DINÂMICA DE GRUPO: UM CAMINHO PARA O FORTALECIMENTO DA HUMANIZAÇÃO NO PSF JOÃO SAMPAIO



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Transcrição:

U N I VE RSIDADE FE D ERAL DE ALAGOAS UFAL N Ú CL EO DE S AÚDE PÚBLICA ESPE CI AL I ZAÇÃO E M GESTÃO DO T RABALHO EM SAÚDE DINÂMICA DE GRUPO: UM CAMINHO PARA O FORTALECIMENTO DA HUMANIZAÇÃO NO PSF JOÃO SAMPAIO Patrícia Tenório Leite Basto Maceió Agosto/ 2008

Patrícia Tenório Leite Basto DINÂMICA DE GRUPO: UM CAMINHO PARA O FORTALECIMENTO DA HUMANIZAÇÃO NO PSF JOÃO SAMPAIO Monografia apresentada à Universidade Federal de Alagoas como parte dos requisitos para obtenção do grau de Especialista em Gestão do Trabalho em Saúde, sob a orientação do Prof. Dr. Nelsio Rodrigues de Abreu. Maceió, Agosto/ 2008

FOLHA DE APROVAÇÃO DINÂMICA DE GRUPO: UM CAMINHO PARA O FORTALECIMENTODA HUMANIZAÇÃO NO PSF JOÃO SAMPAIO PATRÍCIA TENÓRIO LEITE BASTO Dissertação submetida ao corpo docente do Núcleo de Saúde Pública, Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Alagoas - UFAL, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Especialista. Aprovada por: Prof. - Orientador Prof. Prof. Maceió 2008

DEDICATÓRIA S e a f í s i c a n o s r e v e l a a p r i m a z i a d a s r e l a ç õ e s, n e c e s s i t a m o s r e f o r m u l a r a s n o s s a s p r i n c i p a i s i d é i a s e m t e r m o s r e l a c i o n a i s. E s t a m o s v o l t a n d o a n o s c o n c e n t r a r e m n o s s o a n s e i o d e c o m u n h ã o, d e s i g n i f i c a d o, d e d i g n i d a d e, d e p r o p ó s i t o e d e a m o r. Fritjof Capra

AGRADECIMENTOS conteúdos; Aos professores do curso pela determinação e colaboração na transmissão dos Às amigas Saysia, Neilma e Zuleika que me deram sua ajuda e apoio durante a realização deste trabalho; Aos funcionários do PSF João Sampaio; e Aos professores membros da banca examinadora. A todos, a nossa mais sincera manifestação de gratidão.

RESUMO No momento em que se compreende a importância de fomentar e otimizar as relações interpessoais na área da saúde sob a perspectiva de que é na relação com o outro que o homem se humaniza, a Dinâmica de Grupo se apresenta como um método de propiciar um clima de participação e integração para o aprendizado e crescimento pessoal e coletivo. Assim, este estudo objetivou investigar os aspectos da Dinâmica de Grupo enquanto instrumentos pertinentes no processo de compreensão da Política Nacional de Humanização. A partir dos conceitos de Dinâmica de Grupo, Relacionamentos Interpessoais e Humanização na Saúde, foi traçado um perfil de correlação entre estes dentro de uma abordagem sistêmica. Observação da receptividade do grupo durante a realização das técnicas de dinâmica e verificação satisfatória de sua aplicabilidade através de questionários direcionados que validaram a pertinência da aplicação de técnicas de dinâmicas vivenciais na socialização e entendimento da Humanização ao tempo que este trabalho chamou a atenção para a tomada de consciência da responsabilidade e comprometimento no fortalecimento desse processo. Palavras-chave: Dinâmica de Grupo, Relacionamentos Interpessoais, Saúde, Política Nacional de Humanização.

ABSTRACT When the importance of fomenting and optimizing the interpersonal relationships in the health area is understood under the perspective of that is in relation with others that the man is humanized, the Group Dynamics is presented as a method to create an environment of participation and integration for learning and personal and collective growth. Thus, this study objectivates to investigate the aspects of Group Dynamics as pertinent instruments in the process of comprehension of the Humanizing National Politics. From the concepts of Dynamics Group, Interpersonal Relationships and Humanization in Health, a correlation profile was traced under a sistematic approach. The observation of the receptivity of the group during the realization of the dynamic techniques and the satisfactory verification of its applicability through directed questionnaires validated the relevancy of the application of existential dynamic techniques in the socialization and understanding of the Humanization while this work directed attention to the taking conscience of the responsibility and commitment in the strengthening of this process. Key words: Group Dynamics, Interpersonal Relationships, National Health Humanization Politics.

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...01 2. OBJETIVOS...03 3. REVISÃO DE LITERATURA...04 3.1 Contextualizando a Dinâmica de Grupo...04 3.1.1 Dinâmica de Grupo: Origem e Conceitos...07 3.1.2 O impacto das Técnicas nas Relações Interpessoais...09 3.1.3 A importância da Formação de Grupos de Encontro...13 3.2 Política Nacional de Humanização...18 3.2.1 Grupo de Trabalho Humanizado GTH...18 4. METODOLOGIA...23 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO...28 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS...39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...42 ANEXOS...43

L ISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO I Co nteúdo...36 GRÁFICO II Metod ologia...37 GRÁFICO III Aplicabilidad e....43

1. INT RO DUÇÃO E m t e rmos instituci onai s m an ifesta-s e a idéi a d e q u e é preciso e s tar aberto para o aprendiz a do, isto é, p a r a aq uilo que é ensinado pel a s n o vas situaçõ es e, p r inci p almente, p e l as mudan ç as nas a titudes e d e s ejos dos envolvidos no pro c es so de t r ab a lho. U m dos f a cilitadores d e ssa a p r endiz a gem é o grau d e e n gajam e nto ex isten t e e ntre t odos os co l ab oradores. P a r a q ue isso o c orra, é impres ci ndível que h aj a um a perfeita i nteração e ntre t odos. Al é m d isso, a e x periênci a co l etiva t am b ém p e rm ite m a ior r eflex ã o e discussão s obre divers os a s suntos que e m e r gem das necessidades do grupo. O planej am e nto a dequad o, que co ntem ple a cl a r a d e finição dos o bjet ivos a serem a l c an ç a dos p elo gru p o, p e rp a ssa p el a n e c es sidade d e a p r o fu ndam e nto das r eflex õ es p es soais e c oletivas ex i gi d as p e los d i ferentes propósitos dos trabal hadores em equipe. A p ontam Albigenor e M ilitão (2 001, p. 5) que toda atividad e q u e s e d es en volve c om p e ssoas, q ue objetiva i ntegrar, p r omover o c o nheci m ento, incitar a ap r en diz a gem e a q u ecer, p ode ser d e nom inada D i nâmica d e G rupo. Lo go, a s t écnicas d e dinâmica d e grupo, e n f o cando t e mas p e rt inentes à p roposta d o H um a niza S US, podem p r oporcionar a os c o l ab oradores d a S a úde Pública, um m om e nto d e i nteração, r e fl ex ão e a p r en diz a gem no q u e d iz r e s p eito ao a p e r f ei ço a m ento do trabal ho coletivo. É i mportante d e stacar q u e c a d a t é c nica d e d inâmica utilizada c o r r es ponde ao objetivo reco nheci do pelo facilitador. D i an t e d o ex p osto, o p ro blem a do e studo d esta pesquisa a p r e sentou-s e a q ui n a f o r m a de u m q u es tionam en to: A a p licação d e t é c nicas d e dinâmica d e gru po f a vorece o e nten dimento d a P olítica N a c ional de H um aniz a ç ão do S US?. O t r a b alho s e justificou, portanto, p el a import â ncia d e r e c o nhecer e f om en t ar a otimiz a ç ão d a s r el a ç õ es interpessoai s n a á r e a

