UP1 1.Interacções Microrganismo- Hospedeiro
Objectivos Descrever a interação microrganismo/hospedeiro Enumerar no processo infecioso as portas de entrada, reservatórios e vias de transmissão dos microrganismos Descrever a susceptibilidade do hospedeiro à infeção: idosos, crianças, doente imunocomprometido, doente hospitalizado (infeção nosocomial) Recomenda-se a leitura do capítulos 8 do livro Bailey & Scott Diagnostic Microbiology
Flora Normal Flora Normal - população dos microrganismos encontrada no organismo de um individuo saudável Flora residente existe em determinados locais do organismos durante longos períodos Flora transitória flora temporaria que habita durante um curto espaço de tempo, sendo depois substituída
Flora Normal Papel protector Protege dos microorganismos potencialmente patogénicos Estimula o sistema imunitário Se a flora normal diminuir ou desaparecer, as bactérias patogénicas podem colonizar e causar doença.
Flora Normal Protecção contra organismos potencialmente perigosos A flora normal exclui competitivamente os organismos patogénicos, através de: Bloqueio dos locais de ligação usados pelas bactérias patogénicas Consumo de nutrientes disponíveis Produção de compostos tóxicos tais como antibióticos
Flora Normal A flora normal tem uma natureza dinâmica É estabelecida durante o nascimento Uma vez estabelecida, a composição da flora é dinâmica Alterações em resposta a variações fisiológicas dentro do hospedeiro (idade, estado de saúde, variações na dieta alimentar, higiene, hormonas, uso de agentes quimioterápicos) Cada membro de um ecosistema é influenciado pela presença e condição dos outros membros
Princípios da doença infecciosa Se o organismo colonizador tem uma relação parasítica com o hospedeiro aplica-se o termo infecção A infecção não conduz sempre a efeitos adversos observáveis Designa-se subclinica Os sintomas não aparecem ou passam despercebidos A infecção que conduz a doença designa-se doença infecciosa A doença provoca sinais e sintomas característicos Sintomas são efeitos experimentados pelo doente» Dores e nauseas Sinais são efeitos que podem ser observados através de exame» erupção, formação de pus e inchaço
Princípios da doença infecciosa Uma doença infecciosa deixa o indivíduo predisposto para desenvolver uma nova doença A doença inicial designa-se infecção primária Infecções adicionais resultantes da primária, designa-se infecção secundária
Infecção Patogenecidade Patogéneos são organismos que causam doença em pessoas anteriormente saudáveis patogéneo primário Microrganismos que causam doenças quando as defesas corporais estão em baixo designa-se patogéneo oportunista Pode fazer parte da flora normal Virulência refere-se à capacidade de um patogéneo provocar doença (termo quantitativo) Organismos altamente virulentos possuiem um elevado grau de patogenecidade Mycobacterium tuberculosis
Para que se produza uma infecção o hospedeiro tem que estar inicialmente exposto ao microrganismo infectante. Esta exposição requer a presença de: 1. Porta de Entrada 2. Reservatório 3. Via de transmissão ao hospedeiro
Pele Mucosas Olho Aparelho respiratório Aparelho gastro-intestinal Aparelho genito-urinário
Reservatórios (locais onde os microrganismos, com capacidade de causar doença no Homem podem viver e multiplicar-se) Ambiente Água : Legionella pneumophyla Alimentos: Salmonella spp Solo: bactérias formadoras de esporos Animais (zoonoses) Brucella spp Homem (quando portador de um microorganismo) No período de incubação da doença Na fase da doença aguda Na fase de convalescença Portador crónico: vírus da hepatite C
Como atingem os microrganismos o Hospedeiro? Quais as vias de transmissão dos microrganismos?
