EFEITOS DA PARTICIPAÇÃO EM PROJETO DE ATIVIDADE FÍSICA PARA PESSOAS COM DOENÇA DE PARKINSON: DOIS ESTUDOS DE CASO NO PROJETO PARKVIDA

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EFEITOS DA PARTICIPAÇÃO EM PROJETO DE ATIVIDADE FÍSICA PARA PESSOAS COM DOENÇA DE PARKINSON: DOIS ESTUDOS DE CASO NO PROJETO PARKVIDA EFFECTS OF PARTICIPATION IN PHYSICAL ACTIVITY PROJECT FOR PEOPLE WITH PARKINSON 'S DISEASE (PARKVIDA): TWO CASE STUDIES OF PARKVIDA PROJECT Patricia Lusvarghi Biagiotto - discente do curso de Educação Física, Unisalesiano Marcelo Cesar Nonato da Silveira - discente do curso de Educação Física, Unisalesiano Prof. Dr. José Alexandre Curiacos de Almeida Leme, Centro Universitário Unisalesiano Auxilium, Universidade Estadual Paulista- UNESP RESUMO A doença de Parkinson (DP) produz diversas modificações em determinadas áreas encefálicas que produzem prejuízos como bradicinesia, instabilidade postural, tremor e rigidez. A prática de exercícios físicos orientados especificamente para a doença parece trazer benefícios às pessoas com DP. O Projeto PARKVIDA é oferecido com este objetivo, sendo montado um programa de treinamento físico voltado para as pessoas com DP. Desta forma, o presente estudo teve por objetivo investigar os efeitos da participação no programa PARKVIDA durante 4 meses. Para isso, dois sujeitos de ambos os gêneros foram submetidos previamente e após 4 meses de participação no programa às seguinte avaliações: teste de coordenação motora (APPHERD), teste de força (APPHERD), teste de apoio unipedal e Flexibilidade ( Wells). Os participantes apresentaram resultados diferentes em todos os parâmetros estudados, possivelmente demonstrando melhorias. O estudo de caso não permite trazer afirmações definitivas, mas apontam para possíveis resultados a serem confirmados após o aumento no número da amostra e conseqüente análise estatística. Todavia, pode ser concluído que a participação no programa de atividades físicas PARKVIDA possivelmente promoveu melhorias na coordenação motora, força, equilíbrio e flexibilidade, sendo de grande valia para os participantes. Palavras-chave: Parkinson. Exercício. Aptidão física. INTRODUÇÃO A Doença descrita por James Parkinson por volta de 1817 atualmente tem prevalência de 200 a cada 100.000 pessoas no mundo, tendo risco aumentado com o avanço da idade, e estes valores aumentam para 2% da população acima de 65 anos 1

(DE RIJK et al., 1997). Tem como características clínicas primárias: acinesia, bradicinesia, rigidez, desequilíbrio postural e tremor (KUMAR et al., 2011). A perda da células dopaminérgicas é a principal causa da doença, porém a razão para este fenômeno ainda não é clara. Um efeito de estresse oxidativo nessas células pode contribuir, bem como déficit do metabolismo energético (mitocôndrias). Para estes mecanismos de ação acontecerem deve haver interação entre fatores genéticos, ambientais e o envelhecimento (DEXTER et al., 2013). Em aspectos anatomo-funcionais a DP é um distúrbio dos núcleos da base que são um conjunto de corpos neuronais. São eles: claustrum, corpo amidaloide, corpo estriado (núcleo caudado,putâmen, globo pálido e núcleo aacubens) e núcleo basal de Meynert. Alguns autores inserem, ainda, substancia nigra (mesencéfalo) e subtálamo (diencéfalo). A função específica dos núcleos da base ainda está sendo estudada, mas sabe-se que estão envolvidos no controle do movimento, atividade motora, planejamento e motivação (MACHADO et al., 2006; DEXTER et al., 2013). A substancia nigra está localizada no mesencéfalo e é dividida em duas partes: parte compacta (dopaminérgica) e a parte reticulada (GABAérgica). Os núcleos basais agem, basicamente, de forma direta, em duas vias. Uma via age por inibição dupla (inibe a via inibidora) através do globo pálido-talamo promovendo uma estimulação ao córtex via tálamo (MACHADO et al., 2006; KUMAR et al., 2011; DEXTER et al., 2013). A atividade física planejada para a pessoa com Parkinson tem características e objetivos específicos para este grupo, podendo também prevenir as comorbidades comuns ao paciente. Nesta atividade física, por exemplo, não é almejado como objetivo principal melhorias no sistema cardiovascular, mas sim na função motora. A degeneração dos neurônios e vias neuronais que promovem o controle do movimento torna imprescindível que a atividade prive pela manutenção da função motora (SPEELMAN, et al., 2011) Sendo assim, a metas primárias são mantê-lo o mais funcional possível visto que a doença de Parkinson pode induzi-lo ao sedentarismo, amenizar a sarcopenia (perda de massa muscular) e aumentar a amplitude do movimento. Secundariamente, prevenir osteopenia possivel desenvolvimento de osteoporose e melhorar a função respiratória. Uma das barreiras para a prática de atividade física são sintomas psicológicos como a depressão, ansiedade e estresse que podem diminuir e até mesmo cessar a 2