2 d a s a úde, sob a perspectiva d e que é n a r el a ç ã o c om o outro que o h om em se hum an iza. D ito isso, é possível v e r a D inâmica d e G ru po com o um p r o c esso q u e p r oporciona a i nteração e n tre a s p e ssoas, de f o rm a lúdica o u n ão, em busca d o c r es ci m ento p essoal e p ro fi ssional, r e sultan do n a t r an s fo rm a ç ão do s e r e d o grupo. No n ovo tem po, apesar d os perigos, a gente se en c ontra [...] can t an do, pra sobreviver 1. S e gundo Fritz e n (1 9 97, p.8), a experi ê n ci a do grupo a tua s obre os i ndivíduos d e t al m odo q u e c h e ga a modifi c a r s e us h ábitos d e v ida, de t r a balho a i nda seus objetivos de vida. A p a rtir dessa ex p e ri ên c ia, o s m em b ro s do grupo p o dem c o l ab orar, ao es tabelecer p aralelos com suas vivên ci a s pessoai s e assim, r e dimen sionar s u a r e a lidad e, p o rq ue, ex p e r e nciar é o s e gredo do a p r e ndiz a do. 1 Trecho da música Um Novo Tempo de Ivan Lins, extraído do livro: Vitalizadores: Mais de 100 Opções pra Você Acordar o seu Grupo e Mantê-lo Aceso.

3 2. OBJETIVOS 2. 1 Geral In v e s t i gar os as pectos d a Di n âmica d e G ru po enquan to i nstrum en tos p e rt inentes n o p r o c esso d e com p r e ensão d a P olítica N a c ional de H um aniz a ç ão. 2. 2 E sp e cífico s O b s ervar a receptividade do grupo durante a ap licação d as t é c nicas de dinâmicas de gru po sobre hum a niz a ç ão; V e r i fi c ar a a plicabilidade d as t écnicas d e d inâmica d e gr u po e m um P osto de S aú d e d a Família.

4 3. RE V ISÃO DE LITERAT U R A 3. 1 Con t e xtu alizando a Dinâmi ca d e Grupo A s e guir, serão t r at a dos o s co n c eitos d e D inâmica d e G r u po, d e R e l ações In t e r pessoai s e d e G r upos p e r passando p el o co nceito d e s a úde a partir d e um a ab ordagem sistêm ica. 3. 1.1 Dinâmi ca d e Grupo: o rigem e co n ceitos D y n amis é u m a palavra grega q u e s i gnifi c a fo r ç a, en e r gia, a ç ã o. Qu an do K u rt Le w i n utilizou es sa ex p r essão p e la 1ª v ez e m 1 944, a o co m e çar a p esquisar os gru pos, s e u objetivo e ra o d e en sinar às p e ssoas co mportamentos n ovos at r av és d a D inâm ica d e G r u po, ou s ej a, a t r av é s d a discussão e d e d e ci s ão em grupo, em s ubstituição ao m ét o do t r ad i cional sistemático d e c onhecimentos (ALB IJ E N OR e M ILIT Ã O, 2 0 01). S e gundo os autores, na Dinâm ica d e Grupo, o co mportamento e a s at itudes do indivíduo s erão m udados em um t r ab al ho d e grupo, um a v ez q ue o s p a rt i ci p antes s e s en tirão s e nsibilizados por a q uilo q u e a c o ntecerá, por s e ntirem e p o r o bservarem p r o ces sos que e les a p r e nderão a co n c ei tuar ( A LB IJ E N OR e MIL IT Ã O, 2 001). O dicionário Au r él io (2 007) diz que dinâmica é p a rt e da m e c ân i c a que e studa o m ovimen to dos corpos, rel a ci onan do-os às f orças q u e o p ro duz em. Toman do com o b as e e s s a d efinição, Bi ffi e D e C hiaro ( 1 998, p.10) e nten deram que é possível dizer que A f o r ç a i n t e r i o r d e c a d a s e r p r o d u z o s e u mo vi me n t o, a s u a ma n i f e s t a ç ã o, e, p o r t a n t o, é e s t a f o r ç a q u e d e v e s e r t o c a d a, motiv a d a, s o l i c i t a d a. A d i n â mi c a é u m d o s j e i t o s d e t o c a r, d e motiv a r, d e s o l i c i t a r e s s a f o r ç a

5 i n t e r i o r p a r a q u e, e x p r e s s a e m mo v i me n t o s o u v e r b a l i za d a, n ã o s ó r e ve l e o i n t e r i o r d e c a d a s e r, mas u n i d a s, p r o vo q u e m o e n c o n t r o c o n s i go me s mo, c o m o s o u t r o s, f a z e n d o s u c e d e r a s d e s c o b e r t a s. A i nda assim, n ão é p ossível d efinir o que é dinâmica, m a s é p ossível c om preender a sua intenção, o s eu p r opósito e a sua estrat é gia. V o c ê não pode p ro v a r u m a d e fi nição. O q ue v o cê p ode f a z e r é mostrar q u e e la faz sentido (AVALO N a pud EIN S T E IN, 2 003, p.131). Q u a ndo s e f a l a em D inâm i ca d e G r u po, a p e r gunta m a is r e c o r r ente é: P or que t r a b alhar em G ru p o? S e gundo Biffi e D e C hiaro ( 1 998), a p ro posta d a d inâmica f a cilita o e n co ntro e ntre a s p es soas. M a s que e n co ntro s e ri a e sse? A inda s e gundo a s au toras, é o m o do d e c o ex istên ci a, relacionam e nto e ntre o e u e t u, onde é p ossível ex p e rimentar co mpreender a própria humanidad e e a do outro. F a zer c o i s a s j u n t o s n o s d á a o p o r t u n i d a d e d e c r e s c e r j u n t o s, a p r e n d e r c o m e n o g r u p o. O gr u p o é, p o r t a n t o, p a r a o h o me m, r i c a f o n t e d e i n s i g t h s, d e s c o b e r t a s, t o ma d a d e c o n s c i ê n c i a d a s u a n e c e s s i d a d e d e c o n v i ve r ( B IF F I e DE C H IA R O, 1 9 9 8, p. 1 3 ). D e a c o rd o co m Fri tzen (1 997), a finalidade d a Di n âmica d e G r u po é eliminar b a r r ei r as que impedem a v e rd a d eira c om unicação p e ssoal. C a d a p es soa poderá c r es c e r d e ntro do grupo, e o grupo com o t al poderá t r a nsfo rm a r o am bien te, m e dian t e a p r om oção d as p es soas l i gad a s a el e. O s imples en co ntro d e p e ssoas p a r a buscar qual quer o bjet ivo grupal é um a D inâm i ca d e G ru p o (ALB IJ E N OR e M IL IT Ã O, 2 0 01, p.5). O v e r d ad ei r o t r abalho e m grupo co m e ça p el a f o c aliz a ç ão: c o mo alterar a dinâm ica da i nstituição? E sse t ipo d e t r a balho p r e ci s a e nvolver o grupo intei r o. O e n volvimento d a s p e ssoas n a b usca d a i d entidade c olet iva as a f et a i ndividualmen te de m a neira surpreen d en t e, um a v ez q u e é p ossível p e r c eb e r c om o s eus p a d rõ es e c o mportamentos p e ssoais i nfluenci a o t odo. A s u rp r es a r e s ide n o f at o d e q u e el a s, e ntão, a ssum em a

