O sucesso da política depende do forte comprometimento de cada um dos envolvidos no processo, de governo e empresas até consumidores.
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- Washington Abreu Brezinski
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2 ECONOMIA - 19/08/14 BRIEFING DE POSICIONAMENTO SOBRE A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS 1. CONTEXTO Posicionamento geral para quaisquer entrevistas realizadas no âmbito da terceira edição do projeto CNI Sustentabilidade, cujo tema é Resíduos Sólidos: Inovação e Tendências para a Sustentabilidade. O evento será realizado em 20 de agosto, no Rio de Janeiro. O cerne da divulgação será concentrado nos seguintes eixos: 1) Evento (factual): imprensa carioca, especialmente jornal O Globo, que também pauta a imprensa nacionalmente; 2) Propostas de desoneração tributária para a cadeia de logística reversa: matéria exclusiva para a Folha de S. Paulo; 3) Ações empresariais para cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos: matéria exclusiva para O Globo (pesquisa da FSB) e Rede Globo (Jornal Hoje). 2. MENSAGENS-CHAVES A Política Nacional de Resíduos Sólidos é positiva e o setor industrial está comprometido com a destinação adequada dos resíduos desde a produção. Uma pesquisa da CNI, divulgada neste mês (agosto de 2014), mostra que quase metade das indústrias entrevistadas fazem logística reversa após o consumo. E a indústria faz isso porque é um negócio, porque reduz custos de produção e aumenta a competitividade do setor. O sucesso da política depende do forte comprometimento de cada um dos envolvidos no processo, de governo e empresas até consumidores. É preciso políticas públicas que viabilizem a reciclagem. Alguns exemplos de políticas são a redução da distância entre o descarte e a reciclagem, a desoneração de tributos e a organização de um sistema de informações sobre resíduos sólidos entre governos federal, municipal e federal. Pesquisa da CNI mostra que os produtos reciclados pagam até R$ 2,6 bilhões de tributos que os feitos com matérias-primas virgens. A sociedade precisa se envolver no processo. Não teremos uma política eficiente sem o engajamento da população, que precisa descartar os produtos de forma correta em postos de coleta específicos. Precisamos de campanhas de conscientização para disseminar essa cultura. A CNI vai debater neste mês propostas e soluções para a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos. No evento CNI Sustentabilidade, serão abordadas boas práticas nacionais e internacionais para a destinação de resíduos.
3 3. DESONERAÇÃO TRIBUTÁRIA DA CADEIA DE LOGÍSTICA REVERSA Os produtos reciclados pagam até R$ 2,6 bilhões a mais de tributos que os feitos com matérias-primas virgens, sendo que o ICMS é o que mais pesa para a cadeia da reciclagem. Uma importante proposta do estudo é a criação do Visible Fee ou Ecovalor, por meio do qual o custo do sistema de logística reversa por produto é discriminada na nota de venda ao consumidor e sobre esse valor não há incidência de impostos. A CNI estima que um sistema de reciclagem e reaproveitamento de resíduos com um custo de R$ 5 por unidade de produto acaba custando para o consumidor R$ 11,79, por causa da incidência de tributos e da margem sobre esse valor. Outra proposta é a concessão de crédito presumido sobre o valor dos resíduos usados pela empresa recicladora. Para um crédito presumido de 100%, no caso do ICMS, a renúncia tributária alcançaria quase R$ 1,4 bilhão e, no caso do PIS/COFINS, quase R$ 800 milhões. Para o IPI, a renúncia seria de pouco mais de R$ 400 milhões. Para implementação desse sistema de crédito presumido, sobretudo, no caso do ICMS, é preciso harmonizar as leis estaduais no Conselho de Política Fazendária (Confaz) já que os interesses dos estados são divergentes. Além disso, será necessário trabalhar com cada governo estadual sobre a necessidade de simplificar e desonerar o ICMS. Além da concessão de crédito presumido sobre o valor dos resíduos, outras propostas na linha de desoneração de tributos são: ampliação da suspensão da incidência de PIS/COFINS; e desoneração de serviços terceirizados de coleta, triagem, transporte, processamento dos resíduos e gestão da logística reversa. Além da criação do Ecovalor, para reduzir o custo da logística reversa onerosa setores de lâmpadas, pneus, pilhas e baterias, eletroeletrônicos, entre outros, a CNI propõe: crédito presumido calculado com base no valor efetivamente despendido pela indústria para o financiamento da logística reversa; incentivo a empresas que investem em programas de logística reversa com dedução no Imposto de Renda; e desoneração da folha das cooperativas. 4. PESQUISA SOBRE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS A gestão de resíduos sólidos faz parte da preocupação das indústrias. Pesquisa realizada pela CNI com gestores de 55 empresas mostra que 88% deles consideram importante ou muito importante a adequada destinação dos resíduos sólidos.