Vias de transmissão directa (quando a passagem ocorre directamente do reservatório para o hospedeiro) Contacto físico directo Doenças transmitidas sexualmente (N. gonorrhoeae, T. pallidum, HPV,T. vaginallis) Mononucleose infecciosa Transmissão vertical : rubéola, CMV Mordedura de animal: vírus da raiva Transmissão por via aérea: Mycobacterium tuberculosis
Vias de transmissão indirecta (quando a passagem do reservatório para o hospedeiro necessita de um intermediário) Transmissão por material inerte Veículo Ingestão de água ou alimentos contaminados (Salmonella spp, Vírus da hepatite A) Material inerte contaminado Inoculação parentérica: transfusão de sangue, partilha de seringas, acidente com agulhas contaminadas (VHB, VHC) Transmissão por agentes vivos Vectores (artrópode) Carraça na febre da carraça por Rickettsia conorii Mosquito no paludismo pelo Plasmodium falciparum
Características da doença infecciosa: Doença contagiosa doença que se transmite de hospedeiro para hospedeiro A facilidade de transmissão é determinada parcialmente pela dose infecciosa A dose infecciosa é o nº de organismos necessários para estabelecer uma infecção As doenças com baixas doses infecciosas disseminam-se mais facilmente que aquelas que requerem uma elevada dose
Aspectos gerais da doença Curso da doença infecciosa (segue várias estádios) Incubação infecciosa Tempo que decorre entre a introdução do organismo e o inicio dos sintomas) Doença Segue-se à incubação O Individuo experiencia os sinais e sintomas da doença Convalescença Periodo de recuperação O agente infeccioso ainda se pode difundir Duração dos sintomas Agudo Os sintomas têm um rápido inicio e duram apenas um curto período de tempo Crónico Os sintomas desenvolvem-se lentamente e persistem Latente A infecção nunca é completamente eliminada Podem surgir reactivações
Fases do desenvolvimento de uma doença Carga microbiana Período de incubação Doença Infecção convalescença Tempo
Aspectos gerais da doença infecciosa Distribuição do patogéneo no corpo Localizada Infecção limitada a uma pequena área Exemplo: furúnculo Sistémica ou generalizada Agente espalhado ou disseminado através do corpo Exemplo:sarampo Septicemia Infecção grave no sangue causada por um agente infeccioso Bacteremia
Infecção Nosocomial (infecção adquirida no hospital) Factores de risco Do doente: Imunodeprimidos, diabéticos, idosos, e prematuros Do Hospital: UCI, Unidades de queimados, submetidos a cirurgias (cateteres) Dos Microrganismos: S. aureus meticilina resistentes, Pseudomonas e Acinobacter
2. Mecanismos de patogénese e de defesa do hospedeiro
Objetivos Identificar os mecanismos de virulência dos microrganismos: fatores e proteínas de adesão, cápsula, toxina (Endo e exotoxinas), esporos e resistência aos agentes antimicrobianos Identificar a capacidade de evasão aos mecanismos de defesa do hospedeiro Identificar os mecanismos de defesa do hospedeiro: Barreiras naturais; Mecanismos de defesa não específicos (resposta inflamatória, resposta celular e interferão); mecanismos de defesa específicos (imunidade celular, imunidade humoral) Recomenda-se a leitura dos capítulos: - 9, 10, 11, 12 e 18 do livro Patrick Murray, Medical Microbiology, 6ª edição (capítulos 11, 12, 13, 14 e 19 na 5ªedição) - Podem ainda consultar o capítulo 31 e 32 do PRESCOTT, HARLEY & KLEIN. Microbiology. Seventh edition, Wm. C. Brown-McGraw-Hill Publishers, 2007
ETAPAS DO PROCESSO INFECCIOSO Transmissão Aderência, colonização e invasão Multiplicação, ou finalização do seu ciclo de vida nos hospedeiro Evasão dos mecanismos de defesa do hospedeiro Formação de lesões no hospedeiro Libertação do hospedeiro com retorno ao reservatório ou entrada num novo hospedeiro
Após contacto com o microrganismo, a evolução para a doença infecciosa depende: Características do microrganismo (da sua virulência) Susceptibilidade do Hospedeiro Dos mecanismos de defesa
Susceptibilidade do Hospedeiro Idade: crianças e idosos Malnutrição Património genético (imunização natural) Condições sócio-económicas Condições sanitárias deficientes (parasitoses nos países subdesenvolvidos) Doenças intercorrentes: doenças crónicas como D.M.(C. albicans) Alcoolismo e tabagismo Imunossupressão induzida por drogas Imunossupressão induzida por microrganismos (SIDA) Doenças oncológicas Procedimentos invasivos: infecção nosocomial, cateterismo vesical, venoso,
Mecanismos de defesas do hospedeiro
Mecanismos de defesas do hospedeiro contra a infecção Mecanismos naturais de defesa Defesas de primeira linha barreiras que bloqueiam a invasão na porta de entrada Mecanismos de defesa não específicos Defesas de segunda linha (sistema imunitário inato) Resposta inflamatória Resposta celular: a fagocitose Interferão, citocinas e celulas NK (infecção viral) Mecanismos de defesa específicos Defesas de terceira linha (sistema imunitário adaptativo) Imunidade celular Imunidade humoral com produção de anticorpos
3. Diagnóstico laboratorial: Princípios gerais
Objetivos Enumerar as diferentes etapas de identificação de microrganismos em amostras biológicas Identificar amostras para isolamento e identificação de microrganismos Identificar métodos de colheita e transporte de amostras (cap. 1 do Bailey) Descrever métodos de diagnóstico em amostras biológicas - Exame microscópico de amostras - Crescimento e características bioquímicas de microrganismos isolados de culturas - técnicas imunológicas (diagnóstico serológico): testes de aglutinação, fixação do complemento, testes imunoenzimáticos (ELISA), imunofluorescência (directa e indirecta), RIA, Quimioluminescência, - diagnóstico molecular: PCR Recomenda-se a leitura do capítulos: - 1, 11, 12, 13 e 14 do livro Bailey & Scott Diagnostic Microbiology - 14, 15, 16 e 17 do livro Patrick Murray, Medical Microbiology, 6ªedição
Isolamento e identificação de Microrganismos num laboratório clínico
Insert figure 17.1 Sampling sites Análise de locais ou fluidos corporais para o agente infeccioso suspeito