Influência do Método e Tempo de Armazenamento de Colmos de Capim-cameroon no seu Perfilhamento e Produção de Matéria Seca

Documentos relacionados
TÍTULO: EFEITOS DA PROFUNDIDADE DE PLANTIO NA GERMINAÇÃO E PRODUÇÃO DE MASSA DO CAPIM BRAQUIARÃO ADUBADO NO PLANTIO

EFEITO DE TRÊS NÍVEIS DE ADUBAÇÃO NPK EM QUATRO VARIEDADES DE MANDIOCA ( 1 )

ASSOCIAÇÕES ENTRE OS COMPONENTES DE RENDIMENTO DE MAMONEIRA PARA AMBIENTE DE BAIXAS ALTITUTES

AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE MILHETO NA INTERFACE CHUVA/SECA

FERTILIZAÇÃO FOSFATADA E MÉTODOS DE PLANTIO EM CULTIVARES DE Pennisetum purpureum Schum. DURANTE A FASE DE FORMAÇÃO

Avaliação do desenvolvimento do capim elefante submetido a diferentes lâminas d água

BROTAÇÃO DE VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR NAS CONDIÇÕES DE CERRADO DO BRASIL-CENTRAL

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DE VARIEDADES E HÍBRIDOS DE SORGO FORRAGEIRO NO OESTE DA BAHIA

ÉPOCAS DE PLANTIO DO ALGODOEIRO HERBÁCEO DE CICLO PRECOCE NO MUNICÍPIO DE UBERABA, MG *

Uso da cama de Peru na substituição parcial ou total da adubação química na cultura da soja¹

Colheita e armazenamento

Avaliação mineral do feno de Tyfton 85 (Cynodon spp.) irrigado em quatro idades de corte

PP = 788,5 mm. Aplicação em R3 Aplicação em R5.1. Aplicação em Vn

Palavras-Chave: Adubação mineral. Adubação orgânica. Cama de Peru. Glycine max.

CANA-DE-AÇÚCAR: COMPORTAMENTO DE VARIEDADES EM PIRACICABA, SP 0

TÍTULO: PRODUÇÃO DE FORRAGEM DE ESPÉCIES DE "BRACHIARIA" SUBMETIDAS A DIFERENTES ALTURAS DE CORTE

V Semana de Ciência e Tecnologia do IFMG campus Bambuí V Jornada Científica 19 a 24 de novembro de 2012

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: <

ÉPOCAS DE PLANTIO DO ALGODOEIRO HERBÁCEO DE CICLO PRECOCE PARA A REGIÃO DO PONTAL DO TRIÂNGULO MINEIRO

ADUBAÇÃO NPK DO ALGODOEIRO ADENSADO DE SAFRINHA NO CERRADO DE GOIÁS *1 INTRODUÇÃO

CRESCIMENTO DA CULTURA DO PINHÃO MANSO EM DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTAS.

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: <

PARCELAMENTO DA COBERTURA COM NITROGÊNIO PARA cv. DELTAOPAL E IAC 24 NA REGIÃO DE SELVÍRIA-MS

ÉPOCAS DE SEMEADURA DO ALGODOEIRO HERBÁCEO DE CICLO PRECOCE NO MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA *

18 PRODUTIVIDADE DA SOJA EM FUNÇÃO DA

Formação e manejo de capineiras

INFLUÊNCIA DA IRRIGAÇÃO COM ÁGUA SALINA NA CULTURA DA RÚCULA EM CULTIVO ORGÂNICO INTRODUÇÃO

PROPAGAÇÃO DO CAPIM-PIONEIRO COM O USO DE MUDAS PRÉ- BROTADAS

DETERMINAÇÃO DO CONTEÚDO DE ÁGUA DE SOLO PELO MÉTODO DA FRIGIDEIRA EM UM LATOSSOLO VERMELHO ESCURO

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS AGRONÔMICOS E INDUSTRIAIS DA PRIMEIRA CANA SOCA NA REGIÃO DE GURUPI-TO

AVALIAÇÃO AGRONÔMICA DE VARIEDADES E HÍBRIDOS DE MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz) EM CRUZ DAS ALMAS, BAHIA

Termos para indexação: nitrogênio, matéria seca, Brachiaria decumbens, recuperação, acúmulo

INFLUÊNCIA DOS ESPAÇAMENTOS DE PLANTIO E DO TEMPO DE PODA NA PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA DA GRAMÍNEA VETIVER

Avaliação de cultivares de milho para produção de silagem em Patrocínio, MG

EFEITO DA ADUBAÇÃO FOSFATADA NO DESENVOLVIMENTO INICIAL DE CULTIVARES DE Pennisetum purpureum Schum.

