palestrantes: Luiz Henrique da Silva Palestra: A Trajetória dos Catadores A A T rajetória Catadores

Mini-currículo: Integrante da Coordenação do Movimento Nacional dos Catadores e associado da Asmare; Diretor da Asmare (Associação dos catadores de papel, papelão e material reaproveitável;) Integrante da Coordenação Estadual do MNCR; Integrante da Equipe de Articulação Estadual que tem como objetivo desenvolver ações para o desenvolvimento e fortalecimento dos catadores nos 5 Comitês Regionais do Estado; Componente da comissão que realiza o festival lixo e cidadania anualmente em Belo Horizonte; Participa da Equipe de Articulação Nacional que tem como objetivo articular Políticas Públicas e buscar garantia de melhoria de vida e trabalho dos catadores de materiais recicláveis junto ao Governo Federal, Estaduais e Municipais. Edson Freitas Palestra: Sustentabilidade X Insustentabilidade Mini-currículo: Empresário e diretor da empresa Brasilpet Reciclagem; Presidente e Fundador da Associação Brasileira da Cadeia Ambiental do PET (ABREPET); Presidente e Fundador da ONG Eccovida;

Presidente da Associação dos Recicladores do Rio de Janeiro (ARERJ); Autor da Lei que incentiva as cooperativas de catadores; Participação na realização de Projetos Ambientais com prefeituras e empresas privadas; Prêmios Recentes Diploma e Medalhe de Mérito Ambiental entregue pelo Conselho Permanente da Brigada Ambiental do Município de Itaperuna (BMA-ITA) (26-06-2011); Prêmio Parceiro Amigo do Meio Ambiente recebido pela Prefeitura do Rio de Janeiro (07-03- 2011). Reinaldo Martins Palestra: Tributação Ecológica Mini-currículo: Advogado. Pós-graduado em Direito do Trabalho e Processo Civil, especialista em Direito Tributário, Bancário e Empresarial e Ambiental; Foi advogado da ARERJ - Associação dos Recicladores do Rio de Janeiro; Atualmente é advogado da ABREPET - Associação Brasileira da Cadeia de Sustentabilidade Ambiental do PET;

Autor da tese das Empresas Despoluidoras do Ambientes, com diverssos artigos publicados sobre esse tema, bem como de estudos que viabilizam a implementação da Tributação Ecológica para as empresas despoluidoras e protetoras do ambiente. Diniz Pinheiro Presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais Mediador Luciano Badini Mini-currículo: Promotor de Justiça da Comarca de Belo Horizonte; Coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, Patrimônio Histórico e Cultural, Habitação e Urbanismo do Ministério Público do Estado de Minas Gerais (CAOMA);

Representante do Ministério Público Estadual no Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM); Vice-Presidente do Fundo Estadual de Direitos Difusos (FUNDIF); Vencedor do Prêmio Innovare /2010, categoria Ministério Público concedido pelo Instituto Innovare, com o apoio das Organizações Globo e parcerias com o Ministério da Justiça, Secretaria da Reforma de Judiciário, CONAMP, AMB, AJUFE, ANPR, OAB, ANADEP ; Coordenador Interestadual das Promotorias de Justiça de Defesa do Rio São Francisco; Secretário-Geral da Procuradoria-Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais e do Projeto Estruturador Sedes Próprias (2005/2008). 2. APRESENTAÇÃO O Governo de Minas, por meio da Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEAM, o Centro Mineiro de Referência em Resíduos - CMRR, em parceria com a Fundação Israel Pinheiro FIP, por meio do Programa Minas sem lixões realizaram no dia 29 de maio de 2012, em Belo Horizonte, a primeira Série Diálogos do ano, para discussão da tributação do ICMS sobre os resíduos recicláveis. A Série Diálogos tem como objetivo debater sobre as possibilidades de valorização dos resíduos recicláveis, melhores formas de tratamento e geração de trabalho e renda, com a inclusão sócio-produtiva dos catadores.