aderência do paciente a um programa de atividade física (EARHART, FALVO, 2013; VAN NIMWEGEN et al., 2013). OBJETIVO O objetivo deste estudo foi investigar os efeitos da prática de atividade física em um participante com a Doença de Parkinson METODOLOGIA A princípio e sob responsabilidade dos docentes e dos discentes envolvidos foram desenvolvidas atividades físicas. Estas atividades constaram de práticas de exercícios físicos numa frequência semanal de três dias e atendimento psicológico uma vez por semana. No início e após quatro meses de participação foram realizadas as avaliação abaixo descritas. Aspectos éticos O projeto foi submetido para apreciação junto ao comitê de ética e os voluntários responderam ao termo de consentimento livre e esclarecido e apresentaram atestado médico realizado por cardiologista. Sujeito da pesquisa O projeto é aberto à comunidade de Lins e região e participam do programa cerca de 7 pessoas com a doença de Parkinson diagnosticada por médico. Os pacientes devem ter capacidade de deambular e manter-se em pé de forma independente. O sujeito estudado é um dos participantes do projeto e foi escolhido por ter a maior freqüência de participação. Descrição das atividades As sessões de exercício físico foram realizadas nos espaços da Faculdade de Educação Física (FEFIL) do Centro Universitário Unisalesiano. As sessões foram adaptadas da rotina apresentada por Gobbi e colaboradores (2014). As atividades foram realizadas numa frequência semanal de três dias e duração de 4 meses. As 3

sessões aconteceram no período da tarde, no horário entre 17 e 18 horas (duração 1 hora) e a intensidade do exercício realizado pode ser estimada em leve a moderada. Avaliações Antes e após quatro meses de participação no programa foram realizadas as avaliações: - Para o avaliação da flexibilidade foi utilizado o teste de sentar e alcançar ( banco de Wells) (WELLS & DILLON, 1952) - Para a avaliação da coordenação motora foi utilizado o teste da APPHERD (OSNESS et al., 1990); - Para o teste de equilíbrio estático foi utilizado o teste de apoio unipedal, no qual foi registrado o tempo que o participante conseguiu manter-se em pé, com apoio mantido em uma das pernas, enquanto o outro pé foi mantido a aproximadamente 10 centímetros do solo (CAMARA et al., 2008) RESULTADOS PRELIMINARES Os dados foram coletados após a participação de sete meses no programa Parkvida. Os parâmetros estudados estão ligados a alguns dos sintomas cardinais da Doença de Parkinson. Além disso, o fato de ser um estudo de caso compondo os resultados preliminares deste estudo limita a interpretação dos dados, pois não foram realizadas análises estatísticas. Desta forma, os verbos diminuir e aumentar serão utilizados de forma não significativa. As alterações nos neurotransmissores dopamina e acetilcolina, bem como degenerações na substância nigra e núcleos da base levam a perda do controle muscular e coordenação motora na DP (REIS, 2004; GOULART et al., 2004). No presente estudo, ambos os participantes apresentaram diminuição nos valores do teste de coordenação motora após a intervenção no programa, demonstrando que a participação no programa promoveu melhoras na coordenação motora nestes participantes. O sujeito do sexo masculino (sujeito 1) apresentou aumento nos valores do teste de equilíbrio após a intervenção no programa. Esta possível alteração também relata um interessante benefício, visto que a instabilidade postural, sinal cardinal da DP pode trazer risco de queda ao paciente. A paciente 2 apresentou dificuldade para 4