ADENSAMENTO DE MAMONEIRA EM CONDIÇÕES DE SEQUEIRO EM MISSÃO VELHA, CE

Acúmulo e exportação de nutrientes em cenoura

CARACTERÍSTICAS BIOMÉTRICAS DE VARIEDADES DE MILHO PARA SILAGEM EM SISTEMA DE PRODUÇÃO ORGÂNICA NO SUL DE MG

ADUBAÇÃO DE MANUTENÇÃO COM NITROGÊNIO E FÓSFORO PARA A PRODUÇÃO DE FENO COM O CAPIM MASSAI (Panicum maximum CV. Massai)

VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR SOB IRRIGAÇÃO NO NORTE DE MINAS GERAIS

POTENCIAL DE USO DO CAPIM VETIVER PARA ALIMENTAÇÃO ANIMAL E/OU PRODUCÃO DE BRIQUETES: ESTUDO DOS TEORES DE FIBRAS

COMUNICADO TÉCNICO ISSN Nº 51, dez.2001, p.1-9

Manejo de água em cultivo orgânico de banana nanica

Av. Ademar Diógenes, BR 135 Centro Empresarial Arine 2ºAndar Bom Jesus PI Brasil (89)

PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA DO MILHO HÍBRIDO AG7088 VT PRO3 CULTIVADO SOB DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO

XXV CONIRD Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem 08 a 13 de novembro de 2015, UFS - São Cristóvão/SE

RESPOSTA DE MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM Brachiaria ruziziensis À ADUBAÇÃO, EM DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

Efeito do Diferimento sobre a Produção de Forragem e Composição Química do Capim-elefante cv. Mott

CRESCIMENTO DE VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR EM DOIS VIZINHOS/PR

PRODUTIVIDADE DE CULTIVARES DE FEIJÃO-CAUPI EM FUNÇÃO DE DIFERENTES ÉPOCAS DE PLANTIO

Produtividade do Sorgo Forrageiro em Diferentes Espaçamentos entre Fileiras e Densidades de Plantas no Semi-Árido de Minas Gerais

ADUBAÇÃO NITROGENADA DO ALGODOEIRO HERBÁCEO IRRIGADO NO CARIRI CEARENSE

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

IRRIGAÇÃO BRANCA NA FORMAÇÃO DO CAFEEIRO

COMPORTAMENTO DE DUAS VARIEDADES DE MANDIOCA SOB DOIS NÍVEIS DE UMIDADE E DE ADUBAÇÂO DO SOLO ( x - 2 )

COMPETIÇÃO DE GENÓTIPOS DE MAMONEIRA NO PERÍODO OUTONO-INVERNO EM ITAOCARA, RJ*

16 EFEITO DA APLICAÇÃO DO FERTILIZANTE FARTURE

QUALIDADE DA FIBRA EM FUNÇÃO DE DIFERENTES FORMAS DE PLANTIO DA SEMENTE DE ALGODÃO LINTADA, DESLINTADA E DESLINTADA E TRATADA *

Índice de clorofila em variedades de cana-de-açúcar tardia, sob condições irrigadas e de sequeiro

PERÍODO CRÍTICO DE COMPETIÇÃO DAS PLANTAS DANINHAS NA BRS ENERGIA EM DUAS DENSIDADES DE PLANTIO

INTERAÇÃO ENTRE NICOSULFURON E ATRAZINE NO CONTROLE DE SOJA TIGUERA EM MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM BRAQUIÁRIA

DOSES DE SULFATO DE AMÔNIO APLICADAS EM COBERTURA E SEUS REFLEXOS NA PRODUTIVIDADE DO MILHO HÍBRIDO TRANSGÊNICO 2B587PW SEMEADO NA 2ª SAFRA

EFEITO DA IRRIGAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DO CAFEEIRO (Coffea arabica L.) 1

Aluna do Curso de Graduação em Agronomia da UNIJUÍ, bolsista PIBIC/UNIJUÍ, 3

VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DO CULTIVO DO TOMATEIRO IRRIGADO *

Produção e Composição Bromatológica de Cultivares de Milho para Silagem

PRODUÇÃO DO CAPIM MULATO SUBMETIDO À ADUBAÇÃO NITROGENADA DURANTE O CRESCIMENTO. *Matheus rodrigues de souza:

Avaliação da altura do Cedro Australiano (Toona ciliata var. australis) após diferentes níveis de adubação de plantio

TEOR DE ÓLEO E RENDIMENTO DE MAMONA BRS NORDESTINA EM SISTEMA DE OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO

CRESCIMENTO E PRODUCAO DE CANA DE AÇÚCAR EM FUNÇÃO DA ADUBACAO FOSFATADA, EM SOLO DE TABULEIRO COSTEIRO, NA REGIÃO DE CAMPO ALEGRE ALAGOAS

11 EFEITO DA APLICAÇÃO DE FONTES DE POTÁSSIO NO

ÉPOCAS E DOSES DE APLICAÇÃO DE NITROGÊNIO SOBRE COMPONENTES DO RENDIMENTO DE SEMENTES DO CAPIM- BRAQUIÁRIA

TEORES FOLIARES DE MACRONUTRIENTES PARA O ALGODOEIRO EM FUNÇÃO DE ESPAÇAMENTOS E REGULADOR DE CRESCIMENTO

Produção de Matéria Seca e Qualidade de Cultivares de Capim-Elefante (Pennisetum purpureum, Schum)

DESEMPENHO PRODUTIVO DE SILAGEM DO HÍBRIDO DE MILHO DKB390 COM DIFERENTES DOSES DE SULFATO DE AMÔNIO EM COBERTURA

Desenvolvimento e Produção de Sementes de Feijão Adzuki em Função da Adubação Química

Doses de potássio na produção de sementes de alface.

PRODUTIVIDADE DE RAÍZES EM DIFERENTES ÉPOCAS DE COLHEITA DE VARIEDADES DE MANDIOCA, NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA DA CONQUISTA, BAHIA

PRODUTIVIDADE DAS CULTIVARES PERNAMBUCANA, BRS PARAGUAÇU E BRS NORDESTINA EM SENHOR DO BONFIM-BA

Avaliação de cultivares de milho para produção de silagem em Patos de Minas

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA ACONDICIONADAS EM DIFERENTES EMBALAGENS E ARMAZENADAS SOB CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DE CAMPINA GRANDE-PB

EFEITO DE ADUBAÇÃO NITROGENADA EM MILHO SAFRINHA CULTIVADO EM ESPAÇAMENTO REDUZIDO, EM DOURADOS, MS

INTERFERÊNCIA DA VELOCIDADE E DOSES DE POTÁSSIO NA LINHA DE SEMEADURA NA CULTURA DO MILHO

AVALIAÇÃO E SELEÇÃO DE CLONES DE CAPIM-ELEFANTE (Pennisetum purpureum SCHUM) NA ZONA DA MATA DE PERNAMBUCO - ASPECTOS QUALITATIVOS"1"

ADUBAÇÃO NITROGENADA EM NABO FORRAGEIRO PARA BIOMASSA NITROGEN IN TURNIP FORAGE FOR BIOMASS

15 AVALIAÇÃO DOS PRODUTOS SEED E CROP+ EM

DESEMPENHO DE ESPÉCIES FORRAGEIRAS DO GÊNERO BRACHIARIA: AVALIAÇÃO AGRONÔMICA E ESTRUTURAL

ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO E RENDIMENTO DE GRÃOS DE MILHO SOB DO CULTIVO CONSORCIADO COM ADUBOS VERDES. Reges HEINRICHS. Godofredo César VITTI

Desempenho de Cultivares de Alface Americana Para Mesorregião da Mata do Estado de Pernambuco.

Avaliação Agronômica de gramíneas Forrageiras sob Três Níveis de Fertilização Fosfatada nos Cerrados de Rondônia

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 888

DENSIDADE DE SEMEADURA E DOSES DE NITROGÊNIO EM COBERTURA NO TRIGO DE SEQUEIRO CULTIVADO EM PLANALTINA-DF

DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA RADICULAR DE TOMA- TEIRO (Lycopersicon esculentum Mill.) EM PLANTAS COM DIFERENTES IDADES ( 1 )

Avaliação de Cultivares de Sorgo Sacarino em Ecossistema de Cerrado no Estado de Roraima

"ADUBAÇÃO MINERAL,NA CULTURA DO, RABANETE (Raphanus sativus L.S.'

