Exame final de estágio para solicitadores (2015/2016) GRUPO I (14V) João Bernardo faleceu em 4 de Fevereiro de 2017, no estado de viúvo. Deixou 3 filhos como herdeiros, e um testamento a favor de Joana Castro, com quem vivia, deixando-lhe o prédio urbano onde ambos residiam, em Queluz, com o valor patrimonial tributário de 117 000 euros. - O património por ele deixado é ainda, composto por: Um prédio urbano sito em Coimbra, para fins comerciais e com o valor patrimonial tributário de 97.000 euros; Uma fração autónoma sita em Sintra, com o valor patrimonial tributário de 125.000 euros; Conta bancária na CGD provisionada com a quantia de 320.000 euros; Um quadro de um célebre pintor. 1. Admita que foi contactado(a) na qualidade de solicitador(a) por um dos três filhos de João Bernardo no sentido de o informar quais as obrigações fiscais declarativas decorrentes do óbito do seu pai e diga qual a forma mais adequada de o ajudar no cumprimento tempestivo das mesmas. (6V) Critérios/resposta: - O filho de J. Bernardo deve participar a sucessão mortis causa por óbito de seu pai, nos termos do que preceitua o Artº. 26 CIS, nº.s 1 (obrigação de participação); 2 (modelo oficial); 3 (final do 3º. mês seguinte); 4 (Obrigações do Cabeça de casal); 5 (prazos improrrogáveis); 6 (doc.s instrução da participação); conjugado com o nº. 2 al. b) do Artº. 2º., sendo a cabeça de casal instituída em conformidade com o Artº. 2079 e 2080 CC; - Deve fazê-lo até ao final do 3º. mês seguinte ao facto tributário, nos termos do que preceitua o nº. 3 do artigo 26 CIS, isto é, até 31 de de 2017; - Como os três filhos são descendentes em linha reta, beneficiam da isenção prevista no Artº. 6º. Alinea e) CIS, dado tratar-se de uma transmissão gratuita sujeita à verba 1.2 da TGIS; Página 1 de 5
- Os acervos hereditários, sujeitos a IS, são constituídos por direitos de propriedade (Cfr. Artº. 1º. nº. 3 al. a)); bens móveis sujeitos a registo, matricula ou inscrição (Cfr. Artº. 1º. nº. 3 al. b)); e valores monetários; - O cumprimento tempestivo das obrigações acessórias, nos termos do que preceitua o Artº. 26 CIS no seu nº. 6 al. l), obriga à junção dos extratos de depósito à data da abertura da herança, tendo em consideração o que prevê o Artº. 63-A do mesmo diploma legal, no que tange ao levantamento dos depósitos de valores monetários; - Valores tributáveis em sede de IS bens imoveis Cfr. Artº. 13º. nº.s 1 e 4 com a faculdade do nº. 5 / conjuga-se com Artº. 12 CIMT e 13 CIMT (regras especiais) quando aplicáveis; - O quadro de um célebre pintor, al. b) do nº 3 do artº 1º, sendo quantificado com observância do disposto no nº 3 do artº 14º, enquadrado em uma das alíneas a), b),c) ou d) do CIS - Deverá constatar-se o averbamento oficioso em nome da herança indivisa, em sede de IMI, pelos serviços da AT, efetuado nos termos do Artº. 81º nº3 CIMI. 2. Na sequência da operação descrita no ponto anterior identifique: (2V) a) o sujeito passivo e quem tem o encargo do imposto; b) a existência de isenções; c) a taxa de imposto aplicável; Critérios/Resposta: Nas sucessões por morte, o imposto é devido pela herança, representada pelo cabeça de casal, e pelos seus legatários, nos termos da al. a) do nº 2 do Artº 2º e al.a) do nº 3 do Artº 3º, ambos do CIS.(0,5 valor) No entanto, nesta situação, os filhos, como descendentes, nas transmissões gratuitas sujeitas à verba 1.2 da tabela geral do CIS estão isentos al.e) do Artº 6º do CIS.(0,5 valor) Deste modo, só Joana Castro pagaria imposto de Selo à taxa de 10%- Artº 22º conjugado com a verba 1.2 da tabela geral, ambos do CIS (1 valor). 3. O proprietário de um prédio urbano sito em Coimbra, para fins comerciais e com um valor patrimonial tributário de 97 000, vai outorgar procuração no sentido de conferir ao procurador instituído poderes de alienação do imóvel e em que, por renúncia ao direito de revogação ou cláusula de natureza semelhante, os herdeiros deixam de poder revogar a procuração, fixando o valor do negócio em 150 000. (6V) Proceda ao enquadramento fiscal da situação exposta, em termos de IMT. Página 2 de 5
