(RE) PENSANDO O GÊNERO TEXTUAL MÚSICA NA AULA DE LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO MÉDIO: PROVOCAÇÕES DISCURSIVAS

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Transcrição:

Página 371 de 481 (RE) PENSANDO O GÊNERO TEXTUAL MÚSICA NA AULA DE LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO MÉDIO: PROVOCAÇÕES DISCURSIVAS Leonardo Batista dos Santos (UESB) Denise Aparecida Brito Barreto (UESB) RESUMO A pesquisa propõe estudar o gênero música, a partir de discussões que o relacionam com o processo de ensino/aprendizagem, assinalando o cotidiano dos envolvidos na pesquisa. Nesse ângulo, consideramos a importância do gênero e a sua utilidade como prática discursiva de ensino, a qual age no intuito de desenvolver perceptividade e cognição de conhecimentos. Com o propósito de observar como o gênero textual música se dá na compreensão da linguagem, partimos de diretrizes simples sobre sua forma de aplicação na língua falada e escrita. Dessa forma, propomos analisar a música como suporte de ensino, demonstrando seus benefícios em uso. PALAVRAS-CHAVE: Prática de ensino; Ensino/Aprendizagem; Música. INTRODUÇÃO O gênero música é de grande importância na vida das pessoas e pode ser utilizado em várias ocasiões no contexto sócio discursivo. Logo, além de ser uma ferramenta para aprendizagem, ele também favorece o desenvolvimento sensitivo e cognitivo do discente. Diante disso, percebe-se que o uso deste gênero textual pode ser trabalhado para diversos fins, como explicação de assuntos, interpretação e reescrita. Pensando assim, propomos refletir de que forma o gênero música tem sido utilizado para realçar as complexas relações intersemióticas entre professores e alunos, buscando analisar a sua

Página 372 de 481 utilização na prática. Nisso, vendo a utilidade que o trabalho com a música pode proporcionar ao discente na sua aprendizagem é que se resolveu apresentar este projeto que tem a intenção de pesquisar os referidos sujeitos em seus respectivos espaços, para trazer resultados que oportunizarão ao pesquisador responder ao problema. MATERIAL E MÉTODOS É certo que as informações adquiridas direcionaram para construção de instrumentos de pesquisa e obtenção de resultados significativos para a conclusão da pesquisa. Para discussão teórica, escolhemos Faria (2001) que discorre sobre ensino-aprendizagem do gênero música; Stefani, (1987) descreve as sensações provocadas pela música; Ferreira (2009) comenta a utilização da música em diversas disciplinas; Brito (2003) apresenta as possibilidades de utilização da música e Bakhtin (2003) a utilização dos intergêneros na educação. Cabe salientar que o processo de elaboração de uma pesquisa é o resultado de esforço e buscas cotidianas. A construção de uma pesquisa ocorre a partir da necessidade de respostas a questões reais. Desse modo, para todo objeto de pesquisa a ser estudado, observamos a historicidade associada ao objeto e a consciência histórica desses resultados. A pesquisa ora escolhida - a qualitativa - elucida o fato de que as análises realizadas acerca de um determinado tema parte de um campo transdisciplinar onde nos propomos a compartilhar vozes, fatos e lugares sociais com o sujeito/objeto estudado. Necessitamos desta forma, analisar o discurso dos envolvidos na pesquisa e para isso utilizamos a análise do discurso de Bakhtin e estudos sobre o uso da música em sala de aula proposta por Ferreira, os quais nos permitiram compreender as respostas de dois (2) professores de Língua Portuguesa e vinte e um (21) alunos da segunda série do ensino médio de uma escola pública Estadual, no município de Vitória da Conquista, sobre a importância do gênero textual música nas aulas de língua portuguesa.