4 O estudo também aponta que 46% das empresas entrevistadas fazem logística reversa após o consumo. Dessas, 72% estão preparadas para ampliar investimentos em logística reversa. Em relação a investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação, 78% das empresas consultadas informaram investir em tecnologias e processos de reciclagem e reaproveitamento de resíduos. Houve aumento de investimentos na gestão de resíduos sólidos para 64% das empresas em 2013 em relação a Entre as indústrias que ampliaram os investimentos, 29% incrementaram em mais de 20% o total dos recursos aplicados na área em Os investimentos foram destinados à reciclagem, ao reaproveitamento, a não-geração de resíduos e ao aproveitamento energético. Das empresas consultadas, 67% pretendem aumentar os investimentos com pesquisas, desenvolvimento e inovação na área nos próximos cinco anos, enquanto que 33% têm a intenção de manter as aplicações no mesmo patamar de A indústria vê a gestão dos resíduos sólidos como oportunidade de melhorar e incentivar novos negócios. O principal motivo para o aumento dos investimentos, com 37% das menções, foi o maior controle sobre o gerenciamento e a destinação dos resíduos. Em segundo lugar, com 29% das respostas, apareceram as oportunidades de negócios proporcionadas pelos resíduos e, em terceiro, com 23% das assinalações, está o atendimento à legislação. A pesquisa revela também que, para 71% dos entrevistados, faltam incentivos econômicos concretos que estimulem o desenvolvimento do gerenciamento e do mercado de resíduos sólidos no Brasil. 5. CNI SUSTENTABILIDADE A CNI realiza, em 20 de agosto no Rio de Janeiro, o terceiro encontro do Projeto CNI Sustentabilidade. O evento, cujo tema é Resíduos Sólidos: Inovações e Tendências para a Sustentabilidade, debaterá três grandes temas relacionados à Política Nacional de Resíduos Sólidos: o Ecodesign, a requalificação dos resíduos como nova fonte de recursos para a indústria e a valorização energética e seu papel na gestão de resíduos. Os debates reunirão especialistas brasileiros e estrangeiros, entre eles o norte-americano Thomas Heller, especialista em política climática e vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2007, que integra o Conselho de Liderança da Rede de Soluções em Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ONU).