ESTUDO DO SISTEMA RADICULAR DA SOJA (GLYCINE MAX (L.) MERRIL) EM SOLO LATOSSOLO ROXO ADU BADO OU SEM ADUBO ( 1 ) SINOPSE 1 INTRODUÇÃO

POPULAÇÃO DE PLANTAS NA PRODUTIVIDADE DA SILAGEM DE SORGO CULTIVADO NA 2ª SAFRA

Composição Bromatológica de Partes da Planta de Cultivares de Milho para Silagem

Produtividade de Genótipos de Feijão do Grupo Comercial Preto, Cultivados na Safra da Seca de 2015, no Norte de Minas Gerais.

INFLUÊNCIA DA COBERTURA MORTA NA PRODUÇÃO DA ALFACE VERÔNICA RESUMO

Transcrição:

Influência do Método e Tempo de Armazenamento de Colmos de Capim-cameroon no seu Perfilhamento e Produção de Matéria Seca Benedito Marques da Costa 1, Dário Eloy Ribeiro 2, João Albany Costa 3 RESUMO - O objetivo deste estudo foi conhecer as influências dos métodos e tempos de armazenamentos de frações de colmos do capim-cameroon (Pennisetum purpureum Schum. cv. Cameroon) no seu perfilhamento e produção de matéria seca, aos 70 dias após o plantio. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, em esquema de parcelas divididas no tempo, com três repetições. Os métodos de armazenamento das frações de colmos foram: 1) amarradas em feixes; 2) amarradas em feixes e colocadas em sacos de polietileno com pequenos furos; 3) amarradas em feixes e colocadas em sacos de polietileno sem furos. Os tempos de armazenamento foram: 0, 5, 10, 15, 20, 25 e 30 dias. Verificou-se uma diferença entre os métodos de armazenamento das frações de colmos para número de perfilhos e para produção de matéria seca. O teor de umidade das frações de colmos foi afetado pelo método e pelo tempo de armazenamento. As frações de colmos de capim-cameroon podem ser armazenadas dentro de sacos de polietileno, perfurados ou não, durante 20 a 30 dias antes do plantio. Palavras-chave: Pennisetum purpureum, armazenamento de colmos, número de perfilhos, produção de forragem Influence of Method and Storage Time of Stem Fractions of Cameroongrass on Tillering and Dry Matter Production ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate the influence of methods and storage times of stem fractions upon tillering and dry matter production of Cameroongrass (Pennisetum purpureum cv. Cameroon) at 70 days after planting. Its propagation was carried out by planting culm fractions, each one containing four nodes. A split plot experiment design by time with 3 replications was used. Sorage methods of the stem fractions were: 1) tied bundles; 2) tied bundles and kept in plastic bags with small holes; 3) tied bundles and kept in plastic bags without holes. The storage times were 0, 5, 10, 15, 20, 25 and 30 days. A difference among storage methods of stem fractions for number of tillers and for dry matter production was observed. The water contents of stem fractions were affected by the storage methods as well as the storage times. The stem fractions of Cameroongrass could be stored in plastic bags with or without holes, for 20 or 30 days before planting. Key Words: Pennisetum purpureum, storage of culms, number of tillers, forage production Introdução O capim-cameroon é uma cultivar do capimelefante (Pennisetum purpureum Schum.) que não apresenta floração (Mitidieri, 1983). Adapta-se bem tanto em solos arenosos quanto em argilosos, porém é bastante exigente em fertilidade de solo. Vegeta em regiões quentes e úmidas com precipitação anual de mais de 1000 mm e temperatura média de 24ºC (Alcântara & Bufarah, 1982). Essa cultivar tem mostrado bom comportamento nas condições edafoclimáticas do município de Cruz das Almas BA, revelando-se uma gramínea de corte promissora para alimentação de ruminantes. A produção de matéria seca de uma forrageira é a sua produção de forragem livre de água. Paz & Faria (1978), avaliando quatro cultivares de capimelefante (Cameron, Vruckwona, Taiwan A-148 e Taiwan A-241), em Piracicaba, SP, obtiveram maiores rendimentos de matéria seca para a cultivar Cameroon, que produziu 4660 e 6470 kg/ha, respectivamente, aos 63 e 78 dias de crescimento, no auge e final da estação chuvosa. No Rio Grande do Sul, Poli et al. (1991), avaliando as cultivares Cameroon, Mineiro, Taiwan A-146 e Taiwan A-241, constataram que o rendimento total de matéria seca das cultivares Taiwan A 241 e Cameroon foi superior (P<0,05) ao das demais. Em Itajuí do Colônia, na 1 Professor Titular, Departamento de Zootecnia, Escola de Agronomia/UFBA. E.mail: bmarques@ufba.br 2 Professor Substituto, Departamento de Química Agrícola e Solos, Escola de Agronomia/UFBA. 3 Professor Adjunto, Departamento de Engenharia Agrícola, Escola de Agronomia/UFBA.