6 r e s ponsab ilidad e p e l a própri a t r ansform a ção (W HEATLE Y, 2 0 06, p. 165). C a da grupo d e ve ser f ormad o d e a c ord o com o objetivo q u e s e d e s ej a al c an ç a r e d e v e s e r m e diad o, p or no mínimo, 02 ( dois) Facilitad o r es, os q u ai s ex ercem o p a p el d e d irigente/líder com o c o mpro misso de orientar e a c ompanhar o gru po. O grupo, p a r a r e solver s eu s p ró prios p r oblemas, p r e cisa c r i ar u m m elhor vínculo i ntern o. P a r a m udar, o grupo preci s a a p r en d er m ai s s obre si, consigo mesmo (W H EATLE Y, 2006, p.167). M uitas técnicas diferentes d a r ão r esultado, tudo o que é v á lido p a r a f a cilitar o autoconhecimento ou a a utodesco b erta e a o mesmo c r iar n o vas rel a ç ões. A o a plicar as t écnicas de dinâmica n ã o s e p r et ende d a r s oluçõ es ao s pro blem a s que surgem. O o bjetivo é despertar n as p es soas a c o nsci ê n ci a d e q u e o s m e smos ex i stem, e caberá à r es ponsab ilidad e i ndividual en f r e ntá-los e a p r o cu r a d a s olução q u e os m es mos r eq u e r em, o u s e j a, o q u e s e p r et e nde é instigar nas pessoas é o desejo de mudan ç a. O t r a b a l h o e m g r u p o p o d e d e f a t o a j u d a r, p r o p o r c i o n a n d o u m a mbiente f a v o r á v e l p a r a b u s c a r n o va s i d é i a s e i mpleme n t a r p r o p o s t a s c o l e t i va me n t e. N o e n t a n t o, é i mportante q u e o g r u p o r e s p e i t e s e u p r ó p r i o t e mp o d e c o n s t r u ç ã o, p o i s a ma d u r e c e r i d é i a s e l a ç o s s e f a z n e c e s s á r i o a n t e s d e d e c i d i r o q u e f a zer j u n t o s. ( N ú c l e o T é c n i c o d a P N H ) A p a rtir d o ex p osto, é i mport an te salientar que a Di n âmica d e G r u po d ev e s e r r ealiz a d a ap e n as p or p r o fi ssionais q ualifi c a dos, a l ém d isso, outras r e com e ndaçõ e s s e f az em p e rt inentes: co mo co n hecimen to p r é vio do grupo e d e s e us o bjet ivos; r es p eito a o t em po do grupo; a d a ptação da técnica d e a co rd o com o q u e o grupo apresenta; r e a liz a ção d a s t écnicas d e d inâmica d e fo r ma descontraí d a, f av orecendo as sim a p a rt i cipação d e todos; o bjet ivos e s tabel e ci dos p rev i am en t e; f o co d e fi nido; r es p eito à s o piniões, median do d iscu ssões p ertinentes ; v a loriz a ç ão do feedback e da avaliação.

7 3. 1.2 O Imp a cto das Técnica s n as Rel a çõ es Interp e ssoais O c onvívio p essoal s em p r e f oi um des a fi o p a r a a hum a nidad e e, d u rante a l gum t em po, p as sou s em s e r notado d e vido a a l gum a s c o ndutas r el a c ionad a s à individual idade, à centraliz a ç ão do poder e à v a loriz a ç ão dos produtos ao invés das pessoas. C om o a um en to d a f a c ilidade d e a c e sso à informação e c o m o s e nsível au m ento d a e scolari d ad e d a p opulação, t em os a f o rm a ç ão d e c i d ad ão s ex i gentes e crí tico s. D e sta fo r ma, p a ssou-se a v al orizar a q u alidad e dos s e rviços e, c o nsequentem en t e, as pessoas que os produz em e suas i nter-rel a ç õ es. A n tes d e q u al quer c o isa, f az -s e n ecessário d iz er a qui que R el a ç õ es In t e r p e ssoais são t odos os co ntat os en tre pessoas. N e sse âm bito, en co ntra-s e um i n findável núm e r o d e variáv e is c o mo: s ujeitos, ci rcunstânci as, e spaços, local, cultura, desenvolvimen to t e c nológico e ép o ca. A s r el a çõ e s interp e ssoais o co r r em e m t odos os m e ios, no f a miliar, no ed u c acional, n o s o ci al, n o i nstitucional, no p ro fi ssional; e e s tão ligadas ao s resultados fi n ais d e h a rm onia, a v an ço e p r o gres sos; o u nas estagnações, agressões e al ienações. A i nteração, em q u al quer am biente, n a sce d a a cei tação, d e sprendimento e a c o l himen to; e n o mundo at ri bulado d e hoje, a s p e ssoas t e ndem a não s e d a r c onta que s e r el a ci onar é dar e r e c e b er a o m e smo t em po, é abrir-s e para o novo. Felizmente, as i nstituições j á perceberam q u e o s u c es so e stá n o f ator hum a no. E que no m undo acelerad o n o qual vivemos, onde o r itmo d as m udanças ex i ge um a c ap acidad e p e rm a n ente d e a d aptação, n ã o é mais possível n e gar a n e c essidade de inves tir no s e r hum a no, gerando os m ais variad os processos de t rabal ho. D e ntre os v á ri os p r o c essos d e t rabalho, destacam -s e a s d inâm i c as d e grupo c om o p r oposta p a r a t r ab al h a r e r e f l et ir s obre r e l a ci onam e nto i nterpessoal.

8 D e a c o r do c om Pires ( 2 008, p.1) a D inâmica d e G ru po poderá s e r entendida c om o: [...] é um a i d eo logia interes s ad a n a s fo rm a s d e o r ganiz a ç ã o e n a d i reção d e grupos, a c e ntuando a i mportân ci a d a l iderança d emocrática, a p a rt i cipação d os m embros n as decisões e v an tagens d as a tividades c o operat ivas e m grupo [...] d e grupos, a c e ntuan do a i mposição d e f o rmas d e organização, e n v olvendo os m ai s vari ad os processos de t r a balho profi ssional. Le m b r a n do que o grupo n ão é um a i nvenção, m a s sim um a f o rm a d e v iver, onde al gum a s l ei s r e gem s eu d es en volvimen to e as r e l a çõ e s nele c ontidas, co mo indivíduo-grupo e grupo-instituição. D e sta fo rm a, Pires (2 008) e lenca a l guns d os p rincipai s o bjet ivos das dinâm icas de grupo, den t re os quais, el e gem os estes: Facilitar o trabalho em grupo; S e nsibilização; D e s en volvimento individual ; D e s en volvimento interpes soal ; A d ministração de co n flitos; Lu d i c i dade; C ri at ividad e ; D e sinibição; A v al i ação de p ro c es sos; R e fl ex ã o; C ooperação; Formação crí tica; P a rticipação coletiva; M e lhoria da co municação. T o davia, p a r a s e ch e gar a t al êx i to, deve-se s em p re r e speitar o t em po do grupo, vendo-o c om o ú nico, pois h á v alores em butidos, q u e p o dem vir à t ona p or m ei o d as t écnicas d e dinâmica, ex plicitan do d i fi cu ldad e s, facilidades e ex p e ct at ivas.

