2007 2.ª Fase S E R O IT D E L A E R A



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Transcrição:

2007 2.ª Fase

2007 2.ª Fase

2007 2.ª Fase

2007 2.ª Fase 20 pontos 25 pontos 25 pontos 30 pontos

2007 2.ª Fase 20 pontos 20 pontos 60 pontos TOTAL 200 pontos Exame Nacional de História A, 12.º Ano, 2007, 2.ª fase in www.gave.min-edu.pt

Proposta de resolução 2007 2.ª Fase Grupo I 1. Pela análise do documento 1, podemos concluir que as dificuldades económico-financeiras que ensombravam Portugal, desde os últimos anos do regime monárquico, agravaram-se aquando da entrada do nosso país no primeiro conflito à escala mundial, em 1916, ao lado dos Aliados. Os governantes republicanos mostraram-se incapazes de reverter esta conjuntura negativa, que se arrastou até ao fim da Primeira República. Assim, desde 1916, os Portugueses confrontaram-se com a carência de bens de consumo, fruto dos racionamentos a que estavam sujeitos. Paralelamente, a produção industrial e agrícola decresceu consideravelmente, acarretando um ainda mais colossal desequilíbrio da balança comercial (importações muito superiores às exportações). Desta forma, a discrepância entre as receitas e as despesas estatais acentuou-se. Perante esta situação, os governantes nacionais decidiram cunhar maior quantidade de moeda, determinando assim a sua desvalorização e a consequente subida estonteante da inflação. Os preços aumentaram assustadoramente, entre 1919 e 1924, originando a subida considerável do custo de vida, como se pode constatar no documento 1. Esta situação asfixiou a população, visto que os salários não aumentaram na mesma proporção dos preços. As dificuldades económico-financeiras arrastaram o descontentamento e a agitação sociais. As maiores vozes de protesto a classe média, cujo poder de compra tinha reduzido consideravelmente, e o operariado, em muitos casos atirado para o desemprego, contestavam, afincadamente, o regime republicano. Desta forma, as greves e as manifestações sucediam-se, adquirindo um cariz cada vez mais violento. 2. No dia que se seguiu ao golpe militar de 28 de Maio, é perceptível pela afirmação, Um pronunciamento militar que conduziria à ditadura, que o autor da notícia, publicada no jornal O Rebate (documento 2), ainda não acreditava na vitória deste movimento, que visou retirar os republicanos do poder, visto que utiliza a expressão conduziria, ou seja, poderia conduzir, caso vingasse. De facto, o teor desta notícia transparece claramente o repúdio do autor em relação a este levantamento militar. Aliás, o texto inicia-se com a expressão Pela República, em grande destaque, vincando o autor, desta forma, as suas convicções políticas, não fosse esta publicação propriedade das comissões do P.R.P., em Lisboa. A pessoa que escreveu esta notícia continua a demonstrar o seu fervoroso apoio ao regime republicano, apelando ( ) aos republicanos conservarem-se unidos para defesa da Republica ( ), ou seja, invocando a unidade republicana com o intuito de defender o regime democrático em Portugal. Ao longo da notícia, o autor demonstra o seu receio em relação à instauração de uma ditadura no nosso país. Assim, considera que ( ) se esse gesto ficar triunfante [golpe militar de 28 de Maio de 1926] o país conhecerá as horas torvas de uma ditadura brutal ( ). Para além de recear a instauração de um regime ditatorial, o autor da notícia considera que a instauração de uma ( ) ditadura será ( ) uma vergonha perante o estrangeiro, ou seja, desprestigiaria Portugal no contexto internacional. O jornal A Época assume uma posição totalmente divergente em relação ao seu congénere O Rebate. Assim, a notícia publicada no dia 31 de Maio de 1926 (documento 3) espelha um claro apoio ao golpe militar ocorrido três dias antes. Desta forma, o autor intitula a república de maçónica, afirmando de seguida que o regime republicano era incompatível com a ( ) tradição e temperamentos nacionais ( ), deixando antever o seu apoio ao tradicionalismo e nacionalismo tão característicos dos regimes ditatoriais. O responsável pela elaboração deste texto deixa ainda uma dura crítica ao parlamentarismo: ( ) partidos políticos encarregavam-se com eficácia crescente de evidenciar a situação do país pela redução do regime ao absurdo da ficção parlamentarista que encarna ( ), tão distintivo do regime republicano. O júbilo do autor é tão grande, em relação ao derrube do regime republicano, que considera que todo o país partilha do mesmo sentimento: ( ) todos, sem distinção de classes e opiniões, exultaram com a vitória do movimento ( ). O escritor destas linhas esperava que o golpe militar de 28 de Maio de 1926 colocasse um ponto final na ( ) hegemonia democrática, ( ) dos politicantes corruptos ( ), aludindo, assim, à instabilidade política que se viveu durante a Primeira República e que, em contrapartida, procedesse à ( ) substituição do sectarismo dominante pela garantia das liberdades essenciais ( ). No final do seu texto, o autor demonstra, mais uma vez, o seu apoio aos regimes ditatoriais, regozijando-se pela vitória: ( ) em Espanha, onde o Directório fez entrar resolutamente o país no caminho das reformas salutares ( ) em Itália pela força irresistível do fascismo ( ). A partir destas afirmações, podemos concluir que o golpe militar de 28 de Maio de 1926 não foi um acto isolado na Europa de então; constituiu um golpe em mais um país em que se instaurou um regime autoritário. 3. No documento 3, estão, de facto, implcítas algumas das características do ideário fascista. Assim, o autor deste texto, publicado no jornal A Época, começa por invocar que ( ) a tradição e temperamentos nacionais ( ), ou seja, o tradicionalismo e o nacionalismo, tão marcantes nos regimes fascistas, eram