278 COSTA et al. Bahia, Santana et al. (1994), avaliando as cultivares Cameroon, Mineiro e Napier de Goiás, concluíram que a cultivar Cameroon apresentou maior produção de matéria seca que a Mineiro e produção semelhante a do Napier de Goiás. Carvalho (1996), avaliando quatro acessos de capim-elefante (Roxo de Botucatu, Cameroon, Guaçu e Uruckwanu), concluiu que o acesso Uruckwanu apresentou as melhores produções de matéria seca, com boa produção estacional. Queiroz Filho et al. (1998), avaliando quatro cultivares de capim-elefante (Roxo, Cameroon, Gramafante e Mineirão), não encontraram diferença significativa entre as cultivares quanto à produção de matéria seca da parte aérea. Contudo, novos clones de capimelefante, avaliados por Botrel et al. (2000), apresentaram maior produção de matéria seca que as cultivares tradicionais Cameroon e Taiwan A-146, durante os períodos seco e chuvoso. O plantio de variedades e cultivares de capimelefante geralmente é feito por pedaços de colmo porque suas sementes apresentam baixa porcentagem de germinação. Ademais, Xavier et al. (1993), ao estudarem o poder germinativo de sementes de 60 acessos de capim-elefante, verificaram que apenas seis acessos não floresceram, sendo eles Cubano Pinda, Cameroon, Vruckwona, Bag 50, IAC Campinas e Cana d África. Esse fato faz com que haja a necessidade de grandes quantidades de colmos para plantio de uma área de capineira. Mozzer & Andrade (1985) informam que, no espaçamento próximo de 0,80 m entre sulcos, o gasto é de 3 a 4 t/ha de colmos. Segundo esses autores, de um hectare tiram-se colmos para plantar, em média, 10 hectares de capineira. Os sulcos devem ser feitos a uma profundidade de 10 a 15 cm. Os pedaços de colmos são, então, dispostos dentro do sulco de modo contínuo e, em seguida, cobertos com pequena camada de terra (Mozzer & Andrade, 1985). O pedaço de colmo para dar boa brotação, na maioria das gemas, deve ser oriundo de uma planta com, no mínimo, 90 a 120 dias de idade, sem ainda ter liberado os perfilhos axilares. Assim, os pedaços de colmos destinados ao plantio deverão apresentar gemas axilares bem desenvolvidas, maduras, localizadas nos seus nós. Portanto, o conhecimento do tempo em que as frações de colmos podem ser armazenadas e, posteriormente, permanecerem viá veis é de primordial importância para o êxito no plantio e na formação de capineiras. Os objetivos deste estudo foram conhecer os efeitos de três métodos e sete tempos de armazenamento de frações de colmo de capimcameroon sobre o número de perfilhos e a produção de matéria seca. Material e Métodos O estudo foi conduzido na Escola de Agronomia da UFBA, no município de Cruz das Almas BA, durante o período de julho a novembro de 1990. O município está situado na região fisiográfica do Recôncavo Baiano, apresentando as coordenadas geográficas de 12º 40 19 de latitude sul e 39º 06 23 de longitude oeste de Greenwich e altitude média de 220 m. O clima, segundo a classificação de Thornthwaite e Mather, é do tipo subúmido, com pluviosidade média anual de 1170 mm, com variações entre 900 e 1300 mm, sendo os meses de março a agosto os mais chuvosos e setembro a fevereiro os mais secos. A temperatura média anual é de 24,1ºC e o balanço hídrico apresenta uma evapotranspiração potencial de 1267 mm anuais, havendo excedente hídrico apenas durante os meses de junho, julho e agosto. O solo é classificado como Latossolo Amarelo álico coeso, de textura argilosa e relevo plano (Ribeiro et al., 1995). A análise química da amostra do solo revelou os seguintes valores: ph em água = 5,6; Al +3 = 0,1 meg/100 g; Ca +2 + Mg +2 = 1,8 meg/100 g; P = 15 ppm; e K = 48 ppm. Os colmos usados foram oriundos de plantas com, aproximadamente, 90 dias de idade. Após um corte a 10 cm acima do solo, cerca de 30 cm de suas pontas foram eliminadas. Os colmos dos diferentes tratamentos foram cortados de 5 em 5 dias, sendo cada um cortado em pedaços contendo quatro gemas, amarrados em feixes de 33 unidades e guardados à sombra, em uma dependência do Departamento de Zootecnia da Escola de Agronomia da UFBA, segundo o método e tempo de armazenamento. Os métodos de armazenagem dos pedaços de colmos foram: 1) amarrados em feixes; 2) amarrados em feixes e acondicionados em sacos de polietileno com furos; 3) amarrados em feixes e acondicionados em sacos de polietileno sem furos. Os feixes de frações de colmos foram submetidos aos seguintes tempos de armazenamento, antes do plantio: 0, 5, 10, 15, 20, 25 e 30 dias. Os colmos das plantas foram cortados a cada 5 dias, a partir do tempo de armazenamento de 30 dias até o tempo zero, permitindo que todos os pedaços de colmos fossem plantados no mesmo dia, após o vencimento dos períodos de