realizar o teste, podendo sofrer interferência de outras comorbidades como osteoartrose e osteoporose. No teste de força, ambos os participantes aumentaram seus valores após a participação no programa. O avanço da DP normalmente promove redução da força, gerando consequentemente sarcopenia, sendo este aumento na força de grande valia para a pessoa com DP (SOUZA et al., 2011). O participante 1 não pôde realizar o teste de flexibildiade (sentar e alcançar), porém o participante 2 apresentou melhora neste parâmetro. Tabela 1. Resultados do participante 1 nos testes de coordenação motora (APPHERD), apoio unipedal, força muscular (APPHERD) e sentar e alcançar aplicados previa (avaliação 1) e posteriormente (avaliação 2) a participação no Programa. PARÂMETRO Pré Pós 20 9,9 Coordenação motora (segundos) 15,4 9,2 7,5 12,5 Teste de apoio unipedal (Segundos) 18 54,3 43,4 38 Somas dos valores de equilíbrio 68,9 104,8 Força membro superior direito (rep) 25 48 Força membro superior esquerdo (rep) 35 48 Tabela 2. Resultados do participante 2 nos testes de coordenação motora (APPHERD), apoio unipedal, força muscular (APPHERD) e sentar e alcançar aplicados previa (avaliação 1) e posteriormente (avaliação 2) a participação no Programa. PARÂMETRO Pré Pós 6,5 7,2 Coordenação motora (segundos) 8,6 6,5 13,2 16,5 Teste de apoio unipedal (Segundos) 17,9 16 16,1 15 Somas dos valores de equilíbrio 47,2 47,5 Força membro superior direito (rep) 25 45 Força membro superior esquerdo 25 50 (rep) Teste de sentar e alcançar 22,5 24,5 5

Os resultados encontrados permitem apontar para importantes benefícios promovidos pela atividade física realizada pelos participantes no programa em parâmetros afetados pela DP como coordenação motora, equilíbrio, força e flexibilidade. REFERÊNCIAS CAMARA, F. M. et al. Capacidade funcional do idoso: formas de avaliação e tendências; Elderlyfunctionalcapacity: typesofassessmentandtrends. Acta fisiátrica, v. 15, n. 4, p. 249-256, 2008. DE RIJK M.C., TZOURIO C., BRETELER M.M.B. Prevalence of parkinsonism and Parkison s disease in Europe: the Europarkinson collaborative study. J Neurol Neurosurg Psychiatry, 62:10-5, 1997. DEXTER, D. T., & JENNER, P. Parkinson disease: from pathology to molecular disease mechanisms. Free Radical Biology and Medicine, 62, 132-144, 2013. EARHART, G. M., FALVO, M. J. Parkinson disease and exercise. Comprehensive Physiology, 2013. GOBBI, L. T. B. et al. Doença de parkinson e exercício físico. ed.crv, Curitiba, 2014. GOULART, F. et al. Análise do desempenho funcional em pacientes portadores de doença de Parkinson. Acta Fisiatr,São Paulo, 11 (1): 12-16, 2004. KUMAR, V. Robbins & Cotran Patologia-Bases Patológicas das Doenças. Elsevier Brasil, 2011. MACHADO, Â.. Neuroanatomia Funcional. São Paulo, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto, Belo Horizonte, 2, 275-284, 2006. OSNESS W.H., et al. Functional Fitness Assessment for Adults Over 60 Years.The American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance (AAHPERD).Association for Research, Administration, Professional Councils, and Societies.Council on Aging and Adult Development.1990. REIS, T. Doença de Parkinson: pacientes, familiares e cuidadores. Porto Alegre: Pallotti, 2004. SOUZA, C.F. M. et al. A Doença de Parkinson eo Processo de Envelhecimento Motor: Uma Revisão de Literatura. Revista Neurociências, Mossoró-RN, v. 19, n. 4, 2011. SPEELMAN, A. D. et al. How might physical activity benefit patients with Parkinson disease?. Nature Reviews Neurology, v. 7, n. 9, p. 528-534, 2011. 6

VAN NIMWEGEN, M. et al. Promotion of physical activity and fitness in sedentary patients with Parkinson s disease: randomised controlled trial.bmj: British Medical Journal, v. 346, 2013. WELLS, K. F.; DILLON, E. K. The sit and reach a test of back and leg flexibility. Research Quarterly.American Association for Health, Physical Education and Recreation, 23, 1, 115-118, 1952. 7