Critérios/ Resposta A outorga de procuração que confira poderes de alienação deste imóvel de Coimbra e em que, por renúncia ao direito de revogação ou cláusula de natureza semelhante, o representado deixe de poder revogar a procuração, cai no âmbito do nº 1 do Artº 1º do CIMT,, como refere a al. c) do nº 3 do Artº 2º, configurando a existência de uma transmissão onerosa, considerando-se consumada a transmissão e constituída a obrigação tributária nº 2 do Artº 5º do CIMT. Nos termos da al. f) do Artº 4º é sujeito passivo do IMT, o procurador instituído, obrigando-o a proceder à liquidação e pagamento do respectivo imposto, nos termos do nº 2 do Artº 22º, logo, antes da outorga notarial desta procuração, obrigando ao pagamento do imposto nos termos do nº 1, do Artº 36º CIMT, sendo competente para a liquidação qualquer Serviço de Finanças ou qualquer outro local autorizado por lei-artº 19/1 e 21º /2 a) Artº 37º /1, CIMT. Nos termos do nº 1 do Artº 12º serve de base à liquidação do IMT, o maior valor sendo, neste caso, os 150 000, com base na al. d) do nº 1 do Artº 17º do CIMT Selo: Logo: 150 000 x 6,5%= 9 750 150.000 x 0,8% = 1200 ( verba 1.1. da TGIS) GRUPO II (6V) Instruções de preenchimento: Resposta: a resposta a cada uma das questões deve ser dada através do preenchimento de um dos quadrados na sua totalidade. Exemplo: Engano na resposta: quando se enganar, deve fazer uma cruz por cima da resposta que considera errada e preencher a nova resposta pretendida. Exemplo: a No caso supra identificado a resposta correta corresponde ao terceiro quadrado. Página 3 de 5
Cada questão deste grupo tem uma cotação de 1 valor. A resposta errada desconta 0,25 valores. A falta de resposta não é cotada. Uma eventual cotação total negativa neste grupo equivale a 0 valores, não prejudicando a cotação obtida no Grupo I. Todo o enunciado deve ser entregue juntamente com a(s) respetiva(s) folha(s) de resposta ao exame e faz parte integrante dela(s) 1. Quais as regras de contagem dos prazos no procedimento tributário? Os prazos no procedimento tributário contam-se em dias úteis; No procedimento tributário, os prazos são contínuos e contam-se nos termos do Código Civil; Os prazos no procedimento tributário suspendem-se com as férias judiciais; Os prazos no procedimento tributário suspendem-se aos sábados, domingos e feriados. 2. No âmbito do procedimento tributário, que meio processual deve ser utilizado para invocar a ilegalidade de um acto de liquidação de imposto? O pedido de revisão da matéria tributável; A reclamação graciosa; O recurso hierárquico; O procedimento de correcção de erros. 3. Em caso de transmissão gratuita de estabelecimentos comerciais, industriais ou agrícolas sujeitos a tributação para efeitos do imposto sobre o rendimento das pessoas singulares que não sejam obrigados a possuir contabilidade organizada e que venham a ser partilhados judicialmente, o valor tributável é: O valor que lhe for atribuído na partilha ou liquidação judicial. O valor atribuído pelo cabeça-de-casal. O valor do trespasse. O maior dos valores referidos nas outras alíneas. Página 4 de 5
4. Uma das seguintes afirmações é falsa. Indique qual: No caso de prédio com uma parte habitacional e outra para comércio, sendo as partes economicamente independentes, cada parte é avaliada por aplicação das correspondentes regras, sendo o valor do prédio a soma dos valores das suas partes; No caso de um prédio com uma da parte principal e a outra meramente acessória, o VPT é apurado por aplicação das regras de avaliação da parte principal, tendo em atenção a valorização resultante da existência das partes acessórias; No caso da propriedade resolúvel, o IMI é devido por quem tenha o uso e fruição do prédio; Nos casos de direito de superfície, o IMI é devido pelo superficiário desde a data da aquisição desse direito. 5. No caso de celebração de contrato promessa de aquisição e alienação de bens imóveis, com cláusula de cedência da posição contratual, o IMT incide sobre: A parte do preço pago pelo promitente adquirente ao promitente alienante; A parte do preço pago pelo promitente adquirente ao promitente alienante ou sobre o Valor Patrimonial Tributário, conforme o superior; O Valor Patrimonial Tributário; O preço do imóvel. 6. No caso de aquisição de uma quota de 30% do capital social de uma sociedade detentora de imóveis, na qual o cessionário já detinha 50%: Não há lugar a IMT, uma vez que as quotas são consideradas bens móveis; Há lugar a IMT, uma vez que o cessionário passou a deter mais de 50 % do capital social; Há lugar a IMT, uma vez que o cessionário passou a deter mais de 75 % do capital social; Esta operação não está sujeita a IMT. Página 5 de 5