INFLUÊNCIA DOS ESPAÇAMENTOS DE PLANTIO E DO TEMPO DE PODA NA PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA DA GRAMÍNEA VETIVER
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- Artur Rosa Beppler
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1 6ª Jornada Científica e Tecnológica e 3º Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS 04 e 05 de novembro de 2014, Pouso Alegre/MG INFLUÊNCIA DOS ESPAÇAMENTOS DE PLANTIO E DO TEMPO DE PODA NA PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA DA GRAMÍNEA VETIVER Damiany dos S. MANOEL 1 ; Lilian V. A. PINTO 2 ; Michender W. M. PEREIRA 3 RESUMO A gramínea vetiver (Chrysopogon zizanioides (L.) Roberty), dentre muitos possíveis usos, é utilizada para a proteção de encostas contra erosão, artesanatos, extração de óleo essencial e também para a alimentação animal, após sua poda. Este trabalho teve como objetivo verificar a influência dos espaçamentos de plantio e do tempo de poda na produção de matéria seca da gramínea vetiver. Os períodos de poda avaliados foram 2, 4 e 11 meses de desenvolvimento da parte vegetativa da gramínea. Concluiu-se que a produção de biomassa da gramínea vetiver foi influenciada pelo tempo de poda e pelos espaçamentos de plantio no período de 11 meses. INTRODUÇÃO A gramínea vetiver (Chrysopogon zizanioides (L.) Roberty) é bem conhecida por seu potencial de controle de erosão e estabilidade de encostas. Segundo Pereira (2006) o sistema radicular do vetiver é melhor quando comparado a diversas plantas, pois a força e vigor de suas raízes facilitam sua penetração nos solos, fortalecendo assim sua estrutura. O potencial genético para a produção de forragem de alta qualidade em uma espécie forrageira pode ser abalado pelas condições ambientais (VAN SOEST, 1994 citado por REIS et al., 2001). A frequência dos intervalos de corte das plantas forrageiras está diretamente ligada ao rendimento e qualidade da forragem, deste modo o aumento dos intervalos de poda proporciona acréscimo na produção de matéria seca (QUEIROZ FILHO et al., 2000). Matéria Seca (MS) nada mais é do que a fração sólida de uma amostra de forragem que pode ser convertida em nutrientes. 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Câmpus Inconfidentes. Inconfidentes/MG, damiany.ifsuldeminas@hotmail.com; 2 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Câmpus Inconfidentes. Inconfidentes/MG, lilianvap@gmail.com; 3 UNICAMP, michender.ambiental@gmail.com
2 Estudos demonstram que em regiões com clima tropical, a gramínea vetiver apresenta um rápido crescimento, produzindo valores de biomassa maiores que 100 toneladas de MS ha/ano (DANH et al., 2009 citado por ALMEIDA, 2011). O consórcio da gramínea com outras espécies auxilia na produção de biomassa, além de garantir maior conservação de umidade e ciclagem de nutrientes do solo, protegendo e até facilitando o desenvolvimento da cultura consorciada (TORRÃO et al., 2007). A MS produzida através do corte da parte aérea do vetiver (folhas e colmos) pode ser utilizada para cobertura do solo, como palhada, fabricação de artesanatos, esteiras etc (CASTRO e RAMOS, 2002). Neste sentido, o objetivo do presente trabalho foi verificar a influência dos espaçamentos de plantio e do tempo de poda na produção de matéria seca da gramínea vetiver. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido em uma encosta experimental com declividade média de 30, na Fazenda-Escola do IFSULDEMINAS, Câmpus Inconfidentes, situado no Município de Inconfidentes-MG. O município de Inconfidentes apresenta altitude média de 855m e posição geográfica de de latitude S e longitude W. Segundo a classificação de Koëppem o clima da região é do tipo tropical úmido com duas estações bem definidas: chuvosa (outubro a março) e seca (abril a setembro), com médias anuais de mm e 19 C de precipitação e temperatura, respectivamente. Para avaliar o efeito do espaçamento de plantio da gramínea vetiver na produção de matéria seca foi utilizado o delineamento estatístico em blocos casualizados, com 9 tratamentos (espaçamentos de plantio, tabela 01) e 3 blocos/repetições. Tabela 01. Espaçamentos de plantio que foram utilizados no experimento. Espaçamentos Entre Linhas (m) Entre plantas (m) 1x0,15 1 0,15 1x0,30 1 0,30 1x0,45 1 0,45 1,5x0,15 1,5 0,15 1,5x0,30 1,5 0,30 1,5x0,45 1,5 0,45 2x0,15 2 0,15 2x0,30 2 0,30 2x0,45 2 0,45