Influência do Método e Tempo de Armazenamento de Colmos de Capim-cameroon no seu Perfilhamento... 279 armazenamento. As variáveis estudadas foram: a) teor de umidade (%) das frações dos colmos; b) produção de matéria seca (kg/ha) e número de perfilhos por parcela útil (2,8 m 2 ), aos 70 dias após o plantio. Realizou-se uma calagem em cobertura, seguida de aração, gradagem e sulcamento das parcelas, na profundidade de 15 cm, no espaçamento de 0,70 m. Dentro dos sulcos, realizou-se uma adubação NPK, nas quantidades de 90 kg/ha de N, sob a forma de sulfato de amônio, 60 kg/ha de P 2 O 5, sob a forma de superfosfato simples, 80 kg/ha de K 2 O, sob a forma de cloreto de potássio, conforme os resultados de análise de solo. A quantidade do adubo nitrogenado (sulfato de amônio) foi fracionada em duas aplicações; a metade por ocasião do plantio e a outra metade 30 dias após. Os colmos foram plantados continuamente dentro dos sulcos, colocando-se sete pedaços com quatro gemas por fileira de 2,40 m, perfazendo um total de 28 pedaços por parcela. No tempo 0 (zero) e após o término de cada tempo de armazenamento das frações de colmo, tomou-se de cada feixe uma amostra de cinco pedaços para as determinações de umidade. Os teores de umidade dos pedaços de colmo e matéria seca dos perfilhos foram determinados em estufa de circulação de ar a 65ºC (pré-secagem), durante 72 horas, e a secagem definitiva, em estufa a 105ºC, durante três horas, segundo Silva (1990). Cada parcela tinha dimensões de 2,4 m x 2,80 m, sendo abertos quatro sulcos espaçados de 0,70 m. A área da parcela útil era de 2,80 m² (2,00 m x 1,40 m) correspondente às duas fileiras de 2 metros de comprimento, desprezando-se duas fileiras laterais e 0,20 m nas cabeceiras da parcela. A colheita para produção de matéria seca e a contagem do número de perfilhos foram realizadas, na área útil, 70 dias após a data do plantio. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com três repetições, em esquema de parcelas divididas no tempo. Os tratamentos (três métodos e sete tempos de armazenamento de pedaços de colmo) foram analisados de acordo com o modelo estatístico: Y ijk = µ + M i + B j + (MB) ij +T k + (MT) ik + (BT) jk + E ijk em que Y ijk = observação relativa ao método i no tempo de armazenamento k no bloco j ; µ = média geral; M i = efeito do método i ( i = 1,2,3 ); B j = efeito do bloco j ( j= 1,2,3 ); (MB) ij = efeito da interação do método i com o bloco j ; T k = efeito do tempo de armazenamento k (k= 1,2,3,4,5,6,7) ; (MT) ik = efeito da interação do método i com o tempo de armazenamento k ; Tabela 1 - Graus de liberdade, quadrados médios e coeficientes de variação para produção matéria seca, número de perfilhos e teor de umidade de pedaços de colmo de capim-cameroon, submetidos a três métodos e sete tempos de armazenamento Table 1 - Degrees of freedom, mean squares and coefficient of variation for dry matter production, number of tillers and humidity content of cameroon grass culm fractions, under three methods and seven storage times Fonte de variação gl Matéria seca Número Teor de umidade Source of variation df Dry matter de perfilhos Humidity content Tillers number Blocos Bl 2 1,18 5,13 * 14,62 Blocks Método M 2 8,01 * 15,00 ** 358,24 ** Method Resíduo (a) 4 0,49 0,49 11,15 Error (a) Tempo T 6 0,25 0,65 114,10 ** Time T M x T 12 0,46 1,08 58,31 ** Bl x T 12 0,25 0,58 26,52 * Resíduo (b) 22 0,54 1,36 10,78 Error (b) CV (%) 10,38 20,92 4,98 * Significativo (P<0,05). * Significant (P<.05). ** Significativo (P<0,01). ** Significant (P<.01).