9 A observ ân c i a d estes d et al h es é f undamental n a hora d e se t r ab a lhar co m o grupo, pois, c a so c ontrári o, a dinâmica d e grupo a c a ba s e ndo b a n aliz ad a. E p a r a evitar e sse t ipo d e problem a, é imperativo o u so do bom senso na real ização das técnicas. C onsiderando o s p r oblemas inerentes à s r el a çõ e s h um a n as, b e m c omo a i mport â n ci a d a co l etividade, a s t é c nicas de d i n âmica d e grupo se a p r es en t am co mo m ét odo para instigar a t om ad a d e co nsci ê ncia i ndividual em prol do fort al e cimento do processo grupal. 3. 1.3. Importân cia da Forma çã o d e Grupos d e Encon tro H o uve um a ép o c a em que a s gran d es indagações que s e faziam e r a m a r es p eito do i n divíduo. C om o p a ssar dos an os, à m e dida q u e as d e s co b ertas e as r es postas à pergunta Q u em sou e u? Foram lentam en t e s u r gindo, f ez -s e necessári o ampliar o univers o do c onhecimento d a p sicologia. E fo i inevitáv e l o surgimen to da Psicologi a Social. A t ualmen t e, r e gistra-se u m q u ad ro d e p ro f unda c r ise n as r e l a çõ e s s o ci ai s. Seja n o c am po p ro fissional o u no p e ssoal, o q u e v e m s e ndo a mplamente o bservad o é u ma crescen t e intolerân ci a n o t r ato co m o o utro. T a l situação tem se m o strado t ã o fo ra d e c o ntrole que m uitos e nx e r gam e sse p roblem a c omo u m aspecto d a d et e rioriz a ç ão do m ei o a m bien t e s o ci al, c aracterística do s é cu lo XX, ou s ej a, cu lpam o s istema e c oncl u em que nada pode s er feito a respeito. A s p es soas simples m ente p a r ecem não m ais s e p reocuparem c o m a s o utras e / ou, p a recem n ã o m ais v al o riz arem s eu s r e l a ci onam e ntos, ou a inda, não t om am e sse p r oblema p a r a si, n ão se s e ntem obri gadas a s e preocu p arem, u ma v ez q u e a c h am s e r um p r oblema sem solução. C om o disse Ir v i n g K ri stol, Qu a ndo um p r oblema s e torna ex tremam en te d ifícil, p erdem os o interes s e p o r el e (KRIS T O L a p u d C APRA, 2006, p.23).

10 M a s será m esmo que p e rd e mos o i nteresse p el o outro, p e la r e l a ç ão c om o o utro? O u m el hor, será q u e é r e almente m a is s e guro p a r a o eu n ão m ais se r el a ci onar? É n a tural q ue a s p es soas passem por m om en tos d e q u es tionam e ntos n o que s e r e f e r e a r el a ci onamentos, p r inci p almente no trabal ho. In f e l iz m ente, n es se c a s o, o que a c ontece c o m m aior f r e qüência é a co ndenação d as p e ssoas e m viver sofren do, s em a c har soluçõ e s ou r e s postas para os problem a s de rel a ci onamento. Foi p e nsan do em q u es tões d esse t ipo, q u e Charl e s Fourier, E mile Du r khei m, K u rt Le w i n e o utro s s e preocu p aram e m dar at e n ç ão e s p e ci al ao Estudo de Grupos. Bem m a is recente C a rl Rogers foi o primei ro a u tiliz ar t é c nicas de t rabal ho co m grupos, em seu livro Grupos de E ncontro. N a literatura at u al, a s o lução p a r a a c r ise d e r el a ci onam e ntos e s tá j ustamente na o timiz a ção d as r e l a ç õ es interpessoai s, r el a ç õ es e s s as, t ã o complexas e a o m e smo t empo t ão ri c as de a p rendiz ad o. A s r e l a ç õ e s e n t r e a s p e s s o a s d e ve m s e r mais c o r d i a i s, e s p o n t â n e a s e a f e t i va s. U m c h e i r o, u m a b r a ç o, u m s o r r i s o, u m t o q u e d e c o n t a c o mi g o!, u m t e l e f o n e ma s ó p r a d i z e r o i!, u m c a r t ã o c o m u ma p a l a vr a d e a g r a d e c i me n t o o u i n c e n t i v o, t u d o i s s o s ã o f o r mas d e e x p r e s s ã o p a r a o o u t r o q u e e l e é i mportante ( A L B IJ E N O R e M ILIT Ã O, 2 0 0 1, p. 3 ). P a r a entender e, c onseq ü en temente superar es sa c ri s e é preciso t e r um a pers p e ctiva b em m ai s am pla do co ntex to soci al. S e gundo C ap r a ( 2006, p.24), é p r e ciso s ubstituir a n oção d e e s truturas s o ci ai s es t áticas por um a percepção d e p a drões dinâmicos d e m udança. A c r ise, a ssim, p o de s er vista c o mo um p r ocesso d e t r an s fo rm a ç ão : O s c h i n e s e s, q u e s e mp r e t i v e r a m u ma v i s ã o i n t e i r a me n t e d i n â mica d o mu n d o e u ma p e r c e p ç ã o a gu d a d a h i s t ó r i a, p a r e c e m e s t a r b e m c i e n t e s d e s s a p r o f u n d a c o n e x ã o e n t r e c r i s e e mudança. O t e r mo q u e e l e s u s a m p a r a c r i s e,

11 w e i - j i, é c o mp o s t o d o s c a r a c t e r e s : p e r i g o e o p o r t u n i d a d e ( C A P R A, 2 0 0 6, p. 2 4 ). A s últimas d u as décadas d e n osso século v êm r e gistrando um e s tado de p r o fu nda c r ise mundial. Essa é co mplex a e t êm muitas facet a s q u e a f et am t odos os as p e ctos d e nossa vida, d es t acando a q ui, a s aú d e e a qualidade d as relações soci ai s. A o ad otar um a visão s istêmica d a mente, torna-se óbvio que q u al quer doen ç a tem a spect os mentais e r el a cionais. U m e n fo que h olístico t e r á d e e n c a r a r a s aú d e a p a rt i r d es s a ampla p erspect iva, d istinguindo claram e nte a s origens da doença e sua m anifes t ação. O p e nsamento sistêm i co é p e nsam en to d e p ro c e sso e, p o r c o nseguinte, a visão sistêmica e ncara a saú d e em t e rm os de um pro c es so c o ntínuo. P a r a s e d es e nvolver um a ab ordagem h olística d a s a úde q ue s e ja c ompatível co m a nova f ísica e c om a co n c ep ç ão sistêmica d o m undo, é possível aprender c om os model os m éd icos de outras cu lturas : O c o n c e i t o d e s a ú d e c o mo e q u i l í b r i o d i n â mi c o é c o mpatíve l c o m a c o n c e p ç ã o s i s t ê mica d e vi d a e c o m mu i t o s model o s t r a d i c i o n a i s d e s a ú d e e c u r a, e n t r e e l e s a t r a d i ç ã o h i p o c r á t i c a e a t r a d i ç ã o d a me d i c i n a d o l e s t e a s i á t i c o. ( C A P R A, 2 0 0 6, p. 3 1 6 ) A m aior m udan ç a n a históri a d a m ed i cina ocidental ocorreu c o m a revolução c artes i an a. A n tes d e D es c a rt es, a m aioria dos terapeu t as at en t av a p a r a a i nteração d e c orpo e a l m a, e t r at av a s e us p a ci e ntes n o c o ntex to d e s e u m ei o am bien te social e es piri tual. A f ilosofia d e D es c a rt e s a ltero u p r o fu ndam e nte e ssa situação. Q u a ndo a p e rs p e ctiva d a c iênci a biom é dica s e transferi u d o e s tudo dos ó r gãos c o r porai s e s u as f u n çõ e s p a r a o d a s c él ulas e, f i nalmen t e, p a r a o d a s m oléculas, o e s t udo do f e nômen o d a c u ra f o i p r o gres sivam en te n e gligenciado, e os m édicos p as s aram a a c h ar c a d a v ez m ai s difí ci l de l idar c om a i nterd ep e ndênci a d e c orpo e m e nte.