Proposta de resolução incompatíveis com a ( ) república democrática e maçónica ( ), isto é, a Primeira República que, até à data do documento, vigorou no nosso país. O documento exalta, igualmente, o antiparlamentarismo: ( ) redução do regime [republicano] ao absurdo da ficção parlamentarista que encarna; a antidemocracia: ( ) todos, sem distinção de classes e opiniões, exultaram com a vitória do movimento [golpe de 28 de Maio de 1926], do qual esperavam o termo da hegemonia democrática ( ). O autor reforça ainda o seu apoio aos regimes autoritários aplaudindo a ( ) acção reformadora [que] foi possível em Espanha, onde o Directório fez entrar resolutamente o país no caminho das reformas salutares ( ) e a imposição do fascismo em Itália, que tinha ( ) por chefe um verdadeiro chefe político. Esta glorificação de Mussolini mais não é do que o culto do chefe. 4. O triunfo do autoritarismo em Portugal, em 1926, compreende-se pela conjuntura política e económico-financeira negativa que o nosso país atravessava, aliada ao recuo do demoliberalismo um pouco por toda a Europa. A nível político, a instabilidade governativa marcou a cena política durante a Primeira República. Desta forma, os ( ) partidos políticos encarregavam-se com eficácia crescente de evidenciar a situação do país pela redução do regime ao absurdo da ficção parlamentarista que encarna ( ), ou seja, a supremacia do Parlamento sobre o poder executivo (parlamentarismo) acarretou a consecutiva sucessão de governos, não sendo assim possível implementar qualquer programa político sólido, que possibilitasse reverter a terrível situação económico-financeira que ensombrava Portugal. De facto, as dificuldades económico-financeiras que o nosso país atravessava, desde os últimos anos do regime monárquico, agravaram-se aquando da entrada do nosso país no primeiro conflito à escala mundial, em 1916. Assim, entre 1919 e 1924, os preços aumentaram assustadoramente, originando a subida considerável do custo de vida, como se pode constatar no documento 1. Esta situação criou uma crise social, visto que os salários não aumentaram na mesma proporção dos preços. Perante esta conjuntura, o operariado, afectado pelo desemprego, tornou-se mais permeável aos ideais socialistas, que estavam a ser postos em prática na URSS, na sequência da revolução bolchevique de Outubro de 1917. Desta forma, sucediam - -se, no nosso país, greves e manifestações, de cariz cada vez mais violento, incutidas pelos movimentos socialistas que adquiriam maior fulgor, graças à vitória comunista na URSS. Contudo, a expansão do comunismo começou a assustar os sectores mais conservadores da sociedade portuguesa, nos quais se incluíam os grandes proprietários agrícolas e industriais, bem como os mais altos oficiais do Exército. Estes repudiavam ( ) a república democrática e maçónica, o parlamentarismo, a ( ) hegemonia democrática, os ( ) politicantes corruptos ( ) e encaravam um regime forte e autoritário como o único meio de estancar o avanço dos ideais socialistas, ou seja, do poder do proletariado. Também a classe média, visada pelo agravamento da crise económico-financeira, parecia ver num regime autoritário a resolução das suas dificuldades. Com estas bases de apoio, aliadas à passividade dos governantes republicanos, os ( ) elementos militares que, esquecendo os seus deveres perante a disciplina, se insubordinam ( ) não tiveram dificuldade em fazer vingar o golpe militar de 28 de Maio de 1926. Como podemos constatar pela análise do documento 4, este recuo do demoliberalismo em Portugal, neste período, não foi caso singular na Europa de então. A Turquia, Albânia, Jugoslávia, Bulgária, Polónia, Lituânia e até a vizinha Espanha abandonaram os seus regimes democrático-parlamentares e passaram a viver sob o jugo de regimes autoritários. Grupo II 1. Uma das grandes questões do mundo actual, segundo Jimmy Carter, é a corrida armamentista praticada, incessantemente, pelos EUA. Assim, apesar de ( ) desde há vinte anos para cá, [haver] uma tendência muito clara para reduzir os gastos em armamento, nós continuamos a aumentar todos os anos o nosso orçamento militar, que hoje ultrapassa os 400 mil milhões de dólares anuais ( ). O autor enfatiza a obsessão militarista dos EUA afirmando que ( ) a única corrida às armas que existe é a que estamos a disputar com nós mesmos ( ), já que a Rússia, país que dispõe do ( ) segundo maior orçamento militar ( ) investe muito menos em armamento comparativamente com os EUA. Esta elevada despesa americana em armamento justifica-se pelo ( ) o facto de haver milhares de marinheiros e fuzileiros-navais a bordo de navios espalhados pelos mares de todo o mundo, além de quase trezentos mil soldados colocados em mais de 120 países, com bases militares em 63 ( ). A verdade é que desde que Jimmy Carter deixou o cargo de Presidente dos EUA, estes já ( ) intervieram cerca de cinquenta vezes em países estrangeiros ( ). Com esta afirmação, Carter demonstra implicitamente a sua preocupação em relação aos conflitos armados que ocorrem um pouco por todo o mundo. Outra das grandes questões do mundo actual é, sem dúvida, o terrorismo. O antigo Presidente dos EUA considera que o seu país deve permanecer ( )