280 COSTA et al. Teor de umidade (%) Moisture content(%) Teor de umidade (%) Moisture content(%) 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 Ŷ = 71,900 0,7856T R 2 = 0,87 Método Method Method 2 2 1 Method Method 1 1 0,0 Tempo de armazenamento das frações de colmos (dias) Tempo de armazenamento Storage time of the culm das fractions frações (days) de colmos (dias) Storage time of the culm fractions (days) Produção de matéria seca (kg/ha) Dry matter production (kg/ha) D 3300 3000 2700 2400 2100 1800 1500 1200 900 600 300 0 Method Method 2 Tempo de armazenamento das frações de colmos (dias) Sotorage time of the culm fractinons (days) Method 1 1 Figura 1 - Teor de umidade das frações de colmos de capim-cameroon. Figure 1 - Moisture content of the culm fractions of Cameroongrass. Figura 3 - Produção de matéria seca de capim- Cameroon, em função do método e do tempo de armazenamento das frações de colmos. Figure 3 - Dry matter production of Cameroongrass, according to the method and storage time of the culm fractions. Número Teor de de perfilhos por por parcela Tillers numberper plot plot 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 Method 1 Method 2 0,0 Tempo Tempo de de armazenamento das das frações frações de de colmos Storage Storage time time of of the the culm culm fractions fractions Figura 2 - Número de perfilhos por parcela de capim- Cameroon em função do método e do tempo de armazenamento das frações de colmos. Figure 2 - Tillers number of cameroongrass per plot according to the method and storage time of the culm fractions. (BT) jk = efeito da interação do bloco j com o tempo de armazenamento k ; E ijk = erro experimental. Para a análise estatística, os dados foram submetidos às análises de variância e regressão, utilizando-se o programa SAEG (Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas), conforme descrito por Euclydes (1982). Resultados e Discussão Verificou-se diferença significativa entre os métodos de armazenamento das frações de colmo para produção de matéria seca (P<0,05) e número de perfilhos (P<0,01) (Tabela 1). O teor de umidade dos pedaços de colmo foi afetado tanto pelo método como pelo tempo de armazenamento em que foram submetidos (P<0,01). A decomposição do efeito da interação M x T (método x tempo de armazenamento das frações de colmos) revelou uma variação significativa da umidade, em função do tempo de armazenamento das frações de colmo, segundo a equação Ŷ = 71,900 0,7856T; R 2 = 0,87 para o método 1 (pedaços de colmos amarrados em feixes), enquanto os outros métodos apresentaram variações casuais da umidade ao longo do tempo (Figura 1).