Para o ano de 2012, haverá quatro edições do evento, com a consolidação, ao final, das discussões para a criação de um Projeto de Lei para Minas Gerais, referente à tributação sobre os resíduos recicláveis. 3. EVENTO Com o propósito de ampliar as discussões sobre a sustentabilidade da cadeia produtiva da reciclagem, especialistas de Minas Gerais e do Rio de Janeiro se reuniram no Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR), para se estabelecer diálogos a partir das discussões propostas pelo projeto em tramitação no Rio de Janeiro, que defende a redução da carga tributária para os reciclados, que já tiveram sua tributação na origem, para aquecer investimentos no setor e potencializar o processamento da matéria-prima. O evento contou com um público estimado de 100 pessoas, entre representantes de indústrias recicladoras, de órgãos governamentais, empresas privadas e ONGs e associações de catadores de materiais recicláveis. Composição de Mesa Iniciou-se a Série Diálogos com a composição da mesa pelas autoridades presentes: Ilmar Bastos Santos: Presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente - Feam; José Aparecido Gonçalves: Diretor do Centro Mineiro de Referência em Resíduos - CMRR;

Célio Moreira: Deputado Estadual, representando Diniz Pinheiro Presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais Édson Freitas: Empresário e Diretor da empresa Brasilpet Reciclagem do Rio de Janeiro; Reinaldo Martins: Advogado Tributarista, Bancário, Empresarial e Ambiental, de Juiz de Fora; Luiz Henrique da Silva: Integrante da Coordenação do Movimento Nacional dos Catadores e associado da Asmare; Luciano Badini: Promotor de Justiça da Comarca de Belo Horizonte e Coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, Patrimônio Histórico e Cultural, Habitação e Urbanismo do Ministério Público do Estado de Minas Gerais (CAOMA). 4. ABERTURA O governo do Estado de Minas Gerais, representado pelo presidente da Feam, Ilmar Bastos Santos, deu início ao evento, relatando a política adotada pelo Estado, que vem implementando medidas que visam o reconhecimento do papel dos catadores de materiais recicláveis como profissionais. Um dos exemplos citados por ele é a criação do Programa Bolsa Reciclagem, que foi assinado no dia mundial do meio ambiente, 05 de junho de 2012, sendo esse programa pioneiro no país e que terá grande incentivo para os trabalhadores e as associações de catadores.

O Diretor Executivo do CMRR, José Aparecido Gonçalves, destacou a importância do reconhecimento do trabalho dos catadores, que muitas vezes são considerados como pessoas anônimas pelo governo e pela sociedade civil, assim como a importância da não tributação sobre os materiais recicláveis, e a formulação de leis para o setor, havendo assim uma valorização dos resíduos. A palavra foi repassada para o deputado estadual Célio Moreira, representante do Presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, o deputado Diniz Pinheiro. Ressaltou a necessidade de incentivo aos municípios para a erradicação dos lixões, uma vez que a Lei 12.305/10 estabelece o prazo de até 2014 e haverá penalidade a aqueles que não atenderem. Além de citar várias leis que estão em trâmites no congresso. Sugeriu a transferência do pagamento do ICMS relativos aos recicláveis, sendo este alterado para saída, ou seja, na comercialização. A redução da carga tributária à mercadoria que utiliza como matéria-prima materiais recicláveis, a celebração de convênio interestadual para comercialização de recicláveis e, a existência de um projeto na Assembléia relativo a reutilização de garrafas PET. Em seguida a palavra foi repassada para o Sr. Luiz Henrique da Silva, integrante do Movimento Nacional dos Catadores que deu início ao ciclo de palestras.

5. CICLO DE PALESTRAS 5.1 A TRAJETÓRIA DOS CATADORES Segundo o representante do Movimento Nacional dos Catadores, Luiz Henrique da Silva, o mercado de materiais recicláveis encontra-se em crise, devido a uma queda nas vendas, na produção e a baixa demanda de mercado. Diante desse contexto, ele pontuou a necessidade de uma regulamentação no setor, para que haja incentivos como programas de investimentos, isenção de IPI Imposto sobre Produtos Industrializados, dentre outros. Destacou a necessidade de precificação dos serviços prestados pelos catadores, além da mudança de visão de mercado dos catadores, ou seja, que o catador desenvolva um caráter empreendedor. Silva relatou ainda sobre a problemática com a cadeia de comercialização (redes de cooperativas, atravessadores, indústrias, transação das mercadorias e crise internacional - efeitos, queda de produção e impactos diretamente relacionados, tais como queda de faturamento, estoques cheios, dificuldade na comercialização, entre outros. Enfatizou, ainda, que o incentivo à Coleta Seletiva não é suficiente, uma vez que a oferta já é maior que a procura. É necessário um modelo de prestação de serviço que inclua a força de trabalho do catador e promova o diálogo com as empresas e o incentivo para as indústrias da reciclagem, uma vez que, atualmente, em vários casos é mais vantajoso trabalhar com matériaprima virgem do que o material reciclável.