3 As parcelas que receberam os diferentes tratamentos foram instaladas com a dimensão de 6m de comprimento e 2,5 m de largura, com bordaduras de 0,5 m de cada lado da parcela para controlar o efeito dos diferentes tratamentos, totalizando uma área útil de 9 m². Para a determinação da produção total de Matéria Seca (MS) foram realizados cortes da parte aérea das plantas, podadas a aproximadamente 15 cm do solo aos 11, 4 e 2 meses de desenvolvimento da parte vegetativa, utilizando-se uma roçadeira mecânica. A análise de MS seguiu o método de secagem convencional, sendo as amostras levadas à estufa com circulação de ar forçada a 65ºC, onde o material permaneceu até atingir peso constante. Os dados obtidos foram processados e submetidos à análise de variância seguindo o delineamento em blocos ao acaso e as médias comparadas pelo teste Scott-knott a 5% de probabilidade usando o programa Sisvar (FERREIRA, 2008). RESULTADOS E DISCUSSÃO O volume de Matéria Seca (MS) produzido pelo período de 11 meses foi estatisticamente superior aos períodos de 4 e 2 meses, sendo que os dois últimos períodos citados foram estatisticamente iguais quanto ao volume produzido (Tabela 02). A tendência de aumento verificada para a produção de MS, com o aumento do intervalo de corte, concorda com os resultados observados por Queiroz Filho et al. (2000), trabalhando com o capim-elefante cultivar roxo, e Costa et al. (2007), trabalhando com a Brachiaria brizantha que encontraram valores de MS maiores com o aumento dos intervalos de cortes. Em dados obtidos por Acunha e Coelho (1997), o capim-elefante-anão apresentou maior produção de massa seca aos 140 dias de intervalo de cortes (8.267 kg.ha-1), quando comparada com a produção aos 28 dias de intervalo de cortes (1.210 kg.ha-1). Observou-se que a produção de biomassa da gramínea vetiver aos 11 meses de desenvolvimento vegetativo diferiu estatisticamente entre os diferentes espaçamentos de plantio. Já nos períodos de 4 e 2 meses os espaçamentos utilizados não influenciaram estatisticamente nos resultados obtidos (Tabela 02). Os espaçamentos 1,0m x 0,15m e 2,0m x 0,15m que apresentaram melhores
4 produção de MS nos períodos de 11meses (38,46 t.ha -1 e 44,74 t.ha -1 ), 4 meses (2,60 t.ha -1 e 2,72 t.ha -1 ) e 2 meses (3,09 t.ha -1 e 2,76 t.ha -1 ). Esses dados podem ser explicados por Costa (2013) trabalhando com o capim vetiver, verificou que os espaçamentos de plantio apresentaram diferenças estatísticas significativas na altura da gramínea aos 120 dias após a primeira poda. Segundo o autor os menores espaçamentos entre plantas na linha de plantio favoreceram o desenvolvimento da altura, fato esse explicado pela maior competição por luz. Tabela 2. Produção de biomassa da gramínea vetiver em diferentes espaçamentos de plantio e tempo de poda: 11, 4 e 2 meses de desenvolvimento da parte vegetativa. ESPAÇAMENTOS (m) Número de plantas por 100 m 2 BIOMASSA (t.ha -1 ) após 11 meses após 4 meses após 2 meses 1,0x0, ,46 A a 2,60 A b 3,09 A b 1,0x0, ,52 B a 2,45 A b 3,72 A b 1,0x0, ,74 B a 1,47 A b 2,47 A b 1,5x0, ,30 B a 2,40 A b 2,63 A b 1,5x0, ,97 C a 2,12 A b 2,70 A b 1,5x0, ,31 B a 2,01 A b 2,68 A b 2,0x0, ,74 A a 2,72 A b 2,76 A b 2,0x0, ,80 C a 1,42 A b 1,60 A b 2,0x0, ,82 D a 0,98 A b 1,26 A b Média - 29,96 2,02 2,55 Letras maiúsculas comparam na coluna a produção de biomassa da gramínea vetiver plantadas em diferentes espaçamentos dentro de cada tempo de poda e letras minúsculas comparam na linha a produção de biomassa da gramínea vetiver plantadas em diferentes espaçamentos entre os tempos de poda pelo teste de Scottknott a 5% de probabilidade. CONCLUSÕES Os períodos de poda influenciaram na produção de matéria seca. Os valores médios de produção de matéria seca do período de 11 meses foi estatisticamente superior aos valores obtidos aos 4 e 2 meses.