Proposta de resolução vigilante contra a ameaça terrorista ( ), até porque, em 2001, aquando do ataque às Torres Gémeas, os EUA demonstraram a sua fragilidade neste campo. Em contrapartida, Carter mostra-se despreocupado relativamente a um ( ) ataque convencional ( ), visto que considera as defesas do seu país, em relação a este tipo de ataque ( ) inexpugnáveis. Ao longo do seu texto, Jimmy Carter revela ainda a sua inquietação em relação ao desrespeito pelo ambiente, pelos direitos humanos e por outros valores morais, como a liberdade: ( ) Devíamos ser vistos como inabaláveis campeões da liberdade e dos direitos humanos, tanto pelos nossos próprios cidadãos como pela comunidade global. A América deveria ser o foco à volta do qual outras nações de todos os géneros pudessem congregar-se para fazer face às ameaças contra a segurança e para melhorar a qualidade do ambiente comum ( ). Finalmente, Jimmy Carter expõe a sua apreensão relativamente ao desequilíbrio na distribuição da riqueza mundial, afirmando que o seu país deveria ( ) estar na primeira linha da luta para proporcionar ajuda humanitária aos que dela necessitam ( ), bem como deveria ( ) liderar outros países industrializados na partilha da nossa riqueza com aqueles que nada têm. 2. Na opinião de Jimmy Carter, que se posiciona, antes de mais, contra a obsessão militarista dos EUA ( ) nós continuamos a aumentar todos os anos o nosso orçamento militar, ( ) a única corrida às armas que existe é a que estamos a disputar com nós mesmos ( ), o seu país pode ser, de facto, uma superpotência, mas, para isso, deve sanar algumas lacunas, nomeadamente o facto de não ser um exemplo a nível internacional na promoção da paz e na oposição à guerra: ( ) o facto de haver milhares de marinheiros e fuzileiros-navais a bordo de navios espalhados pelos mares de todo o mundo, além de quase trezentos mil soldados colocados em mais de 120 países, com bases militares em 63 ( ). Para além disso, Jimmy Carter faz um retrato dos EUA onde, na sua óptica, falta um empenho exemplar relativamente aos direitos fundamentais do ser humano: ( ) o nosso Governo deveria ser conhecido sem a mais pequena sombra de dúvida ( ) como inabaláveis campeões da liberdade e dos direitos humanos ( ). Finalmente, o autor dá a entender que os EUA não se têm distinguido no que respeita à ajuda aos países em vias de desenvolvimento, fruto do elevado investimento em armamento e da obsessão pela defesa: ( ) devíamos estar na primeira linha da luta para proporcionar ajuda humanitária aos que dela necessitam, dispostos a liderar outros países industrializados na partilha da nossa riqueza com aqueles que nada têm. Concluindo, o autor questiona, sem dúvida, se os EUA são realmente uma verdadeira superpotência, querendo, possivelmente, referir-se, ainda que de forma subtil, à participação dos EUA na guerra do Iraque e à violação dos direitos humanos na prisão de Guantánamo. 3. Na sequência da II Guerra Mundial, ficou claro que o futuro das relações políticas internacionais seria marcado por uma bipolaridade entre os EUA e a URSS. Aliás, ainda antes do final da guerra, por ocasião da Conferência de Ialta, as divergências entre as duas potências, quanto ao futuro político da Europa, tinham ficado claras. Os EUA, líderes do bloco ocidental, defendiam, a nível político, um regime pluripartidário democrático-liberal, regulamentado por uma Constituição que assegurava a divisão de poderes (legislativo, executivo e judicial). No campo económico, os EUA eram adeptos do capitalismo. Em contrapartida, a URSS, que dominava o bloco de leste, há muito que tinha abraçado um regime socialista (baseado no marxismo - -leninismo) unipartidário, assente no centralismo democrático. Igualmente na economia, a ideologia comunista estava bem vincada: defesa da colectivização de todos os meios de produção e da economia planificada (implementação dos planos quinquenais). Perante este quadro geopolítico, as duas potências ansiavam estender as suas áreas de influência. Desta forma, o expansionismo soviético surgiu como contraposição à influência dos EUA na Europa Ocidental. Estaline foi o responsável pela sovietização da Europa de Leste. Deste modo, nos países libertados do jugo nazi, pelo Exército Vermelho, subiram ao poder partidos comunistas, que instauraram regimes socialistas de características idênticas ao da URSS (democracias populares). Com o intuito de coordenar a acção destes partidos, Estaline decretou a criação do KOMINFORM (Serviço de Informações Comunista), em 1947. A acção do KOMINFORM passava pela subversão, domínio da administração e do aparelho de Estado e pelo aproveitamento das divergências político-partidárias internas nesses mesmos países. Ao avanço soviético, a que tinham assistido com natural desagrado, os EUA responderam com a doutrina Truman. Segundo Truman, o mundo tinha de escolher entre dois modos de vida distintos: um que se baseava na vontade da maioria e que se distinguia pelas suas instituições livres, por um governo representativo, por eleições livres, pelas garantias de liberdade individual, de liberdade de expressão e de religião e pela ausência de opressão política, ou seja, os EUA; outro que se baseava na vontade da minoria imposta pela força da maioria. Assentava no terror e na opressão, numa imprensa e numa rádio controladas, em eleições viciadas e na supressão das liberdades individuais, ou seja, a URSS. Atendendo à frágil situação