5.2 SUSTENTABILIDADE x INSUSTENTABILIDADE O tema Sustentabilidade x Insustentabilidade foi apresentado pelo Presidente da Associação dos Recicladores do Rio de Janeiro, Edson Freitas, que abordou a retributação dos materiais recicláveis na cadeia produtiva e a desvalorização do trabalho realizado pelos catadores, além da empresa poluidora receber incentivos fiscais e a despoluidora não. De acordo com Edson Freitas, quando uma empresa compra um material reciclado para aproveitá-lo na produção de uma nova linha de mercadorias, cobra-se um valor maior que aquele cobrado pela matéria-prima em material virgem. Isso, porque há uma bitributação do material reciclável, aumentando seu preço e distanciando a sua aquisição, o que inviabiliza todo o ciclo sustentável e também o crescimento do mercado de recicláveis. Segundo Freitas, há também a necessidade de criação de um projeto de lei que incentive as cooperativas de recicláveis, reduzindo os impostos para abertura de novas cooperativas e agilidade nos processos de licenciamento e homologação das organizações. Sendo que a emissão de nota fiscal eletrônica nas organizações de catadores, por exemplo, resulta em maiores impostos e redução de renda. Foi sugerido que além do Bolsa Reciclagem, seja criado um programa de incentivo às empresas recicladoras, com o nome de Bolsa Sustentabilidade. Foi apresentado pelo palestrante dados do IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, nos quais o país economizaria R$ 8 bilhões por ano se reciclasse todos os materiais

encaminhados aos aterros e lixões, nesse âmbito, seriam gerados mais de 2 milhões de empregos por meio da reciclagem. Enfatizou que a matéria-prima em seu estado original concorre em menor preço com a matéria-prima proveniente dos recicláveis, inviabilizando o ciclo sustentável. Observou a necessidade da criação de planos e metas para utilização obrigatória dos recicláveis nas empresas como matéria de consumo. Nesses planos haveria multa para quem não utilizasse produtos recicláveis, ou seja, se existe matéria-prima reciclada para a fabricação do produto e o empreendedor insiste em usar o bem natural, o valor da compra de ambas seria comparado e essa oscilação geraria a multa. Freitas exemplificou a importância do retorno do material reciclável, o PET, ao ciclo de produção com as mesmas características físicas e mesma utilidade, mantendo esse ciclo sustentável, onde o governo poderia ajudar por meio de incentivos fiscais como a Sustentabilidade Tributária e criar um plano de metas para utilização obrigatória do PETR PET RECICLÁVEL pelas empresas poluidoras, sendo que as empresas que não cumprirem seriam obrigadas a pagar o imposto verde. Outro ponto importante é o alto valor do frete referente ao transporte de alguns tipos de materiais recicláveis que só têm destinação para reciclagem em estados específicos do Brasil, como o vidro. Para que ocorra a diminuição deste custo, é necessária a redução do ICMS entre os estados, estimulando a implantação de empresas recicladoras em todas as regiões do país, para que esta atividade não fique centralizada apenas no sudeste como ocorre atualmente.