12 D e sse modo, a t en d ên c ia r e ducionista d et e rminou a ci ê n ci a b iomédica no século XX. O i níci o d a física m o d erna fo i m a rcado p el a ex t raordinária p r o eza intelectual d e um h om em : A lbert E instei n. Em s eu s estudos, el e i ntro duz iu novas t en d ên c ias à r el a ç ão e à co n e ctividade en t re os átomos e s e us f en ôm e nos, i nici a ndo assim, os p r imei ro s en s aios s obre a fí sica q u ân tica. N a s últimas d é cadas, a m e dici n a t ev e grande as c en s ão e m r e l a ç ão ao s mecan ismos í ntimos do c orpo hum a no, d es e nvolven do t e c nologias com plex a s e sofisticadas. A p e sar d os grandes av a n ço s, n o en t anto, observa-se um a p r o fu nda c rise d a a s sistên ci a m é dica, a c e ntuada p ri n cipalmen t e, p e l a i nsat isfação general izada inaces sibilidad e s ao s s e rv iços, au s ên ci a d e s impatia e solici tude, negligênci a: A s a ú d e, p o r t a n t o, é u ma e x p e r i ê n c i a d e b e m-e s t a r r e s u l t a n t e d e u m e q u i l í b r i o d i n â mico q u e e n vol v e o s a s p e c t o s f í s i c o e p s i c o l ó gi c o d o o r g a n i s mo, a s s i m c o mo s u a s i n t e r a ç õ e s c o m o me i o a mbi e n t e n a t u r a l e s o c i a l. ( C A P R A, 2 0 0 6, p. 3 1 6 ) U m a v ez que a s a úde t e m dimensões v a ri ad a s, t odas d e c o rrentes d a c o mplex a interação en tre o s a spectos fí sico s, p sicológicos e s ociai s d a n aturez a h um a n a, as c a usas d a crise são m últiplas e intrinsecamen t e i nterligadas. E ssas defi ci ê n ci as são sentidas por t odos, dentro e f o ra da área d a s a úde; e m uitos a t r ibuem suas r a íz es a e strutura c o nceitual n a qual s e basei am a t eo ria e a p r át i ca m é dicas; e ai nda, a c r ed ita-s e q u e t al c r ise pers istirá se es s a e strutura n ão fo r m odifi c a d a. D e sta fo rm a, O mundo n ão vai superar sua crise a tual usando o m esmo p e nsam e nto q ue c ri ou e s s a situação (AVALO N a p ud E IN S T E IN, 2 0 03, p.87). Ou s ej a, n a d a mudará s e a m e dici na n ão r e l a ci onar seu e studo dos a spect os biológico s c om a s c ondições f ísicas e psicológicas do organismo hum an o e s eu m ei o am biente:

13 A n o ç ã o c h i n e s a d o c o r p o c o mo u m s i s t e ma i n d i vi s í ve l d e c o mp o n e n t e s i n t e r -rel a c i o n a d o s e s t á, o b v i a mente, mu i t o ma i s p r ó x i mo d a mo d e r n a a b o r d a g e m s i s t ê mica d o q u e d o model o c a r t e s i a n o c l á s s i c o ; e s s a s e melhança é r e f o r ç a d a p e l o f a t o d e o s c h i n e s e s v e r e m a r e d e d e r e l a ç õ e s q u e e s t u d a va m c o mo a l go i n t r í n s e c a me n t e d i n â mico (CAP R A, 2 0 0 6, p. 3 0 7 ). D e a c o rd o c om o que fo i a bordado anteri o rm en t e, p a ra C a stilho ( 2002), a D i nâmica de Grupo, c en trando-s e n a s v ariáv ei s p sicológicas e s ociológicas, t r az um a nova amplitude para o conceito do h om em um a visão psicossoci ológi c a. É n el a o nde é possível es tudar o h om em e o gru po, o homem em s e u grupo, as r el a ç ões e as i nterr a l a çõ e s. P ara a a u tora e m r e f erencia, é d e ntro d o grupo que s e a p r e ndem as primeiras lições de sobrev ivênci a e de vivência. A soci e d ad e está a traves sando u m a é poca d e grande t u rb ulên ci a n a s m ai s v ariad as á r e a s d o co nhecimento, m a s é, p r inci p almente, no t o c ante a o modo c o mo é p ossível v iver e t r ab a lhar j untos em tempos c a ó ticos, q u e vem s e r e gistrando u m a al t eração r a dical da co mpreen s ão que s e t e m do trabal ho em grupo. P e r c eb em os q u e isso aconteceu p or q u e o t em po at u al é d as R ed e s d e Conex ões, e as p essoas e s tão finalmen te en t en d en do q u e t udo está interligado e estão entendendo, p rincipalmente, q u e só at r av é s d a m obiliz a ç ão dos grupos é possível t r ab al h a r d e m an e ira m a is d e s co ntraída e e fi caz nes ses tempos de alta c omplex idade. O e spaço d o gru p o f av o rece a t r oca d e ex p e ri ên c i as, d e s co b ertas e a plicação d e novas idéias q u e al teram p a r a s em pre a c o mpreen s ão d a vida e do r e lacionam e nto e ntre as p essoas e nvolvidas n e sse pro c e sso. 3. 2 Política Naci on al de Huma niza çã o P e r c eb e -s e que h á m uito t em po s e discute sobre os s erviços p ú blico s de s aú d e.