Proposta de resolução em que se encontrava a Europa, desgastada pela guerra, Truman defendia que os EUA deviam tomar a vanguarda na luta para travar o comunismo. Ciente de que a Europa atravessava graves dificuldades económico-financeiras e que estas poderiam aproximar o Ocidente europeu da ideologia comunista, os EUA lançaram um plano de ajuda económica ao velho continente o plano Marshall. Este projecto americano devia impedir o avanço socialista no Ocidente e, em contrapartida, reforçar os laços dos países que dele beneficiassem com a potência americana. Desta forma, os EUA fortaleciam o seu poder no bloco ocidental. O plano Marshall foi proposto a todos os países europeus. Obviamente que a URSS não aceitou a ajuda do seu rival e coagiu os países integrantes do bloco soviético a procederem de forma idêntica. Pouco tempo depois, a URSS reagiu à doutrina Truman através do lançamento da doutrina Jdanov. Segundo Andrei Jdanov, as potências que actuavam na cena internacional de então agrupavam-se em dois campos divergentes: o campo imperialista e antidemocrático de um lado, em que os Estados Unidos eram a principal força dirigente; o anti-imperialista e democrático de outro, em que a força residia na URSS e nas novas democracias (democracias populares). Um pouco mais tarde, Estaline criou o COMECON (Conselho de Ajuda Económica Mútua) para fazer frente ao Plano Marshall. Devido ao sucesso da sua política económica, baseada na aposta na indústria pesada e na metalurgia, o líder soviético julgava ter as condições para iniciar um programa de ajuda económica à Europa de Leste impondo, deste modo, o seu modelo de produção e dirigismo estatal. À medida que a hostilidade entre as duas potências (EUA/URSS) crescia, percebeu-se que era necessário constituir alianças político-militares. Em 1949, o bloco ocidental deu o primeiro passo neste sentido criando a NATO. Para além desta organização, os EUA apressaram-se a assinar sucessivos pactos multilaterais e bilaterais com países dos vários continentes. À constituição da NATO respondeu a URSS com a criação do Pacto de Varsóvia, em 1955, uma aliança político-militar selada entre os países integrantes do bloco de leste. Depois do primeiro conflito Bloqueio de Berlim (1948-49) entre os dois pólos opositores, que fez temer o pior, o clima de guerra fria deixou de se confinar à Europa, estendendo-se a outras regiões do mundo. Quando a República Democrática da Coreia (Coreia do Sul, apoiada pelos EUA) foi atacada pela República Popular da Coreia (Coreia do Norte, apoiada pela URSS) chegou a temer-se que as duas potências se confrontassem directamente. As pretensões da Coreia do Norte eram bem claras: reunificar as duas Coreias, alargando, desta forma, o regime socialista a todo o território coreano. Esta ousadia dos nortecoreanos despoletou uma guerra com os seus vizinhos do sul, que durou três anos. Os EUA e a URSS não se confrontaram directamente, mas cada uma das potências apoiou a Coreia com a qual se identificava ideologicamente. O conflito ficou sanado em 1953, mantendo-se a autonomia das duas Coreias. Foi precisamente no ano de 1953 que Estaline faleceu, sucedendo-lhe Khruchtchev. O novo governante soviético procurou serenar o ambiente de tensão latente, sugerindo aos EUA uma coexistência pacífica. As boas intenções de Khruchtchev ficaram manchadas pela Crise dos mísseis de Cuba. Corria o ano de 1962 quando os americanos se aperceberam que, em Cuba, existiam mísseis de médio alcance soviéticos que tinham capacidade para atingir os EUA. O governante americano exigiu que os mísseis fossem imediatamente retirados; o mundo temeu novamente o pior. Porém, as duas potências chegaram a um acordo, não se tendo confrontado directamente. Na sequência da Crise dos mísseis de Cuba, as duas principais potências mundiais acordaram entrar num período de desanuviamento, que se estendeu até 1975. Para além do reforço das relações comerciais, EUA e URSS assinaram diversos acordos com o objectivo de atenuar a corrida ao armamento nuclear (1968 Tratado de não-proliferação nuclear; 1972 Acordos SALT I). Em 1975, o período de desanuviamento chegou ao fim. Até 1985, a tensão latente entre as duas potências agravou - -se novamente. Desta forma, durante, aproximadamente, quatro décadas, o mundo viveu num permanente clima de tensão latente ( guerra fria ). Apesar de nunca se terem confrontado directamente, as duas principais potências mundiais envolveram-se em conflitos localizados, como já vimos, sobressaltando, constantemente, o mundo, que continuamente temia o pior. Ao longo deste prolongado período, os dois blocos serviram-se dos serviços de espionagem, de uma propaganda feroz e procuraram superiorizar-se em termos militares, assistindo-se, por isso, a uma verdadeira escalada armamentista por parte dos dois blocos antagónicos. Assim, em 1949, já os soviéticos tinham em seu poder a bomba atómica. URSS e EUA, que até aqui estava em superioridade, estavam equiparados. Rapidamente, os EUA reuniram esforços para produzir uma bomba mais potente. Pouco tempo mais tarde, já os EUA detinham a bomba de hidrogénio. Ciente de que não podia perder terreno em relação ao opositor, a URSS, no ano subsequente, já possuía igualmente essa bomba. Para além do armamento nuclear, os dois blocos procuraram multiplicar os respectivos stocks de armas convencionais.