Influência do Método e Tempo de Armazenamento de Colmos de Capim-cameroon no seu Perfilhamento... 281 Observou-se, portanto, que cada cinco dias de armazenamento determinou, em média, redução de 3,9% no teor de umidade do material armazenado segundo este método. No método 1, os pedaços de colmo amarrados em feixes apresentaram redução no teor de umidade durante o tempo de armazenamento. Essa redução pode ter influenciado o número de perfilhos e a produção de matéria seca 70 dias após o plantio (Figuras 2 e 3). Nos métodos 2 (pedaços de colmos armazenados dentro de sacos de polietileno com furos) e 3 (pedaços de colmos armazenados dentro de sacos de polietileno sem furos), as frações de colmos apresentaram tendência de manutenção dos teores de umidade, embora mostrassem alguma variação ascendente, provavelmente em razão de o saco de polietileno ter mantido melhor condição de umidade e, também, da qualidade das frações de colmos. As produções de matéria seca de cultivares de capim-elefante podem ser afetadas pelas diferentes localizações das frações do colmo usadas no plantio. No presente trabalho, da cv. Cameroon foram eliminadas cerca de 20 cm da porção apical de cada colmo, sendo o restante dividido em frações (pedaços), que foram usadas no armazenamento e plantio. Contudo, em trabalho relatado por Viana et al. (1990), com as cultivares Roxo, Cameroon e Vruckwona, as maiores produções de matéria seca ocorreram quando foi usada a fração apical (29,1; 29,3 e 30,6 t/ha) e as menores, a fração intermediária (24,2; 21,1 e 22,8 t/ha), respectivamente. Não se observou efeito do tempo de armazenamento sobre a produção de matéria seca (kg/ha) e sobre o número de perfilhos/parcela (P>0,05). Esses resultados diferem dos de Alcântara et al. (1980), que observaram decréscimo quase linear na porcentagem de brotamento das gemas de colmos de capim-elefante, à medida que se aumentou o tempo de armazenamento para até cinco dias. A partir daí, até 15 dias de armazenamento, a percentagem de gemas brotadas se manteve mais ou menos constante. Conclusões Frações de colmos de capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.) cv. Cameroon podem ser armazenadas dentro de sacos de polietileno, perfurados ou não, durante 20 a 30 dias antes do plantio. Literatura Citada ALCÂNTARA, P.B.; ABRAMIDES, P.L.G.; REIS, A.A. et al. Efeito do tempo de armazenamento na viabilidade de gemas de capim elefante (Pennisetum purpureum Schum.) Boletim de Indústria Animal, v.37, n.1, p.103-108, 1980. ALCÂNTARA, P.B.; BUFARAH, G. Plantas forrageiras: gramíneas e leguminosas. São Paulo: Nobel, 1982. 150p. BOTREL, M.A.; PEREIRA, A.V.; FREITAS, V.P. et al. Potencial forrageiro de novos clones de capim-elefante. Revista Brasileira de Zootecnia, v.29, n.2, p.334-340, 2000. CARVALHO, D.D. Competição entre quatro acessos de capimelefante (Pennisetum purpureum Schum) In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 33., 1996, Fortaleza. Anais... Fortaleza: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 1996. p.1-3. EUCLIDES, R.F. SAEG Sistema de análises estatísticas e genéticas. Viçosa: UFV, Central de Processamento de Dados, 1982. 68 p. MOZZER, O.L.; ANDRADE, I.F. Formação e manejo de capineira. Informe Agropecuário, v.11, n.132, p.78-84, 1985. MITIDIERI, J. Manual de gramíneas e leguminosas para pastos tropicais. São Paulo: Nobel, 1983. 198p. PAZ, L.G.; FARIA, V.P. Produção de matéria seca e valor nutritivo de variedades de capim-elefante (Pennisetum purpureum, Schum) fertilizadas com Wuscal e Wuscal LVC através de adubação foliar. Revista Brasileira de Zootecnia, v.7, n.1, p.94-114, 1978. POLI, C.H.E.C.; PEREIRA, J.M.; ARRUDA. N.G. et al. Avaliação de cultivares de capim-elefante, produção de matéria seca, relação folha/colmo e capacidade de afilhamento. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 28., 1991, João Pessoa. Anais... João Pessoa: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 1991. p.9. QUEIROZ FILHO, J.L.; SILVA, D.S.; NASCIMENTO, I.S. et al. Produção de matéria seca e qualidade de cultivares de capim-elefante (Pennisetum purpureum, Schum). Revista Brasileira de Zootecnia, v.27, n.2, p.262-266, 1998. RIBEIRO, L.P.; SANTOS, D.M.B.; LIMA NETO, I.A. et al. Levantamento detalhado dos solos, capacidade de uso e classificação de terras para irrigação da Estação de Plasticultura da Universidade Federal da Bahia/Politeno em Cruz das Almas (BA). Revista Brasileira de Ciência do solo, v.19, n.1, p.105-113, 1995 SANTANA, J.R.; PEREIRA, J.M.; RUIZI, M.A.M. Avaliação de cultivares de capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.) no sudoeste da Bahia. II-Agrossistema de Itapetinga. Revista Brasileira de Zootecnia, v.23, n.4, p.507-517, 1994. SILVA, D.J. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, 1990. 165p. VIANA, O.J.; CARNEIRO, M.S.S.; CABRAL, G.H. Avaliação de diferentes frações do colmo no plantio de cultivares de capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum) In: REU- NIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 27., 1990, Campinas. Anais... Piracicaba: Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz, 1990. p.289. XAVIER, D.F.; DAHER, R.F.; BOTREL, M.A. et al. Poder germinativo de sementes de capim-elefante. Revista Brasileira de Zootecnia, v.22, n.4, p.565-571, 1993. Recebido em: 04/10/02 Aceito em: 28/07/03