5 A produção de biomassa da gramínea vetiver foi influenciada pelos espaçamentos de plantio no período de 11 meses. Recomenda-se os espaçamentos de plantio de 1,0 m x 0,15m e 2,0m x 0,15m, pois apresentaram valores maiores de MS. AGRADECIMENTOS À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) pela bolsa de iniciação científica, PIBIC e ao IFSULDEMINAS Câmpus Inconfidentes pela concessão de equipamentos complementares. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACUNHA, J. B. V.; COELHO, R. W. Efeito da altura e intervalo de corte do capimelefante-anão. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 32, n.1, p , ALMEIDA, E. A. P. Avaliação do potencial da espécie vetiveria zizanioides na fitorremediação de metais-traço presentes em ambientes aquáticos Dissertação [Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos] - Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte. CASTRO, L. O. de ; RAMOS, R. L. D. Principais gramíneas produtoras de óleos essenciais: Cymbopogon citratus (DC) Stapf., capim-cidró, Cymbopogon martinii (Rox.) J.F. Watson, palma-rosa, Cymbopogon nardus (L.) Rendle, citronela, Elyonurus candidus (Trin.) Hack., capim-limão, Vetiveria zizanioides (L.) Nash, vetiver. Porto Alegre: FEPAGRO, p. (Boletim FEPAGRO, 11). COSTA, D. M. Influência dos espaçamentos de plantio da gramínea vetiver (Chrysopogon Zizanioides (L.) Robery) no número de perfilhos e na altura após sucessivas podas Monografia [Graduação em Tecnologia em Gestão Ambiental] - IFSULDEMINAS, Câmpus Inconfidentes. Inconfidentes. COSTA, K. A. P.; OLIVEIRA, I. P.; FAQUIN, V.; NEVES, B. P.; RODRIGUES, C.; SAMPAIO, F. M. T. Intervalo de corte na produção de massa seca e composição
6 químico-bromatológica da Brachiaria brizantha cv. Rev. Ciênc. agrotec. v. 31, n. 4, Lavras, FERREIRA, D. SISVAR: um programa para análises e ensino de estatística. Rev. Symposium, Lavras, v. 6, p , PEREIRA, A. R. O uso do Vetiver na estabilização de taludes e encostas. Boletim Técnico, n. 03. Belo Horizonte, Minas Gerais, QUEIROZ FILHO, J. L.; SILVA, D. S.; NASCIMENTO, I. S. Produção de Matéria Seca e Qualidade do Capim-Elefante (Pennisetum purpureum Schum) Cultivar Roxo em Diferentes Idades de Corte. Rev. bras. zootec., v. 29, n. 1, p , REIS, R. A.; MOREIRA, A. L.; PEDREIRA, M. S. Técnicas para produção e conservação de fenos de forrageiras de alta qualidade. In: SIMPÓSIO SOBRE PRODUÇÃO E UTILIZAÇÃO DE FORRAGENS CONSERVADAS, 2001, Maringá. Anais... Maringá, TORRÃO, R. B. A.; AQUINO, A. M.; SILVA, M.; ASSIS, R. L.; HENRIQUES, A. C. O cultivo do vetiver Chrysopogon zizanioides (L.) Roberty para a estabilização do solo e o controle da erosão. 6º Prêmio Furnas Ouro Azul, 2007.
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