5 Em relação à requalificação dos resíduos como nova fonte de recursos, será discutida a transformação dos resíduos sólidos em subproduto ou matéria-prima. Para atingir tal classificação, o material não pode trazer prejuízos à saúde humana e ao meio ambiente. Também deve, entre outros requisitos, reduzir o consumo de recursos naturais e o uso de aterros, além de gerar benefícios econômicos. Especialistas debaterão ainda o ecodesign, em que serão apresentadas boas práticas de empresas que incorporaram a sustentabilidade ao processo produtivo. Uma das principais contribuições do ecodesign para o meio ambiente é a otimização do reaproveitamento ou da reciclagem do produto, depois da devolução pelo consumidor. O uso dos resíduos sólidos como fonte de energia será discutido no último painel, sobre valorização energética. O CNI Sustentabilidade é um ciclo de debates que ocorre anualmente. O projeto promove um diálogo permanente no setor empresarial sobre tendências, tecnologias inovadoras, oportunidades e desafios para nortear a indústria na busca pela competitividade aliada à sustentabilidade. A primeira edição foi realizada durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), em 2012, que reuniu mais de empresários. A segunda edição, em 2013, também no Rio, teve como tema Água: oportunidades e desafios para o desenvolvimento do Brasil. 6. MAIS INFORMAÇÕES A indústria da reciclagem movimenta mais de R$ 22 bilhões por ano no Brasil. (Fonte: RWM- Brasil 2014) Em média, cada brasileiro das grandes cidades descarta 417 quilos de resíduos por ano. A geração de lixo por habitante no Brasil cresceu 15% de 2008 a 2014 e se aproxima dos níveis de países desenvolvidos. A Política Nacional de Resíduos Sólidos deu prazo até agosto de 2014 para que os lixões fossem transformados em aterros sanitários. O prazo venceu e ainda há mais de 2,5 mil lixões pelo país. Mas já há medidas provisórias em tramitação para prorrogação do prazo para fechamento. (Obs.: Recomenda-se procurar a Confederação Nacional dos Municípios para mais detalhes sobre essa questão.) Há diversos setores que já estão bem adiantados na implantação da logística reversa, como latas de alumínio (98% de reciclagem), embalagens de agrotóxicos (94% de reciclagem),
6 pneus, óleos lubrificantes usados e embalagens de óleos lubrificantes. Outros estão em estruturação, como eletroeletrônicos e pilhas e baterias, lâmpadas e embalagens. As práticas adotadas em logística reversa são diversas. Alguns exemplos: - No setor de embalagens, por exemplo, empresas mapeiam e divulgam para consumidores os locais e as cooperativas que recebem esses materiais; - No segmento de vidros, há caso de indústria que recebe e recicla cacos de para-brisas para produzir garrafas; - Empresas investem em inovação de produtos e embalagens com foco em melhor destinação dos resíduos e facilitar o processo de reciclagem, entre os destaque estão os refis de cosméticos e produtos de limpeza. A Alemanha, o Japão, a Suécia e a Holanda são as grandes referências na gestão de resíduos sólidos, pois reciclam em grande quantidade e, quando não há reciclagem, produzem energia a partir dos resíduos. O índice de depósito de resíduos em aterros é muito pequeno nesses países e a reciclagem é muito incentivada. 7. POSSÍVEIS PERGUNTAS Na prática, o que é logística reversa? É um conjunto de ações que viabilizam a coleta e a devolução dos resíduos sólidos para o setor empresarial para serem reaproveitados ou destinados de maneira ambientalmente correta. Nesse processo tanto empresas, quanto poder público e sociedade têm responsabilidades. Que exemplos temos de prática de logística reversa? Um exemplo é quando um fabricante de um xampu já fabrica a embalagem pensando em como ela será reutilizada após o uso. Hoje temos empresas brasileiras que utilizam plásticos mais facilmente recicláveis na fabricação dos refis de cosméticos, o que é um incentivo para a reciclagem. Outro exemplo é quando o fabricante de um eletroeletrônico já produz um produto prevendo como será a devolução e a reciclagem daquele produto, e que destinação ambiental ele deve ter após seu uso. O que a CNI faz para incentivar a prática entre a indústria brasileira? A CNI vem acompanhando a questão de perto por considerar que é essencial para ajudar a aumentar a competitividade da indústria. Nos últimos anos participamos da construção da Política Nacional de Resíduos Sólidos, principalmente na elaboração de políticas setoriais e promovemos encontros entre especialistas e indústria. Neste mês faremos um seminário para conhecer as práticas nacionais e internacionais e para discutir políticas de incentivo à logística reversa. É o CNI Sustentabilidade, que será promovido no Rio de Janeiro no dia 20 de agosto.
7 EXPEDIENTE Social Diretor: Carlos Alberto Barreiros Contatos: (61) Gerência-Executiva de Jornalismo Gerente-executivo: Rodrigo Caetano Contatos: (61) Jornalistas responsáveis pelo briefing Maria José Rodrigues Contato: (61) Diego Abreu Contato: (61) Mariana Flores Contato:
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