14 M uito se f a la, m a s n e m s em p r e s e en tende e a impressão é q u e p o uco m uda n es s e c e n á r io. Porém, a o l em brar c om o e r a o s e rv iço p ú blico d e s aú d e a n t eriorm e nte, é possível c o nstat a r q u e houve sim, m udanças signifi c at ivas. A s sim, a discu ssão d a h um an ização no c a mpo d a saúde n ã o s e p o de f az e r s e m q u e co nsiderem os a m a n ei r a co mo o t em a e stá i ntri nsecam en t e liga d o a o p ro c e sso d e c o nstituição do S istem a Ú nico d e S a úde no Bras il. D e ssa fo rm a, d es crever sobre o s e rv i ço p úblico d e saúde é a b o rd a r a s desigualdades econôm ica, social e prev idenci ária do país. U m a questão e stá ligada à o utra, um a v e z q u e es s as á r eas s ão d e t erminantes na qualidade d e vida de um a pessoa. A idéia que s e t em dos s erviços p úblico s é d e q u e s ão p a ra p o bres; e q u e, o s q u e podem, p a gam p or estes s erviços n o âm bito do p r ivad o e d ucação, s e guran ç a, s a úde f icando suben tendido, a ssim, q u e o que é público não t em qualidad e. D e a c o r do c om e ssa l ó gica, a s aú d e pública é p a r a a quele q u e n ã o t em c ondições d e a dquiri r um plano d e s a úde privado; e que, s e e s s e s e r viço é gratuito, e ntão e l e n ã o é de q u a lidade e, c o nsequentem en t e, não é hum an iz ad o. C om o s e s a be, o Sistem a Ú nico d e Saúde S US é o r e s ultado d e lutas p el a r ed em o cratiz a ç ão d a s ociedade brasilei r a q u e a co nteci am e m m ei o a movimen tos de r es istênci a à ditadura militar. N o c am po d a saúde, e ssa r es istência s e ex p rimiu n o M ovimen to d a R efo r ma S an itári a a partir d o q u al f o r am f o r mulad os os p r incí pios de u niversalidade, e qüidade e integralidade d a s aú d e n a C onstituição Fed e ral d e 1 988 c om o d ireito d e qual quer ci d ad ã o e c om o d e v e r d o Estado. Ou, melhor d izendo: O s a nos 60, 7 0 e 8 0, no Brasil, f o r am m a r c ad os p or e ssas l utas q u e impunham não só a r e c olocação d as f u n çõ e s e d e v eres d o Estado, co mo também, os direi tos d os hom e ns ( BENEVID E S e P ASSOS, 2005, p.3). À m e dida que o p r o c esso de a b e rtura política a v an çava, o M ovimen to p el a R e fo rm a S an itári a ganha novos p a rceiro s e m ai o r a p oio.

15 M uitos movimentos p opulares/soci a is d e r ei vindicações n o a t e ndimento à s aúde surgiram e c r esceram a p a rtir d o M ovimen to da R e fo rm a Sanitári a e a c a b a r am i n fluenciando a ç õ es e deci sões d aq u el es q u e p en s am as políticas públicas de saú d e. O grande diferencial do p e nsam e nto q ue em e r gia d e sse m ovimen to era o de f o c ar at en ç ã o nas pessoas e não no sistem a. A s sim, o n ovo modelo p ro punha o debate, diál o gos, t ro c a s, c o nversas, a l ém de p a r tir do p r e ssuposto d e que e r a p r e c iso s ab e r d ividir, compart ilhar e construir saberes e c onhecimen tos no co l etivo. P or o utro l ad o, e ra p r e ci so t am bém q u e a r ed e f o rm ada p o r m ovimen tos p opulares, s ociais e o utros pudesse p a rticipar, pensar e r e p e nsar e sse novo m odel o continuam en t e. A V III C o n f e r ên ci a N a ci onal d e Saúde r ealiz ad a em 1 8 86 d isseminou a idéia d e q ue a s aú d e deve s er e n c a rada co mo direito de c i d ad an i a e obrigação do Estad o. Finalmente, e m 1 988 é c ri ad o o S istem a Ú nico d e S aú d e - S US, preconiz a ndo um at e ndimen to m ai s humaniz ad o ao usuário. D e a c o r do a l e gislação do SUS, h um a niz a r o s e rviço é, p r inci p almente, v a lorizar t odos o s sujeitos que f az em parte d o p ro c es so d e p ro dução d e saúde: os p r o fissionais de s aú d e, os gestores e os u suári os. P r ev ê, p o rt an to, esta d em o crat iz ação o f a to d e que todos t ê m o d i reito d e diz e r o q u e p e nsam e p r opor m udanças, s ej a n o at en dimento o u n a m a n ei r a d e a d ministrar. O u s eja, u ma f o rm a d e r es ponsabilidade c o njunta, o nde todos podem s e i ntei rar d e c omo a s aú de f u n ciona, b em c o mo saber da sua própri a saúde e de como t r at á -l a. É d entro d es s e c o ntex to, que a Política Nacional d e H u maniz a ç ão - P NH v e m r e fo r ç a r e ssas i d éi as q u e a co mpanharam a c r i a ç ão do S US. N a v e rd a de, o Movimento d a R e fo rm a S an itári a j á en f atiz av a a i mportân ci a d a h um a niz a ç ão n as p r át icas d e S a úde e a P N H, v e m dá c o ntinuidade a toda um a discu ssão que e stá n a b as e do S US. D i an t e d o q u e foi d ito, no e ntan to, há a i nda muito por f a z e r d i ante d e tanta insatisfação. Is s o a c ontece p o r q u e, m esmo sendo o S US

16 f r uto de todo um processo d e movimen tos s o ci ai s e t e ndo a v an ç a do e m a l guns dos s e us pro p ósitos, a m a n ei ra d e gerenci a r e conduzir a s a çõ e s d e saúde ainda e nfrenta problem as. D e ntre as i núm e ras ques tões, d es t aca-se o d e sprep a ro dos p r o fissionai s d e s aú d e p a r a l idar com a dimensão subjet iva, o u s ej a, c o m os sen timentos, os sen tidos, as emoções e os afet os. O p r oblema e stá j ustam en te n o modelo d e at e nção c entrado n a r e l a ç ão queixa-conduta, ou s ej a, a q u eix a é o q ue d e t ermina o p r o c edimento e não um olhar integral ao sujei to. N a t en tativa d e s olucionar esses p r oblemas e r e construir n o vamente a quel e s p r incí pios que es t ão n a b as e d o S US, o n de o ci d ad ã o é o q u e import a, é n e c e ssári o d e sestabiliz ar, ou mes mo, m udar os m odel os de at en ç ã o e gestão das práticas de saúde. P or co nta d isso, o Ministério d a S aúde, d es d e 2003, decidiu i nvestir p a r a q u e o a t en dimento d e s aú d e s ej a f eito c om m ai s q u alidad e e c om m ai or p a rt icipação dos ci d adãos, s ej a m el e s os u suári os, os t r ab a lhadores da saú d e ou os gestores (BENEVID E S e P ASSOS, 2005). P a r a e ntender e ssa n ova p olítica, a Política N acional d e H u maniz a ç ão d o SUS - P N H, o u m elhor, p a r a al c a n çar a a b r a n gên c i a do H u maniz as US, é preciso, p rimei r am en t e, at e ntar p a r a a i mportân ci a da d imen s ão subjetiva n as prát icas de saúde. N ã o h á com o p en sar em práticas d e s a úde s em co nsiderar que e s tas p r áticas a c ontecem en tre pessoas que s e en c ontram e que s e ntem, q u e possuem interes s es e d e s ej os, que t êm m e dos, que têm u ma históri a, o u s ej a, é p r e ci so a f i rm a r a v aloriz a ção d e toda a d imensão hum a n a n o p r o c esso d e p r odução d e saúde, r e co n hecendo, p a r a isso, que c a da c i d ad ão el a bora um a m a n ei r a p ró p ri a de viver, e que é p ossível, p o rt an to, tecer outras m an e iras de a pren d e r e se r el a ci onar. A p a r tir d esse novo paradigm a, a P N H t r ás os s eguintes p r incí pios norteadores (BRAS IL, 2 0 04): 1 - v a loriz a ç ã o da d imensão s ubjetiva e social em t odas as p r áticas d e a t e n ção e gestão n o S US, f o rt a lecendo o co mpromisso c om o s direitos d o c i d ad ão, d estacando-s e o r es p eito à s q u es tões d e