Página 373 de 481 RESULTADOS E DISCUSSÃO Com o propósito de estabelecer parâmetros que regem o decorrer da pesquisa, propomos um questionário a dois professores da área de Língua Portuguesa com tempos de atuação diferentes. Na apropriação do instrumento de pesquisa questionamos como eles vêm o uso do gênero textual música em sala de aula a partir de uma relação intersemiótica com outros gêneros. As respostas se corresponderam, ressaltando o gênero como uma corrente de estímulo, o qual se relaciona a outros, estabelecendo ainda as sensações positivas aos indivíduos que se apropriam dele como ferramenta de estudos. A isso, Bakthin (1952-1953 apud FARACO, 2009, p. 125-126) confirma que os gêneros não são enfocados apenas pelo viés estático da produção. Assim, percebemos uma correlação entre os gêneros e suas funções na interação socioverbal, ou seja, os tipos e a ação deles no interior de uma atividade social. Ademais, propomos a alunos que atuam na mesma escola que os professores analisados a entender as particularidades do gênero estudado. Desse modo, destacamos que eles descrevessem como compreendem o uso do gênero textual música em sala de aula, isto é, de que forma esse gênero tem sido apresentado na escola e na sala de aula. As respostas, na sua grande maioria, estiveram em concordância, pois muitos destacaram que esse gênero é visto apenas pelos dois projetos que a escola possui: a banda e o coral da escola. No entanto, outros destacaram o gênero paródia como uma das formas que eles trabalham música em sala de aula. Bakhtin apresenta os gêneros do discurso como tipos relativamente estáveis do dizer dentro de um conjunto social. Logo, contrariamente a como o gênero é apresentado na sala de aula aos alunos, Bakhtin (1952-1953 apud FARACO 2009, p.129-130) cita que os gêneros são elementos organizadores das atividades, e por isso, balizam nosso entendimento das ações dos outros, assim como são referência para nossas próprias ações. Diante disso, no discutir da utilização do gênero como ferramenta que auxilia na prática de ensino de língua portuguesa, os argumentos propostos pelos sujeitos pesquisados trouxeram

Página 374 de 481 considerações que afirmam a praticidade desse gênero, colocando que a sua aplicação às aulas de língua portuguesa pode ser construída com interatividade e, além disso, oferece um acervo histórico e cultural que contribui para a formação educacional dos indivíduos envolvidos no processo escolar. CONCLUSÃO Diante do exposto, é possível entender que a música oferece grande subsídio ao processo de escolarização, pois tal gênero amplia as expectativas e traz novas possibilidades de aprendizagem. Assim, compreender a necessidade do exercício de uma prática de ensino com este gênero, a fim de que estruture a interação do aluno em sala de aula, possibilitou assimilar a música, como gênero textual, que transmite formas e práticas de ensino eficazes para a construção do conhecimento em língua portuguesa. REFERÊNCIAS AUSUBEL, D.P. (1963). The psychologyofmeaningful verbal learning. New York, GruneandStratton. BAKHTIN, M. (Volochínov). Marxismo e filosofia da linguagem. 15 ed. Trad. M. Lahud; Y. F. Vieira. São Paulo: hucitec, 2013. BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p.261-306. BEINEKE, Viviane. Funções e significados das práticas musicais na escola. Presença Pedagógica, Belo Horizonte, v. 7, n. 40, p. 57-65, 2001. BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brasília, 2000. BRITO, Teca Alencar. Música na educação infantil proposta para a formação integral da criança. São Paulo: Peirópolis, 2003.

Página 375 de 481 FARACO, Carlos Alberto. Linguagem & Diálogo: as ideias linguísticas do Círculo de Bakhtin. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. FARIA, Márcia Nunes. A música, fator importante na aprendizagem. Assis chateaubriand Pr, 2001. 40f. Monografia (Especialização em Psicopedagogia) Centro Técnico-Educacional Superior do Oeste Paranaense CTESOP/CAEDRHS. GAINZA, V. Hemsy de. Estudos de psicopedagogia musical. São Paulo: Summus, 1988. HENTSCHKE, Liane e DEL BEN, Luciana. Ensino de Música Propostas parapensar e agir em sala de aula. Editora Moderna, 2003. LOUREIRO, Alícia Maria Almeida. A educação musical como prática educativa no cotidiano escolar. Revista da ABEM, Porto Alegre, V. 10, 65-74, mar. 2004. MOREIRA, M.A., CABALLERO, M.C. e RODRÍGUEZ, M.L. (orgs.) (1997). Aprendizagem significativa: um conceito subjacente.actasdelencuentro Internacional sobre elaprendizaje Significativo.Burgos, España. pp. 19-44 PENNA, Maura. Reavaliações e buscas em musicalização. São Paulo: Loyola, 1990. STEFANI, Gino. Para entender a música. Rio de Janeiro: Globo, 1987. SOUZA, Jusamara. O cotidiano como perspectiva para a aula de música, In: SOUZA, Jusamara. (org). Música, cotidiano e educação. Porto Alegre: UFRGS,2000.