Proposta de resolução A par da corrida armamentista, os EUA e a URSS competiam pela conquista do espaço. Os primeiros passos neste sentido foram dados pela potência socialista, que foi capaz de colocar em órbita o primeiro satélite artificial (Sputnik). Mais tarde, os soviéticos foram também os responsáveis por colocar o primeiro Homem a viajar na órbita terrestre (Yuri Gagarin). Os americanos assistiram aos progressos soviéticos com especial desagrado; contudo, conseguiram ficar na História, pois foram astronautas americanos a pisar a Lua pela primeira vez. Em 1985, Gorbatchev assumiu os destinos da URSS. A sua governação ficou marcada pela liberalização do modelo soviético, através da implementação da perestroika (reestruturação) e do glasnost (transparência). Logo no início da sua governação, Gorbatchev procurou encetar uma aproximação ao Ocidente. Anos mais tarde, o mundo assistiu ao colapso do bloco soviético. Em 1991, já com Boris Ieltsin no poder, a URSS desmoronou-se. O mundo tornava - -se unipolar, os EUA detinham a hegemonia mundial. Actualmente, a supremacia americana verifica - -se em vários domínios: económico-financeiro, tecnológico e militar. A nível económico-financeiro, os EUA assumem-se como a primeira potência económica mundial. A esmagadora maioria da população activa americana (cerca de 75%) emprega-se no sector terciário, o que permite que a superpotência mundial seja a maior exportadora de serviços do mundo. Este indicador espelha o soberbo desenvolvimento dos sectores primário e secundário. Assim, graças à evoluída mecanização utilizada, a agricultura e a pecuária registam níveis altíssimos de produtividade, possibilitando aos EUA serem os maiores exportadores de produtos agrícolas do mundo. Na indústria, a superpotência mundial também se destaca, já que é responsável por ¼ da produção mundial. No campo empresarial, os EUA estão igualmente na vanguarda. De facto, este é o país das grandes multinacionais, não obstante a existência de um sem número de pequenas e médias empresas que, conjuntamente com as grandes empresas, contribuem para que a superpotência possa dominar os mercados em diversas áreas. Durante a era Clinton, os EUA apostaram no fortalecimento das suas relações comerciais, através da revitalização da APEC e da criação da NAFTA. A preponderância da economia americana a nível mundial é tanta que é o desenvolvimento da economia desta superpotência que determina os períodos de prosperidade ou recessão em todo o mundo. A supremacia económico-financeira dos EUA relaciona-se directamente com a sua superioridade científico-tecnológica. Desta forma, a superpotência mundial é o país que mais investe em investigação científica, tendo nascido neste país os primeiros tecnopolos. Não é assim de estranhar que os EUA estejam na vanguarda nas áreas da electrónica, nuclear, espacial e medicina. A supremacia militar advém igualmente da superioridade científico-tecnológica americana. Assim, os EUA detêm o arsenal mais desenvolvido, poderoso e numeroso do mundo. Aliás, como refere Jimmy Carter, apesar de, a partir 1985, existir uma ( ) tendência muito clara para reduzir os gastos em armamento, nós continuamos a aumentar todos os anos o nosso orçamento militar, que hoje ultrapassa os 400 mil milhões de dólares anuais, ou seja, o mesmo que o total combinado de todos os outros países ( ). Esta obsessão militarista americana fica ainda mais clara quando o antigo Presidente da superpotência mundial declara que ( ) a única corrida às armas que existe é a que estamos a disputar com nós mesmos ( ). Esta supremacia militar americana ficou bem explícita na guerra do Golfo, o primeiro conflito após a guerra fria. Como refere Jimmy Carter, desde que deixou o cargo, ( ) os Estados Unidos intervieram cerca de cinquenta vezes em países estrangeiros ( ), afirmação que espelha bem o papel militar activo da superpotência nestes últimos anos. Aliás, os EUA mantêm ( ) milhares de marinheiros e fuzileiros - -navais a bordo de navios espalhados pelos mares de todo o mundo, além de quase trezentos mil soldados colocados em mais de 120 países, com bases militares em 63 ( ). Desta forma, os EUA têm participado em diversos conflitos, em variados pontos do globo, sobretudo, quando os seus interesses são colocados em causa, sendo, por isso, considerados os polícias do mundo. A partir do ataque às Torres Gémeas, a 11 de Setembro de 2001, o mundo despertou para o perigo do terrorismo. Os EUA responderam a este ataque com uma ofensiva ao Afeganistão e, ainda sob a governação de Bush, os EUA atacaram o Iraque, em 2003.