17 gênero, e tnia, r aça, o ri en t a ção s ex u al e à s populações e s p e cí fi c as (índios, quilombolas, r ibei ri nhos, a s s entados, et c. ); 2 - f o r talecimen to d e t r ab al ho e m e q uipe m ultipro f issional, f o mentando a t r ansvers al idad e e a grupal idade; 3 - ap oio à c onstrução d e r ed es c ooperativas, s olidári as e c om p ro m etidas c om a pro d ução d e s aú d e e c o m a pro dução de sujei tos; 4 - c onstru ç ã o de a u tonomia e protagonismo d e s ujei tos e c olet ivos implicad os na rede d o S US; 5 - co - r es ponsabilidade d es s es sujei tos nos p ro c e ssos d e gestão e d e at e nção; 6 - fo r talecimen to d o co ntro le social co m carát e r p a rt i cipativo em t odas as i nstân ci a s gestoras do S US; 7 - com p rom isso co m a democratiz a ção das r e lações d e t r ab a lho e v al oriz a ç ão d os p ro fi ssionais d e s aú d e, e s timulan do processos de ed u cação perman e nte. T r o c ar idéias e o piniões aj uda a p ensar e c ri a r s oluçõ es q ue p o dem vir a m el horar o at e ndimen to em saúde. U m a f orma p e rt inen t e de p a rt icipação p opular é a c r iação d e c o nsel h os d e gestão p artici p ativos l o c ais, n as unidades d e s aú d e e h ospitais, c onfo rme e stab e lece a Lei 8.142/1990. A fi n al um S US d e mocrático n ão se f a r á s em o q u e c h am am os d e p ro t a gonismo dos u suári os, ou s eja, s em d e b at e, s e m r e solutividade, s em c o- r e s ponsab ilidad e. D e ssa fo rm a, é plausível al e gar que a h um a niz a ção sugere, e s s en ci al m ente, em c r i a r um a mbiente f í sico, soci a l, p rofissional e d e r e l a çõ e s e ntre a s pessoas, capaz d e s er a c olhedor, humano e resolutivo. Is s o i mplica e m promover um a colhimento n os s e r viço s, at r a v és d a c r i a ç ão d e lugares, e s p a ço s d estinados a r e c e b e r e e s cutar o s usuários, o n de s e possa t r ocar, c onversar, d ar r e s postas e r es olver o s problem as d e s aú de d as p es soas que procu ram as unidad e s, o u s ej a, os

18 p r o fissionai s devem s e r e sponsabiliz a r pelos s e us p acientes e e star p r e p arados p a ra orien t á-los e en c am inhá-los, q u an do f o r o c a so, a o utros serviços de saúde para c ontinuidade d a as sistên ci a. N e ste contex t o, a interação entre os trabalhad o r es e gestores, é d e ex trema i mportân c i a. O d o cu m ento d as D i r et riz es d o P a cto p el a S aú d e em 2 0 06 C onsolidação d o Sistem a Ú nico de S a úde, p ublicad o n a P ortaria/ GM n º 399, d e 22 d e f ev e r ei r o d e 2 006 c ontempla o P a cto firmad o entre o s gestores do S US, em s u as t rês dimensões: p el a V ida, em D e f e s a do SUS e d e G es tão. A o r i entação p a ra a i m plem en t a ção d o P a ct o d e G e stão r e gulam e nta que todos os gestores m u nici p ais e e s taduais d e v em p r om over e d es e nvolver p olíticas de gestão do t r a b alho, c onsiderando o s p ri n cípios d a hum a niz a ç ão, d a p a rtici p a ç ão e d a d em ocratiz a ç ão d a s r e l a çõ e s de t r ab a lho (P ACTOS, 2006, p.28). E m poucas p a lavras, a P N H foi instituída p el o M inistério d a S a úde em 2003 e f o i fo rm ulad a a p a r tir d a sistem a tiz a ção d e ex p e ri ên ci a s do c hamado S US q u e dá c e r t o. Preconiza q u e e stados, m unicípios e s e rv iços d e s aú d e i mplementem p ráticas d e h um an ização n a s a çõ e s de atenção e gestão, co m bons res ultados, contribuindo as sim, e fi n almente, para a legi timação do SUS com o política pública. 3. 2.1 Grupo de T ra balho Human i zado (GT H) D e a c ordo c om o q u e p r e co niz a o Ministério d a Saú d e n o â m bito d a G estão d o Trabalho, H um a niz a ç ão é a valoriz ação d os d i ferentes sujeitos envolvidos no processo de pro dução de saú d e. O s valores que nortei am e ssa p olítica s ã o a a utonomia e o p r otagonismo d e t ai s sujeitos, a c o - r es ponsabilidade e n t r e el es, o e s tabel e ci mento de v íncu los s olidários, a p artici p ação c oletiva n o p r o c esso de gestão e a i ndissoci ab ilidad e en tre at en ç ã o e gestão.

19 A h um a niz a ç ão, p o rt an to, busca revert e r um q uadro d e m e c an ismo, a utomatismo o u t e cnicismo d as r el a çõ e s, a p a rt ir do i nvestimento n a c o nstru ç ão d e um n o vo tipo d e i nteração e ntre o s s ujei tos que c o nstituem os s istemas d e s a úde, t om a ndo t r ab al h ad ores, gestores e usuári os com o at o r es de todo es s e proces so. P a r a que es se n ovo m odelo d e interação s ej a implem en t ad o, d e v em s e r garantidos, p ri n ci palmen te: a co nstituição d e e spaço s d e d iscussão e r eflex ã o e m q u e s e v a lorizem o s diferentes s ab e r es, a c r i atividad e, o d esenvolvimento pessoal e coletivo, e que s e r econheça a import ân c i a das dimensões subjetiva e social nas práticas de at en ç ã o e gestão na saúde. D e a c o rd o co m o c itado a c ima, d es t aca-se, en q uanto d ispositivo disponibiliz a do n a P N H, o G r u po d e T rabal ho H u m aniz a do - G T H. D e ntre o s dispositivos disponibiliz a dos p elos ges tores, d e stacaremos neste c a pítulo o Gru po de Trab al ho Hum a niz ad o - GTH. O G T H é um dispositivo c ri a do p el a P olítica N a c ional d e H u maniz a ç ão PNH, p a r a o Sistem a Único d e S a úde (S US ), c om o o bjet ivo de interv i r n a m elhori a d os p ro c e ssos d e t r a b alho e n a q u alidad e da pro dução de saú d e p a ra todos. O G T H institui-s e e m qualquer instância do SUS e é i ntegrado p o r pessoas interessadas e m d iscu tir o s serviço s prestados, a d inâmica d a s eq uipes d e t r ab a lho, a s r el a çõ e s e s t ab el e ci d as e ntre t r a b alhadores d e saúde e usuári os. A p r oposta d o GTH n ã o se r e stri n ge a p e n as a os s e rv iço s d e p r e stação d ireta d e a ssistênci a à s aú de c om o h ospitai s, o utras unidad e s d e saúde e o P ro grama de S aú de da Fam ília - PSF. É t am bém ad e quado ao â mbito d a s i nstânci as gestoras v inculad a s ao S US estadual e munici pal (d istritos sanitári os, secret a ri as m unicipai s e estaduais de s aú d e), e t am b ém m e dian t e p a r c e ri as e ntre m unicípios e co operaçõ e s interinstitucionai s ( e ntidades fo rm a doras, c o nsel h os pro fi ssionais, dentre outras). O s GTHs, f r e qüentem en te nom e ad os c omo C omitês de H u maniz a ç ão ou G T Hs A mpliad os, e s tendem a p a rt i cipação a o utro s