5.3 A TRIBUTAÇÃO ECOLÓGICA O palestrante Reinaldo Martins iniciou a sua fala, abordando a questão legal da tributação que gera muitas dúvidas, inclusive na cadeia produtiva dos materiais recicláveis. Para que haja uma Sustentabilidade Tributária no setor, são necessárias algumas mudanças na tributação desses produtos. A primeira mudança a ser realizada, seria na constituição de 1988, quanto às questões tributárias, especificamente na desoneração tributária. O produto que foi descartado se torna um problema de direito ambiental, à parte da situação econômica, não havendo mais a necessidade de tributação. Segundo Martins, existe também a necessidade de intervenção extra-fiscal do poder público na indústria da reciclagem, a falta de estímulos ao consumidor final para o retorno do produto à cadeia produtiva, e que a defesa do meio ambiente, a partir do descarte correto dos produtos, não pode ser tributada. Consequentemente, as empresas e a população se beneficiariam com tal proposta, com produtos mais em conta e postura ambientalmente correta. É preciso criar mecanismos de incentivo para uma colaboração maior da população na realização da coleta seletiva. Como exemplo, o desconto no IPTU para aqueles que participarem efetivamente do programa. Observou, ainda, o descaso das autoridades com os problemas das organizações de catadores, como por exemplo, na crise de 2008, em que a comercialização caiu a tal ponto que houve

grande concentração de material nos depósitos, e em contra-partida houve um auxílio extrafiscal do poder público na redução de IPI de carros devido ao acúmulo no pátio das montadoras. Uma das soluções também seria inserir a logística reversa no sistema, ou seja, não tributar o mesmo produto, fazer uma diferenciação dos tipos de mercadoria, assim diferenciar a cobrança da TCFA (taxa de controle e fiscalização ambiental) arrecadada das empresas, inclusive as que trabalham com materiais reciclados. As organizações de catadores devem ser consideradas gestores da defesa do meio ambiente, sendo importantes elementos operacionais na questão ambiental. 6. DEBATE Na sequência ao ciclo de palestras, o mediador Luciano Badini deu início ao debate, consolidando as perguntas dos participantes, que foram respondidas pelos palestrantes, sintetizadas a seguir: Quais os embasamentos legais solucionariam os problemas apontados na palestra? E como deverá ser redigido o artigo de lei para redução da tributação?

A indústria da reciclagem deveria receber o incentivo, assim como Aterro Sanitário, pois o aterro recebe ICMS ecológico e não trata os resíduos, apenas os aterra; já as indústrias beneficiam para torná-lo um novo produto. O Estado deve auxiliar o mercado de recicláveis, por meio das legislações, da redução de impostos e do incentivo aos catadores, porque não adianta apenas trabalhar a estrutura física, como galpões, aterros e unidades de triagem. Alterar os tributos da união, pois esses são mais fáceis de conseguir alíquota zero. o Estado, por sua vez, é mais complexo, entretanto pode-se reduzir o IPVA e impostos de produção dos veículos que utilizem reciclados. Nos municípios a isenção do ISS. Isentar o ICMS na industrialização que trabalhem com materiais recicláveis como matéria-prima. Alterar a tributação das cooperativas, principalmente quando o produto é encaminhado interestadual. Qual a variação da alíquota de IPI sobre plástico virgem e reciclado? Variável de acordo com o produto. Deve-se receber crédito em cima do produzido (flake). Como fazer com que a sociedade se comprometa para a separação dos recicláveis? A mudança de cultura não ocorre do dia para a noite, deverão ser definidos modelos de gestão que facilitem a participação da sociedade.

Alterar o modelo de consumo, direcionando para a redução. Tratar a coleta seletiva como programa de governo. Incentivar o cumprimento da separação através de programas (reduzir o valor do IPTU para as comunidades em que exista a coleta seletiva efetiva). Padronização de embalagens, tornando sempre retornável. Contextualizar a temática de Educação Ambiental na Política Nacional. Isenção de ISS e IPTU? A isenção desses impostos sendo praticada pelo poder público não acarretará numa perda de receita para o mesmo, sendo que ela poderá ser retornada em função da economia de água, energia, dentre outras questões passíveis de serem mensuradas. Crédito financeiro em investimentos de novas tecnologias. Incentivar aquelas que forem trabalhar no termo de sustentabilidade. Os empresários devem se impor diante do governo, exigindo a efetivação desse crédito. Foram sugeridas as seguintes propostas pelo público: Isenção tributária para incentivo a formação de empresas recicladoras. Crédito financeiro para investimento em empresas despoluidoras. Incentivo a implementação de tecnologias sustentáveis, conforme previsto na Política Nacional de Resíduos Sólidos.

7. FOTOS EVENTO