20 a t ores en volvidos n a s questões da s a úde p ública e m múltiplos t e r ritórios. O q ue o s d e fi n e, p o rt an to, é m e nos sua composição d o que s e u modo de operar. T o dos podem p a rticipar d esses grupos: p ro fi ssionais d a s a úde, t é c nico s, f uncionários, gestores, c oorden a dores e u suários, o u s ej a, t odos a quel e s q u e e s tejam i mplicados n a c onstru ç ã o d e p r opostas p a r a p r om over a çõ es humaniz a doras que a p ri morem a r ed e d e a tenção em s a úde, as i nter-relações d as e quipes e a d em o c ratiz a ção instituci onal n a s u nidad es d e p r e stação d e s e rviço o u n os ó r gão s das v á ri a s i nstânci as do SUS. A p a rticipação dos gestores n os GTHs mostra a r el e v ância da c o nstrução c oletiva n a p r odução d e s aú d e e a p r iori d ad e d a h um a niz a ç ão no plano de govern o. A idéia é que os G T Hs inaugurem um a diferença. Trata-se d e i nstituir um a p a rad a e um movimen to n o c otidian o do t r a balho p ara a r e a liz a ç ão d e um p ro c e sso d e r eflex ã o c oletiva sobre o p ró p rio t r ab a lho, d e ntro d e u m e s paço onde t odos t êm o m es mo direi to d e diz e r o que p en sam, d e c ri ticar, d e s u geri r e p r opor m udanças n o f u n cionam e nto d os s e r viço s, n a at e nção dos usuários e n o s m odos d e gestão. A c o nstrução d e um grupo d e t r a balho a proxima as p es soas, p ossibilita a t ransform a ção dos vínculos j á instituídos, a lém d e e s tabel e c e r um am bien t e f a voráv e l p a r a com p a rtilhar a s t en sões do c o tidian o, as dificu ldades d o t rabalho, a co lher e d e b at e r a s d ivergênci as, o s s onhos d e mudan ç a e b uscar, p or m eio d a a n álise e d a n e gociação, poten ci al iz ar propostas i novad o r as (BRASIL, 2 008). A l gum a s v ez es, o trabal h ad o r d a s aú de e stá t ão a co stumado a o s e u t r a b alho, à r o tina ou a o s eu lugar i nstitucional, que n ã o c onsegue p e nsar, i soladam ente, em alternativas diferentes. O t rabal ho em grupo p r oporciona o en c ontro d a s diversidades s ubjetivas, p ro voca n ovas a rt iculações e a possibilidad e d e i mplementar p r opostas c oletivam e nte. N o e ntan to, é i m port a nte que o grupo r es p eite s e u p ró p ri o t empo d e c onstru ç ão, p ois é n e c e ssário am ad u r e cer l a ç os e p r ojet os antes de decidir o quê e co mo fazer.

21 D i f e rentes visões sobre o m es mo p r oblem a aj udam a am pliar a p e r c ep ç ã o das diversas dimensões implicadas. T r a ta-se d e um ex e r c í ci o d e p ro tagonismo, u m es fo r ç o d e c o - gestão na direção das m udanças des ej ad a s. N e sse s en tido, n um G T H, os c om ponen t es do grupo p o d em ex p e rimentar diferentes fu nções, a lternad am e nte, ao longo d os e n c ontros: a c oordenação d os t r ab al hos, a o b servação do a n d am en to e a n á lise dos i mpas ses d o gru p o, a a rticulação d a p a uta d e a ssuntos, o r e gistro d a r e união, o planej am en to de o bjetivos, en c a minham e ntos d e d e c isões acordad a s no grupo, en tre outras. O s s ubgrupos p odem se c o nstituir t e mporariamente p a r a e l a borar p r opostas e s p e cí fi c as d e i ntervenção em a l gum s e tor, p r ep a r a r t em a s a s e r em ap r e s entados ou d ivulgar os t r ab al hos a os d e mais t r ab a lhadores e usuários. O u tras p essoas p odem s er co nvidadas para ajudar a refletir s obre um a ssunto e s pecífico ou p a r a c oorden a r u m a at ividad e p a rt i cular, com o um trabal ho c orporal ou lúdico, f az er u m a p al e stra e o utros m ais. O G T H d e fi n e a p e ri o dicidade p ara a s r eu niões, organiz a p r iori d ad es p a r a o d e b at e, p r opõe p r ojetos e planos de a ção p a r a at ingir s u as m et a s. N ã o h á um t em po p r é -d e fi nido para a d uração d e um G T H, p o dendo durar a n os e /ou s e d esdobrar e m outros t ipos d e grupos o u p r opor outras açõ e s. A l ém disso, a co n fi an ç a que v a i s e ndo p au l atinam e nte c o nstruída em s eu i nteri o r p ossibilita que a s p essoas f a l em d e si m e sma, do trabalho e das rel a çõ e s interpessoais, de outra form a. O grau d e ap r ofundamento d e a n álise d a r e al idade t ambém e r a e s timulad o p e l a ação d e p e ssoas c onvidadas e do próprio grupo, por m ei o d a o f e rt a d e t ex t os, o fi ci nas e o utro s, p ara a mpliar o c o nheci m ento sobre questões em debat e no grupo. O G T H pode s er e n t en dido, n e sse ex e m plo, c om o u m es p a ço v ivo d e l e itura e a ç ã o do S US, a tuando co mo u m m otor que f az

22 p e nsar, que f az p r opor, em c ad a serviço, em c a da instân ci a gestora, q u al é o S US de todos e p a ra t odos que querem os co nstruir.

23 4. METODOLOGIA 4. 1. Tipo d e p esquisa A m et odologia ad otada c a r a ct e rizou-se por um a p es quisa ex ploratóri a e d e s c ritiva, co m e n fo que q u alitativo, q ue se c o mplementam, v isando atingir os o bjet ivos propostos r es pondendo a s sim ao questionam e nto por el a sal i en t ad o. O s d a dos f oram co l et ad os at ravés d e questionári os e s truturados junto a os servidores d o Posto d e S a úde da f a mília J o ão S am p aio, e at r av é s de t é cnicas d e d inâm icas d e grupo, que p r oporcionaram r e lacionar t eo r ia x prática, c om o t am bém at r a vés d a o bservação, o btendo d esta fo rm a, maiores info rm a ç õ es para a n álise das p e r spectivas de seus co laboradores. A s dinâmicas f o r am r e al iz ad as e ntre 2 0 06 e 2 007, s endo os q u es tionários d e a v aliação a plicados em 2 008 c o m todos que p a rt i ciparam das dinâmicas de gru po. 4. 2 Universo P a rticiparam do e studo os s ervidores d a U n idad e d e Saú d e d a Família J o ão S ampaio, situado à Rua Projet a d a, s/n, C onjunto J o ã o S am p aio, T ab ulei ro d os M a rtins, Maceió-AL, q u e é m an tido c om v e rb a f e d e r al e e stadual gerenciada p e la S e c r et a ri a Munici pal d e S a úde d e M a c ei ó/al, o nde o percen tual varia m ed iante p ro d ução m en s al r e a liz ad a. A U nidade d e S aúde a brange a á r e a d o c onjunto r es idencial J o ão S am p ai o; dos loteam e ntos Jardim G lóri a e Fern a ndez; e d a s G ro t as M onte A legre, Santa H el e n a e S ã o Lu i z, o que c o r r es ponde a p r oximad am e nte a 2.000 (duas m il) famílias.